Narrado por Terror
Minha mãe falou que vendeu uma casa para um mina lá do asfalto e que ela viria morar aqui. Já fiquei put0, pois odeio gente nova na quebrada. Porém a coroa sabe oque faz. Ela me mostrou a foto de uma mina meia loira e eu falei que deixava ela entrar na favela, porém iria fazer aquela leve entrevista pra saber se a mina não é x9 ou pm.
Quando eu vi a loira perdidinhos nó restaurante, eu já saquei que ela era moradora nova. Colei onde ela e já dei um chama. Combinei que iria na casa dela pra vê se tirava alguma informação e foi isso que eu fiz.
Eu percebi que ela tava falando a verdade e fiquei de boa. Quando ela falou que o ex dela mandou ela abortar eu já senti um ódio do miserável. Como um cara manda a mulher tirar seu próprio filho? só sendo um filho da put@ mesmo.
Ela falou que tava precisando da trabalho e eu logo lembrei do seu Maneu. Lavei ela até o mercado e descobri seu nome. Ela me agradeceu pela dica e pela carona e entrou. Rapidamente eu peguei o meu celular e liguei pro Manel.
- oi terror.- ele fala.
- yaer vei. Uma mina tá chega aí e ela precisa se emprego. Tem como tu fazer a boa pra mim? - perguntei e logo ele me responde.
- é claro que sim, terror. Vou esperar ela chegar aqui e vou conhecê-la melhor.
- valeu aí. - falei e desliguei.
Eu fiquei ali fora do supermercado esperando a novata, pois eu não ia deixar uma mulher grávida andar tarde da noite e sozinha por aí né. Fiquei lá fora e logo ela aparece.
- Yaer? conseguiu? - eu perguntei.
- você ainda tá aqui?- ele pergunta.
- já que eu te trouxe eu vou te levar. - eu falei e ela sorriu.
- Pois vamos, aí lá eu faço algo pra nois comer e pra agradecer pela indicação já que eu fui contratada.- ela fala toda feliz e boba.
- Fico feliz por você gata.- falei e subimos na moto.
Chegando na casa dela, ela desce e abre a porta. Eu entro logo em seguida e vejo que ela já tá na cozinha. Vou atrás dela e me sento nas cadeiras próximo ao balcão.
- você quer panqueca?- ela pergunta.
- Pode fazer qualquer coisa mina, aqui não tem frescura não. - eu falei e ela assentiu.
Vejo ela pegando tudo que precisa e coloca em cima da pia. Depois começa a cortar os temperos e eu fico ali, só a observando.
- como é ser dono disso tudo? - ela pergunta e em seguida vira pra me olhar.
- É muito bom. As vezes dá trabalho, mais a gente aguenta. - falei.
- As pessoas daqui são bem legais e simpáticas. Pelo menos as que eu conheci até agora né.- ela fala sorrindo e eu sorrio junto.
- Pessoal daqui é zica. Espero que goste de morar aqui. - falei.
- Eu já estou gostando. Já fiz até amizade. - ela fala.
- Sério? que bom.
- sim, tenho a dona Leide, que é uma mulher bem simpática e alegre. Tem o táxi que me trouxe, ele é um senhor muito educado e alegre também. E agora você. - ela fala .
- em breve você fará mais. - falei e ela assentiu.
Vejo ela colocando os temperos na panela e joga o frango. Ele mexe e coloca na pressão. Depois começa a preparar a massa da panqueca. Eu me levanto do banco e vou até a pia. Ali, eu começo a lavar a louça e logo a Analu me encara.
- não precisa, terror. Pode deixar aí. - ela fala e eu n**o.
- tu faz a comida e eu lavo a louça. - falei e ela ficou como se estivesse pensando.
-Ok então, pode continuar. - ela fala e vira de costas e eu acabo sorrindo dessa maluca.
Quando terminei de lavar as vasilhas que tinha suja ali, eu me sentei no banco novamente e fiquei observando a Analu, passando as panquecas na frigideira.
- Analu, você queria ser mãe? - perguntei no impulso.
- Eu queria ser mãe sim, mais não em uma situação dessa né. - ela fala.
- desculpa pela pergunta, mais, em algum momento tu quis abortar?- eu perguntei e vejo ela apagar o fogo e andar até o balcão que eu estou e fica na minha frente.
