Minha Namorada de Mentira

Eu suspirei entediado, vendo a aula se estender mais do que deveria, a verdade era que aula de biologia sempre deixa as crianças eufóricas, eu revirei os olhos quando a voz do idiota da sala chegou aos meus ouvidos. — Suas aulas são as melhores, professora Sabina. Ele falou enquanto a turma ria, às vezes parecia haver voltado para o fundamental, eu olhei por cima do ombro, vendo quase toda a sala rir, menos a minha “namorada”, a garota de cabelos castanhos revirou os olhos com um suspiro baixo. Meu relacionamento com Aimée parecia improvável, mas acabou se tornando um bom motivo para afastar as outras garotas da minha volta, não que não recebesse um flerte ou outro, mas desde que havia começado esse relacionamento baseado em status, ela era a garota mais popular daquela escola, eu de alguma maneira me tornei o cara mais popular. E quanto mais eu fugia daquele ciclo, mas eu me aprofundava nele, em algum momento, minha vida não tinha mais tempo para nada que realmente gostava, sem livros, sem passeios na floresta, sem tempo para passar com o meu irmão. Foi então que a Aimée surgiu repentinamente, com a ideia de namorarmos de mentira, assim evitávamos os flertes de muitos, e os inúmeros compromissos que surgiam sempre dessas rodinhas dos populares. Minha namorada linda, talentosa e popular, a garota era impressionante de muitas maneiras, mas honestamente nunca fomos um casal, sempre estávamos fingindo para todos ao nosso redor. Nos beijávamos nas festas, na frente dos outros, sempre sorrindo, mas sozinhos não conversamos mais que o necessário, mas no fim, toda essa encenação era para isso, para apenas sermos nós mesmos. Aimée Hutton sempre foi uma garota que aparenta ser boa é meio inocente, sua cabeça estava sempre longe pensando em algo diferente, mas eu sei que ela é muito mais do que aparenta. Eu virei o rosto, deixando de olhar minha falsa namorada, observei a turminha do lado rir alto demais, eu suspirei quando vi que as meninas me olhavam de forma “discreta”, e os meus “amigos” sorriam abertamente, com certeza queria usar do meu tempo para dar em cima daquelas garotas, eu nunca fui de grupinho ou de turminhas irritantes, sempre fui categoria de pessoa que está sozinho ou na companhia de uma única pessoa, mas devido a atual influência dos outros a minha volta, acabei me afastando de meu melhor amigo, Trent, ele era um idiota, mas era meu amigo de verdade. Enquanto eu divagava sobre minha vida, a aula de geometria passou num piscar de olhos, não que fosse importante, mas eu já sabia todo o conteúdo, por conta disso, não prestei atenção naquela aula. Quando o professor deixou a sala, eu aproveitei para fugir da próxima aula, eu odiava História, ou melhor, o professor, me levantei da cadeira tranquilamente, puxando minha bolsa para ir embora, mas não tive tanta sorte já que o professor entrou na sala enquanto eu guardava minhas coisas. Eu me sentei novamente irritado por não conseguir fugir da aula, Aimée repentinamente sentou na minha frente, ela se virou para mim, sorrindo, eu não pude evitar sorrir para ela. Aimée cutucou a amiga a seu lado, às duas se aproximaram, falando algo entre si, Mina olhou para trás me encarando, eu a fitei sério, mas não demorou para notar que nenhuma delas olhavam-me, mas sim para atrás de mim. Mina e Aimée continuaram a olhar sem conter a risada, eu não pude deixar de sentir curiosidade. — O que você tanto olha? Eu perguntei, vendo às duas riem entre si, Mina olhou para com um sorriso estranho no rosto. — Eu estou olhando para eles. Eu me virei sem mais conter a curiosidade, Trent e Rebecca praticamente se comia no final da fila, eu ri quem diria que o Trent enfim percebeu que a Rebecca gosta dele. Pode ouvir um grito sonoro do professor, ele havia finalmente notado o que estava acontecendo, eu apenas ri, Rebecca era visivelmente apaixonada por Trent desde o colegial, quando eles estavam se aproximando tanto? Olhei para Aimée que se ajeitava na cadeira, desde que o nosso relacionamento falso havia começado, as coisas haviam ficado mais fácil para nós, mas em alguns momentos eu me pergunto, se não seria melhor para ela ter um namorado de verdade, alguém que esteja sempre do seu lado. Tom expulsou, Trent e Rebecca da sala mandando os dois para reitoria, podia ouvir quase todos que estavam na sala riram, olhei para Aimée que conferia o celular a cada segundo, ela parecia estar preocupada com algo, mas não podia me meter. Eu passei a aula conversando com Arthur, um colega que vivia perguntando sobre as matérias de cálculos. Eu fiquei lhe ensinando sobre cálculo, enquanto o professor falava sobre a história arquitetônica da Grécia. — Nick, você e a Aimée estão bem? Tipo é só uma curiosidade. Olhei para Arthur de cima a baixo, não sabia nem quantas vezes eu ouvia essa pergunta por dia, eu sorri vendo ele me olhar atentando. — Estamos bem, até demais. Pode ver ele suspirar entristecido, não seria a primeira vez que eu vi algo assim, mas sempre havia alguém mais babaca para me irritar, mas o que mais me perturbava era o fato deles acreditarem que a Aimée poderia se interessar por eles. Ela sempre foi uma mulher muito exigente, então, não fazia sentido eles realmente pensarem ter alguma chance com ela. Eu passei a mão no cabelo, ajeitando os fios que caiam sobre meus olhos, eu olhei para frente ignorando Arthur que