Andréia passou o resto do dia treinando, na frente do espelho, tudo o que precisava falar para o Enrico. Não tinha como usar eufemismos em um término, mas talvez, se fosse o mais sincera possível, o rapaz a entenderia.
- Ele vai ficar furioso.- Murmurou Andréia para si mesma, preocupada. Ela caminhava de um lado para o outro, agitada.- Não vai entender…-
Apenas deixou o seu estado de transe, porque a porta de seu quarto abriu de repente. Sua mãe estava lá, com cara de poucos amigos.
- Aconteceu algo?-
- E ainda pergunta, Andréia?- Anna cruzou os braços, contrariada.- Será que ainda não percebeu a loucura que está prestes a fazer? Não leu o jornal de moças? Uma mulher precisa ser bem dedicada ao lar para garantir o conforto do marido. Ele é quem é o provedor. Antigamente era mais fácil segurar um marido, mas desde que foi permitido o desquite…- Anna levou a mão ao p.e.i.t.o, ficando angustiada só de imaginar.- Não tem nada p.i.o.r do que ser largada pelo marido, do que ser uma mulher separada… Acho que é até p.i.o.r do que não casar.-
- Não é justo, mãe… Não é justo que os homens possam ter o mundo, enquanto nós temos que nos conformar a preparar a casa para eles. Eu quero mais do que isso. Eu quero ser dona da minha vida, e foi por isso que eu adiei tanto o meu noivado com o Enrico.-
- O seu pai sempre foi contra ao seu namoro, minha filha. O Enrico nunca pertenceu ao seu meio social. Que vida ele poderia te dar… Sei que não é p***e, ganha bem como advogado, mas não para oferecer o padrão de vida do qual você está acostumada…-
- Essa conversa de novo, não. Eu me apaixonei pelo Enrico, por tudo que o Enrico tem por dentro. Ele é inteligente, determinado… E o mais importante, gosta de mim. Sempre tive minhas aspirações, nunca quis viver a vida me dedicando ao lar.-
- Está sendo boba, e vai acabar perdendo o marido.-
- Não me importo em ser uma separada, mãe. O que eu quero, é ser feliz. E sabe? Ao assinar aquele contrato de casamento no almoço, senti que estava me sentenciando á infelicidade.-
- Dizem que os homens como o senhor Gregório dão os melhores maridos…-
- Isso é uma utopia, como contos de fadas. Falam isso para que as mulheres passem a vida tentando consertar os maridos. Sempre somos nós que temos que nos esforçar, eles nunca precisam batalhar por nada.-
- Eles são os provedores do lar, Andréia. É responsabilidade do marido pagar as despesas de casa, colocar comida na mesa, dá uma boa vida a esposa. Não vai te faltar nada. Vestidos, jóias… Tudo o que você está acostumada.-
- Vai me faltar o mais importante de tudo, mãe.- Constatou a jovem, amargurada. Ela tinha o olhar perdido, mas antes de completar a sua frase, encarou a outra mulher.- Vai me faltar o que eu mais quis… Vai me faltar a liberdade.-
- O seu pai vai te ceder o cargo que você sempre quis. Não sei como concordaram com isso…-
- O meu pai estava pensando em colocar o Gregório como diretor financeiro, e nem o próprio pai dele o quis para cuidar das finanças da exportadora. Só o empurrou para a Collalto’s para o filho deixar de ser um boêmio, um vagabundo.-
- Andréia….- Anna apontou o dedo em riste para a filha, usando um tom de alerta em sua voz.- Não use esses termos para se referir ao seu futuro marido.-
- Não disse nenhuma mentira. O Gregório só pensa em gastar dinheiro e colecionar amantes. Andei ouvindo que teve um caso com a mulher do prefeito. Foi por isso que o senhor Antônio inventou essa ideia i.d.i.o.t.a de casamento, não foi?- Ela bufou, irritada.- Daí quer colocar aquela anta para ter uma experiência na fábrica de macarrão. Claro, porque se der errado, não é ele que leva a maior parte do prejuízo.-
- O seu pai precisa da ajuda do doutor Antônio, e é por isso que não podemos fazer exigências. Seja grata por ter essa oportunidade, outro marido não permitiria a esposa fora de casa.-
- Ele ainda não é meu marido.- Andréia trincou os dentes, repudiando a ideia de se imaginar casada com um irresponsável.
- Falou bem, minha querida, “ ainda”. Mas será. Ao menos não é de todo m*l, já que estará junto do seu marido o dia todo. Trabalharão juntos…- Ana suspirou, decepcionada.- Nunca imaginei ter uma filha que trabalhasse fora, como um homem.-
- Não é de todo m*l para quem? Eu ficarei o dia inteiro ao lado daquele cabeça oca.-
- Andréia… Escute aqui. Acho bom que faça esse casamento funcionar, porque do contrário, não contará mais com o meu apoio. Eu te mimei demais, fiz todas as suas vontades, e esse foi o meu erro. É hora de crescer, minha filha. Em breve será uma mulher casada.-
- Em breve, mamãe… Mas antes, preciso terminar o namoro com o Enrico. Ainda não tive a oportunidade de conversar com ele.-
- Leve a Theresa com você. Não será de bom tom se encontrar sozinha com um homem, estando noiva de outro.-
- O meu noivado com o Gregório ainda não foi oficializado. Portanto, para todos os efeitos, ainda sou namorada do Enrico.-
- Então trate de resolver isso, ou ficará m.a.l falada. E leve a Theresa. Se ela estiver ocupada, leve a Virgínia.-
- Espero que a Theresa não esteja ocupada. Não suporto a língua grande da Virgínia, e qualquer dia vou perder a cabeça.- Ela alisou as próprias roupas, antes de caminhar para a cômoda, e pegar as luvas brancas que estavam lá. A jovem enfiou uma mão, e depois a outra. Alisou novamente a saia godê longa e volumosa de cor azul-turquesa. Olhou-se rapidamente no espelho, antes de caminhar para fora do quarto.
Theresa lia um romance, isolada em seu quarto, quando praticamente foi arrancada para fora de casa por sua irmã mais velha.
- Tem certeza que está tomando a decisão certa?- Perguntou a moça, tentando acompanhar os passos da outra.
- Tenho, Theresa. Eu preciso salvar a nossa família, e cuidar do nosso futuro.-
- Você não o ama?-
Andréia hesitou um pouco, antes de responder. Ela até desacelerou os passos. Precisava mesmo ter cuidado com os seus saltos naquelas ruas de pedras. Um passo em falso, e podia até mesmo quebrar o tornozelo.
- Não sei se é amor, Theresa. Olha… Eu já fui muito apaixonada pelo Enrico, muito mesmo. Mas hoje vejo que não é algo tão forte assim… Talvez esteja sendo egoísta, mas é a oportunidade que precisava. Vou poder trabalhar no financeiro da fábrica de macarrão, como sempre quis.- A jovem parecia muito empolgada ao relembrar daquele detalhe.
- Eu acho isso um tanto… Inovador demais, e confesso que é estranho. Eu não imagino uma mulher fazendo algo sem ser cuidar do lar.-
- É porque foi o que aprendemos, Theresa. Mas se olhar ao redor, verá que o mundo é amplo e cheio de oportunidades para sermos felizes. Por que depender de um casamento? Não estou dizendo que o amor não existe…- Andréia tornou a caminhar, indo no sentido da praça de Vigneto.- Mas quando o amor é de verdade, você não precisa se anular em nome dele.-
Theresa chegou a abrir a boca para fazer algum comentário, mas Enrico chegou justo no momento.
- Falavam sobre amor?- Perguntou o homem, fazendo menção de deixar um beijo rápido nos lábios de Andréia, que recuou. Ele franziu o cenho, intrigado. Seus olhos escuros pareciam tentar desvendar o que se passava por dentro da jovem.- Aconteceu alguma coisa?-
- Eu serei direta, Enrico. Já ensaiei várias vezes como te dizer isso, e cheguei a conclusão de que realmente não existem eufemismos…-
O rapaz engoliu em seco, já experimentando um terrível frio na barriga. Ele tinha uma forte suspeita das pretensões de sua namorada, um mau pressentimento o avisava. Algo r.u.i.m estava por vir.
Theresa permaneceu quieta no mesmo lugar, também tensa. Decidiu que deveria dar um pouco de privacidade aos dois, já que precisavam conversar sobre algo sério e muito difícil.
- Estarei no banco de pedras. Não posso ficar mais longe do que isso, não é apropriado.- Theresa se afastou, indo para o lugar que disse.
Aquilo foi mais um motivo para Enrico perceber que algo fora do comum estava acontecendo.
- Toda a nossa família sabe do nosso namoro, é algo sério. Já ficamos a sós na sala de sua casa. Por que não podemos nos encontrar sozinhos em praça pública? Diga, Andréia, o que está acontecendo?-
- Eu vim aqui para terminarmos o nosso namoro, porque eu vou precisar me casar com outro homem.- Disparou a jovem, lacônica.
Enrico empalideceu ao ouvir aquilo, parecia em choque e incrédulo com o que havia acabado de escutar.
- Como é?- Perguntou, com a voz embargada.
Tamanho era o seu susto, que tinha dificuldades em falar.
- O papai contraiu muitas dívidas. Deu maus passos, o diretor financeiro o roubou… A fábrica corre riscos altos de falir.-
- Você vai casar por interesse?- Apenas com aquela pergunta, ele expressou toda a sua decepção.
- Sim, por interesse, sim, não n**o. Por interesse em salvar a minha família. Por interesse em ter uma oportunidade de realizar os meus sonhos.-
- Casar nunca foi seu sonho. Você sempre deixou isso claro, Andréia, sempre disse que queria mais. E eu sempre te respeitei e apoiei. Sempre acreditei nos seus sonhos, porque conheço seu potencial, porque quero te ver feliz.-
- E continua sendo meu sonho, Enrico. Eu barganhei com o meu pai e o doutor Antônio. Em troca do casamento, vou trabalhar como diretora financeira da Collalto’s.- Andréia se esforçou muito para não sorrir de felicidade diante daquela alternativa. Não teria coragem de ser ainda mais egoísta com o Enrico.
- Só está pensando em você, nas vantagens que isso pode te trazer.-
- Estou pensando em mim, sim, não n**o, mas também estou pensando na minha família. Você é um ótimo rapaz. Inteligente, esforçado… Tem um coração de ouro, Enrico. Mas não tem como ajudar os meus.-
- Você é só mais uma dondoca obcecada por dinheiro.-
- Você sabe que isso não é verdade. Estou sendo honesta com você, Enrico. Estou te apresentando os meus reais motivos para acabar com o nosso namoro.-
- De qual doutor Antônio você está falando?- Perguntou Enrico, evitando encarar Andréia nos olhos.
Era muito grande a v*****e de chorar.
- Doutor Antônio Salvatore. Eu vou me casar com o filho dele.-
- Com o Gregório?- Enrico não evitou olhá-la novamente. Dessa vez, parecia indignado, mas também assustado.- Andréia, esse homem é um canalha. Teve um caso com a mulher do prefeito, e todos comentam que anda tendo um romance com a viúva de Bellini, que é irmã do amigo dele. Ele é mulherengo e gastador. Não percebe o que está fazendo com o seu futuro? Está trocando o nosso amor por dinheiro. E esse dinheiro te custará muita coisa, inclusive a liberdade que você sempre quis.- Ao terminar de falar, o homem tirou uma caixa vermelha e aveludada do bolso.
- O que é isso?- Andréia arregalou os olhos, encarando o objeto nas mãos dele.
- Isso é uma joia de família. Esse anel era da minha avó, e eu ia te dar quando te pedisse em noivado. Mas quer saber? Esse anel irá para o dedo de uma mulher que merece de verdade. Pessoas como você, Andréia, são o p.i.o.r que há no mundo.- Ele tornou a guardar a caixa no bolso, antes de pisar duro, indo para longe dali.
…
Dois meses depois
- Que esse casamento possa trazer um futuro próspero para os Salvatore e os Collalto!- Disse Antônio, tomando a iniciativa de erguer a taça de champanhe.- Aos noivos!-
Todos os convidados fizeram o mesmo, tanto no gesto, quanto em repetir as palavras.
- O que houve, querida? Parece um tanto séria?- Perguntou Afonso para a esposa, que parecia preocupada.
- Ah, querido.- Ela suspirou, pesarosa.- Tudo está indo muito rápido, a Andréia vai ficar falada. Vão achar que é um casamento de emergência.- A mulher diminuiu a voz ao enfatizar aquilo. Até olhou para os lados, para ver se alguém os escutava.
- Não se preocupe, querida. Quando a Andréia estiver casada, o falatório passa.-
- Ela trocou de namorado. Isso já é motivo o suficiente para as más línguas. Não vê a Gerúsia? Ela não para de olhar para a Andréia e de fazer comentários.- Observou Anna, irritada.
De fato, a mulher rechonchuda e bem vestida não parava de olhar para Andréia. Ela estava ao lado de Gregório, mas se recusava em conversar com ele. Seu dedo direito, levava uma linda jóia. Um anel de ouro branco, com uma pedra delicada de diamante. Gregório havia feito tudo como mandava o figurino, embora não conseguisse se dar bem com ela.
Anna grunhiu ao ver que Gerúsia parecia cochichar algo no ouvido de sua irmã, Débora, que era tão mexeriqueira quanto.
- Não leve isso tão a sério, ninguém dá importância aos venenos destilados por essa cabeça de borboleta.-
- Se ao menos a Andréia fosse mais atenciosa com o noivo. Mas olhe, ela sequer olha para o Gregório.- Observou Anna, inquieta.
- Já disse, Anna. A Andréia vai acabar se acostumando. Algo me diz que ela vai aprender a gostar do futuro marido.-
Mesmo de longe, em meio as vozes dos convidados, Andreia conseguia ouvir as conversas paralelas de seus pais. Não completas, apenas algumas partes. Estavam preocupados com a sua reputação. Tudo estava acontecendo tão rápido, que de fato, poderiam imaginar que ela estava se casando de barriga.
- Eu sei que não gosta de mim, Andreia. Mas não temos alternativas, tanto você quanto eu precisamos nos casar. É melhor ao menos que nos dêmos bem, não acha?-
Andréia lançou um olhar frio para o homem que estava logo ao seu lado. Greg a encarava, aqueles olhos verdes e insinuantes sobre ela. Era intimidante para Andréia manter aquele contato visual, por isso, ela logo tratou de se desvencilhar. Voltou a encarar qualquer ponto perdido de sua ampla sala de estar.
- Acho que cada um respeitar o seu devido espaço já é um bom começo. Precisamos nos respeitar, isso é imprescindível. Eu sigo a minha vida, de acordo com os meus novos planos. Você, segue a sua, como sempre, desde que seja discreto e não me exponha.-
- Está dizendo que não se importa que eu tenha outras?- Perguntou o homem, sarcástico, embora estivesse surpreso.
- E por que me importaria? Não sinto nada por você. É apenas um contrato de casamento, um enlace feito por conveniência pelos nossos pais.-
- Sei, mas imagino que por uma questão de dignidade…-
- Por uma questão de dignidade, senhor Salvatore, vou cumprir com minha parte no acordo… E você cumprirá com a sua.- Andréia voltou-se para o rapaz, como sempre, seu semblante levava dureza.
- M.a.l vejo a hora do nosso casamento.- Gregório levou uma das mãos para o rosto de Andréia, que se manteve imóvel.- Quero continuar a ter a minha boa vida de antes. É isso mesmo.-
Andréia não disse nada, embora sentisse a sua língua coçar e aumentar em sua boca.
Seria muito prazeiroso colocar aquele mimado nos eixos. A vida de Gregório não seria fácil, Andréia não suportaria estar amarrada a um vagabundo.
Ela daria um jeito nele, ele que a aguardasse.
De repente, Cecília, uma das irmãs de Gregório, interferiu na conversa dos dois.
- Já está na hora do jantar, a sua mãe pediu para avisar, Andréia. Vamos?- Disse a moça, empolgada.
- E por que tanta felicidade?- Observou Greg.
- Por que daqui a alguns dias, também ficarei noiva. E m.a.l vejo a hora de casar.- Admitiu Cecília, empolgada, antes de se afastar.
- Será que as mulheres só pensam nisso?- Greg se voltou para Andréia, que permaneceu estática, encarando-o com indiferença.- Já vi que você não parece muito entusiasmada. Outra, no seu lugar, estaria saltando de alegria.-
- Não seja pretensioso, Gregório. Não pense que todas as mulheres do mundo vão se jogar aos seus pés.- Andréia fez menção de caminhar para ir até a sala de jantar, como os outros convidados, mas o rapaz agarrou o seu cotovelo, mantendo-a parada no lugar.
- Não sou esse monstro que você pensa, Andréia. Também tenho minhas qualidades, e algum dia vai perceber isso. Não pense em tornar a minha vida difícil, porque eu posso retrucar. Lembre-se que em breve será minha esposa, e me deverá obediência. Posso cobrar essa obediência.- Ele deu uma piscadela para ela, antes de se afastar.
…
Andréia permaneceu quieta durante toda a refeição, mesmo ouvindo algumas insinuações de sua própria família, a respeito de moças que se casavam rápido demais.
Cristina, a irmã mais velha de Anna, sempre arranjava uma forma de colocar as sobrinhas para trás. Todos já estavam acostumados com os comentários nocivos e o humor ácido da mulher. Andréia costumava responder na altura, mas naquele dia específico, não estava com a menor disposição. Ficou bastante pensativa quanto a ameaça de Gregório.
De fato, se ele quisesse, poderia transformar a vida dela em um inferno. Afinal de contas, uma mulher devia obediência ao seu marido.
Depois da refeição, os homens se reuniram no escritório de Afonso para fumarem charuto, enquanto as damas voltaram para a sala de estar, para conversarem.
Andréia e Greg, seguindo sugestões das mães de ambos, foram passear no jardim.
- Vamos ficar somente na parte que é iluminada, de frente para a casa. Não quero que comentem ainda mais.-
- Pelo que me dizem de você, é uma moça bem moderna, estudada… Pensei que não se prendesse a essas convenções.-
- O mundo não é feito por minhas opiniões, a sociedade não é formada por elas. Já não basta especularem sobre esse casamento que está indo às pressas… Indo com uma pessoa como você para o escuro…- Andréia fez uma careta. Ainda atravessavam o caminho de pedras, mas não chegaram a terminar, Greg parou de repente.
- Uma pessoa como eu?-
- Não se faça de i.d.i.o.t.a. Sabe muito bem que é um solteirão convicto. Um mulherengo. Por isso pensam que eu estou…- Andréia se interrompeu. Por mais que fosse moderna o bastante para alguém de uma família tão conservadora, algumas coisas ainda eram difíceis de falar.- Por isso pensam que estou de barriga!- Completou, por fim, murmurando.
Greg tentou comprimir os lábios para abafar uma risada, mas a jovem viu.
- Ora, do que está rindo?- Ela cruzou os braços, contrariada.
- Ah, Andréia, Andréia. Tão metida a feminista, mas não passa de uma mulherzinha conservadora, ainda presa a moral e aos bons costumes.-
- Não pense que sou boba, Gregório. Você não vai conseguir me provocar. O que pretende com isso? Que eu prove que sou progressista? Provo todos os dias, lutando pelo que acredito. Não preciso fazer o que não quero com um homem para mostrar ao mundo que sou feminista, como você gosta de dizer.-
- Diga, Andréia… Você já foi beijada?- Perguntou Gregório, mudando de assunto, de repente. Ele deu um passo para a frente, a fazendo recuar.
- Não seja indiscreto. Não te dei i********e para falar comigo sobre esses assuntos.-
- Sou seu noivo, vamos nos casar.-
- Eu já tive um namorado, o Enrico. Precisei terminar com ele para me casar com você.-
- Está com medo. Pelo visto, nunca ficou muito perto de um homem.- Observou Greg, ao olhar no fundo dos olhos dela.
- Não seja inconveniente, Gregório.-
- Não pensa em ficar intocada pelo resto da vida, não é? Sem conhecer os prazeres da carne. Sem saber o que é se sentir uma mulher de verdade.-
- O senhor é vulgar.- Falou a jovem, após engolir o nervosismo.
- Você será minha, Andréia. Ao menos uma única vez, para consumar o nosso casamento, você será minha. E depois, eu tenho certeza que vai implorar para que eu te toque…- Ele inclinou o tronco para a frente, os olhos verdes brilhando com malícia.- Vai implorar para que eu esteja dentro de você.-
Andréia, em um gesto repentino, ergueu a mão para disferir uma bofetada contra o rosto dele, mas Greg a deteve, segurando o seu punho.
Eles estavam tão próximos, que Andréia sentia o hálito quente do homem soprar em seu rosto.
Ela puxou o braço para trás, rispidamente, conseguindo se livrar dele. Caminhou furiosa na direção da casa, pisando duro. Não seria mais uma a cair na lábia de Gregório Salvatore.
Com ela, ele pagaria todos os seus pecados.