Um beijo inesperado

1263 Palavras
Por mais que estivesse ansioso pelo encontro com Sofia na vila, por muitas vezes o Tom precisou se obrigar mentalmente a prestar atenção no seu trabalho. Naquele dia, em especial, ele iria intermediar uma transação importante para Eugênio Santiago, aquele seria o momento de demonstrar a sua capacidade e o seu valor. Pouco a pouco, ele conseguia impressionar o seu chefe com o seu conhecimento e suas habilidades - até conseguiu fechar um negócio muito importante, que rendeu para a Dinástia das jóias bastante dinheiro-. Aquela admiração que Eugênio parecia estar criando pelo outro deixava o Rodrigo bastante enciumado, mas o ponto xis que fez com que o rapaz criasse uma grande antipatia pelo novo advogado, foi quando um dos novos investidores mais importantes da Dinastia apertou a mão dele em um cumprimento respeitoso, seguido de muitos elogios. Eugênio estava concordando com todos. No final do expediente, enquanto se arrumava para sair, flagrou o outro o observando no banheiro masculino. – Algum problema?– Tom se voltou para trás, na direção do outro homem. – Nada. Só estava pensando no muito curioso que é o fato de você ser um homem com tantas experiências pelo mundo e vim parar justo em Aventine. Algo dentro de Tom sorriu. Rodrigo claramente o via como uma ameaça. Ele não admitia que ninguém, além dele, se destacasse. – Resolvi ficar mais próximo da família sem realmente estar tão próximo.– Tom deu de ombros. – Sei... – Bom descanso para você.– Tom estava prestes a sair do banheiro quando Rodrigo se colocou na frente dele. – Imagino que pela produção vá sair com alguma garota. – Isso te diria respeito?– Tom retrucou a constatação com outra pergunta.– Não é com a sua namorada que eu vou sair, não vejo porque seja problema seu. – Todo esse seu mistério me faz ter certeza que você esconde algo. Tome muito cuidado, porque estarei com os olhos bem abertos em você. – Cuidado ao ficar com os olhos bem abertos em mim, a sua noiva pode ter ciúmes. – Seu pulha de uma figa...– Rodrigo fez menção em se alterar, mas Tom continuou na mesma posição, sem demonstrar medo. – Tenha uma boa noite, rapaz.– disse Tom, se afastando. Rodrigo o acompanhou com o olhar. Por dentro, já imaginava todas as atrocidades que poderia fazer com ele. Tom, no entanto, não estava nada preocupado. Tudo no que conseguia pensar era no seu encontro com Sofia. Matt de certo o mataria se ele tardasse demais para entregar a encomenda, mas ele não perderia a oportunidade de se encontrar a sós com ela. Júlia também não perderia essa oportunidade, embora nem ela mesma soubesse o que esperava com aquilo. No fundo, sabia que estava apaixonada por Tom, mas não teria a coragem necessária para desmanchar o noivado com Rodrigo. Outro dia ela martelaria aquele assunto na cabeça, porque tudo no que conseguia pensar era no seu encontro. Por isso, na hora combinado, enquanto Patrícia comunicava a todos de sua repetina e forte dor de cabeça, a moça se preparava para pular a janela de seu quarto. Precisou esperar um tempo para se certificar de que ninguém procuraria por ela e logo em seguida executou o seu plano. Júlia tinha prática o suficiente para sair sem ser vista, por muitos anos usou essa tática. A moça tomou um carro de praça e logo foi até a vila, aonde Matt já estava esperando por ela. Novamente ela experimentou aquela sensação de ter o seu coração quase saindo pela boca a cada passo que dava ao encontro dele.Os olhos não desencontravam, ambos esperavam pelo momento ao menos das mãos se tocarem. Tom segurou a mão da jovem e apenas encostou os lábios em uma das mãos cobertas pelo tecido rendado. – Por um momento achei que não viesse.– Confessou Tom. – Peço desculpas pelos minutos que atrasei. – Não se preocupe. Valeram muito a pena, você está linda. – Você acha? – Desde o primeiro dia que te vi.– O olhar de flerte de Tom a fez estremecer. Júlia apenas deu um sorriso desconcertado, antes de voltar-se para frente e seguir até a sorveteria. Os dois resolveram caminhar pela vila enquanto degustavam os sorvetes. O assunto fluiu tranquilamente, eles conversaram sobre diversos temas, conversas leves e interessantes das quais Júlia nunca teve com Rodrigo. Falaram sobre música, cinema, teatro, livros... Tom era um homem muito culto embora fosse muito simples e aquilo deixou Júlia ainda mais encantada. Deitados no gramado verde do parque da vila, Júlia e Tom olhavam para os desenhos das estrelas, enquanto continuavam com a conversa. – Qual o seu real próposito de vida?– Perguntou Tom, ainda encarando o céu azul escuro. Ele tinha os braços cruzados para trás, apoiando a cabeça. Júlia o lançou um olhar curioso, ninguém nunca tinha feito uma pergunta como aquela. – Eu quero ser mais do que a mãe ou a esposa de alguém. Quero fazer coisas úteis, quero liberdade, quero me sentir capaz. O olhar de Tom encontrou o dela, ele achou a resposta verdadeiramente interessante. – Eu acredito que você vai conseguir. Não parece ser o tipo de mulher que aceita algo facilmente. – Você acha?– Júlia virou-se de lado, seus olhos ainda na direção dos dele. – Bom... O que dizer de uma mça que vai trabalhar disfarçada na fábrica e que pula a janela para um encontro as escondidas. – Eu gosto de você, Thomas. Você pensa diferente da maioria dos homens que conheço, e acredite, isso é um elogio. Instintivamente ele levou uma das mãos para o rosto dela, as pontas de seus dedos acariciando a pele pálida e macia. Júlia arquejou com o contato dos dedos gelados em sua pele morna. Involuntariamente, a jovem fechou os olhos e projetou o queixo para frente, nitidamente ansiando por algo mais. Tom sabia que talvez estivesse adiantando as coisas, mas já estava há dias pensando naquele momento. A sensação de tocar os lábios dela com os seus foi exatamente como ele imaginou: maravilhosa. As bocas se exploraram devagar, ainda se conhecendo, em seguida, as línguas também participaram dos toques suaves e envolventes. Um não tinha pressa para apreciar o gosto do outro, era como contar as estrelas do céu,impossível não se perder. A mão grande do homem agarrou a cintura feminina e delicada, antes de puxá-la para mais próximo. Júlia arquejou com a aproximação, nunca tinha sentido um corpo masculino contra o seu. Ainda ofegante, a moça passou a mão coberta pela luva rendada por entre os cabelos escuros e lisos de Tom, seus dedos se prendendo aos fios curtos. Júlia sentiu formigar uma parte sensível no meio de suas coxas, algo primitivo e agressivo parecia querer explodir de dentro dela. Ela estava ali, sozinha com um estranho, beijando-o como se o conhecesse de uma vida. Estranhamente, era assim como ela se sentia. Se não fosse o sorvete de pistache a escorrer e sujar as pontas dos dedos do Tom, ele não saberia parar. Não era apenas o coração dele que pulsava forte, uma zona proibida encontrava-se em estado p.ior. Júlia tinha as bochechas ainda vermelhas como resultado de seu estupor, e chegou a rir alto de felicidade. Tom passou o indicador pelo doce e sujou o nariz da moça com os requícios que ficaram no seu dedo. Júlia retribuiu o gesto do outro e logo os dois começaram a se sujar naquela breve disputa. Ela nunca tinha se divertido tanto com algo tão simples, ele também não. Os dois se sentiram crianças novamente.
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