Capítulo 3

904 Palavras
  Ellis tentou evitar aquele pensamento insistente. Mas agora sua esposa lhe fazia a mesma pergunta que ele não queria admitir em seus pensamentos. Ele desviou o olhar; Leah e ele tinham pensado na melhor maneira de preservar as propriedades e bens da família, na esperança de que Louis eventualmente saísse do coma e se recuperasse.   "Que opção nos resta?" Ellis respondeu num tom que deixava claro o quanto estava angustiado. Eles precisavam fazer isso por Louis, tomar essa decisão no lugar dele, apesar de saber que ele talvez não aprovaria quando acordasse. Estavam entre a cruz e a espada. O casamento precisava acontecer, era necessário para manter todo o legado de Louis intacto até que ele se recuperasse.   "Podemos encontrar outra noiva, de uma família verdadeiramente respeitável e não essa família Grayson. A mãe dela me pareceu tão vulgar..." sugeriu Leah, erguendo a cabeça e olhando nos olhos do marido.   "Não conhecemos a garota. Ela pode ser um lírio branco que cresceu no meio do lodo" respondeu Ellis, olhando pela janela do carro, enquanto disfarçava as lágrimas.   Enquanto isso, Pamela tinha pensado em várias formas de escapar dessa união. Ela aguardava ansiosamente a resposta do amigo. Lucas Wright era o amigo de Pamela e o único homem que ela amava. Quando seus pais falaram sobre o casamento com o jovem mestre da família Hayden, a primeira pessoa em que pensou foi Lucas Wright.   Eles estavam juntos há três anos, e ele sempre fora seu apoio, sempre cuidando bem dela. Lucas já era como da família e frequentemente a aconselhava a ser paciente com as atitudes dos pais. Ele sempre a tranquilizava de que tudo ficaria bem.   Nos piores momentos, quando sua mãe gritava com ela, exigindo que trabalhasse mais e, em vez de valorizar seu esforço, só reclamava dizendo que ela nunca fazia nada direito, Lucas estava ao seu lado, fazendo ela rir mesmo triste. Ela o amava tanto quanto ele a amava. Ele certamente encontraria uma maneira de livrá-la desse casamento arranjado.   Como ele não atendia ao telefone, nem respondia suas mensagens, Pamela resolveu visitá-lo naquela noite. Iriam fugir para algum lugar onde pudessem ser felizes juntos.   Pamela saiu de fininho de casa, usando a porta dos fundos para não ser vista. Correu o mais rápido que pôde em direção ao portão.   Mal saiu e, por sorte, flagrou um táxi. Entrou rápido, insistindo com o motorista para ir com urgência, aliviada por ninguém tê-la visto sair.   Isso a favorecia. Antes que alguém percebesse que ela tinha saído, já estaria longe ao lado de Lucas.   Depois de trinta minutos de viagem — que para ela pareceram uma eternidade — chegou ao apartamento de Lucas.   Saltou do táxi e entrou rapidamente no elevador. Sentiu um alívio enorme por finalmente ter chegado.   Respirou fundo. Fugir do casamento... que alívio! Ela sabia que ficaria bem, assim que estivesse com Lucas. Ele sempre dava um jeito.   Chegou ao andar e tentou girar a maçaneta, mas a porta abriu facilmente, sem que ela precisasse forceçar.   "Será que Lucas está com alguém?" pensou. Entrou e deixou a porta entreaberta.   Mas a sala estava vazia. Estranhou: por que Lucas deixaria a porta aberta se não estava na sala?   "De qualquer forma, ele pode estar na cozinha fazendo um lanche ou no quarto." Ela precisava falar com ele urgentemente.   Mal havia dado alguns passos em direção ao quarto quando ouviu vozes baixas e ofegantes. Parou e prestou atenção.   O som que ouvia não era de conversa, mas algo entre gemidos e suspiros. Ouviu gemidos vindo do quarto e se aproximou em silêncio.   "...ah... ah... me come mais gostoso... ah... Lu...cas... você é demais..."   As pernas de Pamela tremeram. Na verdade, seu corpo inteiro parecia flutuar, e ela quase caiu, precisando se apoiar na parede.   Reconheceu a voz imediatamente. Mesmo no sono, saberia de quem era aquela voz.   Seu coração batia forte. Não, mesmo que fosse ela, não podia estar transando com Lucas. Lucas era só dela e a amava muito. Tinha que ser outra pessoa recebendo aquela f**a.   Respirou fundo e decidiu confirmar com os próprios olhos. Chegou à porta e a empurrou devagar; assim como a porta da frente, estava entreaberta. Nem precisou avançar para vê-los, estavam bem à sua frente. Diante de seus olhos, dois corpos se entrelaçavam sobre a cama.   Não, já não estava mais debaixo das cobertas. Estavam tão intensos que as cobertas haviam sido jogadas no chão. A mulher estava por baixo e o homem a penetrando com força.   A perna esquerda da mulher estava erguida, e o homem se movia dentro dela em ritmo acelerado. Seu coração quase parou. O homem não era outro senão Lucas, seu namorado, seu amigo e o único homem que ela amava com toda a força.   Se alguém a traísse, ela até esperaria de pessoas como Emma e Freya. Mas não de Lucas. Ele conhecia sua dor, entendia seu sofrimento e sempre lhe dera colo. Ele era seu porto seguro nos momentos difíceis.   Mas ver seu corpo nu e seus quadris bombando em cima de sua irmã era a pior cena que seus olhos já viram. Lucas Wright, seu namorado, e sua irmã Emma Grayson, se amando e ainda por cima gemendo sem vergonha.   Não soube quando as lágrimas caíram, mas percebeu quando sentiu o aperto no peito. O que fazer agora? Entrar e jogar um vaso na cabeça de Lucas ou simplesmente ir embora e fingir que não viu nada?
Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR