O Homem No Jardim

1159 Palavras
Nunca havia visto aquele homem antes. Talvez deve ser alguém do período em que eu não me lembro de nada. Tentei manter a respiração, mas isso estava sendo uma tarefa difícil desde que acordei no hospital. Ele me conhecia e a julgar pela sua roupa de jardineiro, talvez tenha sido empregado na residência Miller. Ou de Claire. Nada fazia sentido. Simplesmente nada. - Pode me dizer de onde me conhece? - Perguntei sem rodeios. - A pergunta certa neste momento é, você se conhece? - Ele queria brincar comigo, só podia ser. - Olhe, não tenho tempo para jogos, então se puder me dizer onde estão as pessoas que moravam aqui, eu ficaria muito grato. - Não há gratidão em suas palavras, no entanto, você ainda terá tempo para conhecer o verdadeiro sentido de gratidão. Ou acha que o que aconteceu é uma mera coincidência, Bruce? - Ele perguntou novamente e o sorriso gentil, que eu comecei a odiar, ainda permanecia em seu rosto. - Desculpe, mas do que está falando? - Não acha que viajar no tempo é irreal e impossível? - Não existe isso. Eu apenas não me lembro de boa parte de um período da minha vida. E como sabe? Quem é você? - O jardineiro começou a me assustar. - Eu sou Terrence, mas pode me chamar como quiser. Jardineiro é um bom nome. - Como sabe de tudo isso? Eu o conheço? - Eu já estava confuso, completamente confuso. E os enigmas do Jardineiro, não ajudavam em nada. - Na verdade, você não me conhece, mas eu conheço cada passo seu em todo esse tempo. E posso afirmar com toda certeza, que não tem sido passos bons, no entanto, podemos mudar isso. - Já que me conhece, como eu vim parar aqui? E por que não me lembro de nada? Por que estou aqui? - Você viajou no tempo, Bruce. Para que isso pudesse acontecer, você não se lembra desse período. Mas a pergunta mais interessante é por que está aqui. Creio que você já sabe a resposta, mas vou te ajudar. Você perdeu os melhores momentos de sua vida por causa de seu egoísmo e arrogância. Não me parece acaso estar aqui e ver o que você colheu destes anos amargos. Mas não se preocupe, no momento certo, a vida que você não se lembra ter vivido, voltará à sua mente. Só podia ser um pesadelo e ainda não consegui acordar. - Se isso for mesmo verdade, me diga, como faço para voltar para meu tempo? Não quero ficar aqui, preciso da minha vida de antes de volta. - Não é tão simples assim, e você precisa passar por isso. Mas enquanto não encontrar as razões que te trouxeram até aqui, não posso te ajudar. Era loucura. Esse jardineiro só podia estar me pregando uma peça, e o i****a aqui caiu direitinho. Não fazia sentido algum viajar no tempo. Como isso seria possível? Acreditei nele e ainda pedi ajuda para voltar no tempo! Cada vez mais eu me sentia um i*****l de primeira linha. E que razões me trouxeram até aqui? - Creio que ninguém pode me ajudar. - Deixei o homem parado feito uma estátua sorridente, e segui para o carro. Enquanto dirigia, minha cabeça fervia com tantos pensamentos. De fato ele devia me conhecer e também Claire, ou de que outra maneira ele saberia nossos nomes? E sobre me lembrar do tempo que supostamente eu vivi, como ele saberia? A pergunta não era quem, mas o que era aquele homem que se dizia Jardineiro. Será que ele tinha as respostas que eu precisava? Não pensei duas vezes, fiz o retorno e voltei para a casa de Claire. Não o encontrei quando cheguei, e o mais estranho é que as plantas que outrora ele estava regando, não existiam mais. Era só muita terra e galhos secos. Se eu contasse isso para alguém, diriam que eu estava ficando louco, mas eu já estava louco. Podia ser apenas parte da minha confusão mental, mas eu sabia o que tinha visto. *** Mama parecia preocupada quando entrei pela porta da sala. Tentei explicar que precisava falar com Claire, mas a repreensão foi maior do que qualquer coisa que eu pudesse dizer. Apenas me desculpei e perguntei onde estava minha suposta secretária. Sarah, estava em seu laptop quando entrei no escritório que pertencia ao meu pai. - Bruce, precisa de algo? Diane disse que eu podia usar o escritório do seu pai, mas se quiser posso ficar no quarto. - Como na primeira vez, ela desatou a falar. - Há quanto tempo você é minha secretária? - Perguntei fazendo com que ela parasse de falar um minuto. - Há treze anos, quase quatorze. Mas por que a pergunta, Bruce? - Eu e você... nós... temos algum tipo de relacionamento que não seja trabalho? Digo algo fora do escritório... d***a! Nós temos um caso? - Era difícil fazer essa pergunta, ainda mais pelo meu histórico do passado com as garotas. - Não! É claro que não. Deus me livre! Quero dizer, não que você não seja um bom partido, não seja bonito, mas não temos nada em comum. Quero dizer trabalhamos juntos e... E é só. E além disso, você tem até uma namorada. - Me senti aliviado por não ter nenhum relacionamento com a secretária, mas preocupado com essa tal namorada. - Minha mãe disse que você me conhece até mais que eu mesmo. Pode me dizer o quanto? Não era nem um pouco difícil para Sarah falar, afinal, ela falava pelos cotovelos. De acordo com ela, eu era advogado, ou como ela disse, advogado do d***o, pois não havia uma causa sequer que eu não ganhasse. Representava também, as maiores empresas de Manhattan. Minha vida era regada a mulheres e nem mesmo Vivian, minha provável namorada, me impedia de viver uma vida promiscua. Ainda segundo Sarah, eu tinha um apartamento em Manhattan, e era sócio nominal do escritório de advocacia. - E o que sabe sobre essa tal... Vivian? - Bem, vocês estão juntos há quase um ano, e isso é uma grande novidade, afinal desde que nos conhecemos nunca o vi com alguém por mais que um dia. Mas se isso ajuda, você ainda sai com outras mesmo estando comprometido. - Certo, me poupe de detalhes. - Desculpe, mas você perguntou, Bruce. E como não se lembra de nada, é bom que saiba de tudo. Sugiro que olhe seu laptop e seu celular, e mais uma coisa, a Vivian está vindo para cá. - Não podia ser verdade. Eu não queria mais ninguém a não ser Claire. Agora eu tinha mais problemas para resolver. Quem era o homem que encontrei na casa dela? E como ele sabia tanto? Se ele podia me ajudar, por que diabos falava daquela maneira cheia de enigmas? E Vivian, o que eu faria com ela? Tudo que eu sabia no momento, era que o primeiro passo seria encontrar Claire.
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