Luna
Parada na porta, vejo o homem agarrar Alice pelo pescoço para me forçar a entrar novamente na casa e assim eu faço, mas antes, clico na tela do celular para fazer uma ligação para a minha tia Olívia, e ao ver que ela me atendeu, tirei o som do aparelho e comecei a falar, para mostrar a ela que estou com problemas.
- Quem é você e porque está fazendo isso com a Alice? E... Ela te deve dinheiro? - Infern0... Mesmo tentando não gaguejar, ainda fica difícil em uma situação dessa. O cara é enorme e se ele conseguir me pegar, só Deus sabe o que ele vai fazer comigo.
- Sim. Ela me deve dinheiro e uma visita para a minha filha, não é, Alice?
- Espera, você é o pai da Alex? Shan? Shan Parker, é você? - Questiono ao me lembrar vagamente das únicas duas vezes que vi ele aqui, mas meu Deus do céu, fazem anos que ele não aparece...
- Você mudou muito sabia menina? Está muito diferente desde a última vez que te vi.
- Foram quase 10 anos... Meio que é muita coisa, não acha? O que tá acontecendo, se me contar talvez eu possa ajudar de algum jeito...
- Ela me deve dinheiro, e eu estou aqui cobrando. - Ele me interrompe jogando Alice no chão. - E como ela não tem...
- Precisa fazer isso? Você tem duas vezes o nosso tamanho... - Dessa vez, eu o interrompo, e por um breve momento, após colocar os dedos no pescoço da Alice, eu agradeci a todos os santos por terem dado mais uma chance a ela. - Quanto elas devem para você? Eu pago mais que o dobro do valor, só se me prometer deixar as duas em paz.
- L... Luna não. - Ela fala com muita dificuldade, mas eu nem dou ouvidos.
- É mesmo?
- É isso mesmo. Quanto elas devem? - Rebato sem rodeios. Espero que minha tia ainda esteja no telefone... Se não eu e Alice estaremos ferradas, enquanto esse covarde vai sair daqui sem nenhuma punição se quer...
- Já que disse que me paga a mais, eu quero 100 mil dólares...
- Fecho 200 e você nunca mais atrapalha a vida delas. - O interrompo mostrando o talão de cheques já nas minhas mãos. - 200 mil e eu não quero mais você importunando a vida da Alex, nem mesmo da Alice. - Ele parece bem receoso por achar que eu esteja blefando, mas estou mostrando firmeza já para evitar que ele atire na minha cabeça depois do cheque estar assinado.
- Fechado.
Começo a preencher o cheque sem muita enrolação, e enquanto ele se descuida falando ao celular, eu olho na tela do meu e vejo a mensagem da minha tia de poucos minutos atrás, dizendo que tem viaturas a caminho e ela também está vindo. Graças a Deus... Agora eu só preciso segurar esse idiot4 aqui até a polícia chegar. Alice de repente começa a chorar no chão e só agora eu percebo que ela está sangrando, porém, para não deixar na cara que estou nervosa, acabo primeiro de preencher o cheque e ao estender a mão para que ele pegue, Alice tenta impedir em prantos, mas o brutamonte apenas ignora o esforço dela e pega o pedaço de papel.
- Foi bom negociar com você, pequena Luna.
Talvez seja uma estupidez minha fazer isso, mas não vou deixar esse cara sair daqui, nem mesmo que eu acabe levando um tiro. A polícia vai levar esse covarde, nem que seja a última coisa que eu faça nessa vida! Ao ver o idiot4 chegando na porta, tiro os sapatos para não fazer barulho e saio correndo até ele e antes da porta abrir, pego o revólver que está em sua cintura.
- O que está fazendo? - Percebi até uma falha na voz dele ao me ver manusear a arma, mas o nervosismo está me travando... Infern0, eu não consigo parar de tremer. - Você não vai atirar...
- Ahh é mesmo? - Dessa vez para mostrar que não estou para brincadeira, destravo a arma, mas infelizmente, por conta dessa tremedeira infernal, eu ainda não consigo que ele levante as mãos. O que deve ter dado uma brecha para ele avançar para cima de mim e dar um soco muito forte no meu rosto, mas como ainda não se sentiu satisfeito, me acertou uma coronhada e isso sim me deixou perto de desmaiar.
- Acha que pode me ameaçar, menina!?
