Filadélfia, o meu nome que tem como significado "Amor" deseja transpirar quem realmente sou e tudo o que sinto dentro de mim. Desde muito pequena, criada em meio ao tão grande afeto dos meus pais, pude aprender a ser e desejar, então ansiar por um amor assim. Se eu puder então escolher, entre todas as riquezas deste mundo e um tão grande e forte amor, acredito que jóias e pedras preciosas se tornariam o mais frágil e desinteressante latão. Papai sempre disse que escolheria alguém com quem eu aprenderia o amor, mas, e se de repente Deus, o destino ou a própria natureza tenha escolhido por ele, plantado e regado no meu coração um amor tão doce, excitante e improvável? Como contaria? O que eu diria? Sinto-me ansiosa e a cada semana, me decepciono, ele não está naquela sala demasiadamente brilhante e rica, onde você está? Meu amor tao improvável, inusitado e desolador?
Sinto-me só, quando não responde as minhas cartas, o meu coração dói, ao não vê-lo nas minhas caminhadas matinais. É desesperador, aterrorizante, estou apaixonada, perdida em amor.
— Vossa Alteza, desculpe atrapalhá-la nos seus pensamentos. O rei pede para que vá ao seu encontro na sala real. — Laodicéia diz, sorrindo levemente. Levanto-me da minha cadeira próxima à penteadeira.
— Laodicéia, e então? Ha alguma carta do meu amor? Ele respondeu-as? — Pergunto e Laodicéia suspira abaixando a sua cabeça.
— Laodicéia, o que aconteceu? Por que ele nunca mais respondeu as minhas cartas? Por a caso lhe disse que não sente mais nada por mim? Vamos, fale de uma vez e não me deixe tão atormentada! — Imploro segurando a suas mãos. Laodicéia se senta na minha cama e com voz quase inaudível, responde a minha pergunta.
— Vossa majestade, a sua mãe. Eu sinto muito senhorita, estava eu indo levar a carta em uma certa noite e...
— Eu não acredito! — impeço-lhe de terminar a sua fala. — Como ela pode fazer algo assim? Por favor, não contara quem é, certo? — Indago e Laodicéia discorda, com os olhos marejados. — Não fique triste, a culpa não é sua, acabei-me perdendo nisto tudo, você poderia ter sido demitida ou acontecido algo pior. Perdoe-me, Laodicéia. — Peço, a jovem que esteve ao meu lado deste a minha infância.
— Senhorita, não tem do que pedir perdão. Por favor, não conte a vossa majestade que lhe informei do ocorrido, gosto muito de estar com a senhorita. É como uma irmã para mim. — Fala e sorrio, assentindo. Tento não demonstrar o quanto aquela situação havia me deixado ferida e permito que Laodicéia me ajude a colocar a roupa para mais um dos cafés da manhã com o meu pai.
— Você está linda, só precisa sorrir agora.
— Fala e limpo algumas lágrimas que desciam por meus olhos. Seria o fim deste sentimento? Era assim que terminaria a escolha do meu p***e e sensível coração?
— Devemos ir, não d****o que perpetue por muito tempo este momento tão doloroso.
— Falo, colocando sobre a minha face o véu da pureza na mesma cor do meu vestido azul que trazia o céu nele e toda a minha recente tristeza. A minha mãe se aproxima e sorri de forma gentil, ainda na inocência de que já sabia sobre a suas ações contra mim.
— Deveria ter colocado o vestido amarelo, sabe que azul não a favorece. — Fala e caminha em direção à sala, Laodicéia sorri levemente para mim e suspiro seguindo a rainha logo atrás. Ouvimos a voz do servo e adentramos a sala real, caminhando com os olhos para a frente, nem mesmo cogito olhar para o lado, pois sabia, ele não estaria lá mais uma vez.
— Querida, está tão linda. — Papai sorri e beijo a sua bochecha, me colocando ao seu lado. Suspiro e pela primeira vez passeio com os meus olhos pela sala, eu vejo-o, a minha cabeça ainda imóvel, mas ele estava ali, por que estava? Mamãe havia descoberto e agora o trouxera para afligi-lo na minha frente? Não podia correr o risco de lhe causar nenhum dano, então permaneci quieta, ainda que o meu coração gritasse e os meus pés formigassem desejando correr até ele e abraçá-lo. Os seus olhos doces, da cor do delicioso mel das abelhas cultivadas no nosso reino observam-me, levando-os para o chão quando não recebe nenhuma resposta minha. De repente a minha bochecha esta quente, são lágrimas. Levanto levemente o véu e as limpo com a minha luva da mão direita.
— Querida, está tudo bem? — Papai pergunta, por ser atento as minhas reações. Concordo e lhe seguro a mão. — Veja, irei tentar mais uma vez, Assuero, apresente o rapaz.
— Claro senhor. — Assuero, comandante do exército do meu pai se aproxima e o jovem acompanha-lhe, pondo-se ao seu lado.
— Vossa Alteza, Vossa majestade. Este é Pérgamo, o novo guarda real da princesa.
— Suspiro e sorrio, quero rir alto, sinto que irei gargalhar. Laodicéia olha-me e move a cabeça em negação, ela não me queria demonstrando a todos o que sentia com aquela informação.
