- Preciso que assine uma permissão para uma coisa da escola. Vou estar fora três dias.
- Que coisa é essa? - Seu tom baixo é áspero. Eu ignoro por completo.
- Fica em Hay-de. Três dias para que eu consiga me recuperar das notas ruins. Eu tenho que pegar o ônibus às sete. - Eu tiro a folha de permissão amassada do meu bolso e coloco na ponta da cama na esperança de que ele á pegue e saia o mais rápido possível. Ele olha para o pedaço de papel, depois para o chão. Meu coração saltita ao perceber que talvez ele mesmo não assine. Meu avô pega o papel de cima da cama e entrega para o meu pai.
- Assina. - Ele diz para o meu pai, com o mesmo tom áspero que o dele. - De manhã vai estar assinado. Eu levo minha garota as sete para pegar esse ônibus.
Ele pisca para mim, enquanto meu pai nos observa. Ele olha com desprezo o papel antes de finalmente sair. Meu avô me derrete com um beijo na bochecha onde ele acaricia com os dedos.
- Ela está mesmo bem? - Pergunto para ele, referindo-se a minha vó novamente. Ela com toda certeza não estava nada bem com a situação.
- Ela é forte. - Eu inalo o cheiro do bolo de chocolate, e provo um pouco do suco de morango. Minha barriga parece girar como um pião ao sentir o gosto delicioso. - Come tudo.
Eu enfio a mão no bolso da calça jeans e pego as notas amassadas oferecendo para o meu avô.
- Vô, você pode usar isso pra gasolina.
- De jeito nenhum. - Ele dobra minha mão na sua me fazendo fechar o dinheiro em um muque. - Guarda. - É a vez dele enfiar a mão na bermuda surrada que usa. Ele tira o meu celular de dentro e me devolve. - Você vai precisar disso.
Ele mais uma vez deixa um sorriso afetuoso antes de sair do quarto. Sem relutar, eu devoro as três fatias de bolo com suco, colocando a bandeja ao lado da cama. Minha janela mostra que o anoitecer está muito próximo, eu diria que em menos de alguns segundos ele surgiria. Eu viro de um lado para o outro apertando os olhos. Estava tentando ao máximo tirar a vontade súbita de me olhar no espelho. Eu também deixo o celular carregando para amanhã. Eu não sabia ao certo se contaria isso para Kristen. Eu conseguia formular sua reação desacreditada na minha cabeça. Eu queria perguntar como foi quando ela chegou em casa, onde estava hoje mais cedo, e o que achará de Hero. Mas eu não faço nada disso. Ao contrário, eu deixo que minha cabeça vague pelas lembranças da minha família feliz, até que eu caia em um sono profundo e só acorde no outro dia.
Durante a noite eu me mecho sobre os lençóis sentindo gotas de suor descerem pelas minhas costas. Eu abro os olhos instantaneamente sentando sobre as colchas da cama. O despertador odioso marca que são duas horas da manhã. Eu espio o chão ao lado da minha cama. A bandeja de lanche desapareceu e no seu lugar estava outra menor com um copo de água. Eu também não me lembrava de estar coberta, o que significa que minha vó passou por aqui alguma hora. Eu pego meu celular fazendo uma careta pelo brilho do visor que machuca um pouco minhas vistas. Kristen tinha mandando umas cinco mensagens. Eu abro o spiner. - aplicativo de conversa com mini joguinhos. Kristen está online, e eu carregando uma insônia repentina, disco o seu número.
- O que faz acordada essa hora? - Eu pergunto assim que escuto o barulho de salgadinhos sendo mastigados.
- Eu estou quase acabando Romeu e Julieta. Ainda inconformada que ele tomou veneno achando que ela estava morta. - Eu posso ver as lágrimas de Kristen descerem como uma cachoeira pelos olhos ao assistir essa cena pela milésima vez.
- Viva o amor. - Eu digo irônica afim de irrita-la um pouco.
- Você vai me dizer que não faria o mesmo? É o amor da sua vida que estaria ali.
- O que você faria? - Eu devolvo para ela recebendo mais alguns barulhos de salgadinhos ruffles sendo quebrados. Seu preferido.
- Bom, eu não sei. Se fosse Bryan, hum. Ele é lindo, mas não sei se chegaria à tanto. - Ela parece ter certeza do que diz. Eu paro um pouco para pensar, mas desisto antes de começar. Eu não tinha ninguém para comparar à isso. Não sabia de quase nada sobre amor.
- Aé? - Eu digo dando uma risada. - E como foi o passeio com o não-Romeu?
- Ele me levou pra casa em que está. Na casa de Hero Marshall. - Meu coração erra uma batida e eu agradeço por estar pelo celular agora. Kristen não deixaria passar despercebido a forma trêmula em que eu me mexo. - Ficamos lá algum tempo, e você sabe né.
- O que? Vocês.. - Eu deixo no ar soltando uma risada nasalada. Eu não sabia se Kristen me conhecia tanto assim para perceber que eu travei no celular quando ela diz o nome de Hero. Se a resposta fosse sim, amanhã ela estaria me esperando para uma boa conversa.
- Transamos? Arg. Não. - Ela reclama e eu posso ver sua imagem limpa na minha frente rolando os olhos. - Ele estava com os amigos dele. E é muito cedo pra isso, não vou entregar minha castidade para qualquer um.
- Você definitivamente não vai. - Eu digo para ela em uma advertência brincalhona.
- Como foi no Lemon?
- Bem, muita panela suja, e molho cheddar para todos os lados.
Eu conseguia sentir o cheiro amanteigado de molho cheddar se aprofundar nas minhas narinas. Foi graças aos viciados de cheddar em Field, que o mesmo tinha se tornado prato principal do estabelecimento. Havia outras coisas melhores no cardápio, como a carne ao molho de champions que fora pedida uma única vez.
- Sem contar na linha investigativa que eu tive que abrir para achar minha melhor amiga. Eu quase escrevi um romance. Ele se chamaria. A fuga do amor.
- Oh, eu amei esse título. E Bryan faz Jus ao protagonista. Ele é bonito, musculoso, e tem um cheiro que me fez derreter. - Eu dou risada. Eu percebo que ela desliga a tv quando nao ouço a melodia melancólica que Kristen costuma colocar para acompanhar o filme. Ela continua: - E enquanto a Hero Marshall?
Meu coração erra mais uma batida. Tento pensar depressa em algo para responder, antes que Kristen Barton me encha de perguntas. Ou crie um roteiro romântico.
- Você tem certeza que esse é o nome dele mesmo?
- Dessa vez eu tenho. O nome dele é bem repetido pelos pais. - Eu acho que consigo. - Eles passaram horas no celular discutindo algumas notas dele. Deve ser por isso que ele não quis ficar lá.
Meu cérebro capta a imagem do meu pai e joga para o meu campo de visão. Eu aperto o olho jogando minhas costas no colchão afim de esquecer completamente hoje mais cedo. Ele estava sozinho lá porque seus pais se preocupavam com suas notas. O meu não. Eu nao sabia como era estar na pele dele, mas na minha eu sabia exatamente, e não era nada agradável.
- Agora me conta. - Ela continua, e pelo seu tom de voz malicioso ela ainda está alheia de que eu não quero falar no assunto de jeito nenhum. - Como você conseguiu trocar uma palavra com ele? Ele não falou absolutamente nada hora nenhuma que estive com eles.
- Bem, essa foi fácil. Eu tive que fazer aquela pergunta. - Eu consigo sentir a respiração de Kristen mudar. - Qual o seu pedido?
Ela bufa.
- Você está de brincadeira? - Ela quase grita. - Quer saber, eu estou indo até aí. Me espera no alpendre, eu preciso olhar pra você pra saber se está mesmo falando a verdade.
Ela não me dá tempo para protestar. Os barulhos que a chamada faz me indicam que ela já desligou. Eu levanto da cama depressa, trocando rapidamente a calça jeans pelo meu pijama azul de bolinhas. Por cima o casaco de hoje mais cedo. Na ponta dos pés, eu fecho a porta atrás do meu quarto e vou para as escadas descendo cada degrau como se estivesse me desviando de cacos de vidros. No final da escada eu atravesso o corredor. A chave está debaixo do chapéu do meu preso na parede. Eu giro ela fechadura abrindo a porta devagar.
Kristen está no lado direito do alpendre com a lanterna do celular acesa para cima. Na outra mão ela carrega uma barra de chocolate aberta.
- Eu acabei de suar tentando não fazer barulho. - Eu digo acusatória. Ela da de ombros mordiscando os dedos sujos sujos chocolate.
- Você me deu um caso para resolver. - Eu olho de soslaio para ela descendo à calçada do alpendre para ficar na mesma altura que ela. - E então não tem mais nada para me contar? Tipo, como pegou o celular dele?
- Eu pedi emprestado e ele meu deu. - Eu digo simples roubando seu pacote de chocolate. Ela não parece satisfeita.
- E? - Ela insisti chacoalhando a lanterna. A luz trepida no céu sem estrelas. Estava referindo bem na janela do meu quarto e eu agradeço por não ser na do meu pai.
- Ele é arrogante. - Eu minto. Ele não tinha sido arrogante, tinha sido extremamente charmoso? Não era essa á palavra. Atrevido. Essa era a palavra. Eu não queria ter que entrar nesse assunto. Era óbvio que Hero só estava zombando de mim, eu aposto que descobriria essa fama se procurasse.
- Você achou ele arrogante e mesmo assim "me ligou"? Eu te conheço Beatrice Harper, no mínimo você teria jogado um pouco de cheddar propositadamente na roupa dele.
Eu deveria ter o feito. Deveria ter deixado a lata de refrigerante escorregar na sua barriga, e depois me oferecer para limpar. Não, o que?
- Eu estava tentando te salvar como sempre. Me agradeça.
- Eu já estou bem grata, você tá comendo minha barra de chocolate. - Eu olho para o pacote percendo que tinha comido mas do deveria. Kristen me investiga dando um risinho de canto. - Você não achou ele nem bonito?
- Ele é. Muito. - Eu assumo, dando um reprise dos olhos de Hero. A boca. Os braços. d***a, ele era mesmo. - Só não faz muito meu tipo.
Kristen rola os olhos.
- Seu tipo é Collin Hayez? - Kristen diz. Eu aqueio a sobrancelha um pouco duvidosa. - Fala sério, ele é tipo, - Ela chacoalha os braços. A lanterna vibra na sua mão dando pontos de luz no quintal. - O Collin.
- Quando você diz que ele é Collin, está querendo dizer que ele é sem graça? - Eu pergunto retórica para ela que faz cara de "claro que é" Eu dou de ombros. - Ele beija bem.
- Arg. - Kristen murmura colocando o dedo na garganta. - Me poupe dos detalhes. Eu ainda não acredito que vocês ficam. Você não prefere uma emoção?
- Eu gosto da vida pacata.
- Não gosta não. A prova disso é seu cofre escondido para se bandear para cidade grande.
É. Eu odiava a vida pacata em Field. Eu até gostava da Whoodhy, do Lemon, mas pra mim o pensar em barulhos de carros, inúmeras pessoas de um lado para o outro, me parecia mais atrativo. Ficar longe do meu pai. Livre de regras.
- Definitivamente precisamos dormir. - Eu digo para ela que choraminga.
- Eu estou ansiosa para estação, meu sono evaporou.
- Vou colaborar com isso. Eu estarei lá. - O rosto de Kristen se ilumina e ela não contém em dar alguns pelinhos.
- Sabe quem também vai estar lá? - Ela pergunta maliciosa.
- Bryan?
- Hero. - Mordo meu lábio com força. Ele me disse que estaria lá. Eu não tinha parado pra pensar sobre isso, e concluo que é porque não tinha motivo.
- Não vai acontecer Kristen Barton. - Ela não parece convencida com a risada que dá. Eu volto na ponta dos pés para dentro de casa me jogando mais uma vez sobre os lençóis. Dessa vez, eu sei que só acordaria com o barulho do alarme.
Na manhã seguinte, eu me espreguiço abrindo os olhos. A luz solar invade meu quarto e eu fico sentada checando às horas. Eu tinha exatamente trinta minutos para me arrumar, e acabo lembrando que não tinha feito sequer minha mala para os três dias. Depressa, eu alcanço o chão me movendo rápido para pegar o banquinho que segura uma planta debaixo da janela. Eu o coloco de frente para o guarda roupa e pego a maleta média de rodinhas. Eu costumava usar quando acompanhava minha mãe nas suas viagens à trabalho. Ela fora guia turística até meus oito anos de idade, depois largou o trabalho para se dedicar à mim e meu pai. E adivinha? Uma semana depois, Richard pareceu misteriosamente em Field. Eu nunca tinha perguntado os motivos dela, ainda que pensasse muito nisso. Eu esparramo a maleta em cima da minha com o zíper aberto e vou para o guarda roupa. Coloco duas calças jeans, três blusas diferentes, dois casacos, um pijama, e algumas roupas íntimas. Na necesaire que a maleta oferece, eu coloco meus itens de higiene pessoal. Eu pego meu celular de cima da bagunça de lençol e mando uma mensagem para Kristen ainda indecisa com o que levo. Ela me responde de imediato.
"Minha mãe me obrigou a fazer exames, você acredita? Eu já estava planejando fazermos a mala juntas. Leva um vestido, nunca sabemos"
" De que horas você vai estar aqui" - Eu mando para ela largando o celular em cima da pia de mármore do banheiro. Tiro a roupa colocando direto no cesto de roupa suja. Capturo sem querer meu reflexo preso no espelho. Meus olhos estão focados na linha roxa que se faz na minha bochecha. Instantaneamente eu quero reparar no conjunto que contribuem para que eu me sinta ainda mais ridícula aquela manhã, mas Kristen é mais rápida fazendo minha caixa de mensagens apitar. Eu me enrolo na toalha enquanto respondo.
" Vou direto para lá. Vou sair cinco minutos atrasada, por isso não faço ela ir te buscar." - Fico meia decepcionada, eu queria muito ir com Kristen no ônibus. "Esteja lá, beijo"
Mais abaixo, uma mensagem da minha mãe sobe para cima de Kristen quando a notificação toca. Meu coração parece tropeçar nas batidas, eu clico no mesmo instante na mensagem.
" Podemos nos ver essa sexta?"
"Estação de Campo da escola, não vai dá" - Eu respondo na mesma hora deixando o celular de volta na pia. Concentrada no barulho de notificações eu vou para o boxe e lavo meu cabelo. Ele não toca. Eu saio do boxe e me seco. Enrolo a toalha no meu corpo enquanto não escolho a roupa, pego meu creme, passo boas camadas nos fios, e penteio todo cabelo.
Debaixo da cama, eu arrasto o pequeno baú de maquiagem que minha me deu. Me serviria. Vou para frente do espelho tentando ignorar minha cara de cansaço. Passo uma camada de ** - já que que faço ideia de como usar base. Aquilo é suficiente para esconder a marca. Eu completo com gloss e um pouco de rimel.
Eu coloco um macacão de calça jeans, botas pretas e uma blusa verde militar por dentro. Eu ponho dois vestido qualquer dentro da maleta e fecho o zíper.
Arrasto a mala atrás de mim levantando suas rodas quando chego na escada. Eu invado a cozinha com cheiro de café e contemplo a imagem da minha vó tirando um bolo do forno. Ela põe sobre a mesa e abana com a pano de prato que afasta a nuvem de fumaça. Com a luta grotesca na mão, ela corta pequenas fatias de bolo e guarda em um pote.
- Isso é pra mim? - Ela levanta os olhos com um meio sorriso arrastando o pote sobre a mesa para que eu pegue.
- Sinto não ter boas noticias. - Ela me diz limpando os dedos no prato de prato. - Seu pai saiu na caminhonete e não assinou o papel que você precisava.
Eu encaro minha vó por um longo tempo antes das minhas pernas reagirem. Eu tiro meu celular do bolso de trás e checo a caixa de mensagem.
"Dois minutinhos?"
"Você pode me levar até a Whoodhy agora? Teremos meia horinha."
- Seu avô está lá fora tentando falar com ele. - Minha voz diz me seguindo para sala. - Ele saiu logo cedo, não tive tempo nem de ver.
"Me espera perto da árvore sem galhos"
Eu me viro abruptamente dando um beijo já bochecha da minha vó.
- Eu preciso ir. - Eu digo para ela arrastando a mala atrás de mim. Atravesso o gramado sentindo pequenas gotículas de chuva molharam meus ombros. Ótimo. Eu me escondo em baixo dos galhos secos sem muito sucesso. Checo meu celular a cada cinco minutos para ver se ela está próxima ou não. Eu nao sei se ela trocou de carro, mas um jeep preto estaciona bem a minha frente, e eu corro para o banco do passageiro.
- Eu ia perguntar se você queria carona mesmo. - Meus olhos encontram os de Hero. Ele está com o sorriso pregado no canto da boca, uma mão no volante e outra segurando um óculos escuros. Ele põe os óculos e todo conjunto de roupas e cabelo ficam extremamente atraentes. Com toda certeza Kristen amaria me ver agora nesse carro, com Hero usando esses óculos. Ela diria que somos como edward e bela. O que me dá arrepios.
- Desculpe, eu achei que era outra pessoa. - Eu digo abrindo a porta do carro. O vento frio gira trazendo gotas de chuvas para dentro das minhas meias e eu repenso se deveria mesmo fazer isso. Como se lesse meus pensamentos Hero diz. - Você tem uma opção melhor?
Eu teria. Se ela mais uma vez não tivesse me deixado na mão. Eu devolvo meus pés para dentro do carro observando de soslaio o sorriso maroto de Hero crescer. Ignoro.
- Você se importa de esperar um pouco?
- Depende. - Eu olho para com cubos de gelos dentro da minha barriga. - Quem você está esperando é homem ou mulher?
- O que isso muda?
- Muda tudo Beatrice. - Ele diz. - Eu ainda não tive muito tempo na Whoodhy pra saber quem são meus concorrentes.
- Você acha isso engraçado não é? - Eu me reencosto no banco do passageiro olhando para ele. - É o garoto da cidade grande que veio zombar do interior?
- O que te faz pensar isso?
- Isso. - Eu agito minhas mãos. - Você.
- Você é muito precipitada Beatrice. - Eu olho f**o para ele. - Você poderia pensar ao menos que eu tô fazer isso porque o conjunto do seu cabelo, olhos castanhos escuros, e uma boca muito atraente é extremamente atraente.
Como se minha voz tivesse dado um tempo para si, eu abro e fecho a boca sem uma resposta concreta. Ele me encara sério, brincando com a perna do óculos na boca.
- Você não me conhece. - É tudo que consigo dizer.
- Eu te conheço á algumas horas, digamos assim, e eu já sei que você é facilmente irritável.
- Ótimo, você poderia parar de provocar então?
- Eu te provoco? - Eu viro o rosto recebendo uma chuva de cachos no meu rosto. - E então? Você vai entrar no carro ou não? Ou você não está tão interessada em ir para essa tal estação recuperar suas notas?
Eu fecho a porta do carro com um estralo mostrando que deveríamos partir agora. Eu aceno para os meus avós que ainda estão no alpendre, e hero faz o mesmo. Eu me pergunto o que eles estão pensando, e o que seria da minha pele se meu pai estivesse aqui. Hero da partida no carro.
- Como sabe que estou indo pra recuperar minhas notas? - Uma onda fria bate no meu estômago. Eu estava viajando para Hay-de com Hero sem ao menos conhecê-lo. Quer dizer, eu o conhecia por algumas horas - como o mesmo deu ênfase. Mas isso não era o suficiente.
- Bom, foi o que me disseram quando eu assinei o folheto. É um lugar onde vamos recuperar nossas notas. Nunca tinha visto algo assim. - Ele diz com um olho na estrada e o outro no mapa. - Eu so não entendi o nome.
- Isso acontece no começo de cada estação. Então é isso.
Ele não parece surpreso. Continua encarando a estrada com monotonia. Eu de verdade nao queria um bipolar com Edward.
- Você me deixa ma Whoodhy para pegar o ônibus?
- São sete e vinte. - Ele diz para mim me olhando de lado. Ou eu estava maluca, ou ele tinha mudado seu humor parcialmente.
- d***a. - Eu pego o papel de dentro do bolso desamassando ele com as costas do dedos. Hero olha para o papel. - Meu pai não assinou eu não vou conseguir entrar.
- Você pode mesmo estar aqui? - Ele me pergunta. - No meu carro quero dizer.
- Posso. Só não deveria. - Eu digo. - No seu carro, quero dizer.
Seu sorriso se alarga mostrando a fileira de dentes.
- Não acredito que consegue ser divertida. - Eu dobro o papel colocando debaixo da perna.
- Você se surpreenderia. - O sorriso de Hero muda. Esta menor, mais provocante.
Ele da uma olhada para minha coxa e eu estremeço quando sua mão passa por cima dela e puxa o pequeno papel debaixo. Meu coração está acelerado e eu quase perco o jeito de respirar. Hero não está me olhando mas eu posso ver um sorriso sorrateiro no canto do lábio. Me sinto uma i****a por ter me deixado levar. Era tão óbvio o que ele estava fazendo. - Deixa isso comigo.
Eu quero perguntar o que vai fazer. Quero arrancar o papel da sua mão como se tivesse arrancando aquele sorriso do seu lábio. Mas não faço nenhuma das coisas. Eu não quero mesmo ter que conversar agora. Seguimos o caminho em silêncio. Hero não parece desconfortável ou chateado, na verdade ele parece pensativo, com os olhos focados na estrada e no mapa aberto em seu colo. Ele está usando uma camiseta de lã branca e calças jeans. Isso iluminava bem o seu rosto. Eu tento não olhar muito para ele, ainda que fosse difícil, parecia que um imã se instala nos meus olhos puxando diretamente para o lado em que ele está. Isso é irritante.
- Suas notas estão ruins, afinal? - Eu pergunto me arrependendo no mesmo instante. Ele me olha divertido, e eu me pergunto como ele consegue ser assim o tempo todo.
- Quem te disse isso?
- Bom, foi o que disseram quando eu assinei o folheto. As pessoas vão para lá pq estão com notas ruins.
- E algumas para ajudar as outras não é? Fomos nomeados líderes temporários. - A estação é um evento anual para ajudar aqueles que estão com a corda no pescoço. Ano passado eu estive lá como líder temporária, e salvei muitas pessoas da reprovação. Esse ano, eu estava indo como aluna das notas baixas. Fora divertido, porque eu e Kristen ensinavamos juntas, e tínhamos um tempo grande livre em Hay-de.
- Vc sabia disso e mesmo assim perguntou se eu tava indo com notas baixas?
Ele fica um longo minuto olhando para frente antes de abrir o porta luvas e tirar uma caixa pequena de metal com chiclete.
- eu ouvi você quase implorar isso ao treinador.
- O que? Eu não estava implorando. - Ele ri.
- Não tava. Mas você está se irritando, de novo. - Eu cruzo os braços como uma criança mimada.
- Então você tá indo pra ajudar? Boas notas?
- Boas notas. - O fato que Kristen contará não tem veracidade. Eu me pergunto se ela esta mesmo tão afundada nas órbitas castanhas escutas do tal Byan não prestar atenção aos fatos a sua volta. - Não foi isso que sua amiga te contou?
- Ela não contou nada. - Fico mais na defensiva do que deveria.
- Sei. - ele ri. - O que ela contou então?
- Nada. Não citamos o seu nome. Citamos o de Bryan.
- Você fala como conhecesse ele.
- Eu conheço. Através do que minha melhor amiga diz. - Ele tira sua mão com cuidado do mapa e desliza um chiclete para sua boca. O cheiro de morango é forte e invade o espaço carro. Instantaneamente minha boca fica aguada na expectativa de comer um. Mais uma vez eu não tinha comido nada.
- Tô curioso. - Ele voltando a fazer peso no mapa com a mão. - Você quer?
Ele sinaliza com os olhos para caixa de metal sabor morando. Sem dizer nada, eu pego um chiclete da caixa colocando já boca. Ele é um ouuco azedo no começo e muito açucarado no final. Eu me pergunto inesperadamente se o gosto da boca de Hero é desse jeito. Eu devolvo a caixa para ele.
- Obrigada. Hã.. Olhos castanhos escuros, músculo e cheiroso. - Ele me olha estranho, dando quase uma risada. - Do que você tá rindo?
- Você tá me descrevendo? Eu diria cabelos dourados, ou coisa do tipo.
- Eu estou descrevendo Bryan.
- Como você me descreveria Beatrice?
- De jeito nenhum. Eu nem olho tanto pra você assim.
- Deveria. O espelho me diz que eu sou bem bonito. - A forma que hero diz cara palavra atrevida é tão neutra que chega a ser irritantemente sexy. Eu odeio como ele fala com tanta seriedade. Naturalidade. Como se aquilo fosse uma verdade sem sombras de dúvidas. E bom nesse caso, era. O espelho dele não estava mentindo, mas eu não diria isso de jeito nenhum pata ele. - Parece que chegamos.
Hero atravessa a Costa de Hay-de. É como Field, cheio de árvores, sem sinal de civilização. Ele vira a esquerda em uma curva, onde dirige por mais três quilômetros. Logo dá para ver o centro da cidade. Hay-de é maior que Field, seu centro tem mais opções lanchonete, e alguns lugares a mais para sair. Como o cinema recém inaugurado. Ele é cercado por uma praia no seu litoral, e é bastante conhecido pela ponte que passa por ela para entrar para cidade. Alguns prefeririam dar a volta e entrar pelo asfalto, como Hero fazera.
Hoje está particularmente cheio de alunos na Whoodhy. Eu consigo saber só pelos rostos familiares que se agrupam. Hero enfrenta uma fileira de carros antes de conseguir finalmente sair da movimentação e parar de frente para o prédio da Estação Grey. O nome está escrito em uma faixa vermelha colocada na faixada do prédio. São duas médias construção, sendo uma logo atrás.
Minha atenção é voltada para Hero quando ele me entrega o papel assinado. Sua letra é bonita, como a de Collin. Os traços são mais finos, elegantes.
- Isso não vai funcionar. - Ele aponta para o homem de camiseta flanela e calças jeans.
- Você acha mesmo que ele vai checar?
- Mas quando a Sra.Chapman..
- A Sra.Chapman tem turmas dos seus três turnos nesse lugar, você acha mesmo que ela vai checar? - Seu rosto é passível, e sua boca não perdi o sorriso quase invisível. Ele está com o cotovelo apoiado no meu banco e seu rosto está bem próximo ao meu. Eu me remexo nada confortável, mas com as veias do meu corpo em um uníssono de pulsação.
- Obrigada mesmo pela carona. - Eu deixo o carro abrindo a porta de trás para tirar minha mala. Hero da a volta no carro, abre seu porta malas e tira uma mala menor que a minha de couro. - E por isso.
Eu abano o papel para cima segurando firme nos dedos.
- Você tá me devendo mais uma então?
- Voce vai continuar me fazendo favores querendo outros em troca?
- Enquanto eu estiver interessado, sim.
- E quando não estiver mais, vai me ignorar como se eu não existisse? - Minha voz soa irritada.
- Eu acho bem difícil. Você é muito notável beatrice.
- Oi. - Collin corre para onde estou. Ele olha para Hero investigando seu rosto depois volta os olhos para mim. - Não te vi no ônibus.
Eu escuto a risada seca de Hero atrás de mim, mas ignoro por completo torcendo para que collin faça o mesmo.
- Eu acabei perdendo. Longa história. - Eu digo para ele. - Hero me deu uma carona.
- Ah. - Ele diz tirando um pouco do seus casos da testa como de costume. - Kristen já me fez ligar uma porção de vezes pra você. Você não atendeu.
Eu volto para o carro de Hero a procura do meu celular, mas não acho. Quando endireito minhas costas, Hero me dá ele.
- Você tem que prestar mais atenção. - Ele diz, seu tom já não parece mais tão brincalhão assim.
- Obrigada de novo. A gente se ver.
- Pode apostar. - Minhas bochechas queiman e Hero parece perceber. Isso é o suficiente para o sorriso voltar a transparecer.
- Pensei que você não conhecesse ele. - Collin me diz. Eu olho para trás com um ímpeto, e em pouco minutos Hero não está mas lá. Eu me pergunto onde ele foi com tanta pressa, e pq não entrou na estação.
- Eu não conheço. - Digo um pouco absorta.