Temporal

Capitulo 17: Ciumes

Eu saltei do colo dele, me sentando ao seu lado, estava morta de vergonha, como isso foi acontecer.

— me desculpe.

Eu falei sentindo meu rosto queimar de vergonha, com tanta coisa para acontecer tinha que ser isso.

— Porque está se desculpando?

Sasuke falou repentinamente sem me olhar, os olhos fixos no pergaminho que lia, eu o olhei de esguelha, ele realmente está fingindo que isso não o irritou?

— Não foi algo que você fez propositalmente ou foi?

Os olhos dele vieram em minha direção, um sorriso se mostrou levemente quando ele notou o rubor em meu rosto, essa versão do Sasuke poderia ser mais irritante que o Naruto, porque o Naruto era tudo menos provocador.

— Você está quase caindo, eu fiquei ligeiramente preocupado de você cair de cara no chão e achar que eu tinha te empurrado, eu apanharia de graça.

Ele falou voltando para o pergaminho, eu estava pronta para retrucar quando eu lembrei de algo importante.

— Que horas são?

Eu levantei rapidamente indo em direção da escada, ficaria responsável pelo hospital por tempo indeterminado, não poderia me dar o luxo de chegar atrasada, Tsunade me caçaria por conta disso, mas eu parei de repente, como eu faria com o Sasuke pivete? Eu olhei para ele, a única maneira seria levá-lo comigo, eu suspirei frustrada.

— Preciso ir ao Hospital.

Eu falei alto o suficiente para ele ouvir, mas Sasuke não falou nada, ele me ignorou completamente, eu suspirei sentindo a irritação se tornar presente em mim.

— Mini Sasuke, você precisa ir comigo!

Eu quase gritei, vendo ele enfim se virar para mim, olhar incrédulo no seu rosto, ele me encarou de maneira repreensível, quase rir quando ele jogou o pergaminho sobre a mesa com certa ignorância.

— Você me chamou do que?

Ele me encarou ainda mais irritada quando uma risada nervosa escapou dos meus lábios, nem sequer notei o que havia falado, eu podia ver a veia saltar na testa dele.

— Mini Sasuke?

Eu repeti vendo ele bufar irritado, Sasuke levantou do sofá vindo em minha direção, a cara emburrada dele era impagável, ele parou na minha frente.

— Você tem quantos anos? 10 anos?

Eu sorri vendo ele me olhar estranhamente, quase pode prever que logo ele iria despejar o seu veneno em mim, afinal ele aparentemente tinha uma resposta para tudo.

— Se bem que quando você tinha 10 anos, você era minha fã, uma fã que jamais faltaria com respeito diga-se de passagem.

Ele estalou a língua no céu da boca, eu não tinha uma resposta para isso, porque querendo ou não, era verdade. Eu suspirei, realmente não queria ser lembrada dessa fase vergonhosa da minha vida, ainda mais ser lembrada por ele. Sasuke deu um falso sorriso antes de subir pelas escadas, ele foi provavelmente para o banheiro, enquanto eu fiquei ali ainda assimilando o que ele havia jogado em minha cara, eu realmente havia nascido para sofrer.

Eu subi as escadas sentindo que minha dignidade havia sido assassinada, não que restasse muito, mais ainda assim o suficiente para me orgulhar, quando eu abri a porta do quarto, pude ouvir o barulho no banheiro, o chuveiro ligado.

Eu caminhei em direção da minha cama, parei ali ao lado, vendo o relógio marcar 5:42 da manhã, eu olhei a foto do time sete atual e antiga, tanta coisa havia se passado no meio tempo daquelas fotos, eu pensei nas inúmeras vezes que chorei olhando nossa antiga fotos juntos, pensando em como as coisas poderiam ser diferentes.

Eu perdi a linha de raciocínio quando ouvi meu nome, Sasuke me chamou de maneira quase impaciente, eu virei para ele, vendo o rapaz apenas de toalha parado no meio do meu quarto.

— Algum problema, Sakura?

Ele perguntou repentinamente, me deixando meio perdida ali, eu olhei para ele, fitando seu rosto, evitando olhar para outros lugares, evitar ainda mais constrangimento para mim e ele.

— Eu esqueci a roupa no quarto de hóspede.

Sasuke falou baixo, eu virei o rosto em direção à janela, olhando a luz do sol que começava a surgir no horizonte, pude ver que ele esperava uma resposta minha, para a sua pergunta.

— Não tem problema algum, pode ir se vestir.

Eu falei sentindo o rubor tomar conta do meu rosto, com ele eu sentia vergonha, mas com o Sasuke mais velho, as coisas mudavam de contexto, havia outro efeito em mim, era porque eu já imaginava coisas demais com ele de roupa, sem roupa então.

Eu deixei aqueles pensamentos de lado me sentindo completamente pervertida por pensar em algo assim, ainda mais com os inúmeros problemas que ele me causou, ele ainda estava no top 3 dos meus atuais problemas, na verdade ele era meu top 3 de problemas, suspirei olhando para minha cama, queria deitar e dormir por uma semana, mas em vez de deitar, eu peguei a toalha e fui para o banheiro.

Quando cheguei ao hospital boa parte dos funcionários já haviam sido informados sobre Tsunade, não foi surpresa para a equipe do hospital que novamente assumiria a direção, mas a surpresa em si, foi eu ter chegado com uma companhia masculina que não pertencia ao meu “ciclo de amizade”, podia ver os olhos atentos de todos sobre o rapaz que me acompanhava, vendo agora, isso foi uma péssima ideia. Agradeci que ele tenha colocado um capuz, não seria fácil explicar tudo o que está acontecendo agora para todos da vila, já que parecia que só tinha fofoqueiro nesse lugar, enquanto seguia para minha sala, eu já podia ouvir os cochichos se espalharem por todo o hospital, até mesmo o língua afiada do pivete Sasuke estava incomodado com aquilo.

Quando minha sala chegou, eu pude enfim respirar, teria que atender os pacientes da Ino, seguir a agenda da Tsunade, tudo isso com o Sasuke mais novo me seguindo, eu suspirei sem muita vontade, seria mais fácil fazer essas coisas sem um telespectador. Eu peguei os papéis sobre a minha mesa, o primeiro compromisso do dia, era fazer uma visita à ala dos feridos em lutas, eu peguei a planilha sobra a mesa, seguiria cada um dos compromissos ali.

Quando adentrei a ala, pude ver a maioria dos olhos ali parar em mim, não porque era nova ali ou por conta do Sasuke, mas sim, porque já havia recebido uma cantada de cada um ali. Havia situações em que eu realmente não gostava, mas o que eu podia fazer? Ao menos esses eram simpáticos e amigáveis.

Eu parei ao lado da cama, de um dos pacientes, ele sorriu automaticamente para mim, ignorando a existência de Sasuke. Pedi para ver seus machucados, olhei suas ataduras no abdômen vendo que já haviam sido trocadas. Pude ouvir o suspirar tedioso de Sasuke nas minhas costas, com um resmungo irritado.

— Nunca mais tinha visto a Doutora por aqui, fiquei com saudades.

Eu ri sem notar, estava tão ocupada com o centro infantil que acabei deixando essa área para outras ninjas médicas, eu estava trabalhando dobrado pra c*****o esses quatro anos, mas o resultado não demorou a chegar.

— Não se preocupe, você vai me ver muito por aqui.

— Fico feliz por isso.

Ele falou sorrindo para mim, eu senti quando de repente Sasuke passou o braço pelos meus ombros me puxando para ele, eu senti meu corpo travar no momento em que nosso corpo se aproximam, podendo notar que Sasuke nessa idade já era mais alto que eu, olhei para o paciente, vendo que o mesmo desviava os olhos de nós, olhando para o nada, sem expressão alguma.

— Desculpe, Doutora. Eu não sabia que você estava com alguém.

Antes que eu pudesse sequer falar algo, Sasuke respondeu por mim um “tudo bem”, ele me puxou em direção ao outro paciente, esse nem sequer falou comigo com a mesma simpatia que ele sempre teve, o silêncio reinou na sala até a hora da nossa saída.

