Capítulo 05 - Stalker dos Infernos

2442 Palavras
Adam Jones Ela é linda. Esse é o primeiro pensamento que me vem à mente quando vejo Ariel, Julie e minha mãe conversando juntas. Elas sorriem animadas e isso me afeta de uma maneira inexplicável, Ariel era diferente. Não tinha aquele sorriso falso ao conversar com Julie e nem com a minha mãe, mas eu vi sua expressão se transformar quando Bernardo apareceu. A ruiva se mostrava incomodada, mas fazia de tudo para não aparentar que não queria estar ali conversando com ele. - Adam Jones. - Vejo Mônica vir em minha direção e para na minha frente. Consigo ainda ver Ariel pela curva do pescoço de Mônica e suspiro aliviado por não ter perdido a visão daquela linda ruiva. - Mônica, como vai? - Sorrio para a morena de olhos claros. - Achei que tínhamos perdido você para a Itália. - Comento me referindo à uma longa estadia de Mônica de seis meses no país das massas. - Ora, Adam. - Ela sorri e coloca a mão no meu braço que está segurando o champanhe. - Se estava com saudades minhas, era só me ligar. Eu pegaria um voo e viria correndo te ver. Eu já tinha até me esquecido de como Mônica fazia uma conversa comum se tornar uma sessão de flertes incessantes. - Não é para tanto, Môni. - Sorri e meus olhos me levaram até Ariel que quase tropeça e Bernardo a segura pela cintura. Cerro os punhos involuntariamente enquanto Mônica continua falando coisas aleatórias. Vi quando Ariel se afastou de Bernardo, ela olhava em volta e não consegui saber a quem procurava. Zane passou perto deles, e em um movimento sutil, colocou um celular na mão de Ariel. Os olhos dela demonstravam uma agitação estranha e ela, enfim, mexeu no celular, eu estava um pouco curioso com tudo aquilo. Aquela ruiva era misteriosa e eu sempre fui um tanto curioso, não me contive quando vi que ela estava saindo. - Mônica. - Sorri e segurei a mão dela. - Foi um prazer te reencontrar, mas estou atrasado para algo. - Môni deu um suspiro e sorriu fraco. - Está bem, mas depois eu quero um encontro. - Pediu ela quando eu lhe dei um abraço. - Vou pensar no seu caso, Campbell. - Brinquei com ela e segui até o elevador, que era para onde aquela ruiva estava indo. Sigo rapidamente para o elevador e vejo que suas portas estão se fechando, estico a mão para pará-lo e entro no elevador ficando ao lado de Ariel que mantém a cabeça abaixada. Penso em algo para dizer, mas nada vem em minha mente. - Ao que parece você é bem simpática. - Digo e logo me arrependo, que droga de comentário é esse? Preciso completá-lo de alguma forma para não parecer tão i****a quando soa. - Minha mãe e Julie dificilmente se divertem em festas assim, mas elas estavam bem sorridentes ao seu lado. - Comento me sentindo um adolescente i****a. - Elas são adoráveis. - Ariel fala baixo com a voz embargada e noto que alguma coisa está errada. Ouço um leve soluço vindo dela e percebo que ela não está bem... Eu não sei por que, mas parece que Ariel é tão transparente para mim, eu havia descoberto o nome dela há menos de duas horas, mas ainda assim parecia que eu já a conhecia. - Você está bem? - Pergunto baixo. - Estou ótima. - Ela diz forçando um sorriso e tenta fazer com que a voz fique mais aguda para parecer feliz. E como eu sei disso? Não faço a mínima ideia, não sei o motivo de conseguir ler ela tão bem. - Você não está bem. - Sussurro e não consigo conter minhas mãos. Minha mão direita segura o queixo dela e faço com que ela olhe para mim, olhe nos meus olhos e ela o faz. Aquele nariz vermelho, os olhos brilhantes cheios de lágrimas, a boca tentando formar um pequeno sorriso, como aquela menina poderia ser tão linda e tão doce? Ariel deveria ser a oitava maravilha do mundo, e fazer com que ela chorasse deveria ser um pecado capital. Na mesma hora trinco o maxilar pensando no que deixou aquela pequena sereia assim... - Foi o Bernardo? - Pergunto soltando o queixo dela e cruzando os braços para não esmurrar a parede do elevador. Não entendo o motivo de eu sentir tanta raiva. - Não, eu apenas não estou me sentindo bem, fisicamente. - Ela diz e eu vejo verdade nos olhos dela, mas sinto que há algo mais. Me lembro de quando ela se desequilibrou e penso que deve ter algo a ver com aquilo, talvez não estivesse mesmo bem, mas havia algo mais. A porta do elevador se abre e ela sai apressada, meu coração acelera por um momento pensando em quando eu vou conseguir voltar a vê-la... - Ruiva. - Grito quando ela já está no meio do corredor, ela se vira para mim e tento me segurar para não correr atrás dela sem nenhuma razão. - Se precisar de alguma coisa, é só avisar. - Digo e lhe sou um sorriso fraco, eu sabia que ela não iria fazer isso. Ela nem me conhece direito, mas ali estava eu sendo um i****a. Eu não costumo ser um i****a sempre, na verdade eu era um cara sem apego, nunca quis me apegar a ninguém além da minha família. Sempre soube que na vida tudo é questão de posse, quando as pessoas sabem que você é poderoso, elas se aproximam de você. Ser filho de William Jones tinha esse preço, falsidade em todos os cantos e eu sabia que os Campbell eram a falsidade em carne e osso. Zane Campbell era um simpático inteligente, sempre soube onde estar e com quem estar, assim como Mônica, sua filha que vivia atrás de mim. Vou ser sincero, já ficamos juntos, mas não passou de uma vez, já que não sou de repetir, principalmente quando se trata de uma Campbell. O que eu não esperava era encontrar Ariel Campbell, na verdade ela é totalmente diferente do que eu imaginava da filha caçula dos Campbell. Ela era doce, delicada, altruísta e sinceramente se fosse a Mônica que tivesse salvado a Julie, agora estaríamos no meio de um evento midiático sobre como Mônica era uma heroína, mas Ariel não, ela impediu minha irmã de revelar isso e esse fato me pegou desprevenido. Ariel Campbell... Você é um enigma que eu vou adorar decifrar. *** Acordo levemente irritado com Julie gritando no meu quarto. - Acorda, Ogro! - Julie pula em cima da minha cama dançando uma música eletrônica que colocou no celular. - Hoje é dia de sol, dia de praia, dia de ver a Ariel lindona. Não vou mentir dizendo que não gostei do fato de Ariel ser o nome que sai da boca de Julie logo pela manhã. Me lembrar daquela ruiva me fez feliz, sorri de leve e Julie notou. - Abriu o sorriso quando ouviu daquela sereia maravilhosa. - Julie se senta na cama e puxa minhas cobertas. - E se eu estivesse pelado ou com visita? - Pergunto levantando uma sobrancelha. - Eu vi o jeito que você olhou para a ruiva, a única que iria ter chance de estar na sua cama era a Ariel, mas eu vi o status dela no i********:, e ela dormiu no quarto dela com a Môni, elas fizeram guerra de travesseiro. - Julie era a adolescente mais viciada em redes sociais que existia, ela pegou o celular e me mostrou os stories da ruiva. p***a, como aquela sereia podia ser tão fofa? Pego meu celular e começo a segui-la. Vejo suas fotos e fico ainda mais encantado... Eu sou um stalker do c*****o. Reflito por um momento sobre a diferença de idade e me arrependo por alguns segundos de estar tão fascinado por ela. Ela tinha vinte anos, eu tenho trinta e cinco, eu já estava na cama com alguma garota qualquer quando a ruiva estava nascendo, mas quando vi outra foto dela, desisti de me martirizar pelas nossas idades, ela é linda o suficiente para eu não me importar com isso. - Você deveria cuidar da sua vida. - Comento semicerrando os olhos, me levanto e vou fazer minha higiene matinal. Quando volto ao quarto, Julie ainda está lá. - Praia hoje? - Pergunto e ela assente. - Não vá para o fundo, não queremos nos assustar novamente. - Peço a ela me lembrando de quando Ariel salvou minha pequena maninha. - Nada de água para mim. - Julie levanta as mãos em rendição. - Peguei trauma. - Julie. - Chamei e me sentei ao seu lado. - Não precisa fazer dessa situação r**m cresça como um trauma dentro de você. - Abraço ela de lado e Julie apoia a cabeça no meu ombro. - Que isso que aconteceu sirva de lição, para você não abusar, se divertir sem ter que ir ao extremo. - Você não está falando só da praia, não é? - Julie me pergunta e eu assinto sorrindo. - Leva para a vida, maninha, leva para a vida. - Faço carinho do cabelo dela e me levanto para o café da manhã. Tomamos café da manhã enquanto minha mãe comentava sobre a noite passada. - Eu adorei aquela menina. - Minha mãe sorri ao se lembrar. - Os pais dela são umas cobras, mas existe uma coisa diferente nela, você não acha, William? - Sim, ela é simpática, assim como Môni. - Meu pai adorava a Môni, ela é meio louca, mas é divertida, tirando todos os flertes atirados, ela era uma boa companhia. - Não, pai. - Minha irmã