feeling of unease

2225 Palavras
O ômega se encontrava pensativo em seu quarto. A sua mente estava ocupada pelo que aconteceu no banheiro e no corredor da casa. Seu rosto esquentava só de lembrar o ocorrido. Era a primeira vez que havia ido longe desse jeito com alguém e pensava que provavelmente teria ido até o fim com Damian, se este não tivesse recobrado sua consciência. O alfa tinha certo controle sobre si, isso era algo que não podia negar. Além disso, parte dele queria que aquilo acontecesse de qualquer maneira. Sentiu como se algo dentro de si o acalmasse para que tudo fluísse, e quando se deu conta quase havia permitido que um erro acontecesse. Suspirou. - Eu devia ter tomado o supressor mais cedo. – soou pensativo – Aquilo foi certamente perigoso... – murmurou. Ren sabia das suas instabilidades hormonais e pensava que talvez isso tivesse contribuído para que ficasse tão e******o e também acabasse envolvendo o alfa. Ainda conseguia sentir os toques dele em seu corpo e ainda tinha rastros do cheiro dele em si, mesmo já tendo trocado de roupa. - E ainda tem os olhos dele que estavam... Vermelhos. Deitou-se em sua cama e ficou olhando para o teto por um tempo pensando no porquê ficaram daquela cor. Recordou brevemente de ter visto ele daquele jeito antes, no terraço da escola. Naquele dia Damian afugentou os meliantes com aquele olhar, mas hoje, vendo-os mais de perto não se assustou. Na verdade Ren achou que aqueles olhos transmitiam uma certa solidão. Escutou batidas na porta e de imediato se sentou na cama. - Pode entrar. Damian entrou no quarto trajando a roupa que Ren havia lhe emprestado, uma blusa de manga e calça moletom. Como tinha costume de usar roupas de números maiores, a roupa serviu bem no alfa. Um silêncio constrangedor se instalou no ambiente. Eles queriam dizer algo apenas para quebrar aquele silêncio perturbador, mas ambos ainda estavam pensativos sobre o que aconteceu. Damian se sentia culpado, enquanto Ren, não sabia ao certo o que deveria dizer nessa situação. O maior então agiu. Caminhou até ficar de frente para o outro e se ajoelhou diante dele mantendo a cabeça no chão para expressar o seu sincero arrependimento. - Me desculpa! Eu quase cometi um erro irreparável. - O que está fazendo? Se levanta! – soou desesperado – Eu não sou ninguém importante para que aja desse jeito! - Não. Você é importante. É uma pessoa especial para mim! Eu prometi que não deixaria nada de r**m te acontecer, mas eu mesmo quase fiz algo que não devia sem o seu consentimento. Ren sabia que se tivesse sido marcado, não teria volta. Havia aprendido na escola e lido em alguns livros que uma ligação não pode ser quebrada tão facilmente e que se for, pode acabar causando até a morte de uma das partes. Mesmo que soubesse disso provavelmente não se importaria, porque sabia que tinha algum sentimento pelo alfa. Porém vendo a maneira como o outro estava se sentindo culpado, pensava que talvez ele não quisesse que fosse um parceiro pelo resto da vida. Ainda que Damian tivesse dito que seu lobo o via como um possível parceiro. - Eu disse que foi minha culpa. Acabei me deixando levar... Eu devia ter sido mais firme quando falei para pararmos. Então levante a cabeça, caso contrário sentirei como se eu tivesse me aproveitado de você. – dito isso o alfa levantou o rosto – Está tudo bem, nada demais aconteceu. Foi uma explosão momentânea de feromônios entre nós. – forçou um sorriso. Damian se aproximou mais para deitar a cabeça no colo do ômega e aproveitou para envolver a cintura alheia como uma espécie de abraço. Ren reagiu passando a acariciar as madeixas negras. - Ren, eu me importo de verdade com você. E não quero fazer nada que te machuque e muito menos que alguém lhe faça m*l. – dizia enquanto recebia o cafuné – Então me prometa uma coisa. - O que eu devo prometer? - Se por acaso eu vier a deixar de ser eu mesmo, se acabar me vendo como alguém que pode te colocar em perigo, se esse dia chegar... Me abandone. Abandonar. Ren não gostava dessa palavra. Sentia um aperto no coração só de pensar e ouvir. - Por que está dizendo uma coisa de- - Só me prometa. – o interrompeu – Por favor. - pediu se aconchegando mais no colo alheio. Pensou antes de responder. - Eu prometo. - Obrigado. Depois do momento que tiveram no quarto, Damian e Ren foram para sala e buscaram por uma série aleatória para assistirem, apenas com o intuito de matarem o tempo já que as tarefas do dia haviam sido feitas. Era de costume ficarem desse jeito toda vez que o alfa ia até a casa do menor, assim como também era o esperado que Ren acabasse pegando no sono como agora. Achava fofo ver o Ren dormir tranquilamente com a cabeça encostada em seu ombro, ao seu ver parecia um anjo. Era impossível para ele esconder o seu sorriso enquanto o olhava. - Parece tão tranquilo, mesmo depois do que aconteceu... – soou pensativo – Devia me temer algumas vezes, mas também não quero que se sinta assim. – suspirou – Por que estou agindo desse jeito? - questionava-se. Prestes a tocar nos fios alheios a fim de acaricia-los, Damian ouviu a porta da casa sendo aberta e se atentou para a direção da mesma se colocando em estado de alerta. Logo abaixou a sua guarda vendo que era a mãe de Ren que havia chegado. Olhando para a alfa, achou que havia algo estranho nela pelo simples fato dela não ter dito logo de cara para que ele saísse do lado de Ren. Kyoko caminhou até ficar próximo do filho e afagou o topo de sua cabeça, em resposta ele se aconchegou ainda mais no ombro do alfa buscando mais conforto – se é que naquela posição era possível. - Ele deve confiar muito mesmo em você. – soou ainda olhando para o filho. Olhou para Damian logo depois – Coloque-o deitado no quarto dele e depois me acompanhe. – disse em um tom o suficiente para que ele entendesse e que não despertasse Ren. - Acompanhar? – soou confuso – Iremos a algum lugar? – questionou e viu o olhar da mais velha tomar a tomar a tonalidade vermelha. Por algum motivo que não soube decifrar, dessa vez não foi capaz de retrucar. Achava que talvez ela estivesse séria demais, mas de repente a viu lhe mostrar um sorriso. - Mercado. Normalmente o Ren me ajuda com as bolsas, mas ele acabou dormindo e você está bem acordado, então. - Certo... Com todo o cuidado para não acordar Ren, o alfa fez o que foi pedido. Não era a primeira vez que se encarregava de tal ação, mas quando o fazia percebia o quão leve o outro era. Notava o quão pequeno e indefeso conseguia ficar enquanto dormia e isso fazia o alfa querer protege-lo ainda mais. Colocando-o sobre a cama, o cobriu com um dos lençóis e analisou o suficiente para concluir que Ren estava confortável. Um vento gelado entrou pela janela ao lado da cama e no mesmo instante o ômega acabou espirrando. Damian então a fechou e puxou as cortinas. Estando pronto para se retirar, notou os feromônios de Ren exalarem do corpo. O cheiro era doce e suave, lembravam a estação da primavera onde o cheiro das flores que acabam de desabrochar é mais perfumado do que em qualquer outra das estações. Na realidade, o alfa não gostava de colônias doces, mas o cheiro natural de Ren o agradava muito, isso era fato. Sentia seu interior inquieto, como se estivesse sendo puxado por Ren. Se aproximou o suficiente para tocar o topo de sua cabeça e fazendo isso conseguiu acalmar os feromônios do ômega. Expeliu um ar pesado e logo se retirou do quarto. Voltando ao cômodo de antes, Kyoko estava a sua espera com um semblante menos sério que antes. A mais velha se pôs a caminhar até a porta da casa e Damian foi logo atrás. No caminho os primeiros minutos o silêncio foi predominante, mas o alfa notou que a mais velha estava atenta ao seu redor, como se estivesse fazendo uma analise de campo. Pensou em questionar sobre, porém ela lhe dirigiu a palavra primeiro. - Você já percebeu o estado do Ren, certo? – questionou e ele assentiu – Está sempre ao lado dele, então não teria como não perceber. Isso começou desde que Ren passou a ficar muito próximo de você, os seus feromônios estão influenciando ele e sabe disso. – soava séria. - Dizer que eu sou o motivo, acho que é muito precipitado. - Não tente bancar o espertinho comigo. Além de mim, o único lúpus com quem ele tem mais contato é você. Quando ele chega em casa eu sinto o seu cheiro nele, você é territorial demais. – disse rindo anasalado – Bem, isso é característico de alguns dos lúpus, eu acho... - Por que você é tão protetora com ele? Quero dizer, mesmo trabalhando parece que sabe de tudo o que acontece ao redor do Ren, até mesmo quando ele está na escola. - Saber tudo é algo muito forte. Meu filho tem um péssimo hábito de querer esconder as coisas de mim, achando que vai me sobrecarregar ou que não é nada importante. Ele prefere passar pelas coisas sozinho e isso não é algo muito bom. Ás vezes nós precisamos de alguém do nosso lado para chorar no ombro dela, colocar tudo que te sufoca para fora. - A senhora diz isso, mas esconde muita coisa também. – disse surpreendendo a alfa – Não precisa de muito para perceber isso. Eu cogitei buscar mais informações sobre você, mas eu ainda não tenho esse tipo de poder... Não é como se não pudesse tentar descobrir, apenas temia que ao fazê-lo, seu tio acabaria desconfiando de tudo. - Está pensando em vasculhar sobre minha vida privada? – soou sarcástica – Isso é crime, sabia? – o alfa riu – Mesmo que tentasse, acho que não iria descobrir muita coisa. A não ser que eu mesma te diga sobre a minha vida, mas ainda não temos tanta afinidade assim. Você é apenas o colega de classe do meu filho, não há nada além disso até onde eu sei. - Então se eu e o Ren formos mais que isso, me conta sobre a sua história? – perguntou fazendo com que a alfa parasse na sua frente ainda de costas – Eu consigo sentir pelo seu cheiro, hesitação, medo, angustia, dor... A senhora não está na melhor das condições. É por isso que mente sobre a sua linhagem para o Ren? - Habilidade de perceber as emoções através do cheiro, isso é algo novo. Você possui segredos assim como eu, garoto. O que difere nós dois de fato, são as responsabilidades. - Por que simplesmente não conta tudo para ele? O que você ganha escondendo as coisas, mentindo desse jeito? O Ren não é uma criança. Ele não vai viver debaixo de suas asas para sempre. - Eu sei. Por isso eu direi a ele, mas ao fazer isso nós não estaremos aqui. - Como assim? - Irei tirar umas férias do trabalho daqui alguns dias e irei viajar como Ren. Quero ter uma conversa com ele sobre um assunto que sempre evitei conversar. – disse agora ficando de frente para Damian – A outra mãe dele. – dito isso viu a feição de surpreso do outro – Pelo visto Ren não deve ter comentado sobre isso com você. Faz sentido já que ele não sabe nada sobre ela, nem da aparência, voz... Não há nem uma foto dela em casa. - Quanto tempo? Por quanto tempo ficarão longe? - Alguns dias. Ou quem sabe um mês...Vai depender do meu estado, de quanto tempo eu aguentar. - Isso é tão sério ao ponto de dizer que vai morrer? – perguntou em um tom de sarcasmo achando que teria uma resposta similar, mas recebeu uma expressão séria como resposta – Afinal o que você tem? – a alfa sorriu – Por que age desse jeito como se estivesse tudo bem? Se algo acontecer á você, o Ren... – cerrou os punhos antes de continuar – O Ren não vai suportar. Ele a ama muito, sempre diz o quão feliz fica quando está ao seu lado, com um sorriso grande no rosto. A alfa caminhou até o mais novo e bagunçou as madeixas negras. Tal ato deixou o outro desconcertado. - Você me lembra mesmo aquela pessoa. – disse deixando Damian ainda mais confuso – Eu tento não gostar muito de você, mas ás vezes percebo que isso não é algo fácil. – expeliu um ar pesado – Você ainda é ingênuo para algumas coisas e tem muito que aprender já que é jovem, mas sinto que posso te confiar essa tarefa. - Poderia ser mais clara? Nem o Johan diz as coisas em enigmas. - O heat do Ren. Mas não se empolgue demais com isso, porque vai ser uma prova para testar a sua resiliência. – ao falar isso se afastou e pôs-se a caminhar novamente – Vai ficar parado? Ainda temos compras á fazer.
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