Capítulo 5

1275 Palavras
Sofia acabou adormecendo no meio do filme e precisou esperar que os pais de Victor fossem para o quarto para poder voltar para a sua casa. Por consequência, chegou ao seu destino beirando as três da manhã e mesmo girando a maçaneta com cuidado e pisando cautelosamente na ponta dos pés, foi surpreendida por uma luz que acendeu repentinamente. - Aonde esteve?- Perguntou Pamela, com os braços cruzados. - Mãe, eu...- Sofia abriu e fechou a boca várias vezes, mas a voz não saía. - Acha que não percebi a sua ausência depois do jantar?- - Eu vi o carro do Victor lá embaixo.- Pontuou Francisco. Sofia olhou de cara feia para o irmão caçula. - Mamãe teve filhos demais.- Ela resmungou - Onde esteve, Sofia?- - Na casa da Jade.- Sofia encolheu os ombros. - Mas a Jade estava aqui.- Interferiu Francisco. Pamela fuzilou o menino com os olhos. - Volte para a cama, isso não são horas de criança estar acordada.- Francisco subiu os degraus batendo os pés, resmungando alto incoerente. Pamela voltou a olhar uma de suas filhas, com a sobrancelha erguida e os braços cruzados. - Estou esperando a sua explicação.- - Fui assistir filme com o Victor e acabei dormindo. Não queria que os pais dele me vissem e pensassem que fizemos algo errado, então esperei que fossem para o quarto. - A Mirela e o Breno te viram nascer, Sofia. Jamais te tratariam mal.- - Mãe, eu sei.- - O Victor pode estar respeitando o seu tempo, mas ele só quer uma coisa de você, Sofia.- - Eu gosto dele desde o primeiro ano, mãe... E eu acho bom que... Bem... Eu gosto que ele preste atenção em mim.- - Eu sei como funciona... Mas se valorize antes de tudo, e não queira estar com alguém que só te enxerga pela sua beleza. Não que o Victor seja um m*l menino... Mas ainda é imaturo demais. - Eu já tenho dezenove anos, mãe. Eu sei me cuidar e sei o que devo fazer.- - Se quiser sair com ele, saia... Mas não faça nada escondida a ponto de perder a minha confiança e a do seu pai.- Pamela acariciou os cabelos da filha, deixando um beijo em sua testa. - Agora vamos dormir um pouco, precisamos descansar.- ... Na manhã seguinte, quando a claridade do sol invadiu as frestas da cortina da janela de Laura as oito horas da manhã, ela abriu preguiçosamente os seus olhos, encontrando o seu amigo ainda adormecido ao seu lado. Rafael tinha o sono extremamente pesado, e acordá-lo não era uma tarefa tão fácil. Ela soprou o ar próximo as suas pestanas longas e escuras, que apenas se moveram suavemente, mas sem revelar o verde intenso da cor de seus olhos. Laura respirou fundo enquanto pensava em outra alternativa, e logo lhe ocorreu que poderia usar a ponta de uma das suas fronhas para fazer cócegas no nariz de Rafael. O espirro alto dado pelo rapaz quando Laura encostou a fronha em seu nariz o fez acordar um pouco atordoado, e ela não evitou achar graça da situação. - Já está quase na hora do almoço.- Rafael pulou da cama ao achar que em breve daria meio dia, mas ao conferir a hora em seu relógio viu que passava poucos minutos das oito da manhã.  Ele olhou para ela com uma carranca. - Você precisava de estímulo.- Laura deu de ombros, também ficando de pé. Um barulho intenso que veio do andar debaixo chamou á atenção dos dois, ao que parecia era alguma confusão entre Alice e Francisco.  Laura e Rafael se entreolharam antes de descerem as escadas, encontrando Alice agarrada á gola da camisa de Francisco, que tinha quebrado um dos enfeites de sala de sua mãe ao correr ao redor dos móveis para fugir da irmã.  - Socorro!- Gritou Francisco. - Mas que diabos... Eu nunca consigo trabalhar em casa.- Resmungou Léo, se levantando do sofá.- O que houve dessa vez?- - A Alice quer me bater!- Léo respirou fundo, demonstrando impaciência. - Ele colocou o meu número em um aplicativo de vendas! Eu não paro de receber mensagens.- - Não fui eu! Não pode me acusar sem nenhuma evidência.- - Todo mundo sabe que é você!- Alice fechou o punho para acertá-lo em seu irmão caçula, mas Léo separou os dois antes de que continuassem com as agressões físicas. - Não fui eu!- - Foi!- Insistiu Alice. Laura comprimiu os lábios para abafar uma risada, e Rafael fez o mesmo. - Se não acontecesse alguma discussão entre Alice e Francisco não seria um dia comum na sua casa.- Brincou Rafael. - Não mesmo.- Concordou Laura.- Vamos comer?- - Estou faminto.- - Você sempre está.- Laura o empurrou de leve para o lado, e ele a empurrou de volta. ... Depois do desjejum, Laura e Rafael pedalaram ao ar livre pela extensa área verde do condomínio. Eles pararam á beira de um lago que tinha ali próximo, para se refrescarem, e devido ao calor, Laura mergulhou os dois pés na água fria. Rafael também mergulhou os pés, roçando o solado de um deles sobre a perna de Laura, que estava descoberta, no intuito de lhe fazer cócegas. - Acho que hoje, no time de vôlei, só teremos nós dois de jogadores.-Falou Laura. - Duvido que nossos amigos troquem umas horas a mais de sono. Estão aproveitando para descansar.- - Tem a festa do Max, não é? Todos estavam esperando por ela.- Laura joga um pouco de água na direção de Rafael. O rapaz olhou para as ondulações azuis emitidas logo abaixo dos pés de sua amiga, e a olhou com um certo quê de malícia. - O dia está quente demais hoje, não acha?- - Ah, eu acho. m*l estou conseguindo...- Rafael não esperou Laura terminar de falar, ele logo a empurrou para dentro da água. - Peste!- Ela gritou indignada, ao vê-lo gargalhar.  Ele se divertiu com a expressão de susto no rosto de Laura, e achava ainda mais engraçado o fato de que agora ela tentava puxá-lo para dentro da água. Apesar da força de Rafael ser superior a sua - o que causou uma resistência bem maior para que Laura pudesse concluir o seu objetivo-, o rapaz escorregou e caiu por cima da garota. Laura explodiu em uma intensa risada extravagante ao ver a preocupação estampada no rosto de seu amigo por achar que a tinha machucado. Ao contrário dela, Rafael continuava com a linha da boca rígida, e Laura percebeu a medida que a sua respiração ofegante foi se regularizando, que ele não se divertiu com a situação. Os s***s da garota subiam e desciam devido ao tamanho da exasperação, e Rafael não evitou observá-los enquanto se moviam. Ele sentiu vontade de tomar cada um daqueles contornos bem desenhados com as mãos e em seguida fazer o mesmo com a boca.  Laura sentiu o hálito quente de Rafael soprar contra o seu rosto quando ele abriu a boca para falar algo, e foi aí que percebeu que eles estavam assustadoramente próximos demais. Ela afastou uma das mechas escuras e onduladas que caiam sobre o rosto meio pálido do rapaz, prestando atenção na curva avantajada do lábio inferior masculino quando desceu os olhos para aquele ponto específico. Ela estremeceu ao pensar em como a boca de Rafael parecia macia. Ela quis passar os dedos para conferir a textura de sua pele. Ela queria passear com a língua apenas naquela curva tão tentadora.  Ela queria mordê-la, sugá-la com os próprios lábios e descobrir o sabor que tinha. Pela primeira vez na vida, uma coisa incrivelmente estranha aconteceu. Laura queria beijá-lo.
Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR