Capítulo 3

2054 Слова
  O departamento estava mais barulhento do que antes, enquanto os funcionários discutiam sobre o marido dela. Ela estava mortificada quando Susie começou a comentar sobre a aparência dele. Um nó subiu por sua garganta e ela se forçou a tomar um gole de água de sua garrafa. Uma das regras da empresa era clara: nenhum relacionamento entre funcionários. Era proibido e m*l visto, então a maioria das coisas que estavam dizendo só aconteceria em seus sonhos.   Ainda assim, os pensamentos deles a nauseavam. Ela não estava quebrando as regras ao ser casada com o chefe, mas se sentia como uma criminosa ao ouvi-los cobiçar ele e tentar imaginar como ele seria sem camisa. Ele era seu marido e ela nem sequer o tinha visto sem camisa ainda.   Susie era a mais estridente dos fofoqueiros, seu comentário sobre os lábios de Kelvin a incomodou e ela fez uma careta para eles quando riram da observação. Seu rosto esquentou ao lembrar do quase beijo dessa manhã. Kelvin era perfeito do jeito que era.   Lily puxou uma cadeira para perto dela, as instruções de Sarah pareciam ter voado janela afora com esse novo desenvolvimento. “Você viu a foto?”   “Sim,” ela respondeu.   “Só sim?” Ela assentiu. Se falasse muito, poderia perder a paciência. “Esse homem é um pedaço de mau caminho. Eu quero ele,” Lily disse com uma risada que se apagou quando Leila não a acompanhou. “O que foi que houve com você?”   “Desculpa. Não estou me sentindo muito bem.”   O rosto de Lily se contorceu em preocupação, ela colocou a mão nas costas de Leila e encostou a palma na testa dela. “Você tomou algo para isso?”   “Ainda não.” Ela contou até cinco antes de falar novamente. Como poderia tomar algo se o m*l-estar não era real? “Acabou de começar. Vou ficar bem. Obrigada.”   “Se você diz.” Ela apontou para o celular de Leila, a tela iluminada com a foto do marido dela. “O que acha? Um gato, não é?” Ela suspirou sonhadoramente e Leila mordeu a língua para evitar gritar com Lily enquanto ela listava as boas qualidades dele. “Viu os olhos dele?” Lily suspirou de novo e Leila contou até vinte para estabilizar a respiração. “Não tenho chance com ele, sendo o chefe e tudo mais, mas você acha que ele está solteiro?”   Não!   “Você tem certeza de que está bem?” Lily perguntou quando ela se curvou. Ela estava mais do que bem. Só precisava de um tempo antes de gritar para todos calarem a boca.   “O que está acontecendo?”   As duas deram um salto com o som da nova voz. Lily xingou, Leila congelou. O marido dela estava ali. Ele olhou através dela como se fosse uma funcionária comum e ela queimou de vergonha quando ele bufou antes de se voltar para Lily. Seus dedos tamborilavam na mesa dela.   "Sem palavrões no escritório," ele avisou Lily. Olhando ao redor, ele disse: "Isso vale para todo mundo aqui." Leila não se lembrava de ter sentado, mas suas pernas já não aguentavam mais. "Quem não está bem?"   Um nó se formou na garganta dela, e Lily lançou-lhe um olhar de desculpas. Elas não sabiam se o silêncio seria a melhor opção nessa situação. "Eu," Leila finalmente se prontificou a responder, salvando Lily de possíveis problemas. "Sou eu."   "O que há de errado com você?"   Kelvin colocou uma mão no bolso e se inclinou para frente, de modo que ela não teve escolha a não ser olhar para ele. Ele a intimidava. A voz. A aparência. Tudo nele.   "Nada," ela respondeu. Ele levantou uma sobrancelha. "Estou tonta, mas é algo que consigo aguentar, senhor."   "Precisa tirar o dia de folga?"   Leila não sabia se ele estava perguntando por preocupação genuína ou porque era o que se esperava dele. Ela balançou a cabeça devagar. "Não, senhor. Vou ficar bem. Obrigada, senhor."   "De quem é o celular?" Ele apontou para o celular dela.   Felizmente, a tela havia se apagado. Ela tentou retirá-lo da mesa, mas o olhar dele a impediu.   "Meu," ela sussurrou. Todos estavam olhando para eles. Alguns com pena, outros com indiferença. O jeito como ele focou nas rachaduras da tela a fez dizer: "Isso aconteceu hoje. Caiu quando eu estava com pressa."   Kelvin virou-se de costas para ela sem dizer mais uma palavra, e ela soltou o ar quando ele foi até a mesa da Susie para interrogá-la. Sua ansiedade se transformou em irritação com a facilidade com que Susie respondia às perguntas dele. Ele não estava flertando com ela, estava?   Sarah entrou em seguida para fazer uma apresentação geral. Leila forçou seu nome a sair de seus lábios quando chegou sua vez e desviou o olhar quando Kelvin franziu a testa ao ouvir o uso de seu antigo sobrenome. Collins. Se ele estava tão confortável fingindo que não a conhecia, por que fingia estar irritado?   "Leila é a funcionária do mês," Sarah comentou após as apresentações. Ela parecia desconfortável e seus olhos procuraram o chão ao sentir o olhar de Kelvin. Isso foi gentil da parte de Sarah, mas Leila não acreditava que seu marido se importasse com sua conquista. "Já faz um tempo."   Pode ter sido imaginação dela, mas ela percebeu um breve aceno de cabeça de Kelvin antes que ele saísse do escritório. Quando a porta se fechou novamente, ela voltou a respirar normalmente.   "Acho que o chefe não gosta de você," Susie disse enquanto passava pela mesa de Leila. Leila jogou um guardanapo de papel na cabeça dela, e Susie riu enquanto se esquivava do objeto voador.   "Desculpa," murmurou Lily. "A culpa é minha."   Leila esboçou um sorriso leve. "De jeito nenhum. Está tudo bem."   Os olhos de Leila se voltaram para o relógio nas paredes creme; ela não via a hora de ir embora. Queria estar fora dali.   O resto do dia passou sem percalços. Mas as fofocas não cessaram. Sempre que Lily tentava puxá-la para a conversa, ela respondia educadamente e não se prolongava. Leila foi a última a sair do escritório. Era uma sala grande dividida por mesas e divisórias. Se um dia fosse promovida, teria uma sala só para si.   Fora do prédio, virou à esquerda em direção ao metrô. Não havia ônibus, então sentou-se esperando no ponto. Seu celular tocou dentro da bolsa; ela o pegou e começou a rir ao ver o nome de Kelvin na tela. Agora estava casada e não morava mais naquele condomínio a vinte minutos de ônibus.   O celular tocou novamente e ela o guardou na bolsa sem atender. Retornou para Tech Valley, seu escritório, e começou a longa jornada até sua nova casa. Kelvin tinha designado um motorista para ela antes de sair, mas Leila não queria incomodá-lo. Precisava de um tempo sozinha antes de ter que encarar Kelvin.   No caminho para casa, parou em uma feira à beira da estrada para comprar carne e legumes. Kelvin não deixou que ela levasse nenhum alimento de sua casa. Ontem, ele pediu que fizesse um pedido, mas ela escolheu fazer macarrão instantâneo porque não queria gastar o dinheiro dele.   Leila não tinha certeza de que tipo de comida Kelvin gostava e não queria perguntar por telefone. Não queria falar com ele. Passava um pouco das seis quando terminou as compras, mais de uma hora desde que saiu do trabalho. Seu coração disparou ao ver o número de chamadas perdidas de Kelvin. Correu para a rua e acenou para um táxi para levá-la para casa.   Seus passos vacilaram quando se aproximou do elevador de seu apartamento e engoliu seco. Havia uma figura andando de um lado para o outro na frente do elevador, com a cabeça inclinada sobre o celular. Ele passou a mão pelos cabelos e suspirou profundamente. Como se sentisse sua presença, ele levantou a cabeça.   "Você voltou," disse Kelvin como cumprimento.   Ela assentiu. "Sim."   "Por que não usou o motorista?"   Porque estava chateada com ele por agir como se não a conhecesse. Ela não importava para ele, mas ele poderia pelo menos ter tentado ser gentil com ela. Por que ela se importava, afinal?   "Desculpa."   Kelvin suspirou novamente. "Desculpa não é a resposta." Leila não tinha palavras para ele. "Da próxima vez, por favor, use o motorista."   "Tá bom." Ela não queria falar com ele, mas ele não era apenas seu marido, era seu chefe. Ele segurava o futuro dela. Seus olhos se estreitaram ao ver a sacola em uma das mãos, e ela a levantou para explicar. "Passei no mercado pra pegar ingredientes pra sopa." Ele continuou olhando fixamente, e isso a deixou desconfortável. Sua mão caiu ao lado do corpo e ela esboçou um sorriso leve. "Desculpe por não atender suas ligações."   "Sem problemas." Ele pegou a sacola dela antes que ela pudesse recusar, e ela prendeu a respiração quando os dedos dele tocaram os dela. "Vou te ajudar com isso."   Kelvin não disse mais nada enquanto eles esperavam o elevador. Quando as portas abriram, entraram e ficaram em lados opostos como se fossem desconhecidos. Ela estava quieta. O clima ficou tenso, e ela o observava discretamente, mordendo os lábios.   Esse homem era o chefe do chefe dela. Seu marido.   "Esses óculos são recomendados?" Ela perguntou quando não aguentou mais o silêncio. Apontou para os óculos no bolso do paletó dele. Quando crianças, ela e seus amigos costumavam usar óculos sem grau para parecerem alunos estudiosos. Kelvin assentiu com um meio sorriso. "Legal."   Ele não disse nada e ela observou os números do painel diminuírem até chegarem ao andar deles. Um calor espalhou-se pelo peito dela quando ele foi direto à cozinha e colocou a sacola sobre a mesa.   Ele coçou a nuca enquanto ela puxava um banquinho para sentar à sua frente. "Não sei cozinhar," ele soltou de repente.   Leila riu. "Não se preocupe," ela respondeu, "eu sei."   "Obrigado, Leilani."   Ela se encolheu ao ouvir o nome completo. Precisava haver algum tipo de entendimento entre eles. Ele não tinha motivo para ser tão formal o tempo todo.   "Kelvin, eu sei que você é meu chefe," ela disse, e os olhos dele se estreitaram. "Mas você não precisa ser tão formal."   Eles se encararam, ela esperava que ele dissesse ou fizesse algo, mas ele apenas sorriu educadamente e saiu da cozinha. Ela afundou na cadeira e suspirou. Amor estava fora de questão, mas pelo menos poderiam tentar ser amigos ou civilizados.   Tentando afastar os pensamentos sobre seu marido estranho, ela começou a cozinhar. Lavou e cortou os legumes, cantarolando até que Kelvin voltou à cozinha. Ele tinha trocado o terno, mas ainda estava bem arrumado.   Pelo canto do olho, ela viu que ele se aproximava. Parou de cortar. Falar ou não falar.   No final, sussurrou, "Precisa de alguma coisa?"   "Não. Você precisa de ajuda?" Ela balançou a cabeça negativamente, mas ele deu outro passo à frente e levou a tigela até o balcão. Hipnotizada, seus olhos o seguiram enquanto ele colocava o arroz em uma panela para ferver depois de lavá-lo. Ele percebeu o olhar dela e esboçou um meio sorriso. "Estou fazendo errado?" Na verdade, ele fez tudo perfeitamente. Ele apontou para os legumes; ela estava quase terminando de picá-los. "Tem certeza de que não precisa de ajuda com isso?"   "Não."   "Leila." Os olhos dela se viraram rapidamente para ele, que estava apoiado na parede, observando-a. "Seu chefe te chamou de Leila."   "Todo mundo me chama de Leila," ela respondeu.   Ela se virou para longe dele e voltou a cortar os legumes. "A Sarah acha que você merece uma promoção." A faca parou por um breve momento. "Leila." Ele disse como se não tivesse certeza. "Eu gosto mais de como isso soa. Vou te chamar de Leila de agora em diante." Sem olhar diretamente para ele, ela assentiu. "Pode me chamar de Kev quando estivermos a sós."   "Certo, Kev." Incomodava-a o fato de ele querer que ela usasse esse nome apenas quando estivessem sozinhos, mas decidiu focar no lado positivo. Kelvin deu um bocejo, e ela percebeu que ele estava lutando para se manter acordado. "Vá descansar, eu te aviso quando o jantar estiver pronto."   Kelvin não se opôs. Ele cambaleou à frente e ela sorriu quando ele parou na porta. Ele não era tão r**m assim.
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