Em Busca de Respostas

1061 Palavras
Primeiro de tudo, eu tinha que sair daquele hospital. Pedi que fizessem os exames o mais rápido possível, mas infelizmente isso me custou mais um dia inteiro naquele lugar h******l. Consegui sair dali, somente no dia seguinte pela manhã. Era muito r**m a sensação de não conhecer mais nada, não ter controle da minha própria vida e pior ainda, não se lembrar de boa parte do que aconteceu. Minha mãe veio me buscar e eu tive que vestir umas roupas que eu não lembrava que usava. Em uma mala, que supostamente eu havia trazido comigo na viagem, onde haviam peças sofisticadas e as quais não faziam o meu estilo, procurei por uma roupa decente. Fiquei me perguntando em que fase da minha vida eu comecei a me vestir como meu pai, mas ainda não conseguia acreditar que aquilo tudo era meu. No entanto, era o que eu tinha naquele momento. Vesti uma camisa social muito estranha e uma calça que fazia conjunto com um terno preto. Toquei em meu cabelo, e percebi que estavam curtos demais. Me perguntei também, quando eu o havia cortado. Eram muitas coisas que eu precisava descobrir como mudaram da noite para o dia, mas eu precisava sair dali o mais rápido possível. Aquele lugar me dava arrepios desde sempre, pois nunca me entendi com hospitais, nem em épocas de meras campanhas de vacinas quando criança. Tinha cheiro de morte, sempre senti isso. - Mama, já estou pronto. Podemos ir. - Disse à minha mãe assim que terminei de calçar os sapatos, estranhamente perfeitos e confortáveis em meus pés. - Sim querido, podemos ir. Muito obrigada Dra. Katie. Estaremos de volta na segunda pela manhã. - Ela conversava com a Katie líder de torcida, que agora era Dra. Katherine. Que diabos estava acontecendo com a minha mente? Talvez se eu dormisse novamente, eu pudesse acordar desse pesadelo. Mas tudo era tão real, que havia uma chance de não ser um sonho. Estou realmente ficando louco. - Eu... Hã... Obrigado... Dra. Katherine. - Louco e i****a, por sinal. Saí do quarto e tive a sensação de que ela ficou rindo da minha confusão mental. - Até mais Bruce. Já no carro, minha mãe me entregou uma maleta. Segundo ela, eram minhas coisas pessoais. Coisas que eu nunca sequer tinha visto em toda minha vida, afinal, hipoteticamente vinte e cinco anos sumiram da minha vida, e não havia nenhum flash ou algum resquício de lembrança que me dissesse o contrário. Peguei um aparelho parecido com o que eu havia visto na TV. Como se fosse uma mini televisão, e o examinei. Me senti um total i****a e perdido em um tempo que eu não conhecia. Como aquilo podia ser meu? E o que eu faria com aquilo? - Seu celular, querido. É só colocar sua digital para desbloquear. - Disse minha mãe, me ajudando a decifrar aquele estranho objeto. Na hora, a tela foi liberada, e inúmeras chamadas perdidas apareceram. Sarah. - Mama, me desculpe, mas eu deveria saber quem é Sarah? - Eu perguntei à minha mãe, que sorriu gentilmente antes de responder e me fazer sentir a dor de um soco no estômago. - Sarah é a pessoa que provavelmente conhece até suas senhas bancárias, e sabe até mais você do que si próprio. E a pessoa com quem eu sempre falo quando você me ignora, mas sei que não faz por m*l e que é muito ocupado. Não o julgo querido, mas não se preocupe, Sarah chegou esta manhã e já está à sua espera em nossa casa. - Não sei o que está havendo e por que não consigo lembrar de nada. Mama, preciso saber sobre o papai e sobre Claire. O que aconteceu, como o papai nos deixou? E Claire, como... como chegamos até aqui? Ajude-me a lembrar. - Pedi, e pelo olhar confuso de minha mãe ela não sabia por onde começar e confesso que nem eu sabia por onde eu gostaria que ela começasse. - Ah querido, imagino o quanto está sendo difícil agora tanto quanto foi quando o perdemos. Uma parada cardíaca nos roubou Harvey, e a chance de tê-lo por mais tempo. E quanto à Claire, essa história foi muito mais complicada do que parece. - Talvez eu tenha tenha todo o tempo do mundo, já que teoricamente são vinte e cinco anos que desapareceram sem nenhuma explicação. - Tenha calma, Bruce. Logo você irá se lembrar. Tenho certeza de que a Dra. Katherine vai achar uma explicação para o seu caso, e o tratamento adequado. As palavras de minha mãe eram reconfortantes. Eu não conseguia me imaginar tanto tempo longe de casa, perdendo tantos momentos como este com ela. - Imagino que sim. Mas me conte sobre Claire. - Pedi impaciente. - Bem, na manhã seguinte ao seu baile de formatura, você decidiu ir para Stanford, a universidade em que tinha sido aceito. Seu pai ficou radiante que nem contestou sua partida tão repentina. Eu não entendi o motivo, mas depois as fofocas começaram, e fiquei sem saber a verdade até o dia em que, durante uma visita antes do início de suas aulas, te pressionei e você me contou. Me lembro do quanto fiquei furiosa e quis te dar todas as palmadas que você nunca levou quando criança. Oh chegamos querido. - O carro parou em frente os portões da residência Miller em Baton Rouge. Estava igual sem nenhuma alteração. Minha mãe fez uma pausa, olhando o lugar provavelmente, lembrando de alguns momentos. A piscina era minha parte favorita da casa. Claire nunca vestiu um biquíni e sempre fez questão de usar um shorts nas poucas vezes que compareceu à festas que eu insistia em fazer com meus colegas de time. - Podemos ir até a piscina? - Pedi. - Claro. Vou te mostrar uma coisa, e acho que pode te ajudar a se lembrar de algo. - Andamos um pouco e chegamos no jardim que dava acesso à piscina. - A casa na árvore. Sabíamos o quanto você gostava dela, então nunca conseguimos tirá-la daí. Barbie também se apaixonou por esta casa, e se algum dia tivemos a intenção de desmontá-la, desistimos. - Mama, quem é Barbie? - Barbie é sua filha Bruce! A filha que você nunca quis conhecer. - E mais uma vez, as palavras de minha mãe eram como um soco em meu estômago.
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