Quando a porta fechou a atrás da gente, eu parei, ainda tentando entender o que foi aquilo lá atrás, ele não ficava muito atrás da sua versão mais velha, completamente irracional.

— O que foi aquilo? Do nada!

Ele virou minimamente para mim, me olhando por cima do ombro, os olhos negros fixos em mim, ele deu um sorriso quase imperceptível, eu estava perdida, porque uma reação como aquela? tão repentinamente? eu abri a boca deixando o ar sair pelos meus lábios cansada por conta da minha atual vida confusa.

— Você não se incomoda com isso? com eles dando em cima de você?

Ele perguntou, com certeza isso me incomodava, nem sempre eu estava de bom humor.

— Sim, mas o que isso tem a ver?

Eu perguntei tentando entender o que isso tem a ver com aquela situação lá dentro, ele virou para frente novamente dando de ombros.

— Foi só pra ajudar você.

Ele caminhou na frente me deixando perplexa para trás, ele podia ser tão complicado quanto a sua versão mais velha, eu suspirei irritada, antes de continuar todos os afazeres que tinha, achei melhor ir visitar o Iwadate.

Eu caminhei em passos rápidos até o Sasuke mais novo, pedi para que ele me seguisse, o quarto em que ele estava não era tão longe dali, mas não permitiria que Sasuke entrasse no quarto, afinal, ele nem sequer sabia que a versão mais velha era o responsável por isso.

Quando eu cheguei em frente ao quarto eu respirei profundamente, minha vida estava cada vez mais confusa e complicada.

— Sasuke, me espera aqui.

Ele não falou nada, apenas se apoiou na parede em frente a porta, eu abri a porta entrando devagar vendo que as luzes estavam acesas, eu olhei para Iwadate na cama, ele sorriu para mim, eu encostei a porta, vendo ele se alongar levemente, seus braços ainda enfaixados, pude ver ele abotoar os botões soltos da sua camisa.

— Desculpe por isso, eu não esperava visitas.

Ele sorriu para mim, os dedos dele passaram por dentro dos fios verdes, Iwadate era um bonito, ele tinha uma beleza diferente dos homens daqui.

— Vim ver como você está?

— Graças a você, bem melhor, obrigada por isso.

Eu sorri, vendo ele se deitar, pude ver ele morder o lábio, podia sentir o nervosismo dele da onde estava, repentinamente ele se sentou novamente, soltando gemido sôfrego pelo o esforço, eu me aproximei aparando seu corpo, sentindo o calor do seu corpo em minhas mãos.

— Você está bem?

— Sim, foi só um susto.

Ele falou rindo, pode sentir quando os dedos dele tocaram os meus, olhei para seu rosto notando só agora quão próximos nós estávamos, podia ver os olhos dele fixos em minha boca.

— Eu estou querendo fazer isso há algum tempo.

Eu não conseguia raciocinar direito, ainda mais quando os dedos dele tocaram meu rosto, ele me puxou levemente em sua direção, eu senti quando os lábios dele tocou o meu levemente, os lábios dele se moveram sobre o meus, quando ele o beijo ia ficar mais profundo a porta foi aberta. Eu saltei para trás com o susto, olhei para a porta vendo a figura encapuzada parado ali, nos olhando.

— Eu volto mais tarde para ver como você está!

Eu não esperei uma resposta, apenas me afastei o mais rápido que podia, eu quase havia beijado Iwadate de verdade, senti minha respiração se alterar, e o pivete do Sasuke havia me pego no flagra, eu podia ouvir os passos dele logo atrás dos meus.

Quando eu cheguei a minha sala, parecia que ia sufocar a qualquer momento, eu me apoiei na estante atrás da minha mesa, eu respirei profundamente, fechei os olhos, ouvindo o zumbido do meu ouvido aumentar, porque eu havia deixado isso acontecer.

Eu abri os olhos quando uma estranha sensação se apossou de mim, eu podia sentir aproximação de alguém, prendi respiração quando vi Sasuke tão perto de mim, os olhos negros me encaravam fixamente, a mão dele parou ao lado do meu rosto, se apoiando na estante.

— Porque você deixou ele fazer aquilo?