Luna
Alguns dias depois...
Após aquela reunião com o Dylan, eu tenho tentado me organizar para que tudo saia como planejei. Redigi um contrato com a ajuda da minha tia, que pensou em ambas as partes, e agora, só tenho que voltar ao escritório dele para que após sua assinatura, nós finalmente comecemos a trabalhar. De uns dias para cá, eu tenho me sentido muito mau... Não sei bem explicar, é como se eu estivesse sendo perseguida e vigiada por alguém, mas nunca consigo ver se realmente tem alguém... Deu para entender? Tenho me sentido tão paranoica que até com as palavras eu estou perdida.
- Senhorita Simons? - A voz da Anita me trás de volta ao meu corpo. - Apenas vim para entregar isso. Chegou a poucos minutos. - Ela me entrega um envelope grande.
- Quem entregou?
- O Frederick disse que foi o carteiro, senhorita. Ele não viu nenhum rosto diferente hoje. - Ao observar bem o envelope, noto que dentro dele tem fotos. O que eu nem preciso dizer que me arrepiou um pouco... - Precisa de mais alguma coisa, senhorita?
- Apenas que me traga mais um pouco de café, por gentileza. - Peço e ela apenas assente em concordância e se retira.
Checo mais uma vez o envelope, e só o que vejo, são nomes de mulheres que nunca vi na vida. Yelena Witmore e Nadja Primrose. Ao abrir o envelope, vejo várias fotos minhas e o que mais me assusta, são que algumas dessas fotos são tiradas de muito perto de mim. São fotos do meu dia-a-dia, mas como tiraram de dentro da minha sala? Como vou desconfiar de alguém aqui, se todas as meninas trabalham comigo a anos... Será o Lucas? Não... Não tem como ser o Lucas, porque ele nem pode entrar no prédio; que dirá entrar aqui na minha sala. Eu preciso resolver as coisas com o Dylan, depois vou voltar para minha casa; talvez o meu pai, ou a tia Olívia podem me ajudar com isso. Eu sabia que não era paranoia minha e que tinha alguém me vigiando... Agora falta descobrir quem é que está fazendo essa palhaçada...
- Senhorita, por favor me desculpe a demora. Precisei fazer um café novo para colocar na cafeteira. - A voz da Anita de novo me tira dos meus pensamentos e ao ver a xícara, viro como se tivesse bebendo uma garrafa de whiskey forte. - Vai com calma rs rs rs.
- Se meu pai ligar, diga por favor que preciso falar com ele e que é urgente. Voltarei para casa depois do escritório do Dylan. Por favor Anita; se alguém que não for daqui aparecer, chame o Frederick imediatamente e vire o sujeito de cabeça para baixo me entendeu? - Aviso e ao vê-la assentir acrescento: -- Por favor, fique de olho e me avise se algo de estranho acontecer.
- Ok, mas senhorita me diga o que houve. Está pálida e suando. Está tudo bem? - Ela me olha preocupada.
- Sim, é só o calor mesmo. - Minto descaradamente enquanto pego minhas coisas e aquele envelope esquisito. Preciso contar para alguém sobre isso, mas vendo essas fotos, eu não consigo confiar em ninguém dentro da minha própria empresa...
Tento agir naturalmente, caso o indivíduo que me vigia esteja aqui dentro e ando até o elevador como se nada estivesse acontecendo. No térreo vou direto até a garagem e ao entrar no carro, me dirijo até o escritório do Dylan e com a música alta, consigo distanciar minha mente dessa coisa toda. O trânsito graças a Deus não está r**m e por isso eu acabo chegando na Duality bem rápido, mas ao sair do carro, aquela sensação de ser observada toma conta de mim outra vez. E ao olhar para todos os lados, não vejo nada que possa apontar o dedo de verdade, então, sigo para dentro do prédio de uma vez e de dentro do elevador eu já mando mensagem para a minha tia, pedindo a ela que me espere em casa e por favor chame o meu pai, é urgente, por isso preciso dos dois. A porta do elevador se abre na cobertura e as moças apenas me pedem para ir que o Dylan já está me esperando.
- Está atrasada, senhorita Simons. - Me lembro que o horário da reunião era as 9:30, porém, ao olhar no relógio e ver que já são 10 horas, meu rosto cora de imediato. Com essa encrenca do envelope, acabei perdendo a hora e nem percebi. - Sente-se por favor.
- Desculpe a demora... Eu estava com uns problemas e... - Acabo deixando o nervosismo tomar conta, e por isso minha respiração começa a pesar. Dylan percebendo isso, trás um copo de água para mim e puxa a cadeira para se sentar ao meu lado.
- O que aconteceu? Talvez eu possa te ajudar.
