Capítulo 4

1755 Palavras
  Minutos depois, a comida estava pronta. Leila colocou a bandeja na mesa, seu sorriso grande e brilhante enquanto caminhava até o escritório para chamar o marido. Ela o encontrou ao telefone. Sua voz estava tão baixa que ela m*l podia ouvir uma palavra do que ele dizia. Ela se encostou no batente da porta, com um pequeno sorriso no rosto ao vê-lo massageando a testa. Mesmo perturbado, ele parecia fofo. Talvez eles se dessem bem.   A ligação terminou e ele se virou para ela. Leila sorriu, pronta para falar, mas ele a interrompeu. "O que você quer?"   Uau. Suas palavras foram como um balde de água fria, e ela deu um passo involuntário para fora do escritório. Sua mão apontou na direção da sala de jantar. "O jantar está pronto." Ela tentou, mas não conseguiu sorrir, pois a reação dele a magoou. Aqui estava ela, tentando ser uma boa esposa, e ele estava sendo grosseiro. "Vim te avisar."   Ela estava a alguns passos do escritório quando ele a chamou. "Leila." Ela parou, mas não se virou. Se ele fosse rude com ela, ela não queria estar perto dele. "Desculpa por ter aumentado a voz."   Escondendo um sorriso, ela assentiu e foi para a mesa de jantar. Minutos depois, Kelvin se juntou a ela. Eles se sentaram frente a frente, ela serviu a comida e comeram em silêncio. Ela tentou começar uma conversa algumas vezes, mas as palavras sumiam toda vez que ela olhava para ele.   Ela não conseguia identificar o humor dele. "Leila," Kelvin começou. Sua cabeça se levantou, ela mordeu os lábios enquanto ele tentava formar uma frase. "Lá atrás, aquela ligação...". Seu cabelo curto e castanho caiu sobre a testa, e ela fechou a mão embaixo da mesa para se impedir de afastá-lo. "A ligação me deixou agitado. Não quis ser grosseiro." Um calor se espalhou em seu peito e um sorriso surgiu em seus lábios. "Desculpa."   "Quer falar sobre isso?" Ela enfiou uma colherada de arroz na boca. Kelvin a observou. Parecia que ele estava encarando-a por horas, mas na verdade, só alguns segundos tinham se passado. Ele balançou a cabeça, e ela não conseguiu evitar a decepção que surgiu rapidamente. "Tá bom."   Depois do jantar, ele se ofereceu para lavar a louça. Ela não pôde protestar, seus braços estavam cansados e ela ainda estava com a roupa de trabalho. Eles levaram os pratos para a cozinha, ela sentou-se no banquinho enquanto Kelvin olhava a pia cheia de pratos sujos e a panela que ela usou para cozinhar.   Ligando a torneira, a água corria sobre os pratos, e as sobrancelhas de Leila se franziram quando Kelvin não pegou a esponja e o detergente na janela. Sua boca ficou entreaberta quando ele enxaguou um prato sob a torneira sem lavá-lo. O que ele estava fazendo?   "Você já lavou louça alguma vez?" Ela teve que perguntar.   A resposta dele não veio imediatamente. Ele segurou o prato que acabou de enxaguar no ar, depois o colocou de volta. "Não."   Leila quase caiu no balcão de tanto espanto. Ela pulou de pé e se aproximou.   "Como assim?"   Kelvin deu de ombros. "Sempre teve alguém para fazer isso." Diante do olhar fixo dela, ele acrescentou, "Meu colega de quarto cuidava da cozinha enquanto eu cuidava das finanças." Ela murmurou como resposta. "Funcionava para nós."   Ele estava tão na defensiva que isso a deixou cautelosa. Cozinhar e lavar louça eram coisas básicas que qualquer pessoa deveria saber. Kelvin deu um passo para o lado enquanto ela espremia um pouco de detergente na pia e a enchia de água. Ela mexeu a água até fazer espuma. Sem pensar, ela tocou seu nariz, cobrindo a ponta com sabão. Seus olhos se encontraram por um momento constrangedor e, abaixando a mão, ela murmurou um pedido de desculpas.   "Eu cuido disso," ele disse quando ela estava prestes a começar. "Você ainda está tonta?" Ela respondeu que não, e ele a observou por um longo segundo. "É hora de você descansar. Eu cuido disso."   Leila precisava descansar mais do que tudo, mas não podia deixá-lo sozinho ali. Ela sabia que estava certa em não sair quando um prato escorregou das mãos dele e caiu no chão, quebrando-se em mil pedaços. Eles trocaram outro olhar constrangedor, ele se agachou para pegar os cacos e ela gritou.   "Pare." Ele olhou para cima. "Eu vou pegar uma vassoura."   Ela recusou a ajuda dele para limpar a bagunça. Pelo que ela sabia, ele podia não ter ideia de como usar uma vassoura.   Quando o chão estava limpo, ela se dirigiu à pia, mas ele a parou. "Por favor, deixe-me fazer isso." Ele tirou o prato dela com cuidado e passou a esponja sobre ele. "Assim?"   Ela assentiu. Como um homem podia parecer tão atraente lavando pratos? Suas bochechas esquentaram quando ele percebeu que ela estava olhando, ela desviou o olhar, mas seu sorriso aumentou quando notou o sorriso que ele tentou conter. Leila queria conhecê-lo melhor do que isso, ter uma conversa normal.   "Leilani. Você sabe o que esse nome significa?" Kelvin enxaguou o último lote de pratos e secou as mãos no guardanapo enquanto esperava sua resposta. Ela não havia pensado muito no significado do seu nome. Pensar no nome significava lembrá-los, e ela não queria lembrar. "Filha da realeza. Flor celestial." Ela não sabia disso. "Qual você é?"   