Amores de Cristal

Rede emaranhada

m*l foi a primeira do refeitório, apenas pegar a bandeja e ir para o quarto. Já tinha conversado demais para aquele dia com os descendentes dos heróis.

Não era para não encarar Ben, não era.

Ela suspirou ao terminar de comer. Era bom... Como a comida de Auradon podia ser tão doce ou salgada, a bebida fresca, enquanto na Ilha era amarga e azeda?

Mal ainda não tinha começado a estudar o livro de sua mãe. Respirou fundo, encarando o objeto.

O enfiou na bolsa e foi até o refeitório, ainda cheio de alunos, deixando sua bandeja e caminhando até a biblioteca escolar.

Estava vazia e fresca, ela foi para uma mesa afastada.

Ela puxou o livro pego na biblioteca do vilarejo e, antes de abrir, uma figura pálida apareceu próxima.

- Uma dos descendentes? – Ele puxou uma cadeira, sentando-se ao seu lado.

Mal não tinha visto até o momento, mas a imagem dele... não era de se esquecer. Tão galanteador, bonito e convencido, ele foi o que a própria socou no baile. m*l riu de canto. Ele passou a mão pelos cabelos, fingindo arrumar os impecáveis fios. Ele não a reconheceu.

- Sou Jake – Ele estendeu a mão. m*l o ignorou. Ele pareceu se divertir com aquilo. – Não sabia que a galera da Ilha gostava desse tipo de conteúdo – ele notou o livro.

Mal revirou os olhos.

- m*l – ela respondeu o cumprimentando.

Ele franziu o cenho.

- m*l? Só m*l? Que estranho.

- Pois é, minha mãe fez o que sabe fazer de melhor, ser muito, muito má – m*l deixou seu sorriso maléfico escapar entre os lábios.

- Malévola? Quem diria que alguém como ela poderia ter uma beldade como você – m*l o encarou profundamente. – Minha mãe é a Elsa, de Arendelle, conhece?

- Não, não é tão importante para nós Ilhéus sabermos – Jake riu de canto.

- Mas com certeza meu pai poderias assombrar vocês Ilhéus.

- Uhu, que medo – m*l riu – Quer só ocupar meu tempo ou quer algo do qual a resposta é não?

- Bravinha você. Calma, gata, só estava tentando ser amigável – m*l revirou os olhos – Não pude participar hoje por conta de assuntos reais, mas ficarei feliz em dividir as próximas aulas com você – Ele piscou um dos olhos quando m*l o olhou.

- E como sabe que iremos dividir alguma aula?

- Talvez eu tenha olhado a lista. Se inscreveu para a aula de artes, não? – ele sorriu – Para a sua sorte, sou um ótimo artista.

- Oh, que sorte a minha – ela arrumou sua mochila e colocou nas costas, já levantando.

- Antes que vá – ele não levantou, apenas ergueu o olhar para ela. – Daqui um tempo vou ter esgrima, gostaria de assistir?

Mal semicerrou os olhos, seus lábios formaram um bico “pensativo” sem intenção.

- Talvez eu vá – antes dele responder algo, ela saiu.

Saindo da biblioteca, Jake se encontrou com Chad, um aceno de cabeça antes de andarem juntos pelos corredores, Chad reclamava de tudo, principalmente de Jay, resmungou sobre Carlos atrapalhar o time e reclamou da filha da rainha má.

Jake se esforçou para não rir da situação, o amigo parecia enlouquecer por “nada”.

Jake não jogava tourney, não por não ser bom, ele era tão impecável como Chad e Ben, mas não gostava tanto assim e preferiu conseguir avançar para o esgrima, correr sob o sol quente não era com ele.

E com base no reino de sua mãe, luta com espadas parecia ser mais util.

- Aonde você esteve, aliás? – Chad parou no caminho para mexer em seu armário.

Jake encostou no armário ao lado.

- Você sabe, compromissos reais e quando cheguei, como já tinha almoçado, aproveitei para passar na biblioteca. Encontrei uma garota da Ilha lá.

Chad fechou o armário.

- m*l é uma garota interessante – Chad o encarou sério. – Qual é, Chad, a filha da Malévola tem uma beleza única, mesmo sendo da Ilha.

- Que os deuses te ajudem quando conhecer Evie, então – ele se virou, seguindo caminho, ainda sério.

Jake o seguiu rindo.

- Isso foi uma admissão sobre você achar a filha da rainha má encantadora?

Chad grunhiu.

- Eu não disse isso, não coloque afirmações em minha boca.

Jake riu.

- Admita meu amigo – ele passou o braço em volta do ombro de Chad, fazendo-o parar. – Essa garota mexeu contigo assim como achei m*l interessante – ele sorriu.

O loiro o encarou.

- Jake, nós sabemos a verdade, então não omita a verdade entre nós. E eu não estou interessado nela e não mexa com m*l, Ben gosta dela.

Jake gargalhou, soltou o ombro de Chad.

- Eu não vi nenhuma aliança no dedo dela – ele ficou de frente a Chad, andando de costas e apontou para a própria mão indicando falta de um anel.

O filho do Encantado bufou.

- Sabe o que eu estou achando? Que você estava com os trolls de seu tio e não em compromissos reais.

- Talvez eu tenha passado lá antes de vim, eles são divertidos, o que eu posso fazer? – Jake se virou, ficando ao lado do amigo.

- Só espere Ben resolver o problema deles – Chad aconselhou.

- De qualquer forma, eu convidei ela para assistir o treino de hoje, e talvez ela vá.

- Claro – Chad debochou – Vou aproveitar para ir assistir também, assim vejo a sua cara quando perder e quando ver que ela não foi – Chad deu um pescotapa dele.

Eles se dirigiram até a sala de treino. Como era a última aula, Jake se sentia liberto, uma liberdade que aparentava deixar sua magia correr nas veias de maneira oculta. Era tão relaxante mentalmente como uma massagem corporal.

Encontraram Ben e Carlos próximos a porta conversando.

- Hey, rei Ben – Ele fez uma reverência debochada e exagerada.

- Jake – Ben sorriu revirando os olhos pela forma que o garoto agiu. – Jake, conheça o Carlos. Carlos esse é o Jake, o filho da Elsa.

O filho de Elsa sorriu, cumprimentando-o em um aperto de mão.

- Prazer, Carlos. Soube que não é tão bom em tourney, mas já pensou em esgrima?

- Jake... – Ben sabia que o loiro adorava desafiar.

- Relaxa, BenBen, só estou convidando meu mais novo amigo para assistir um treino – Jake passou o olhar de sua alteza real para o De Vil.

- Podemos mostrar para você como funciona, talvez tenha interesse – ele sorriu mostrando um pouco dos dentes.

- Se estiver tudo bem para o Carlos – Ben o olhou e Carlos afirmou. – Bom, então me despeço aqui, eu tenho que ir.

Assim que o futuro rei saiu, Jake sentiu o olhar mortal entre Chad e Carlos.

Jake vestia o uniforme azul e dourado, ostentando o brasão do colégio, para treinar na R.O.A.R.

Segurava espadas leves usavam máscaras de malha que cobriam seus rostos e se espalhavam nos limites da arena. Naquele dia, os alunos assistiam de trás de um corrimão e nas galerias. Jake enfrentava seus oponentes mascarados. Para ganhar altura, alguns membros de equipes subiam na caixas de concreto azul e amarelo espalhados de forma regular ali em volta. Carlos olhava da lateral da arena, como se balançasse uma espada invisivel de modo a tentar acompanhar os movimentos aqui de Jake.

- Olhos no oponente! – Jake gritou, apontando – Movimentos leves! – Não demorou para Carlos entender que ele era o capitão ali.

Ele enfrentava todos os oponentes, forçando-os além da linha, onde tiravam as máscaras e o viam enfrentar os demais participante, que apontavam a espada para ele, desafiando-os. Jake tirou a máscara.

- Acabe com ele, Jake – Carlos gritou animado.

O esgrimista mascarado e Jake enfrentaram-se com espada batendo em espada.

Era uma batalha equilibrada.

- Cuidado, Jake! – a voz do Chad veio da galeria acima.

Jake e seu adversário se prepararam outras vezes, analisando um ao outro.

E ai voltaram a se enfrentar.

- Vai, Jake! – Carlos gritou.

Jake deu meia-volta, avançando a espada da mão da criatura mascarada.

Que arfou.

O oponente levou Jake à margem da arena.

Jake chutou a mão do oponente, fazendo a espada voar na direção de sua própria mão.

- Acabe com ele! – a voz veio de cima novamente.

Mas, antes que Jake ou seu oponente pudesse fazer qualquer movimento ágil, o esgrimista tirou a máscara, rendendo-se.

A chuva de palmas veio.

Jake cumprimentou o oponente pela boa luta.

Ele suspirou.

- Está bem, pessoal. Vamos terminar por hoje. O treino acabou.

Jake se aproximou de Carlos, mas no caminho ele ergueu o olhar procurando Chad na galeria, avistou m*l ao lado de Jay.

Ela veio.

- Bom treino, cara! – Carlos tocou a mão do loiro em um hi-five.

- Gostou? Mais interessante, não?

- De fato – Carlos pareia animado. – Só precisaria reforçar a aula de heroísmo.

Jake riu.

- Você consegue, pegue horários maiores e tente pular alguns níveis com provas.

- Pode deixar.