- quando eu descobri que estava grávida, eu estava arrasada pelo fato da traição. Eu fiquei muito assustada. Por que eu sou sozinha nesse mundo. Eu não tinha pra onde ir, e tudo que passava na minha cabeça era: Oque eu iria fazer com uma criança sozinha? Confesso que no dia que eu descobri, passou pela minha cabeça tirar. Mais aí eu lembrei que, esse bebê não tem culpa de nada que aconteceu aqui fora. Esse bebê e a única família que eu poderia ter. Eu me senti uma filha da put@ por pensar aquela merd@. Então no outro dia, eu acordei disposta a lutar pela a única coisa que eu tinha, o meu bebê. E cá estou eu. - ela fala se afastando e vejo que ela passa a mão em sua barriga. Acabei ficando triste depois de ouvir essas palavras da Analu. Como eu queria que a Helen( minha ex esposa) tivesse pensado do mesmo jeito. Se ela não tivesse feito merda, meu filho estaria aqui, com dois aninhos. Sai do meu pensamento com a Analu me chamando.
- você tá bem?
- Tô sim, por que? - eu perguntei.
- você ficou quieto e parecia tá pensando.
- Coisa minha mesmo, mina.- falei e ela assentiu voltando a montar as panquecas. - Vou ali comprar um refrigerante pra nois. Já que eu volto.- Falei e sai. Aqui na esquina tem um comércio e eu comprei e já voltei pra casa da loira. Chegando lá eu coloquei o refri na geladeira e me aproximei da Luiza.
- Olha tua barriga aí, perto do fogo. - falei puxando ela mais pra trás. Ela riu, e se manteve afastada.
- Tá pronto. Graças a Deus, essa fome tá me matand0.- ela fala e coloca a travessa no balcão. Eu procurei os copos e quando achei, coloquei em cima do balcão. Peguei o refri e me sentei. Ali, eu e Ana Luiza começamos a comer e conversamos.
- tenho que ir agora. - falei depois de lavar as louças.
- Obrigada mais uma vez, pela indicação, e pela companhia. - ela fala me acompanhando até a porta.
- valeu pelo rango, tava muito bom. Passo aqui depois. - eu falei.
- tá bom, Tchau. - ela fala e fecha a porta. Eu subo na moto e vou pra minha goma.
Pô mano, mina mó daora. Como é que um cara é capaz de deixar uma mulher daquela, inda mais gravida de um filho dele? só pode ser um mané. Cheguei em casa, e quando olhei pro celular era nove horas da noite. Eu tomei um banho e me deitei. Hoje o dia foi bem cansativo. Tem um cara atrás de mim e eu estou dispistando ele. Tem as entregas de droga lá pro asfalto e o carregamento pra pagar, então agora eu vou durmi e acordar só quando Deus quiser.
(...)
Acordei com barulho de tiro. Peguei meu rádio e Perguntei oque era.
- Patrão foi os bota que tava fazendo uma ronda e pegou dois aviãozinho. Eles trocaram tiros e agora parece que os cana que subir o morro. - o Kako que é um soldado de confiança me passa. visão.
- Se subir mete bala. - falei e desliguei o rádio. Peguei o meu celular e vi que era seis e meia da manhã. Me levantei fui tomar um banho e sai de casa pra merendar.
Eu tava na padaria terminando o meu café da manhã, quando vejo a Ana Luiza passando, provavelmente pra ir pro supermercado. Eu peguei o meu fuzil, paguei a conta e corri pra alcançar a loira.
- Bom dia.- falei quando cheguei perto dela.
- que susto terror. - ela fala colocando uma mão no coração e a outra na barriga.
- Desculpa, eu não achei que você fosse se assustar. - falei com um pouco de medo.- Se assustou muito? tem perigo? - perguntei.
- Eu só me assustei por você chegar do nada.Nao se preocupe. Mais tarde eu vou me consultar e vou vê se tá tudo certo. - ela fala e começamos a andar.
- Tá certo, tem que vê como essa semente tá. E depois mais uma vez. - falei.
- Eu morro de medo dos homens que andam com uma dessa.- ela fala apontando pro meu fuzil. Passei por dois indagora e quase caí dura no chão. - ela fala rindo e eu sorrio também.
- Aqui ninguém vai mexer contigo não. Mais evita andar muito. A gente não sabe quando vai ter invasão, então tu tem que tá em alerta. - eu falo e ela assente. Chegamos no supermercado e ela se vira pra mim.
- Vou trabalhar agora. Valeu pela companhia. - ela fala.
- vai lá loira. Mais tarde eu colo lá na tua goma. - eu falo e vejo ela arregalar os olhos.
- Vai lá em casa de novo?
- sim, e não precisa fazer janta não! eu vou levar alguma coisa pra nois comer. Aí tu já aproveita e me conta como foi a consulta.
- tá bom então. Agora eu vou entrar. Tchau terror.
- tchau loira.- falei e vejo ela entrar no supermercado. Eu começo a andar pelo morro e paro na casa dos meus pais.