Capítulo 8

814 Mots
  "Que situação horrível!" Wesley resmungou, carregando o corpo inerte de volta para a cama. "Tia Milani! Venha aqui, agora!"   Enquanto seus dedos digitavam freneticamente o contato do médico, seus olhos vigiavam a porta. Assim que a governanta apareceu, as instruções foram dadas em rajadas.   "Arranje roupas limpas para a moça. Depois, traga uma bacia com água morna e uma toalha."   "O senhor quer que eu a limpe?"   Wesley balançou a cabeça com um movimento brusco, temendo que o empregado visse as marcas de sua brutalidade.   "Não, eu mesmo faço."   A governanta pestanejou, claramente surpresa. "Tem certeza, senhor?"   "Positivo." A confirmação foi seca, acompanhada por uma expressão intransigente.   "Como o senhor desejar. Voltarei em um instante."   Assim que ficou sozinho com os itens, Wesley trancou a porta e começou a limpar o rosto de Catalina. Não havia espaço para hesitação ou culpa agora; sua mente estava ocupada demais tentando apagar os rastros de seus atos.   "Que mulher egoísta", pensou em voz alta, a fricção da toalha no pescoço marcado da garota sendo mais vigorosa do que o necessário. "Tenta me destruir e agora exige meus cuidados?"   Ao chegar à região do peito, suas mãos vacilaram. Um suspiro pesado escapou de seus lábios.   "Por que perdi o controle daquela forma?", sussurrou, seus olhos escurecendo ao contar as marcas roxas que salpicavam a pele pálida. A euforia induzida pela droga não era mais uma desculpa plausível. "Isso... não deveria ter acontecido."   Após limpar seus braços, o olhar de Wesley se voltou para a parte inferior de seu corpo. Seus dedos hesitaram no momento de remover os farrapos do vestido. Sua atenção foi então capturada por uma mancha escura e acastanhada no tecido amarelo ensanguentado, amontoado sobre o ventre de Catalina.   "O que... o que é isso?" Sua voz soou rouca. Ele puxou o tecido, trazendo a mancha para perto de seus olhos. "Sangue...?"   Suas pupilas se dilataram. A memória do vestido cobrindo a cama quando ele entrou no quarto pela primeira vez voltou à tona com força total.   Engolindo em seco, ofegante, seu olhar correu para o rosto pálido e inexpressivo de Catalina.   "Você... você era virgem antes de eu...?"   A pergunta pairou no ar, não respondida. Um frio repentino percorreu sua espinha. O arrependimento, até então abafado pela raiva, começou a corroer suas certezas.   "Fui... brutal demais com ela? E se... e se ela for inocente, afinal? E se não for uma espiã?"   O toque do celular em seu bolso fez seus pensamentos se estilhaçarem. A mensagem na tela era uma facada:   "Wesley Myers, o CEO de sucesso que sempre esteve no topo, finalmente caiu por causa de uma garota comum. Então, qual é o gosto dela, senhor? É quente? Que essa 'satisfação' seja seu consolo nestes tempos sombrios."   A respiração de Wesley se tornou pesada e rouca. Seus punhos se cerraram com tanta força que suas articulações branquearam, ignorando o aparelho que ameaçava rachar em sua mão. Todo traço de remorso evaporou, substituído por uma fúria gelada. Seu olhar sobre Catalina não carregava mais um pingo de compaixão.   "O que eu estava pensando? Não posso ficar mole com ela. Uma mulher assim é perigosa."   Assim que conseguiu vestir Catalina com roupas limpas, o médico finalmente chegou.   "Quem é esta senhorita, Sr. Myers?", perguntou o homem idoso de óculos, após inserir o soro.   "A encontrei desmaiada na rua", mentiu Wesley, sem piscar. "Qual o diagnóstico, Doutor?"   "Ela está gravemente desidratada. Possivelmente foi forçada a ingerir algo e depois privada de água por um longo período."   Wesley pestanejou, rígido. Coçou a ponta do nariz e inclinou a cabeça, forçando uma expressão neutra.   "E agora? Ela vai ficar bem?"   "Não se preocupe. Ela deve recuperar a consciência após absorver o soro."   Wesley acenou, um sorriso falso e breve tocando seus lábios. "Obrigado, Doutor."   "É meu prazer, senhor. Devemos... contatar a polícia? A senhorita parece ter sido vítima de agressão."   As sobrancelhas de Wesley se franziram instantaneamente. "Agressão?", repetiu, sua voz um fio carregado.   "Sim, senhor. Veja aqui." O médico gentilmente levantou o pulso de Catalina, o mesmo que Wesley havia imobilizado. "Hematomas ao redor dos punhos. Alguém a segurou com força excessiva. E há marcas no pescoço também..."   O médico balançou a cabeça, com um ar de pena genuína. "Coitada desta moça."   "Coitada?", ecoou Wesley mentalmente, quase soltando um riso amargo. Quanto mais tentava negar sua culpa, mais a raiva contra Catalina fervia dentro dele.   Assim que o médico saiu, Wesley se aproximou novamente da cama. Seu olhar percorreu o corpo frágil da jovem, e os cantos de sua boca se curvaram em um sorriso de desdém.   "O rosto até é de anjo... mas as ações não. Se fosse uma moça direita, o que faria no quarto de um estranho?"   Quanto mais ele a observava, mais a fúria consumia seu peito, sufocando os últimos vestígios de dúvida.   "Tsc. Essa encenação dela precisa acabar. Ela não vai me enganar."
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