Capítulo 4

1537 Mots
  Assim que eles saíram, Yvaine me puxou para fora do clube. Droga. Eu odiava que a Catherine conseguisse prever cada pensamento meu. Sim, eu ainda estava considerando salvar meu relacionamento com o Rhys. Mas agora? A verdade estava ali, clara e brutal—eles estavam juntos pelas minhas costas o tempo todo. E eu? Fui apenas a i****a, a intrusa desnecessária no drama doentio deles.   O que eu não conseguia entender era—por que a Catherine fingiu seu desaparecimento há quatro anos? O que exatamente ela estava escondendo? E por que voltar agora? Meus olhos ardiam. Inclinei a cabeça para o céu, forçando as lágrimas a voltarem.   Tudo bem. Catherine está de volta. Ótimo. Agora eles podem se reunir como uma família feliz de quatro pessoas, e eu... eu finalmente estava livre.   "Mira... Me desculpa. Não fazia ideia de que eles estariam lá hoje à noite. Eu nem sabia que a Catherine tinha voltado." Os olhos de Yvaine estavam cheios de arrependimento.   Eu dei uma risada amarga e balancei a cabeça. "Nem eu. Mas ficou claro como água—eles estão juntos faz tempo. Para eles, eu só estava atrapalhando."   "Aqueles desgraçados!" Yvaine sibilou entre dentes cerrados. "Você devia contar para seus pais. Mostrar que a Catherine não é o anjo que eles pensam. E os pais do Rhys? Não vão querer lidar com um escândalo desses."   Fiquei em silêncio por um momento. Yvaine tinha razão—os pais do Rhys eram os únicos que me apoiavam. Mas ele era o filho deles. No final, não me escolheriam. E quanto aos meus pais? Soltei um suspiro, pesado e cansado. "Você sabe melhor que ninguém—eles só se importam com a Catherine. Não importa o que eu faça, nunca vou substituí-la."   Yvaine segurou meus ombros, a preocupação escurecendo seu olhar. "E agora, o que você vai fazer? Vai deixar que te humilhem?"   "Sei lá." Minha voz caiu para um sussurro, um cansaço pesando nela. "Talvez, se eu aceitar, acabe de vez."   De repente, o celular de Yvaine vibrou. Ela olhou para a tela, sua testa franzindo de frustração. "Mira, meu agente acabou de ligar. Apareceu uma sessão de fotos de última hora—tenho que ir agora. Você consegue ir para casa sozinha?"   Assenti com a cabeça, tentando esboçar um sorriso fraco. "Vá. Não se preocupe comigo. Eu ligo quando voltar." Depois que ela saiu, chamei um táxi. Instintivamente, dei ao motorista o endereço da minha casa. Mas, m*l tinham passado dois minutos de viagem, uma onda de pressão sufocante tomou conta de mim.   "Não, espera," disse rapidamente. "Me leve para um bar. Qualquer um. Só... longe da Roxanne."   O motorista não piscou — claramente acostumado com as demandas erráticas dos corações partidos da Cidade Skyline.   Acabamos parando em frente a uma boate desconhecida. Cordões de veludo. Uma multidão de influenciadores com seus paus de selfie. Nem me preocupei em ver o nome. Passei algumas notas para o segurança e entrei.   Direto para o bar.   "Whiskey sour. Grande. Pode ir preparando mais."   "Moça, talvez você devesse ir devagar," disse o barman gentilmente, com preocupação na voz.   Bati o copo vazio no balcão e empurrei meu cartão. "Eu gaguejei? Enche o copo."   O barman suspirou, mas obedeceu.   "Ele tem razão," murmurou uma voz suave e cativante ao meu lado. "Muito álcool pode prejudicar a função cognitiva e o julgamento. A menos que queira acordar na cama de um estranho esta noite—"   Virei-me, irritada — então congelei.   Era ele.   O homem da noite passada. Meu novo vizinho. Aquele que me entregou a chave com toda a elegância casual de uma estátua do Renascimento.   "Olha só. Você de novo." Levantei uma sobrancelha, um sorriso provocativo surgindo nos meus lábios. "Você realmente não consegue resistir em se meter na vida dos outros, né?"   Ele riu baixinho, completamente tranquilo. "Pense nisso como um instinto bem afinado para ser útil."   Suspirei exageradamente. "Você é um herói, de verdade. Mas não preciso ser salva, Senhor Chave."   "Eu sei," ele disse calmamente, levantando seu copo e tomando um gole devagar. Seus olhos eram claros e perspicazes. "Mas parece que você está precisando muito de clareza."   Franzi a testa. "É assim que você trata todos os seus vizinhos? Primeiro a chave, depois a dignidade deles?"   Ele riu—um som baixo e rico. "Só quando a vizinha parece estar à beira da autodestruição."   "...Mas eu estou sempre me autodestruindo," murmurei, de repente mais quieta. "Não parece meio patético? Como se minha vida fosse apenas uma bagunça atrás da outra?"   Ele não riu. Não se apressou para me tranquilizar, tampouco negou o que eu tinha acabado de dizer.   Ele só me olhou. Calmo. Silencioso. Como se estivesse assistindo um desastre em câmera lenta acontecer—mas sem a intenção de impedi-lo.   "Você não está errada," ele finalmente disse, sua voz baixa e firme. "Você realmente é boa em bagunçar tudo. Como agora—você m*l consegue se manter de pé e ainda está pedindo mais álcool."   Fiquei paralisada, franzindo a testa instintivamente.   Mas ele continuou, seu tom despreocupado—como se estivesse folheando um livro e tivesse encontrado uma frase que já conhecia de cor:   "Mas, curiosamente, você sempre parece encontrar alguém que se recusa a ir embora... bem antes de tudo desmoronar."   Olhei para ele, metade chocada, metade desconfiada. "Você está... me cantando?"   Ele me deu um sorriso lento, seus olhos se curvaram preguiçosamente com a quantidade certa de travessura. Sua voz soou suave e provocante, como veludo envolto em aço. "Isso faz você se sentir melhor?"   Sua voz era baixa e quente, como uísque sendo derramado em um copo à meia-noite—um pouco tonteante, um pouco perigosa. Ele me olhou com uma intensidade quase incontrolável, como se ele pudesse se inclinar perto e sussurrar coisas no escuro, em uma cama, perguntando se o toque dele era firme o suficiente.   Meu coração saltou uma batida. Minhas bochechas se ruborizaram instantaneamente. Meus dedos se firmaram contra a borda do bar.   Eu precisava olhá-lo de verdade. Ver realmente quem ele era.   Aquele rosto—não era apenas bonito. Tinha uma maturidade serena e devastadora que nenhum perfume ou gel de cabelo poderia falsificar. Não era do tipo que se encontra entre os garotos bem-arrumados que dançavam ao som de música eletrônica como se o mundo lhes devesse algo.   Um pensamento selvagem e inesperado passou pela minha mente.   Se eu o deixasse ir embora naquela noite, talvez estivesse rejeitando um daqueles raros momentos misericordiosos em que o destino oferece uma segunda chance.   Antes que eu pudesse me conter, minha mão agarrou a manga do terno dele. Levantei-me do banco do bar, coração palpitando.   "Então, senhor Keys," disse eu, com a voz rouca mas firme, "já que está tão comprometido em ajudar... por que não ajudar de verdade?"   Ele claramente não esperava por isso. Sua sobrancelha levantou-se um pouco, surpresa em seu rosto—mas ele não recuou. Não riu. Simplesmente disse, calmo e firme:   "Claro. Desde que isso seja algo que você não negue quando estiver sóbria."   "Tenho certeza." Respondi sem hesitar.   Apertando mais seu pulso, puxei-o através da multidão e para fora do bar.   O vento da noite nos atingiu como um tapa revigorante, as luzes da cidade piscando acima.   Não me permiti parar. Sem tempo para pensar, sem espaço para arrependimento.   Atravessamos a rua. Entramos no saguão do hotel mais próximo.   Porque naquela noite, eu precisava saber se tinha coragem de aceitar o que o destino havia colocado diante de mim.   Deve ter sido uma noite daquelas, porque quando acordei, a luz do sol estava entrando pelas cortinas, e os números vermelhos em LED do relógio digital piscavam 10:07 AM para mim com a severidade de uma freira te flagrando saindo escondida da igreja.   Os lençóis ainda carregavam o cheiro dele—bergamota e pecado—e meu corpo ainda sentia as repercussões do que fizemos.   Olhei para o teto e pensei: Aquilo foi um sexo absolutamente fenomenal.   Do tipo que te destrói, te encanta e te deixa i****a o suficiente para querer outra rodada.   Eu doía por inteiro—no melhor e mais lamentável dos sentidos.   Mas minha cabeça... minha cabeça era como um campo de batalha. Parecia que cem pequenas furadeiras estavam perfurando meu crânio. O álcool da noite anterior decretou rebelião, e meu cérebro estava pagando o preço, como se alguém tivesse enfiado um ferro em brasa na minha têmpora.   Eu não fazia ideia de quanto bebi—com certeza mais do que deveria.   Os detalhes se perderam em uma neblina mais densa que uma manhã londrina.   Gemendo, saí da cama. Gemendo de novo. Comecei a juntar as peças espalhadas das minhas roupas.   O plano era simples: Me vestir. Sair de fininho. Fingir que isso nunca aconteceu.   Eu tinha acabado de pegar minha saia quando uma voz me parou.   "Indo embora tão cedo?"   Droga.   Virei—bem devagar, por causa da ressaca e da vergonha—e o vi parado na porta do banheiro, com uma toalha pendurada nos quadris.   Gotas d'água brilhavam nos seus abdominais, capturando a luz da manhã, descendo pelo V profundo do seu torso.   Eu olhei. Sem vergonha alguma.   Imagens da noite anterior voltaram à mente. De repente, senti uma... sede imensa.   "Precisamos conversar," ele disse.
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