olhava descaradamente para minha “namorada”. Com o passar do tempo, aula acabou ficando cada vez mais entediante, pode observar em silêncio Aimée, quando ela novamente pela décima vez pegou o celular, mas dessa vez, ela não pode se conter, seja o que for que ela esperava, havia finalmente se resolvido, pois ela se levantou da cadeira num pulo, sua saia subiu alto suficiente para observar a sua calcinha rosa clara, eu olhava fixamente para sua bunda, vendo ela alisar com a mão a saia qual agora estava no lugar, enquanto se desculpava com o professor, quando Senti me cutucaram com a caneta na costa, virei vendo o idiota da sala atrás de mim. — Sua namorada é gostosa para caralho, será que ela pula assim em mim. Ele falou baixo o suficiente apenas para eu ouvir, pode ver ele sorrir cinicamente para mim, eu não podia deixar ele falar qualquer coisa de Aimée, não por ela ser minha “namorada”, por ela nem sequer ouvir aquilo, mesmo se ela não fosse a minha namorada, eu não poderia deixar ele falar isso. Eu me levantei da cadeira, vendo todos que estavam na sala repentinamente olhar para mim, eu não poderia dizer ser a pessoa mais calma dali, quase sempre me metia em confusão devido ao meu temperamento, eu o puxei pela gola do Adrian suspendendo ele para que pudesse ver seus olhos castanhos, podia sentir que todos me olhavam confusos. Eu empurrei, vendo ele cair por cima da mesa dele, eu me aproximei vendo todos gritar e resmungar com o susto, pode ouvir o professor gritar comigo, eu apenas o ignorei, colocando meu pé sobre o peito dele, observando os dedos magros agarrarem no meu coturno. — Você ficou tão quieto de repente! Eu falei vendo ele ficar vermelho, senti a mão de alguém no meu ombro, olhei por cima do ombro, pude ver Aimée me olhando assustada junto a ela estava o professor, eu apenas ignorei sua fala, olhando a garota de cabelos castanhos. — Nick? Eu o deixei Adrian no chão, eu peguei minha bolsa, vendo os outros alunos da sala ajudando ele, era óbvio que eu sairia como errado ali, eu havia atacado do “nada”, eu deixei a sala, ouvindo a reclamação do professor, observando a cara de confusa da Aimée, eu segui o corredor, ignorando a sala do diretor, eu atravessei a escola até a biblioteca, entrei rapidamente sem me importar com o barulho, logo sendo advertido pelo som alto. Eu passei o resto das aulas lendo toda categoria de livros que poderia imaginar, evitando até mesmo olhar meu celular, era provável que meu irmão já soubesse do meu mau comportamento, para evitar uma briga mais cedo que o normal, eu apenas ignorei todas às vezes que ligava. Eu olhei para o relógio enfeitando a parede perto da estante de livros, 16:00 H da tarde faltava uma hora para as atividades extraclasses acabarem, eu coloquei o livro no lugar, eu sabia que hoje não haveria treino, por isso poderia sair por detrás da escola, passando pelo campo de futebol. Caminhava lentamente, vendo o local mais vazio que normalmente, após passar pelo campo e arquibancadas, eu pode observar o depósito não muito longe, às vezes me escondia ali para fumar, ali era onde a maioria dos alunos fazia algo ilícito, de sexo a drogas, ainda faltava um pouco até o estacionamento, mas repentinamente eu escutei um barulho estranho que vinha do depósito para guarda os equipamentos velhos de esporte. Aproximei-me lentamente do depósito com celular gravando, eu sabia estar errado em gravar, mais errado ali não era eu, e sim o casal que estava transado no depósito, ainda mais quando poderia ser um idiota com alguma garota metida a santa, eu olhei em volta para conferir se não havia mais ninguém, me aproximei com cuidado para não se visto, me agachei perto da porta, eu arregalei os olhos quando me deparei com a cena que estava minha frente, acabei fazendo barulho, cai sentando vendo olhar assustado de Aimée estava com a saia levantada enquanto a garota chupava sua intimidade, a blusa aberta com um dos seios para fora, a garota eu nunca havia visto, se levantou lambendo os lábios. Ela estava ali dentro com outra garota, ela se petrificou a me ver ali com o celular na mão, Aimée deu passo atrás, enquanto ela colocava suas roupas no lugar, a garota coçou a própria cabeça, enquanto tossia olhando para mim. Eu desliguei o celular, vendo às duas se despedir, a loira ajeitou a blusa, antes de dar um beijo demorado na Aimée, pode sentir o cheiro de sexo ali dentro, Aimée em momento algum olhou para mim, pode a loira sair em silêncio. Quando ela finalmente olhou-me seu rosto queimou, ficando vermelho, ela olhou seu corpo, ela levou a mão para o cabelo esfregando com impaciência, ela suspirou pesadamente, isso explicava o motivo dela quer um namorado falso, ela era lésbica, mas não queria se assumir. Ela saiu de dentro do depósito em silêncio, eu não estava esperando uma explicação dela, até porque ela não precisava me dar uma, eu acompanhei quando ela se sentou no chão gramado, vi sua boca abrir e fechar várias vezes com certeza ela queria arranjar uma desculpa para tudo aquilo, mas nem conseguiria depois do que eu vi, ainda eu não acreditava que a Aimée estava fazendo aquilo parece que ela não era tão inocente quanto eu pensava. — Nick. Sua voz saiu num sussurro, ela me olhou ainda vermelha, Aimée segurou meu braço com força, era óbvio que aquela garota estava em total pânico, ela deveria estar se perguntando se poderia confiar em mim.