Capítulo 3

1684 Mots
  CAMILLA   Fiquei completamente paralisada com o que ele disse, a boca m*l conseguia formar uma resposta. Mesmo que conseguisse, para quem eu devia responder primeiro? O Dylan gritou meu nome descaradamente no corredor, chamando a atenção de todos que se importavam em olhar — e eram muitos, graças à popularidade dele. Ou devia responder ao meu namorado? Ele está claramente querendo saber por que o Dylan Emerton me viu completamente nua.   Só queria que o chão me engolisse. Estou tão perdida.   As mãos do Kyle se soltaram das minhas, me forçando a tomar uma decisão. Ele está magoado. Virei e vi a dor e a decepção estampadas no rosto dele. Então me virei de novo e lancei um olhar mortal para o Dylan, que respondeu com um sorriso sardônico antes de se afastar. Esse é o plano dele? Criar caos? Perturbar minha vida tranquila? Ele não quer nem precisa de nada — só me fazer parecer uma idosa completa na frente do meu namorado. Agora deixou essa bagunça toda, mas o Dylan não está nem aí. Para ele, é só diversão e jogos. Nada mais.   "Diz que ele está mentindo."   A voz dele me fez estremecer, tirando-me da minha fúria interna e dos pensamentos de vingança. Nunca quis magoar o Kyle. Foi um erro genuíno, mas ele não vai simplesmente esquecer isso. Ele não acreditaria em mim mesmo se eu contasse só a verdade, sem mencionar que está prestes a explodir.   Nunca o vi tão bravo. Em dois anos, essa foi a primeira vez que ele não conseguiu me olhar nos olhos. Doeu mais do que eu imaginava.   "Kyle, por favor, posso explicar," disse, soando incrivelmente clichê, mas não consegui pensar em nada além de tentar acalmá-lo. A estratégia saiu pela culatra — ele soltou uma risada amarga, e minhas palavras só pareceram irritá-lo mais.   "Diz. Que ele está. Mentindo."   Ele elevou o tom de voz e eu estremeci.   "Camilla." Ele chamou, os olhos brilhando de lágrimas contidas, as mãos tremendo ao lado do corpo. Soltou outro riso de descrença, passou os dedos pelo cabelo e saiu. Eu estava prestes a perdê-lo. Iria perdê-lo se não dissesse alguma coisa.   "Meu pai não teve escolha a não ser aceitar morar com os Emerton. A gente estava devastado, confuso, assustado e exausto depois do incêndio. Quando o Sr. Emerton ofereceu ajuda, aceitamos. Eu não sabia que era na casa deles até entrarmos no carro — não podia me opor ou colocar meus sentimentos ridículos em primeiro lugar. Tive que aceitar. Cheguei lá, a gente não se viu, eu fui direto pro andar de cima, tirei a roupa para tomar um banho e tirar o cheiro de fumaça. Quando saí, com a toalha amarrada no peito, ele apareceu do nada. Não sabia que ele estava atrás de mim, a toalha escorregou e ele viu... minha b***a. Por uns três segundos, eu juro."   Mais uma vez, contei uma meia-verdade para tampar meu erro e não piorar a situação. Temos tido muitas dessas últimamente. Se o Kyle achar que foi só um m*l-entendido, talvez não investigue mais. Espero que não. Sinceramente. Minha cabeça está girando e nem acabou o primeiro período ainda.   "Ele te viu nua." Ele afirmou num tom baixo e controlado. Era só isso que ele tinha ouvido? Não nua nua. Só minha b***a. Com certeza não tinha sido isso que eu disse.   "Eu sei, e isso nunca vai acontecer de novo, eu juro." Acariciei seu rosto e ele gemeu baixo. Por favor, deixa isso pra lá.   "Promete que vai ficar longe dele."   Ele implorou, pegando minha mão e se aproximando. Engoli em seco e hesitei.   "O Dylan e eu não temos nada a ver um com o outro. Assim que arrumarmos a casa, eu caio fora. Você não precisa se preocupar."   Engoli em seco de novo. "Ele pediu pra prometer..." minha consciência sussurrou. Balançei a cabeça, sabendo muito bem o que estava fazendo: evitando e desviando. Não faço promessas que sei que não posso cumprir. Mesmo que tentasse, a verdade é que não consigo ficar longe do Dylan. Só espero que o Kyle não se machuque no meio disso.   "Tá bom." Ele murmurou, encostando os lábios nos meus. O beijo foi rápido, durou só uns segundos, então ele se afastou e passou o braço pelo meu ombro. Talvez por causa da discussão, mas pareceu meio mecânico. Estou com uma dor de cabeça enorme. E nem é segunda-feira.   "Vamos pra aula," sussurrei, segurando a mão dele. Ele pareceu hesitante, mas apertou minha mão enquanto caminhávamos para a sala.   **   As aulas foram tranquilas, exceto pelo fato de que o Kyle exagerou na proteção o dia todo. Entendo que ele é meu namorado e tudo mais, mas depois do encontro com o Dylan, parece que um botão na cabeça dele foi acionado. Tipo, ele estava sendo superprotetor. Eu gosto quando eles marcam território, mas não nesse nível. Não sou um cachorro de estimação.   Ele se recusava a me deixar sair da vista dele por um segundo e estava me enlouquecendo, sem contar os olhares de morte que dava nos caras — a maioria, meus amigos que só queriam dar um oi. Isso estava começando a me irritar profundamente. Tentava entender as inseguranças dele, mas a qualquer momento eu poderia explodir. Simplesmente não dá.   Felizmente, era hora do almoço e fui em direção ao refeitório, com ele colado atrás de mim. Parei de repente, me virando para encará-lo com seriedade. O Kyle quase nunca almoça comigo — noventa por cento das vezes ele está ocupado com treinos ou atividades extracurriculares. Às vezes, ele pode ser sufocante, então o horário do almoço é meu momento de respiro. E agora ele quer tirar isso de mim também.   "Você está sendo impossível," disse, soltando uma risada de frustração. Sim, estou ficando louca.   "O que eu fiz?" Ele fingiu ignorância, e eu o encarei com mais intensidade.   "Você está me vigiando como um falcão, não me deixa nem respirar, está dando olhares mortais pros meus amigos, sem falar que está agindo como um possesso. É insuportável e você sabe disso!"   Resisti à vontade de cutucar o peito dele na frente de todo mundo.   "Quer dizer que estou sendo um bom namorado?"   Ele estava tentando ser fofo. Ótimo.   "Não, você está agindo como um ciumento doente."   Enfatizei as palavras com um suspiro. Estou tentando não magoá-lo.   "Amor, eu sou sua." Completei, me esticando para dar um beijo nele, já que ele era bem mais alto.   "Sua e de mais ninguém. O que aconteceu com o Dylan foi um acidente e não vai se repetir. Por favor, acredita em mim."   Ele suspirou, derrotado.   "Tá bom." Ele cedeu, colando os lábios nos meus.   "Vamos comer." Sugeri com um pequeno sorriso. Já que estamos aqui.   O refeitório da escola Kingston era razoavelmente grande, com espaço suficiente para todo mundo, embora a galera sempre preferisse sentar em panelinhas. Nunca entendi muito bem isso, talvez porque eu não seja tão social.   Eu sentava com o Kyle de vez em quando. Nunca fiz amizade com muitas meninas porque a maioria só fala de moda e roupa — assuntos que não me interessam —, então o Kyle sempre me bastou.   Comemos em silêncio, até que aconteceu algo extremamente estranho. Um calouro veio até nossa mesa e me entregou um bilhete. Franzi a testa confusa, limpando a boca. O Kyle ficou me observando atentamente enquanto eu abria o papel. Por favor, que não seja o que estou pensando.   "Vem almoçar comigo. Você sabe quem é."   Eu sei quem é. Aquele desgraçado do Dylan. Qual o problema dele? Me ignorou por anos, mandou eu não mudar o comportamento agora que moramos juntos e, do nada, me enche de atenção. Bipolar, talvez?   Amassei o bilhete na mão. Que atrevido. Não me dirigiu a palavra em anos e, de repente, um acidente nos transforma em colegas de casa e ele decide me infernizar. O Kyle percebeu minha mudança de humor — seus olhos pousaram na minha mão, onde o bilhete estava. Guardei-o na bolsa e tentei me concentrar na comida.   "Você tá bem?" Kyle perguntou com carinho.   "Tô," respondi secamente. De repente, perdi a fome. Peguei minhas coisas e saí do refeitório.   Eu sabia que não devia deixá-lo me afetar, mas ele conseguia — e isso me assustava. Sabia que magoara o Kyle, mas simplesmente não conseguia encará-lo; a culpa estava me consumindo. Evitei todo mundo pelo resto do dia e, quando o sinal tocou, peguei meus livros, fechei o armário e me preparei para ir embora. Meu celular vibrou: era uma mensagem do Dylan. Nem tinha dado meu número para ele, e nem queria imaginar como conseguiu.   "Me encontra no mesmo lugar. Te levo de carona." dizia a mensagem. Soltei uma risada de desdém. Ignorei, pensando que preferia andar a pé a deixá-lo brincar comigo. Estava prestes a sair quando avistei o Kyle no fim do corredor — seu rosto estava corado, os olhos, cabisbaixos. Usei toda minha força de vontade para ignorá-lo e seguir em frente. Precisava de um tempo sozinha, senão iria magoá-lo ainda mais.   Meus pés estavam doendo de tanto andar. Fechei a porta atrás de mim e me joguei no sofá, quase pulando quando vi o Dylan sentado ali, me esperando.   "Fiquei te esperando," ele resmungou, irritado.   "Não preciso mais que você me dê carona, posso ir a pé," respondi, claramente indiferente.   "Te chamei para almoçar, você me deu cano, e agora não quer carona. Não sei que jogo você está jogando, mas não me teste," ele advertiu, e eu revirei os olhos.   Me testar? O que eu sou? Uma criança de cinco anos? Não sou uma criança, você não é meu pai. Você não é ninguém, Dylan. Não temos nada juntos nem nos conhecemos direito. Infelizmente somos obrigados a viver sob o mesmo teto, e a conexão termina aí.   Seus olhos se estreitaram. Por que não consigo ficar quieta?   "Por que sinto que tem mais coisa entre a gente do que você está admitindo?"   Ele perguntou, fazendo meu coração acelerar. Falo demais — agora ele vai me encher o saco. Ele não pode descobrir. Ele não pode saber.
Lecture gratuite pour les nouveaux utilisateurs
Scanner pour télécharger l’application
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Écrivain
  • chap_listCatalogue
  • likeAJOUTER