— Querido, eu achei-o um tanto jovem demais. Será a melhor escolha, observando o temperamento da nossa filha com os seus antigos guardas reais? — Esperança pergunta a Átalo, que olha para mim.
— O que acha, Filadélfia? Desejaria alguém mais experiente? — Papai pede a minha opinião e agradeço por ainda estar com o véu sobre o meu rosto, já que sorria de orelha a orelha, por tamanho êxtase dentro de mim.
— Não vejo como um problema, papai. Mas, precisarei avaliá-lo durante essa semana, terá de ficar sempre por perto em todos os momentos do meu dia, assim terei uma opinião melhor formada ao fim da experiência. — Digo firmemente e Pérgamo parece preocupado, ele se sentia inquieto em passar um tempo comigo ou estava realmente confuso com o que acontecia ali?
— Se é assim, então vamos para o desjejum. Já o informou sobre não olhar a princesa, quando retirar o seu véu?
— Não se preocupe, vossa majestade. Não farei. — Pérgamo diz seriamente e seguimos todos a mesa, ao sentar-me ao lado da minha mãe retiro o véu da minha face e Pérgamo corre com os seus olhos até mim.
— Pérgamo! — É advertido por Assuero. Ele morde os lábios e deixa que os seus olhos observe apenas o prato a sua frente.
Confesso que o desjejum não me pareceu tão atrativo em nenhuma outra ocasião como naquele dia, mas estava ansiosa para me levantar da mesa, queria estar junto a ele, ambos sozinhos em algum lugar e podermos enfim conversar mesmo que por segundos. Mas, resolvi esperar, Pérgamo parecia ter adorado os pratos de queijo e geleias de frutas que se encontravam a mesa, estava faminto e não me olhou muito por medo de que Assuero percebesse ou pela deliciosa comida, acabei sorrindo ao pensar nisto e papai me olhou mais uma vez.
— Parece feliz hoje, o que causou tamanha alegria? — Indaga e Pérgamo para de comer ainda de cabeça baixa.
— Não é nada, papai. Apenas me lembrei de uma anedota que Laodicéia me contara hoje de manhã. Invento uma desculpa e os meus pais seguem com os olhos a Laodicéia. — Não se preocupem, ela me vestia quando fazia isso. Então, ainda trabalhava, se esse for o problema. — Digo e ambos se mostram envergonhados.
— O meu rei, gostaria de agendar uma reunião a sós com o senhor, após o desjejum. — Mamãe diz e de repente já não me sinto feliz, será que ela diria sobre Pérgamo e eu? Por que toda aquela sensação de medo me invadia?
— Claro, continua com fome, filha? — Papai pergunta e discordo acenando em pedido para me levantar. — Acredito que Pérgamo já possa acompanhá-la numa caminhada matinal.
— É claro, papai. Assim como o senhor desejar. — Pérgamo se levanta e se curva aos meus pais, seguindo-me junto de Laodicéia. Ele caminha logo atrás de nos e posso sentir o seu cheiro, eram flores, por que um homem cheirava a flores? Eu não poderia questionar já no nosso primeiro encontro, se havia outro alguém na sua vida, talvez ele apenas tivesse aceitado o emprego para dizer que enlouqueci e deveria esquecer tudo que um dia já escrevi naquelas cartas e as suas palavras um tanto nebulosas que respondera. — Laodicéia, gostaria que trouxesse o meu guarda-sol, ir-me-ei assentar no jardim.
— Tem certeza, senhorita? — Laodicéia questiona e assinto. Eu sei o quanto ela se preocupava comigo, mas haviam tantas palavras que eu precisava dizer a Pérgamo, principalmente perguntar o porquê daquele nome com forte significado e talvez sugestivo.
— Por que este é o seu nome? Um significado assim não se vê sempre. — Falo e Pérgamo desperta, olhando-me. Já encontrava-me com o véu da pureza sobre o meu rosto novamente.
— Desculpe senhorita, não sei o significado do meu nome. Foi o pastor Policarpo quem me deu este nome. — Responde com a voz baixa. Sorrio como uma boba, ele era extremamente fofo, diferente do que imaginei ao vê-lo pela primeira vez.
— O seu nome, ele significa fortaleza. Mas, também tem outro significado, casamento.
— Digo e acabo rindo, ele faz o mesmo, ficando tímido. — Não me diga que está envergonhado.
— Não acho que seja justo, a senhorita usa um véu sobre a face, mas meu rosto e toda insegurança está livre para poder provar o quanto estou desesperado.
— Se lhe fizer melhor, o meu rosto também queima por baixo deste véu. Desejei tanto ver-lhe, Pérgamo. — Digo e algumas servas passam ao nosso lado, então percebemos que estávamos parados por muito tempo no mesmo lugar.
— Devemos ir até o jardim, alteza. Assim aguardaremos a sua serva que demora a chegar.
— Sim, é claro. Por favor caminhe ao meu lado.
— Respondo e ele assente, ajeitando sua espada na cintura, enquanto intercala seus olhos com o chão e meu rosto. Seria d****o em me ver ou apenas buscava palavras para definir o inevitável? Não havia nele sentimentos por mim.