Capítulo 5

810 Palavras
  “Vai almoçar no refeitório?” Valerie Lawrence, uma colega de classe, caminhava ao meu lado. Ela era baixinha, de pele clara, magra e loira. Uma das nerds da escola, mas não usava óculos grossos como eu. Era simplesmente inteligente e amava livros — só livros.   “Vou só comprar algo pra comer.” Respondi brevemente e segui até a longa fila do caixa.   “Posso comer com você?” Ela perguntou novamente, e eu apenas encolhi os ombros.   Enquanto esperava, ouvi risadas vindas de uma mesa próxima. Nem precisava olhar para saber de quem era: o grupo do Mark e as amigas da minha meia-irmã Debra, rindo alto como se fossem donos do mundo.   Valerie, atrás de mim, cutucou meu ombro. “Vi seu nome na lista.” Disse, referindo-se àquela lista de populares e não-populares. “Você ficou em terceiro lugar, e eu em segundo. Parabéns pra gente!” Comentou, sarcástica.   Sorri para ela, sabendo que não estava chateada. Era bom saber que, além de mim, havia alguém que também não se deixava afetar. Ela preferia focar nos estudos para se destacar, em vez de se intimidar com uma lista i****a.   “Entendo estar na lista, porque sou nerd mesmo. Mas você, Stella? Sério? Sei que sua meia-irmã — aquela vaca — é a razão de você sempre aparecer nela.” Ela sussurrou no meu ouvido enquanto a fila andava.   “Talvez porque eu seja feia.” Encolhi os ombros. “E não vou a festas nem passeios fora da escola.”   “Meu Deus! Quem disse que você é feia?” Ela exclamou. “Eu sei que você é linda, Stella. Até mais que sua irmã. Se tirasse esses óculos e esse cabelo—” Ela tentou tocar meu cabelo, mas afastei sua mão.   “Por favor, não!” Respondi bruscamente, e ela ficou chocada. “Desculpa.” Baixei os olhos e comprei um pão e uma banana, deixando Valerie sem reação.   Caminhei pelo corredor e virei à esquerda, no canto mais distante, onde ficava a escada para o telhado.   Ao chegar ao topo, inspirei o ar fresco e expirei suavemente. Sentia-me livre de todos os problemas do mundo. Sempre que vinha aqui, me sentia segura, em paz e tranquila. Amava estar sozinha — isso me ajudava a focar. Detestava distrações ou barulhos desnecessários, especialmente quando as pessoas sussurravam e riam de mim.   A solidão me ajudava a reorganizar meus pensamentos e a enxergar com clareza o que realmente queria e precisava. Adorava aquele lugar porque o silêncio era calmante e me permitia refletir sobre tudo que acontecia em minha vida.   Cruzei os braços, apertando o cardigã contra o corpo para me proteger da brisa fria, e sentei-me no banco para comer o pão e a banana que trouxera do refeitório.   Estava voltando para a sala quando vi Tyler do outro lado do corredor. Ele estava com um sorriso largo e acenando para mim… para mim? Meu coração deu um salto, e a pulsação acelerou de forma ridícula. Por que ele estava sorrindo para mim de repente? Ele me atormentava há anos, e eu achava que me odiava. O que havia acontecido?   Senti-me como em um sonho. Tudo ficou embaçado, como mágica. De repente, só existíamos eu e Tyler, trocando olhares enquanto nos aproximávamos. Ele me presenteou com um sorriso deslumbrante que fez meu coração disparar, e eu retribuí com um sorriso tímido.   Mas fui arrancada da ilusão quando alguém esbarrou acidentalmente no meu ombro. Era Maxine Cooper, a líder de torcida perfeita da escola. Ela tinha tudo o que uma garota adolescente podia desejar: rosto bonito, corpo esculpido, popularidade, fama e fortuna. Sem contar o namorado que era loucamente apaixonado por ela. E eu mencionei que ela estava em segundo lugar na lista dos mais populares?   “Ops… Desculpa, nerd!” Ela disse e continuou em direção a Tyler.   A realidade caiu sobre mim como um balde de água fria. Ele não estava acenando para mim, mas para ela.   Maxine Cooper dominava aquela escola desde sempre. Desde que eu pisara ali, seu nome estava por toda parte — desde os prédios batizados em homenagem ao pai dela até a seção que tinha no jornal da escola.   Sempre se sabia quando ela chegava. Tudo entrava em câmera lenta. Todos abriam espaço assim que ela pisava no chão. O corredor lotado se dividia ao meio para que ela e suas seguidoras pudessem passar.   Todos a observavam com admiração e espanto, como se fosse verdadeira realeza ou uma celebridade de Hollywood. Mas, no fundo, ela era só uma cópia de algum filme adolescente clichê.   Virei nos calcanhares e caminhei na direção oposta para evitá-los. Sempre consegui lidar com as provocações de Tyler, mas a forma não intencional como ele partia meu coração sempre que estava perto de Maxine… era diferente. Eu sentia dor, e meu peito parecia sangrar, literalmente.
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