Wei WuXian deu passagem para o seu cunhado e líder da seita Lan, que entrou no Jingshi e se dirigiu até a mesa de estudos de Lan WangJi, onde se sentou e colocou a partitura de “Reminiscência”. O patriarca sentou-se a sua frente, no lado oposto a mesa.
“Irmão Wei, lembre-se que este será apenas um teste, tanto para mim, quanto para você, então vamos fazer uma sessão não muito longa, porém, não sou eu que controlo o momento de seu retorno e sim você!” Lan XiChen começou a explicar aquilo que por vezes já haviam discutido.
“Entendo! Eu deverei tomar o controle e escolher o momento para retornar!” Wei WuXian falou, certo de que já havia repassado o plano milhares de vezes em sua cabeça.
“Então, agora esvazie sua mente e ouça o som da xiao...” a voz calma de Lan XiChen fez o patriarca fechar os olhos e se colocar em posição de meditação, enquanto a melodia começava a ser tocada.
As notas lentas e suaves começaram a ficar distantes e Wei WuXian perdeu o contato com a realidade, com o mundo exterior. De repente, se viu em uma das memórias mais doloridas de sua vida passada, uma memória que ele evitava a todo custo recordar, mas ela estava ali, bem diante de seus olhos, como se estivesse vivendo-a novamente. Era o momento de sua morte... sua visão ficou turva, sangue dor e angústia o tomavam. Uma raiva descontrolada e a insanidade do gosto da vingança não concluída. A visão sombria da campanha pela morte do patriarca Yiling era c***l demais e despedaçou muitos cultivadores até que o próprio patriarca caiu, derrotado e entregue à exaustão de uma luta motivada por puro ódio despertado durante suas longas tentativas de salvar inocentes e que inutilmente padeceram.
O gosto amargo do rancor tomou conta da boca de Wei WuXian, que sentiu novamente todo aquele sentimento podre, odioso e desprezível que achara ter esquecido, porém, não lhe restavam mais forças e seu coração começou a falhar... os pulmões não conseguiam mais puxar o ar e a dor insuportável tomou conta de todo o seu corpo, levando aos poucos sua consciência embora.
A dor de seu corpo desapareceu em um centésimo de segundo e quando deu por sí, seu espírito já não estava mais habitando aquele pedaço de carne e ossos sem vida que se esvaia em sangue, mas ao invés de sentir raiva e rancor dos cultivadores que provocaram sua morte durante a batalha, tudo o que Wei WuXian sentia era paz... uma paz que nunca na sua existência havia sentido, uma paz que não se recordara e que agora o tomava, envolvendo-o em um sentimento de plenitude. Olhou ao seu redor e toda a energia ressentida que habitava em seu âmago durante sua vida, agora já tinha se dissipado. Toda a raiva e sentimento de vingança que carregava e fazia seu peito doer, o levando a agir de forma impulsiva e raivosa, agora não existia mais... foi como se ao se libertar de seu corpo, houve se libertado da energia maligna que havia o dominado e o feito perder a razão, corrompendo o mais íntimo do seu ser. Agora, seus pensamentos eram claros e bondosos, como os de uma criança inocente correndo entre as pernas de seus pais, na sua remota infância.
‘O que está acontecendo?’ Wei WuXian era expectador e ao mesmo tempo, ator principal de suas memórias. Olhava por tudo ao redor, mas só via dor e destruição cercando seu corpo sem vida estraçalhado no chão coberto de sangue, quando finalmente ouviu gritos de comemoração.
Comemoração pela morte do cavalheiro do caos, do patriarca das artes demoníacas, do causador da desgraça das maiores seitas proeminentes na cultivação. Era o seu destino imutável. A morte àquele que tanto causou horror ao mundo, que ousou brincar com as artes demoníacas e se deixou levar pelo ódio e rancor. Mas algo o tirou desse momento de contemplação e angústia. De repente, uma névoa o envolveu. Uma névoa morna, gostosa, pacífica e branca. Se permitiu fechar os olhos e se levar por essa sensação boa que misturava-se com a paz e a leveza que sentia, tentando esquecer o cenário de horror que ficou para trás.
“A-Xian... A-Xian...” uma voz doce o chamou. Ele não pode acreditar de quem era essa voz. Se recusou a abrir os olhos e perceber que era um sonho, mas não era... sentiu a mão delicada de sua Shijie tocar em sua face e então criou coragem.
“A-Li...” sussurrou, sem conseguir acreditar.
“Está tudo bem agora, A-Xian!” Continuava a falar com aquela voz doce que fazia o coração do patriarca se acalmar e bater tranquilo, mas agora não havia mais um coração batendo.
“Shijie... o que está acontecendo? Onde estou?” Estava confuso, vendo só sua doce Shijie a sua frente e ainda envoltos naquela névoa branca e norma.
“Você está no reino das almas agora!” Respondeu, ainda no mesmo tom carinhoso que por tantas vezes consolou seu irmão travesso.
“Como? Eu... eu deveria ter sido condenado por ter causado tanto m*l em vida!” Tentava entender o que estava acontecendo, mas não era claro o por que de sua alma não ter se dissipado, ou ainda, ter sido enviada para ser purificada.
“A-Xian, você não controlava seus atos! Seu núcleo dourado foi retirado e a energia ressentida tomou conta de seu coração! Não se condene! Nada foi sua culpa! Você só foi levado a cometer tais atos por não poder resistir e acabar se corrompendo!” Sua Shijie explicava.
“Mas eu tinha consciência dos meus atos... eu sabia o que estava fazendo...” confessou.
“Você achava que tinha controle, mas na verdade, se seu núcleo dourado estivesse intacto, a energia ressentida jamais teria levado você ao caminho que trilhou! A-Xian, seu espírito está em paz agora e livre de todo o m*l!” Jiang YanLi explicou.
Wei WuXian estava tomado pela emoção, mas sentia que não sairiam lágrimas de seus olhos, já que não havia mais um corpo físico para o abrigar. Sem pensar mais, abraçou com todas as suas forças a sua Shijie, que morreu injustamente por sua causa.
“A-Li... achei que nunca mais iria te ver...” confessou.
“Está tudo bem agora!” Ouviu sua Shijie responder. “Vamos, você deve estar querendo rever algumas pessoas!” Jiang YanLi chamou.
“Você... você me perdoou por tudo que eu fiz?” Perguntou, incrédulo, antes de soltar os braços de sua Shijie.
“A-Xian, não há nada que perdoar! Eu já disse que você não tem culpa de nada!” Seu sorriso doce finalmente acalmou seu Shidi, que a soltou, então, Jiang YanLi tomou sua mão direita e o puxou, retirando ambos na névoa que os envolvia. Ao redor deles, uma paisagem nunca vista antes por aqueles olhos. Um campo gigantesco recoberto de flores e folhas de cerejeira adornado por vários lagos com água tão cristalina que era possível ver as carpas nadando suavemente em seu interior.
“Wei WuXian!” Uma voz masculina o chamou e ele foi retirado de seu momento de contemplação, virando-se ao reconhecer tal voz.
“Jin ZiXuan...” o patriarca não podia acreditar, encarando o rosto sério do marido de sua Shijie. “Eu...eu sinto muito...” sussurrou.
“Não sinta! Fomos jogados em um destino ingrato e estamos todos juntos aqui, então não sinta!” Sua voz era compassiva e calma, assim como da esposa.
“Eu... Jin Ling... eu não queria...!” Tentava se justificar.
“A-Xian, nós estamos cuidando do nosso bebê daqui, mais do que estaríamos se estivéssemos vivos!” Jiang YanLi tentava o acalmar. “Em breve, mandaremos um cão espiritual para tomar conta do nosso menino e vamos fazer de tudo para protegê-lo das garras de quem quer o seu m*l, além do mais A-Cheng será um bom tio para ele!” Explicou.
“Eu realmente não queria que tudo isso...” baixou os olhos, não conseguindo mais olhar para o casal que morreu unicamente por culpa dele, mas que pareciam não guardar rancor algum.
“A-Xian, tem mais algumas pessoas que querem muito te encontrar!” Jiang YanLi chamou, o fazendo levantar o olhar e virar-se para trás quando percebeu para onde sua Shijie indicava.
“Mãe...” Wei WuXian estava paralisado, não conseguia se mover e sentiu um enorme calor tomar conta de seu espírito. “Pai...” seus olhos estavam fixos no meu casal a sua frente. Apesar de não se lembrar com exatidão das faces deles, tinha certeza que eram os seus pais que estavam ali a sua frente.
Ainda paralisado, foi envolvido pelos braços dos dois cultivadores, que o apertaram, demonstrando todo o amor por seu menino.