- É o meu pai... Preciso ter uma conversa séria com ele; só isso. - Minto descaradamente, mas é porque estou sentindo muito medo e não sei tenho para onde ir. Se alguém decidir dar um sumiço em mim, não seria nada difícil, considerando que é apenas eu, contra o maldito fantasma que tá querendo me assustar. - Nós... Nós podemos começar?
- Claro. - Ele volta a se sentar atrás de sua mesa de arte digital.
- Eu não trouxe o contrato direto para a sua secretária como me pediu, porque você aceitou me receber; então aqui está. - Passo a ele a folha.
Ele observa o papel detalhadamente, mas ao mesmo tempo, parece que nem está lendo. Longos minutos após olhar para o contrato, ele o coloca em sua mesa e dirige seu olhar para mim. Ele parece estar preocupado e pensativo ao mesmo tempo, mas as únicas coisas que escapam dos meus lábios são:
- Algo errado?
- Eu gostaria de acrescentar algumas coisas, se não se importar, é claro. - Esse homem ainda vai me enlouquecer; seus olhos me hipnotizam e só consigo mexer a cabeça para concordar e discordar.
- Ok. Sem problemas. - Enquanto vejo ele escrevendo, me levanto da cadeira e ando até a janela da sala. Olhando para o nada, acabo me perdendo em meus pensamentos outra vez, e após alguns minutos, decido voltar para a minha cadeira, mas ao me virar acabo dando com a cara no peito do Dylan, que eu nem tinha notado que ele estava atrás de mim. Essa proximidade está me deixando sem jeito... Nos encaramos e noto que ele não tira os olhos da minha boca. - D... Dylan? - O chamo sentindo que a coisa vai evoluir se ele chegar mais perto.
- Pode olhar o que deixei na mesa. - A voz baixa dele causa arrepios por todo meu corpo, mas dessa vez para desapontar a mim mesma, eu saio com o rabinho entre as pernas e não pulo no pescoço desse homem. Me sinto um fracasso por me reprimir tanto...
A primeira coisa que vejo ao pegar o papel na mão, é que ele exige reuniões durante a semana. Ele não teve objeção nenhuma quanto a quantia estipulada, pois quando ouvi que ele não se importa com dinheiro e eu estou precisando de dinheiro, coloquei 80 a 20 e graças a Deus ele realmente não se importou... As coisas que ele pede são: que refaçamos o meu livro do zero, mas não vamos alterar os pontos chave, da maldição, dos lobos, vampiros e as bruxas. Quer que essa nova obra seja exclusivamente minha e dele, ou seja, quer fechar comigo um contrato exclusivo. E essa, de ter reuniões comigo no decorrer da semana. O que faz eu estranhar um pouco, mas devido aos últimos acontecimentos, não questiono, pois talvez seja bom ficar perto de alguém no trabalho. De repente, o celular toca na minha bolsa e ao ver o número da minha tia, eu peço a permissão dele para atender e ele pede apenas que eu saia da sala.
- Acabei de ver a sua mensagem. O que houve, filha?
- Tia tem alguém me seguindo. - Respondo sem rodeios. - Alguém enviou um envelope cheio de fotos minhas para a minha sala e eu não tenho a menor ideia de quem possa ser... De primeira pensei que pudesse ser o Lucas, mas ele nem pode entrar no meu prédio. Tia, eu estou com medo... Tem fotos que são tiradas de muito perto de mim e dentro da minha sala.
- Eu já estou indo para a sua casa, meu bem. Estou indo até o congresso para me encontrar com o seu pai e logo estaremos lá te esperando, ok?
- Obrigada de verdade, tia. Eu já estou acabando aqui e já vou direto para casa. Até daqui a pouco. - Ao ouvi-la se despedir, desligo o celular e volto para a sala do Dylan.
- Dylan, você se importa de terminarmos essa reunião outro dia?
- Porque?
- Estou com um problema muito sério e preciso muito falar com o meu pai. Eu prometo que não vou demorar a dar uma resposta, só preciso analisar isso direitinho e com a cabeça um pouco mais fria. - Explico e ele assente sem tirar os olhos de mim. Ahh Luna, você precisa de atitude, mulher! O cara te come com os olhos e você nem foi para cima dele quando teve a chance!
- Tá tudo bem, resolva seus problemas e esfrie a cabeça primeiro; poderemos conversar melhor se você estiver bem.
- Muito obrigada, mesmo. - Ao estender a mão para cumprimentá-lo, levo um baita susto ao ser puxada para perto dele. Além de um aperto de mão, ele me beija e por ter sido repentino, fico sem nenhuma reação, mas ao nos desgrudarmos, sinto meu rosto pegando fogo. E sem dizer nada, junto minhas coisas e saio correndo da sala, como se fosse uma menina assustada.