Capítulo 7

1174 Palavras
  ABIGAIL CONNOR   "Mãe, quero sorvete", Ava fez beiço para mim e eu revirei os olhos. Desde que saiu da sala de cirurgia, o pai dela estava a mimando sem parar com presentes e lanches, e ela já havia se acostumado demais.   "Não, querida. Você já comeu o suficiente, nada de doces ou guloseimas. Nada", disse a ela, passando a mão delicadamente pelo cabelo enquanto me sentava ao lado da cama.   "Papai..." ela chamou, virando-se para o pai que estava do outro lado da cama. Parece que ele era o único que fazia o que ela queria.   "Querida, sua mãe tem razão, você precisa dar uma pausa nessas coisas por um tempo", respondeu ele.   "Mas pai..."   "Estou de mãos atadas aqui, querida, sua mãe está até me fuzilando com o olhar", ele fez um beicinho próprio e eu ri da sua tentativa patética.   "Não faça isso de novo", Ava riu.   "Mas faço isso incrivelmente bem", disse ele de forma brincalhona.   "Não...você parece alguém que foi estrangulado até a morte", Ava riu e eu gargalhei tanto que uma lágrima escapou de meus olhos.   Minha Ava estava rindo novamente, ela podia sorrir novamente e comer até se empanturrar. Minha menina estava viva e saudável, ela não ia morrer como eu pensava, ia terminar o ensino médio e ir para a faculdade, igual à irmã mais velha. Por mais de 10 anos, estivemos lutando para que ela permanecesse viva, batalhando pela vida dela, e hoje, eu podia olhar para ela e ficar feliz de saber que ela chegaria ao seu 15º aniversário sem vê-la em dor. Eu estava feliz que ela iria sorrir mais uma vez. Aqueles dias em que ela parecia pálida e morta ficaram para trás, e eu estava feliz. O que mais uma mãe como eu poderia pedir senão isso? O que mais eu poderia querer senão uma família feliz? Mesmo sem dinheiro, temos vida e paz, e posso ver meus filhos sorrindo. Isso era a única coisa que eu poderia pedir, nada mais.   "Mãe, você está chorando", a voz de Ava me trouxe de volta dos meus pensamentos, então percebi que estava chorando abertamente e rapidamente limpei minhas lágrimas.   "Há algo errado?", sua doce voz perguntou, preocupada.   "Não, querida", disse, segurando suas mãos nas minhas.   "Estou tão feliz que você pode..." mais lágrimas deslizaram pelo meu rosto.   "Estou feliz que você possa sorrir, comer, rir e ser normal... que possa estar saudável de novo", chorei abertamente e beijei as costas das mãos dela.   "Desculpe ter ficado tão... doente", pude ver as lágrimas enchendo os olhos dela enquanto falava.   "Shhh. Nunca diga isso, não foi culpa sua", chorei mais e a abracei apertado, incapaz de expressar minha alegria, meu alívio e felicidade. Connor nos observava, eu e a filha dele, termos nosso momento antes de levantar e vir para o meu lado da cama.   "Agora você deve deixá-la descansar... vamos lá, pare de chorar" Connor segurou meus braços e me afastou de Ava.   "Vamos lá, vai dormir agora", disse ele para Ava com um sorriso no rosto. Os olhos dela mostraram um pouco de resistência, mas ela logo cedeu, acenou e fechou os olhos.   Connor e eu ficamos lá parados, a observando como se nunca a tivéssemos visto antes. Era como dar à luz novamente.   "Vejo que vocês dois não se cansam dela" uma voz disse atrás de nós e ambos nos viramos para a porta para ver a mulher que havia pago as contas. Meu coração disparou e meu marido me segurou mais firme.   Quando Ava estava sendo operada, nossas mentes estavam tão ocupadas com o fato de que era nossa filha que estava lá dentro e estávamos tão preocupados com o bem-estar dela que sequer nos lembramos de que estávamos em dívida com a esposa do ex-governador.   "Vocês dois estão com cara de quem viram a morte" ela sorriu calorosamente para nós.   "Eu tenho esse efeito nas pessoas, não vou morder, prometo", brincou.   Ela estava claramente satisfeita com a posição em que nos colocou; não que eu estivesse infeliz por ela ter pago as contas, não tínhamos como pagar e, se não fosse por ela, minha filha já estaria morta ou prestes a morrer, porque não havia maneira de conseguir levantar tal quantia. Mas o ato dela tinha um preço, um preço que ainda não conhecíamos. O que quer que ela quisesse que fizéssemos, me assustava. Os ricos na cidade sempre tratavam pessoas como nós, pobres, como marionetes, e ela não era apenas uma mulher rica. Eles eram a família mais rica do estado, todo mundo, pessoas como nós, que eram pobres, preferiam nunca ter contato com eles por causa dos rumores sobre sua brutalidade. Eu me sentia como se estivesse na frente do próprio d***o e ela havia nos prendido.   "Podemos conversar?" ela perguntou quando nenhum de nós respondeu.   "Sim... uhmmm, na sala de espera", meu marido sugeriu e ela balançou a cabeça.   "Vamos conversar no meu carro. Isso precisa ser confidencial" ela disse, e eu olhei para meu marido nervosamente. Ele apertou meus braços mais forte, de maneira a me garantir que tudo ficaria bem.   "Tá bom, senhora," ele respondeu, e o sorriso dela se alargou ainda mais. Ela se virou e começou a andar. Seus seguranças ficaram ao lado da porta, esperando que nos movêssemos antes de nos seguir. Enquanto caminhávamos pelo hospital, eu sentia todos os olhares sobre nós. Alguns sussurravam, outros cochichavam, alguns abriam caminho, outros se curvavam em cumprimento e alguns pegavam seus celulares para tirar fotos. Eu já estava nervosa, mas todos esses olhares me faziam sentir como se soubessem que eu estava negociando com o d***o. Estava mais do que assustada e tensa.   Chegamos onde o carro dela estava estacionado, e o segurança que estava na porta a abriu para ela entrar. Ela entrou e nos pediu para fazermos o mesmo. O carro tinha espaço suficiente para ela, para mim e para o meu marido, sem nenhum desconforto.   Fizemos o mesmo, e por um segundo fiquei impressionada com o interior do carro. Havia uma TV e dois assentos de frente um para o outro. Connor e eu nos sentamos de frente para ela e seguramos as mãos um do outro.   "Saiam do carro," ela disse de repente, e eu olhei para ela, confusa. Mas só até ouvir a porta da frente abrir e depois fechar com força. Então percebi que ela estava falando com o motorista. Fomos deixados a sós com ela, e minha ansiedade começou a pregar peças em mim.   "Vamos direto ao ponto, certo?" ela perguntou, e ambos acenamos com a cabeça em concordância. Ela imediatamente pegou uma bolsa e tirou um jornal, entregando-o a nós. Connor pegou o jornal, olhou para ela, depois para o jornal, e novamente para ela. Não entendíamos o que deveríamos fazer com ele.   "Leiam," ela ordenou, e meus olhos correram imediatamente para o papel.   "SINOS DE CASAMENTO TOCAM ENQUANTO JORDAN CHASE, FILHO DE LIAM CHASE, ESTÁ PRESTES A SE CASAR" foi a primeira manchete que vi, mas mesmo lendo o jornal, não vi nada fora do comum.
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