Anneli
À noite, não aguentava mais ficar trancada no quarto. Decidi explorar a casa. Afinal, moraria ali – era melhor me familiarizar.
Percebi que a mansão era enorme e mais complexa do que imaginava.
Fiquei aliviada quando finalmente encontrei a cozinha. Estava faminta.
Não comera nada o dia todo. Abri a geladeira rapidamente, pegando algumas frutas e um iogurte.
Ao ouvir passos firmes e pesados, virei-me.
Levei um susto ao ver um homem entrando na cozinha. Engoli seco, observando seu físico. Era alto, musculoso. E o rosto… nunca imaginei que alguém pudesse ser tão bonito.
Era de tirar o fôlego. Parou abruptamente e disse:
“Você não é uma das empregadas.”
Então vi seus olhos se arregalarem – parecia chocado ao me ver.
Aqueles olhos subitamente pareciam familiares. E a voz rouca também.
“O que você está fazendo aqui?”
Não sabia o que pensar desse homem. Estava vestido casualmente.
Seria amigo de Marceau?
“Sou a esposa de Marceau. Quem é você?”
O homem irrompeu em risadas. De repente, parou e gritou: “Saia!”
Achei-o irritante e grosseiro.
Quem ele pensava que era para me expulsar?
“Acabo de dizer quem sou. Você está sendo muito rude.”
Marceau
“Rude?!” Avancei na direção dela, furioso.
Agora ela descobrira meu segredo.
Faria parte do plano dela?
Por que estava atrás de mim?
Primeiro na boate? Agora na minha casa?!
Anneli afastou-se, mas não foi rápida o bastante.
Agarrei-a pelo pescoço, pressionando-a contra a parede.
Ela se arrependeria amargamente disso!
“Quem te deixou entrar?!”
Anneli
“So… solte-me!” Engasguei.
Quase não havia fotos de Marceau Remy na internet – imaginei que só o reconheceria se estivesse numa cadeira de rodas, já que todos sabiam que era deficiente.
Mas por que este homem agia como dono da casa?
“Diga quem te deixou entrar na minha casa!”, trovejou.
Talvez não fosse a mais esperta da escola, mas não era burra. Só podia significar uma coisa.
“Você… você é Marceau Remy?” Meus olhos correram para suas pernas.
Ele estava em pé. Perfeitamente.
Literalmente entrara na cozinha sozinho.
Marceau soltou-me bruscamente. Comecei a tossir.
“Não sei o que você quer ou se foi Claude que te mandou, mas mexeu com a pessoa errada.”
Sabia que ele certamente pensava em me silenciar, agora que eu sabia da verdade sobre suas pernas.
Mesmo com mil perguntas, não era hora de questionar – tinha que acalmá-lo e garantir que não me machucasse.
“Entendo sua reação, já que fui noiva do seu primo, mas terminamos. Não que isso torne menos estranho, mas a partir de hoje sou sua esposa legalmente.”
“Esposa legítima? Você casou sozinha? Porque não lembro de me casar com você!”
“Não estou mentindo. Sua mãe não contou porque…”
Sem me deixar explicar, ele berrou:
“Falcão! Ossos!”
Meu Deus, que gênio!
Em segundos, dois guarda-costas correram para a cozinha.
“Joguem-na fora e soltem os cachorros.”
“Marceau… Eu… não minto. E se for sobre suas pernas, não direi nada”, implorei desesperada.
“Anneli, se sobreviver lá fora com meus cães, talvez eu tente enxergá-la como a Sra. Remy.”
“Soltem-me! Não me toquem! Não é justo! Marceau!”, gritei enquanto era arrastada.
Marceau
Minha esposa. De fato.
Que cara de p*u dessa mulher!
Henrik deve ter ouvido a confusão e correu até mim.
“Senhor Remy, o senhor não pode…”
“Não posso o quê? Foi você que a deixou entrar?!” Trovejei.
Henrik suspirou e entregou-me uma certidão de casamento.
Fiquei atônito ao ver minha assinatura nela.
“Minha mãe foi longe demais desta vez.” Meus dedos cerraram-se em torno do documento.
“Ela só se preocupa com o senhor. Está quase nos trinta e cinco. Disse que queria clarear a escuridão ao seu redor.”
“Não há escuridão! E me sujeitar à ex-noiva do meu primo está longe de clarear coisa alguma!”
“O senhor Claude e ela terminaram.”
“Não me importo! Não quero mulher que já foi do Claude!” Rosnei. “Além disso, já que ninguém me avisou que havia uma intrusa, e ela sabe das minhas pernas, terei que lidar com isso!”
“Senhor Remy…”
“E esta é a última vez que conspira com minha mãe para me enfiar alguém assim. Não preciso de ninguém!”
“Sua…”
“Solta os cães, Henrik!”