Capítulo 3

596 Mots
  "Gosto do seu corpo", ela ouviu ele dizer.   Os olhos ainda fechados, Renee sentiu que a próxima coisa que ele faria seria devorá-la. Decidiu não resistir — entregar-se à submissão era o preço para conseguir o que queria. Não tinha direito de pedir nada, mas esperava, no fundo, que ele fosse gentil. Não era uma virgem ingênua; já ouvira que sexo podia doer, especialmente na primeira vez.   Soltou o lençol e se preparou para o que viria. Esperava que ele tirasse o edredom que a cobria.   Mas ele não o fez.   Surpreendeu-se ao sentir o peso dele sair da cama. Percebeu que agora estava de pé.   "Acho que posso aceitá-la como minha esposa. Mas você não está pronta para o sexo ainda. Quando estiver, vou possuí-la."   Ela ficou chocada. Ao abrir os olhos, o homem já havia saído.   Ficou deitada na cama, ainda pasma por ele não ter dormido com ela. Aliviada, mas amedrontada com a ideia de ser esposa de um demônio.   Vestiu-se e, ao sair, encontrou o mordomo à espera do lado de fora.   "Por aqui, senhora."   Renee seguiu-o em silêncio até a sala de jantar. Abriu a boca ao ver a mesa repleta de pratos finos.   "Por favor, sente-se e coma."   Ela sentou-se obediente e tentou engolir algo enquanto o mordomo se retirava.   Ele foi direto até Gustavo Moretti, pai de Dante e dos outros filhos.   "O senhor Dante aprovou ela", informou o mordomo.   Gustavo acenou brevemente.   Aquele filho era o mais difícil — mas ele impusera uma condição a Dante: só herdaria algo se um dia se casasse.   Acreditava que uma boa mulher poderia tirar Dante da casca.   Gustavo esfregou as têmporas.   Seria ela a certa? Ou teriam de continuar à procura de uma parceira para o filho notório?   -------------------------------------------------------------   Já era noite, e Renee estava mais tranquila. Conhecera alguns funcionários na Villa, todos extremamente gentis. Mostraram-lhe o lugar, e a beleza do local foi a distração de que precisava.   Naquele momento, estava no saguão, admirando pinturas antigas.   A mente voltou àquela manhã.   Dante realmente não dormira com ela.   Será que os boatos eram verdadeiros, então?   Ele era pior que o próprio capeta?   "Bem-vindo de volta, senhor Dante!"   Ouviu os seguranças cumprimentando-o atrás de si. Ao ouvir o nome "Dante", quis sumir — mas ao se virar, uma voz soou:   "Pare!"   Renee não ousou mover um milímetro. Ele caminhou até ficar de frente para ela. Trêmula, ela ergueu o olhar e deparou-se com o rosto mais aterrorizante que já vira. Metade do rosto parecia queimado — uma visão de cortar o fôlego. Os olhos eram frios, impiedosos. Ele parecia jovem, talvez na casa dos vinte e poucos anos, mas a aparência era horripilante demais.   Renee recuou assustada, perdeu o equilíbrio e caiu no chão. Dante estendeu a mão para ajudá-la, mas ela gritou, em pânico:   "Não… não chegue perto de mim!"   "É igual a todos os outros", ele rosnou, irritado.   Ela fechou os olhos, com medo de encará-lo de novo.   Dante virou-se e ordenou ao mordomo:   "Manda ela embora! E diz pro meu pai parar de arrumar mulher pra mim!"   Gritou, subindo a escada.   O mordomo suspirou e olhou para Renee com pena.   Realmente achara que ela poderia ser a escolhida.   Paciência: teriam de continuar procurando.   "Senhorita Gallo, é melhor você ir agora. Não conte a ninguém o que fez ou viu nesta casa. E não se preocupe — o dinheiro será pago integralmente. Considere como compensação pelo dia que passou aqui."   A mente de Renee fervilhava de pensamentos e sentimentos conflitantes. Precisava pensar. Processar tudo.   Levantou-se e saiu apressadamente da Villa.
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