“Meu filho, nos perdoe por não termos conseguido te guiar...” Cangse Sanren falou ao pé do ouvido do filho. “Você se tornou um homem tão honrado... nos perdoe por não termos conseguido estar vivos para não permitir que as forças demoníacas o tomassem...” se lamentava.
Wei WuXian estava atônito. Seus pais ainda o abraçavam, mas ele não conseguia acreditar.
“Filho, nós sempre te vigiamos daqui, mas não conseguimos impedir que você fosse corrompido...!” Wei ChangZe exclamou.
“Eu... eu amo tanto vocês...” se tivessem lágrimas, Wei WuXian estaria com o rosto coberto d’água. “Eu... eu não mereci a vida que vocês me deram... eu não mereço o amor de vocês!” O sofrimento em sua voz contrastava com o carinho que sentia dentro desse abraço.
“Você não sabe o quanto agradecemos a Jiang FengMian por ter cuidado do nosso menino!” Wei ChangZe falou novamente.
“Eu... eu...” Wei WuXian não tinha palavras para expressar o que sentia e se afastou dos braços dos pais para admira-los. Queria passar a eternidade olhando para as duas pessoas que mostraram para ele o que era o maior e mais puro amor.
“Eu me diverti muito cuidando desse garoto” Jiang FengMian se aproximou, sorrindo e mais uma vez Wei WuXian ficou sem ação. “A-Xian, até parece que você está vendo um fantasma! Venha, me dê um abraço!” O pai adotivo do patriarca chamou-o, de braços abertos e logo foi envolto pelo espírito do recém-chegado.
“Me perdoe por não ter cuidado de A-Cheng e A-Li...!” Wei WuXian implorava, recebendo o abraço quente de Jiang FengMian.
“Não se culpe tanto! As vezes, o destino nos arrasta para caminhos nunca antes imaginados e nós não conseguimos comandar nossas ações!” O pai adotivo do patriarca o consolava.
Depois de afastar-se de todos, Wei WuXian pôs-se a admira-los! As pessoas que mais amou em vida e que nunca pensou que iria reencontrá-las após a morte estavam todos ali, a sua frente, envoltos em uma aura de paz.
“Eu não entendo por que estou aqui com vocês... eu fui o que de mais desprezível passou pela terra, eu causei o caos, trouxe o derramamento de sangue, tirei tantas vidas inocentes... Meu espírito deveria...” o patriarca foi interrompido por sua mãe, que colocou o dedo indicador em sua boca, fazendo-o se calar.
“Não seja tão c***l consigo mesmo, meu filho!” Cangse SanRen fez o filho parar de falar. “Seu coração é bondoso e sempre foi, não carrega nenhum rancor, nem ódio, está tão puro como sempre foi! Todo o m*l que se desencadeou não é de responsabilidade sua! As forças demoníacas o levaram a cometer tais atrocidades, porém, seu espírito contínua íntegro!” Explicou.
“Venha, filho! Vamos mostrar tudo daqui para você! Temos muito a conversar!” Wei ChangZe chamou o patriarca e todos seguiram caminhando pelos campos cobertos de folhas e flores cor de rosa.
Explicaram para o patriarca que todos de alma pura passariam um tempo por ali, até que reencarnassem e que ninguém sabia quanto tempo iria demorar para que isso acontecesse, mas que era inevitável, porém, era a nova chance que teriam de fazer diferente, de viver uma nova vida e assim cumprir seu papel no ciclo da vida.
Ao longo do passeio, o patriarca reencontrou a Madame Yu, cumprimentando-a formalmente, mas ela também não parecia olhá-lo com o mesmo desdém de quando eram vivos, do contrário, até parecia compreensiva com o patriarca.
“Filho, tem alguém aqui que quer conhecê-lo!” Sua mãe o chamou e ao longe viu o espírito de uma bela mulher, com os olhos e o sorriso que lembravam alguém, mas o patriarca não conseguia se recordar quem.
“Wei WuXian, não sei se posso dizer que é bom encontrá-lo aqui!” A mulher o recebeu com um sorriso discreto e voz sincera.
“Talvez esse não seja meu lugar...” suspirou.
“Não, por favor, não me entenda m*l, só acredito que tudo poderia ter sido diferente se você tivesse aceitado o convite que por tantas vezes meu filho fez!” Ela se explicou.
Um turbilhão de emoções tomou conta do peito de Wei WuXian. Aquela mulher... aquela mulher só poderia ser...
“Filho, esta é a mãe de Lan WangJi e Lan XiChen...” Cangse SanRen a apresentou para o filho.
“Eu... eu...” o patriarca não tinha palavras para expressar o que sentia. Então aqueles olhos e aquele sorriso eram os mesmos de Lan XiChen, irmão mais velho de seu rival.
“Você poderia estar ao lado do meu filho agora no Recanto das Nuvens, mas eu compreendo que você ainda não havia se dado conta de que a decisão de não ouvi-lo poderia desencadear tudo isso...” a voz da mãe das jades de Lan seguia o mesmo tom de voz de seu filho mais velho.
“De fato, Lan Zhan sempre quis me levar para o Recanto das Nuvens e me disciplinar lá...” refletiu.
“Wei WuXian, você realmente acha que era apenas por isso que meu filho tentou convencê-lo a retornar para o Recanto das Nuvens?” A voz da matriarca provocou um arrepio. O que ela estava querendo dizer com isso? Wei WuXian ficou sem reação por alguns instantes, até sua mãe o tirá-lo da sua imobilidade.
“Filho, está tudo bem! Logo você vai entender tudo!” Cangse SanRen tentou acalma-lo.
“Não quero que tenha uma impressão r**m de mim! Estou lisonjeada em conhecê-lo, Wei WuXian!” Mais uma vez, a matriarca de Lan falou.
“Senhora, gostaria que me perdoasse por todas as vezes que causei discórdia e dor para o seu filho...” Wei WuXian se curvou, em cumprimento a cultivadora.
Esta ficou atônita ao vê-lo fazendo tal solicitação. Ela não poderia culpá-lo por todo o sofrimento que causou e continuava causando a seu filho. A matriarca sentiu um enorme peso no peito ao constatar que seu filho mais novo jamais seria feliz, já que aquele a quem havia entregue seu coração jamais lhe retribuiu os mesmos sentimentos e agora estava no Reino das Almas.
“Eu não tenho nada a perdoar!” O sorriso complacente no rosto da cultivadora trouxe paz novamente ao patriarca, que foi tocado no ombro pela mulher.
Ambos se encararam por alguns segundos e Wei WuXian pode ver o mesmo sofrimento que já havia visto nos olhos de Lan WangJi agora nos olhos de sua mãe.
Ao se recordar de Lan WangJi, o patriarca se deu conta de onde estava. Já havia passado por muitas emoções e suas memórias tinham trazido à tona muitas revelações.
Sua consciência conseguiu se separar de suas lembranças e ele observou ao longe todos aqueles que tanto amou, com o espírito em paz, apesar de toda dor e sofrimento que causou a eles. Novamente, foi tomado pelo sentimento da culpa e sentiu o peso da dor tomar conta de seu peito. Apesar de todo o m*l e destruição que só aconteceram por causa dele, mesmo assim as pessoas que estavam ali não o condenavam, do contrário, demonstravam seu profundo amor e dedicação. Mas mesmo assim, ele sentia que estavam escondendo algo dele, porém, como tinha perdido a noção do tempo, achou melhor não revirar mais suas lembranças por hoje.
O som da xiao foi ouvido ao longe e mais uma vez, Wei WuXian observou os espíritos daquelas pessoas que estavam pra sempre em suas lembranças e partiu, seguindo a melodia da música.
Quando abriu o olhos, sentiu uma grande ardência em suas pálpebras. Levou as mãos a face, que estava toda molhada. ‘Então as lágrimas eram reais!’ pensou.
“Irmão Wei?!” Ao perceber que o cunhado havia despertado, Lan XiChen parou de tocar. “Está tudo bem?” Perguntou, preocupado com o estado em que se encontrava o marido de seu irmão.
“Eu... eu não imaginava que era isso que havia acontecido...” exclamou, mas antes que desse tempo de começar a contar o que havia se recordado, ambos ouviram passos suaves em direção ao Jingshi.
Em um movimento rápido, Lan XiChen pegou a partitura de cima da mesa e a guardou em sua manga.
Em instantes, Lan WangJi entrou pela porta do Jingshi e se deparou com o irmão sentado em frente ao seu marido. Wei WuXian se levantou e volveu seu rosto para o seu amado e não teve como disfarçar sua face avermelhada e coberta de lágrimas.
“Wei Ying...?!” Lan WangJi se dirigiu imediatamente para ele e sem se importar que seu irmão estava presente, envolveu seus braços ao redor do corpo do marido.