Arrumando os pratos na prateleira de cima, Leila respondeu, "Nenhuma."   A atmosfera mudou, ela sentiu que ele recuava em sua concha diante de sua resposta fria, mas ela não se desculpou. Ele colocou a toalha no balcão e a conduziu até a mesa.   "Precisamos conversar."   Seu coração disparou. Ela assentiu. O olhar dele correu sobre ela e ela escondeu as mãos sob a mesa.   "Hoje no escritório..."   "Entendi," ela interrompeu. "Este casamento deve permanecer em segredo." Suas bochechas ardiam quando ela se lembrava de como ele havia agido ao seu lado, ela descansou os braços sobre os joelhos e deu de ombros. Pena que não poderia trocar histórias de marido com a Freya. "Eu entendo. Posso fazer isso."   Após quatro anos rigorosos no Tech Valley, ela não queria que seu sucesso fosse atribuído a ele. Mais importante ainda, ela não queria que ele fizesse tudo para agradá-la. Somente casais de verdade faziam isso, e o casamento deles era apenas de conveniência.   Kelvin deu um sorriso maroto ao ver seu desconforto. "Eu ia dizer... Não quis te deixar nervosa." Ah. Ela olhou para os pés, envergonhada por sua impulsividade. "Não falei nada sobre nós porque não discutimos isso. Foi um choque te ver. Estou surpreso por não ter percebido por conta própria." Leila não entendeu bem o que ele quis dizer, mas assentiu, pois havia ficado calada por muito tempo.   "Sarah fala bem de você. Parece que ela gosta de você," ele acrescentou com um sorriso, que desapareceu quando a viu sorrindo para ele. Ele pigarreou. "A decisão de contar às pessoas sobre nosso casamento é sua. Não me importo."   Seu rosto não mudou, Leila esperava que passar tempo com ele a ajudasse a ter um pouco de sua calma. Ela levou um minuto para responder. Ela podia estar chateada com o comportamento dele, mas sua explicação quase a fez sorrir.   "Acho melhor deixar as coisas como estão." Ele não disse nada, mas uma emoção passou rapidamente por seu rosto e ela rapidamente acrescentou: "Não quero misturar minha vida pessoal com o trabalho."   Lily Bloom era a única que ela poderia chamar de amiga de trabalho, mas elas não eram tão próximas. Além disso, quem poderia garantir que esse casamento duraria?   "Seus pais estão cientes? Eles sabem sobre mim?"   Um gosto amargo subiu à sua garganta com a menção deles. Fazia tanto tempo que ela não via aquelas pessoas e esperava que continuasse assim. Ela levantou-se do assento e depois sentou-se novamente com um sorriso forçado.   "Como você sabe, acabei de assumir a Tech Valley." Ela se encolheu com o tom dele. Ele estava falando com ela como falava com os repórteres que o entrevistaram mais cedo. Firme e educado. Isso a incomodava e irritava. "Assim que a transferência de propriedade estiver completa, adoraria conhecer meus sogros."   "Não," ela respondeu. Ele franziu a testa. "Você não precisa conhecer ninguém." Com o olhar fixo dele, ela forçou-se a dizer: "Não quero falar sobre eles."   Leila também não conheceu os pais dele e estava bem com isso. De fato, durante toda essa situação, ela não queria envolver os pais. Eles sempre complicavam tudo.   "Agora você me tem, sabe disso, né?" ele disse. "Você não está mais sozinha, Leilani."   Certo. Ela não acreditava nele. Este homem charmoso na frente dela poderia ser seu marido, mas ela não se sentia conectada a ele. Não havia aquele brilho sobre o qual Freya sempre falava. Kelvin era simpático, mas isso era tudo que ela sabia sobre ele. Por que ele assumiu sua empresa?   "Eu quis dizer o que disse no restaurante," Kelvin sussurrou. Ela puxou o ar entre os dentes enquanto Kelvin arrastava o assento mais perto dela. Se ela se inclinasse o suficiente, seus lábios se tocariam. A ideia a assustava e excitava. Ele segurou a mão dela e ela estremeceu. "Eu e você somos muito compatíveis." Entrelaçando seus dedos, ele fixou o olhar. "Podemos ter filhos e levar uma vida normal."   "Acho que sim," ela respondeu.   Muitas coisas podiam dar errado, mas se Kelvin queria focar no positivo, ela faria o mesmo. Ele a soltou e estendeu a mão.   "Temos um acordo?" Ela apertou a mão dele com firmeza. "Estaremos juntos até que a morte nos separe." Não havia nenhum vestígio de riso em seu rosto, ela não conseguia dissipar a sensação de que isso era mais do que um casamento de conveniência para ele. "Assim como nossos votos disseram."   "Até que a morte nos separe," ela completou.   "Obrigado, Leila."   Ela não fazia a menor ideia de por que ele estava agradecendo, mas respondeu: "Obrigada, Kev."   Eles compartilharam um sorriso. Ele a acompanhou até o quarto, ela escondeu a surpresa quando ele entrou atrás dela. Ele se sentou na cama enquanto ela ia tomar banho, quando voltou, ele ainda estava no quarto.   Com o cabelo pingando, ela se sentou na frente do espelho para secá-lo, lançando olhares de lado para ele. Ela bocejou quando terminou, seus olhos ficaram pesados, mas ela não sabia como pedir que ele saísse do quarto.   "Você deve estar cansada." Ele deu um tapinha no lugar ao seu lado na cama, mas seus pés pareciam grudados no chão. "Vá descansar."   Será que ele dormiria no quarto naquela noite?
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