- Alias, amei seu estilo – Jake falava sério – Já pensou em algo como artes? Sua mãe tinha uma indústria e gosto impecável para a moda. Mas, claro, sem casacos de pele – ele riu.

Carlos tremeu.

- Conheci Dude hoje no treino mais cedo. Acostumando, por enquanto. Ainda não descartei essa possibilidade – brincou ainda tenso.

- Bom, te vejo por aí – Jake se despediu e foi para o vestiário.

Carlos saiu junto de Jay e m*l. Conversando sobre o R.O.A.R., Jay mostrou um grande interesse também.

No quarto, m*l estudava seu livro de feitiço, fazendo marcações no próprio livro. Carlos mexia em seu laptop sentado no chão próximo a m*l, Jay jogava em seu celular.

- Cadê a Evie? – foi m*l a se questionar.

- Ela estava com Audrey no refeitório, hoje mais cedo – Jay não desviou o olhar da tela.

Mal ergueu o olhar, encarando o amigo, uma batida na porta de previu aviso antes da porta ser abertar.

A princesa da Ilha estava impecável em seu uniforme de líder de torcida. Ela girou entrando no quarto. A porta se fechando atrás dela.

O trio sorriu a olhando.

- Olha ela – Carlos falou.

- Como estou? – ela perguntou já sabendo a resposta.

- Uma perfeita e insuportável princesa – m*l sorriu voltando sua atenção ao livro.

- Audrey me entregou hoje, amanhã vai ser meu primeiro treino – Ela deu palminhas no ar.

- Quem diria que iriamos dividir o campo – Jay sorriu.

Evie se jogou na cama de m*l, em cima dela especificamente, que estava de bruço, Evie se espreguiçou por cima da amiga, fazendo deslizar sua costa com a da amiga.

- Audrey não é tão r**m assim, – Evie sussurrou – Ela é bem... gentil, legal, eu gostei dela.

Mal grunhiu.

- Jake é legal também – m*l o encarou e deu um cutucão em sua cabeça.

- Ai – ele resmungou – O que eu disse de errado? – ele pareceu estar indignado, tudo bem que Jake e Chad eram melhores amigos, mas isso significava algo negativo?

- Já eu – Jay revirou os olhos – tive problemas com Chad – ele guardou o celular e cruzou os braços bufando.

Evie se levantou, indo até a sua cama.

- Chad é insuportável.

Houve batidas controladas na porta, m*l indicou com o dedo, indicando que questionaria aquela história depois.

Mal se levantou indo até a porta, quando ela abriu, teve a visão do futuro rei.

Havia tristeza no fundo de seus olhos e arrependimento no deles.

Seus olhos se aprofundavam, conectava-se, havia saudade ali, de ambos os lados.

- Podemos conversar?

Mal olhou para trás, para os amigos.

- Só um instante – a voz dele soou baixa. m*l voltou o olhar para ele, desejou não o fazer, mas fez, balançou a cabeça lentamente em um sim.

- Voltou em um instante – ele falou baixo para os amigos, e ele saíram. Foi Evie a fechar a porta, a visão dos amantes andando no corredor, separados.

Mal e Ben saíram para caminhar ao anoitecer, minutos se passaram e nenhum dos dois ousaram falar.

- Gostou de Auradon? – ele parecia um pouco nervoso ao falar com ela.

- A paisagem em si é agradavel, as pessoas, nem tanto – m*l não o olhava.

Ben mordeu o interno de sua própria bochecha.

- Não tivemos tempo para conversar.

- Você não quis – m*l deslizava as pontas dos dedos pelo designer elevado da parede.

- Eu te chamei para me encontrar no treino.

- Eu tinha aula. De qualquer forma, não iria – ela parou, olhando-o, antes de seguir novamente – Não mais.

- Mal...

- Ben, não acredito que aqui seja o melhor lugar para conversar. Alteza – O corredor começou a ficar mais movimentado por conta do horário.

- Podemos ir a algum lugar.

Mal respirou fundo.

- O lago encantado – Ele continuou – Não é tão longe, mas estaríamos longe das dependências de Auradon Preparatória.

- Ben...

- Poderíamos ir no fim de semana, a maioria sai sexta após as aulas.

- Não quero te prender aqui. Sexta de manhã, antes das aulas começarem.

Ben sorriu.

- Mas... até lá – m*l mordeu o canto do lábio, estava entre nervosa com ele e ansiosa por causa dele. – Me deixe pensar.

Ben respirou fundo.

- Até sexta?

- Até – m*l deu a volta e voltou para o quarto.

Ben a olhou indo, sentiu como quando voltou para Auradon, como ela o olhou indo embora, e como da vez, Ben desejou que novamente fosse um até e restante uma esperança.

Ele só precisava de mais uma chance com ela. E desejou que a história deles, ainda fosse um d****o por ela também.