"Gosto do seu corpo", ela ouviu ele dizer.
Os olhos ainda fechados, Renee sentiu que a próxima coisa que ele faria seria devorá-la. Decidiu não resistir — entregar-se à submissão era o preço para conseguir o que queria. Não tinha direito de pedir nada, mas esperava, no fundo, que ele fosse gentil. Não era uma virgem ingênua; já ouvira que sexo podia doer, especialmente na primeira vez.
Soltou o lençol e se preparou para o que viria. Esperava que ele tirasse o edredom que a cobria.
Mas ele não o fez.
Surpreendeu-se ao sentir o peso dele sair da cama. Percebeu que agora estava de pé.
"Acho que posso aceitá-la como minha esposa. Mas você não está pronta para o sexo ainda. Quando estiver, vou possuí-la."
Ela ficou chocada. Ao abrir os olhos, o homem já havia saído.
Ficou deitada na cama, ainda pasma por ele não ter dormido com ela. Aliviada, mas amedrontada com a ideia de ser esposa de um demônio.
Vestiu-se e, ao sair, encontrou o mordomo à espera do lado de fora.
"Por aqui, senhora."
Renee seguiu-o em silêncio até a sala de jantar. Abriu a boca ao ver a mesa repleta de pratos finos.
"Por favor, sente-se e coma."
Ela sentou-se obediente e tentou engolir algo enquanto o mordomo se retirava.
Ele foi direto até Gustavo Moretti, pai de Dante e dos outros filhos.
"O senhor Dante aprovou ela", informou o mordomo.
Gustavo acenou brevemente.
Aquele filho era o mais difícil — mas ele impusera uma condição a Dante: só herdaria algo se um dia se casasse.
Acreditava que uma boa mulher poderia tirar Dante da casca.
Gustavo esfregou as têmporas.
Seria ela a certa? Ou teriam de continuar à procura de uma parceira para o filho notório?
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Já era noite, e Renee estava mais tranquila. Conhecera alguns funcionários na Villa, todos extremamente gentis. Mostraram-lhe o lugar, e a beleza do local foi a distração de que precisava.
Naquele momento, estava no saguão, admirando pinturas antigas.
A mente voltou àquela manhã.
Dante realmente não dormira com ela.
Será que os boatos eram verdadeiros, então?
Ele era pior que o próprio capeta?
"Bem-vindo de volta, senhor Dante!"
Ouviu os seguranças cumprimentando-o atrás de si. Ao ouvir o nome "Dante", quis sumir — mas ao se virar, uma voz soou:
"Pare!"
Renee não ousou mover um milímetro. Ele caminhou até ficar de frente para ela. Trêmula, ela ergueu o olhar e deparou-se com o rosto mais aterrorizante que já vira. Metade do rosto parecia queimado — uma visão de cortar o fôlego. Os olhos eram frios, impiedosos. Ele parecia jovem, talvez na casa dos vinte e poucos anos, mas a aparência era horripilante demais.
Renee recuou assustada, perdeu o equilíbrio e caiu no chão. Dante estendeu a mão para ajudá-la, mas ela gritou, em pânico:
"Não… não chegue perto de mim!"
"É igual a todos os outros", ele rosnou, irritado.
Ela fechou os olhos, com medo de encará-lo de novo.
Dante virou-se e ordenou ao mordomo:
"Manda ela embora! E diz pro meu pai parar de arrumar mulher pra mim!"
Gritou, subindo a escada.
O mordomo suspirou e olhou para Renee com pena.
Realmente achara que ela poderia ser a escolhida.
Paciência: teriam de continuar procurando.
"Senhorita Gallo, é melhor você ir agora. Não conte a ninguém o que fez ou viu nesta casa. E não se preocupe — o dinheiro será pago integralmente. Considere como compensação pelo dia que passou aqui."
A mente de Renee fervilhava de pensamentos e sentimentos conflitantes. Precisava pensar. Processar tudo.
Levantou-se e saiu apressadamente da Villa.