O casal geralmente não agia com tal i********e na presença de outras pessoas, mas Lan WangJi não conseguia pensar em outra coisa se não em consolar o seu marido, seja lá por que motivo fosse.
Olhou rapidamente para o irmão, ainda com o rosto de Wei WuXian enterrado em seu peito e recebeu um olhar cúmplice de seu irmão. Eles não precisavam falar nada para se entenderem, mas Lan WangJi percebeu que estava acontecendo algo que ambos não queriam que ele soubesse.
Quando Wei WuXian conseguiu se recompor, afastou-se dos braços de Lan WangJi, secando os olhos com suas mãos e percebendo que deveria agir rápido, antes que um m*l entendido colocasse um irmão contra o outro, embora achasse que isso seria impossível, tamanha era a cumplicidade das Jades de Lan.
“Lan Zhan, não se preocupe! Lan XiChen só tocou uma música e eu acabei me recordando de algumas coisas do passado e isso me fez chorar...!” Explicou, olhando no fundo dos olhos do marido e se recordando da lembrança com a mãe dele. Se deu conta de que quando ela falou aquilo, ela sabia do tamanho da dor que ele estava provocando em seu filho.
“Do passado?” Lan WangJi queria saber mais.
“Lembrei-me de A-Li, de Jin ZiXuan, do Jiang FengMian...” seus olhos foram tomados d’água novamente e um nó se formou em sua garganta. “Dos meus pais...” não conseguiu falar mais. A emoção o tomou novamente e não conseguiu prosseguir.
Lan XiChen percebeu que agora deveria deixar o patriarca a cargo do seu marido.
“WangJi, irmão Wei, me desculpe por ter te causado tamanho desconforto com minha música!” Se desculpou.
“Foram somente lembranças boas, ZeWu-Jun...” o patriarca se esforçou para segurar as lágrimas e tranquilizar o cunhado.
“WangJi, obrigado por ter ido até a seita Nie! Eu vou deixá-los descansar agora!” E se retirou em seguida.
As intenções de Lan XiChen eram as melhores possíveis para com o seu cunhado, mas sentiu um peso tomar seu espírito ao imaginar que isso poderia trazer a discórdia entre os companheiros de cultivo. Saiu sem saber se Wei WuXian iria querer fazer mais uma sessão de ‘Reminiscência’, mas o fato era que nesse momento, ele estava exausto demais e precisaria recompor suas forças, já que passar horas tocando sua xiao utilizando energia espiritual tinha sugado muito de sua vitalidade.
No Jingshi, Wei WuXian se entregou novamente aos braços do marido e chorou em silêncio, se recordando de todas as lembranças que teve ao longo da sua ‘Reminiscência’. Ele havia falado a verdade para o marido, que a música de Lan XiChen trouxe muitas lembranças a ele, mesmo assim, o gosto amargo dos segredos que ele não revelou o faziam se sentir culpado.
“Lan Zhan...!” Chamou o marido, ainda coma face em seu peito.
“Hmmmm...” Lan WangJi respondeu.
“Sobre hoje... não quero que fique bravo com seu irmão!” Exclamou.
“Não fiquei!” Respondeu.
Wei WuXian afastou sua face e encarou o marido por alguns segundos.
“Eu tenho ficado muito tempo ausente e se você e XiChen fazem companhia um ao outro, eu fico feliz!” Explicou, conseguindo arrancar um sorriso de seu amado.
Lan XiChen era a única pessoa até certo ponto próximo a Wei WuXian e que não despertava ciúmes em Lan WangJi e ver as duas pessoas que mais amava se aproximando e se dando bem trazia de certa forma uma satisfação à Segunda Jade de Lan.
“Lan Zhan, você não sabe o quanto eu te amo!” Wei WuXian colocou toda a sinceridade em suas palavras.
Um sorriso discreto se formou nos lábios de Lan WangJi, fazendo o coração de Wei WuXian bater mais rápido ao ver que aquele sorriso só ele conhecia.
“Lan Zhan... estou cansado...vamos nos deitar um pouco?” Chamou o marido. Por mais que sua intensão realmente fosse descansar e tirar do corpo toda a dor que a tensão da ‘Reminiscência’ tinha provocado, ele não se conteve e se entregou em meio aos lábios de seu marido. Mas dessa vez, ele não provocou o marido com frases indecentes. Ele apenas se deixou amar e ser amado, dar carinho e receber carinho, sentir a intensidade do amor que um dedicava ao outro. Nessa noite, simplesmente se amaram.