- Covarde... - Antes mesmo de continuar, ele acerta um chute poderoso em minha barriga, me arremessando para dentro da estante de livros da Alice. Maldição... Por me reprimir desse jeito, esse cara vai me fazer de saco de pancadas... Eu só devia ter atirado, é o que ele merece, mas porque eu não fiz isso!? Eu sou um fracasso...
- É uma pena sabia? Você é muito bonita para morrer assim. - O sujeito me levanta pelos cabelos e antes de continuar tagarelando, soca mais algumas vezes a minha barriga. - Você devia só ter me dado o dinheiro... - Ele fala apontando a arma para a minha cabeça, mas antes mesmo do tiro vir, as portas se abrem, e eu nunca achei que ouvir a voz da minha tia me tranquilizaria dessa maneira.
- Larga ela, Shan! Agora! - Olívia grita fazendo todos apontarem as armas para ele. Minutos após ele analisar e comprovar que não tem mais como escapar, ele me solta no chão e desiste ao se ajoelhar. - Algemem esse filho da put4 agora e já deixem pronto para levá-lo até o distrito!
- Senhorita precisa de um médico? - Ouço um rapaz que eu não consigo identificar quem é, graças a pancada que levei na cabeça. Mesmo sem receber resposta de mim, ele começa a me examinar após receber ordem da minha tia, e então, eu sou levada para a cozinha ao lado da Alice que já está sendo atendida também. Os testes dele não são difíceis, mas por conta dessa maldita dor de cabeça, eu estou precisando me esforçar para responder o que ele quer. - Me diga quantos dedos vê aqui?
- Dois. - Digo com a luz forte sendo apontada nos meus olhos.
- Muito bom... E agora?
Eu continuo respondendo suas perguntas o mais rápido que posso, mas infelizmente precisam costurar o corte da minha cabeça e um pouco antes de terminarem, vejo Alice saindo na maca do hospital. Os testes e os pontos na minha cabeça levaram mais ou menos uns 20 minutos, e ao ser liberada, um dos guardas aparece na minha frente com o cheque que foi dado a aquele animal.
- Isso aqui é seu, moça? - Assinto e ao me entregar, ele abre passagem para que eu saia desse lugar.
- Tia, eu tô encrencada? Minhas impressões digitais estão naquela arma. Tentei comprar o máximo de tempo possível para que aquele cara não saísse daqui. - Respiro fundo ao dizer isso, porém, o nervosismo volta a me dominar, mesmo após tudo ter passado e aquele cara já ter ido embora, o meu corpo inteiro está tremendo feito uma vara verde. Minha tia pega o cheque da minha mão e ao observar bem esse pedaço de papel, me encara com lágrimas nos olhos.
- Você... Você ia dar todo esse dinheiro todo para salvar a vida delas?
- Sem a menor dúvida... - Antes de terminar minha frase, ela me abraça fortemente e seus amigos ao redor, aplaudem sem parar, enquanto eu fiquei sem entender muito o motivo disso.
- Você não está encrencada, meu amor. Vou cuidar disso, mas infelizmente, o nosso SPA vai ser passado para amanhã, pode ser? Com a prisão desse cretino, eu tenho muitos papéis para preencher hoje.
- Sem problema, tia... Só me desculpa, eu não quis ter estragado sua folga.
- Menina, não me peça desculpas! Se não tivesse sido por você, Alice com certeza não teria sobrevivido e por esse seu ato para salvar a vida dela... - Ela fala se aproximando do meu ouvido e acrescenta: - Vamos ficar a noite toda na farra hoje e será por minha conta. O que me diz? - Para fingir estar fofocando com ela, apenas balanço a cabeça freneticamente, concordando com sua ideia esboçando um enorme sorriso no rosto. - Perfeito!
- Senhora, precisamos ir.
Após o aviso dos médicos que estão com a Alice, tia Olívia se despede de mim e então os policiais me passam a chave da casa para fechar o lugar. Enquanto vasculho o lugar a procura de algo que possa me dizer onde a Alex está, o meu celular toca e ao tirar o aparelho do bolso do casaco, vejo as mensagens da minha secretária, dizendo que não posso me atrasar para a reunião com o Dylan Thorn, que é daqui 1 hora e 30 minutos, e eu fico meio que sem entender a razão disso... Eu não marquei reunião com ele...