revira os olhos. - Môni é uma falsiane. - Que raios é falsiane? - Pergunta meu pai estranhando aquela palavra de blogueirinha que minha irmã usava. - Falsiane é uma pessoa falsa, pai. – Diz ela como se fosse uma expert em algum assunto realmente relevante. Mônica vive se atirando para o colo do Adam. - Julie aponta para mim e minha mãe ri. - Eu sei que aquele dia em São Paulo vocês se deram bem, Adam. - Minha mãe comenta. - Que dia eu me dei bem? Quando eu me dei bem? Que São Paulo? Que hotel? - Pergunto na defensiva me embaralhando e logo minha família ri. - Você é adorável, Adam. - Minha irmã ri. - Quem imagina que um homem deste tamanho fica envergonhadinho perto da família? Nem parece ser aquele cara que já bateu no Ian Montgomery. Ian era um velho amigo, sempre foi bem estressado e muito irritado, fazia luta comigo, passamos anos treinando juntos. A briga foi uma longa história que consegui à muito custo esconder o motivo da minha família. Depois do café, eu e Julie seguimos para a praia com mais alguns amigos aqui da Califórnia, alguns dos convidados do jantar de ontem ficaram para passar o fim de semana e os Campbell eram parte desse grupo. - Chegamos. - Falei quando vi Lucian e alguns amigos. - Ogro! - Grita Lucian de volta e cumprimento todos os que estavam ali. Faço uma varredura no local e enxergo aqueles cabelos vermelhos de longe. Ariel estava sentada ao lado de Môni, David estava na frente delas e Georgina estava ao lado dele. Fiquei conversando com o meu grupo de amigos até que decidi pegar uma bebida para mim. Segui até o quiosque de bebidas e peguei uma lata de energético. Não consegui dormir cedo e agora eu estava um caco. Seguindo de volta até a minha mesa, notei que eles não estavam mais lá, estavam todos já na água, incluindo Julie, o que me deixou feliz. Ela não tinha um trauma, e isso era ótimo. Olhei para o lado e vi que estava próximo à Môni que agora estava sozinha. Pensei em lhe dar um oi, mas logo Ariel volta e se senta ao lado dela, ambas de costas para mim. - O que você queria me dizer antes do David chegar? - Pergunta Ariel bebericando sua água de coco. Môni respira fundo antes de falar. - Na verdade, eu queria fazer uma pergunta. - Môni encara Ariel e volta a falar. - Por que você ainda está de saída de praia e porque você não está na água? - Ariel desvia o olhar e encara o coco em suas mãos. - Está muito feio? - Môni passa a mão no cabelo de Ariel como um carinho. - Não. - Ariel diz, mas eu sinto mentira em sua voz. - Eu estou bem. - Ariel sorri tentando passar segurança para a irmã. - Mas me conte sobre seu alvo. - A ruiva coloca o cabelo atrás da orelha e encara a irmã. - Nem tive tempo, estava ocupada. - Com o quê? - Ariel sorri linda e curiosamente. - Eu estou saindo com alguém. - Môni diz sorrindo tímida. - Ele vai te matar, você sabe disso, não sabe? - Eu não quero mais fazer parte de tudo isso, eu odeio isso. - Reclama Môni enquanto eu me sinto um perseguidor. - Não aguento mais todas as armações e todas as aparências, eu quero ser livre e... - Môni para de falar quando nota que Ariel está chorando. Me seguro para não ir até ela. - Me desculpe, Ariel. - Não se preocupe comigo. - Ariel diz chacoalhando a cabeça. - Ariel, eu como uma Campbell te peço perdão por tudo o que a família faz com você. Será que você pode nos perdoar? - Você nunca fez nada contra mim, Môni. - Ariel aperta a mão de Môni e sorri fraco. - Eu o ouvi gritando com você ontem também, aconteceu alguma coisa? - Môni pergunta me deixando mais curioso sobre tudo o que elas estavam falando. - Eu recebi um alvo. - Ariel diz baixo, mas consigo escutar. Môni surta quando ouve isso. - Mas você é virgem! - Môni diz alto batendo a mão na mesa. - Ele não pode te obrigar a isso, Ariel. - Ela passa as mãos no cabelo irritada. - Eu vou falar com ele, eu vou falar, ele precisa ouvir algumas verdades! Se ele não parar de fazer isso, eu conto tudo para todo mundo! Ele não pode continuar te tratando assim, só porque você... - Para! - Ariel grita assustando Môni e a mim também. - Eu estou bem. - Não mente para mim, minha ruiva. - Môni abraça Ariel e ficam ali quietas, meu coração dá um salto ao começar a digerir tudo o que elas disseram. Alvos? Virgem? Perdão? O que estava acontecendo na família Campbell?
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