capítulo 04

1187 Palavras
Yuki Narrando 00:10 Presídio de segurança máxima. 5 dias para a liberdade. Aqui estou mais um dia. Sob o olhar sanguinário do vigia. Ouço um grito, em seguida de outro, ainda é madrugada mas não consigo dormir, a mente está a milhão, olho pro lado vendo os caras dormindo, muitos estão até roncando. Não sei como consegue com todo esse grito. Apenas mais um dia normal. Todo dia têm um caindo, todo dia um morre seja pelas mãos dos PMs ou pelas mãos dos caras aqui. Já me acostumei. Mais um grito, um disparo é logo tudo volta ao "Normal" assim que amanhece vão dizer que se matou encontraram morto. Pois é assim que é. A vida não é um conto de fadas. Principalmente na calada. Onde a gente vê, registra várias fitas O que o ser humano é capaz você não acredita.? Conto os dias para minha saída, agora falta pouco, logo estarei de volta no meu morro, na minha quebrada. O que passa aqui você não vai querer passar de novo, cai uma vez e não vou cair de novo. Aqui é um inferno a comida não presta o banho é coletivo e a noite os gritos não te deixam dormir. Você entra aqui de um jeito é sair se outro, mais aí é de você se vai sair bom ou r**m. (...) Hoje não tem banho de sol, o clima tá tenso, não tem futebol o cheiro de morte e pinho sol. E o mano que "morreu" agora é só mais um. —Aí mano, quer ? — Olho pro lado vendo o trica oferecendo um Black tudo que eu queria agora. Puxo uma vez sentindo a brisa, essa é da boa, sinto meu celular vibra entocado dentro do colchão. — Olha aí trica pra ninguém vê.—Conheci ele assim que entrei aqui, foi pego roubando e com drogas no carro , faz parte da mesma facção que eu comando, um dos poucos que eu confio aqui dentro. Pego atendendo. — Fala pow, bateu saudade foi. — Ouço o barulho do outro lado da linha. — Cê sabe que te amo mais não foi pra isso, precisamos do seu alvará para poder saber o que fazemos com o truta que estava batendo na mulher e nos filhos. — Olho pro lado passando a mão no rosto. — Pode dá uma massagem com perna de três nele pra aprender que não se bate em mulher. — C@rai n**o não sabe fazer nada. — Tranquilo pow, fé aí logo menos está aqui fora fazendo a festa. — Sorrio sabendo que faltam apenas 5 dias pra minha liberdade chegar. Desligo a ligação e coloco o celular de volta no mesmo lugar, me escoro na parede olhando lá pra fora, pegou um cigarro e acendo soltando a fumaça pra cima meus pensamentos vão para a Kyara, solto um sorriso de lado lembrando do rosto dela quando disse que seria minha. Tá no meu nome pow, ali Largo mais não. Chegou a hora do almoço e logo vinheram nos levar pro pátio onde fazemos nossa refeição, chego vendo vários já sentados conversando outros só comendo mesmo. Sento perto do trica assim que peguei meu prato, hoje a comida é arroz com feijão e pra completar um purê de batata. Nada m*l comparando aos outros dias. Que a comida estava azeda. — Vai chega mais um hoje. — Olho pro crica. — Qual pena ? — Coloco mais um colherada na boca. — 213, policial que avisou hoje. —Deu um sorriso do coringa. Homem é homem, mulher é mulher Estupr@dor é diferente, né? Os cara gosta quando chega estupr@dor aqui, tanto que os PMs não liga, eles matam e fingem que nem vê ou apenas ignoram. — Tá ferrado. — Falou terminando de comer, vejo uma rodinha se formando mais a frente. Dois ladrões considerados passaram a discutir Mas não imaginavam o que estaria por vir. Sento na mesa acendendo um cigarro e vendo o que vai acontecer. O primeiro soco foi dado, seguidos de outro e logo o cara estava no chão ensanguentado, o BL olha pra mim pedindo meu alvará balançou a cabeça concordando e logo o cara está morto. Mas pro Estado é só um número, mais nada Mais um pro capet@ e menos um pra encher o presídio. Sempre o comando é meu, seja aqui dentro ou lá fora. O comando está em minhas mãos há alguns anos. Meu pai era chefe quando morreu,quer dizer, quando eu o matei passou para mim e hoje tudo que aprendi com ele. Seja bom ou r**m. Anos atrás. — De novo. — sinto mais uma vez a dor da madeira cheia de pregos batendo em minhas costas, fazendo com que eu sinta o sangue quente descer. A raiva me consome pois o que bate não é inimigo, e o meu pai ou o cara que diz ser. Olho ao redor vendo os soldados dele, rindo, como se tudo isso fosse normal. E era, mas não para mim, que nunca pedi por isso. Não queria fazer parte da famiglia, o comando nunca foi meu sonho mais era meu legado. — Se chora vai começar tudo de novo. — ouço sua voz dizendo enquanto puxa um dos pregos que ficou nas minhas costas. Meus olhos enchem de lágrimas, mas forço a não descer ou será pior ainda. O que sempre ouço e que tenho quer ser forte, corajoso e nunca demonstra medo, palavras do meu criador. Tenho apenas 15 anos e ja estou sofrendo as consequências de ser filho do dono da p***a toda. Eu apenas não queria ser o próximo da lista. Os anos foram passando, até que meu pai veio a falecer em um confronto, o causador da morte dele? Um tiro, bem no meio do seu peito. Morte fatal, eu que atirei, eu puxei o gatilho sem nenhum pingo de remorso. Era ele ou eu. Matar ou morrer. Apenas fiz minha escolha. Aos 16 anos eu já era o mais temido, não abaixava a cabeça para ninguém, eu me tornei o que ele mais queria. Um monstro. E se hoje sou assim, sem coração a culpa é exclusiva dele. Atualmente. Volto pra cela sentando no meu canto, aqui os que estão aqui há mais tempo ficam nas cama, mas eu sou eu então assim que cheguei fiquei com uma beliche. 1 ano e dois mês esse foi o tempo em que peguei de cadeia, Graças a Deus faltam apenas 5 dias e logo estarei na rua de novo, estarei ao lado da minha "familia" 157 e 171, o bom de se ter dinheiro e que não deixa nada pra trás. A cada vacilo vai lá paga e pronto, nada de provas, nada de anos aqui já disse e repito. O dinheiro compra tudo, você quer uma coisa e compra, que um temes novo ? Compra. Viu um carro top e gostou ? Compra simples assim. Só o que não podemos comprar e a morte o resto ? Paga. Olho para fora vendo o dia ir embora. mais um dia. Menos um dia. A liberdade está chegando.
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