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Wild: A dama selvagem

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Blurb

As vidas de Amara e Amanda mudam completamente quando elas precisam voltar para New York, para o velório de Richard, pai de Amanda.

Elas se envolvem numa trama de mistérios, perseguições e paixões.

Depende delas resolver os mistérios que envolvem a morte de um grande magnata e descobrirem como lidar com a paixão que as envolvem.

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I
Atravessar o deserto sempre fora o seu sonho, uma câmera na mão e uma ideia na cabeça, com este lema já havia viajado o mundo, conhecido a imensidão do Saara, o Mojave, Dallas e agora estava no deserto de sal ao sul do Chile. A visão da imensidão que tinha diante de si e que aprisionava em suas lentes lhe enchia mais uma vez os olhos de lágrimas, um pouco de saudade lhe escorriam pelas faces e muito de realização em cada gota. Tinha consciência que para realizar seus sonhos, pôr o pé na estrada com apenas Juliet, sua moto uma Harley Davidson e poucos trajes na mochila, dando mais importância ao seu equipamento fotográfico que as mordomias que tinha em casa fora algo bem rebelde da sua parte. Mas como sempre dizia para si, “princesas também sonham” e assim abriu mão do império para o qual fora treinada para dirigir e optou por perseguir desertos. Fez o seu próprio nome, adorava quando ao ouvi- lo, o via desvinculado da família que carregara o mesmo sobrenome por gerações. Quando assinava Schultz em seus pôsteres, livros e mesmo guardanapos para fãs desprevenidos o fazia com a propriedade de quem o conquistou pelo esforço, claro que não menosprezava a sua história, a educação que teve em escolas caras, cursos de idiomas e comportamento, lhe foram úteis, e apesar de detestar na época, hoje se sentia grata, era bem recebida em todos os círculos sociais, se tornara uma diplomata, e o fazia em nome de sua arte. Este último trabalho que tinha para realizar agora no deserto de sal, que era cheio de nuances, fora a escolha de um cliente que a havia contratado por intermédio de um portador, quando a proposta lhe foi apresentada ela aceitou na hora, pois sempre nutriu uma paixão pessoal por este lugar, lembrava a sua infância das inúmeras vezes que visitara o local com a família, e das fotos amadoras que lhe enchia de esperanças e alimentava o seu sonho de voltar a fotografar o local profissionalmente, e agora depois de muitos anos estava ali para executar o serviço. O momento era perfeito, o cliente sugeriu lugares que ela já havia visitado com os pais, os enquadramentos infantis agora ganhavam um olhar profissional, mas o coração estava apertado, dolorido a cada clique e tudo isso devido a uma ligação que havia recebido da mãe mais cedo. O pai havia morrido em um acidente de carro. Fazia algum tempo que não via o pai, a última vez havia sido em seu último casamento, o pai tinha se casado com sua jovem secretária, isso era tão cliché. Ela amava o pai, aceitou com naturalidade a separação dos pais, que por sua vez foi amigável, isso a cinco anos atrás quando ela tinha 26 anos, os dois entenderam que após uma vida bem construída ambos tinham ambições diferentes e decidiram romper o casamento, a mãe vivia bem na Califórnia fez novos amigos, alguns extravagantes para os antigos padrões Schultz, não voltara a se casar e o pai caiu no velho golpe secretária com muitos atributos. Mesmo não concordando, foi ao casamento do pai, por insistência da mãe que também se fez presente e para irritá- la ainda mais, adorava a jovem que se casou com seu pai, a tratava como se fosse sua filha, idade a moça tinha para isso, e claro tal aceitação causou mais ciúmes a ela. Como a mãe poderia gostar tanto assim de uma golpista? Ao que a mãe respondia, “um dia você entenderá as razões do seu pai.” Bem, seja como for, o pai não mais poderia explicar mais nada para ela. Aparentemente o novo casal voltava de uma festa, uma das muitas que o pai promovia por causa da empresa e seus investidores, ele gostava de dirigir carros potentes e a sua paixão veloz o matou, deixando sua esposa também ferida, a sorte da jovem é que a mesma usava cinto de segurança. Enquanto fazia seus cliques e enquadramentos, lembrando da infância feliz que teve em família, lembrava que precisava retornar urgente para Nova York, onde ficava a sede da empresa e onde seu pai morava. Teria que ir de avião, os preparativos para o velório já estava em andamento, os jornais falavam todo tempo do ocorrido, as ações da empresa estavam oscilando pois não havia surgido o nome do sucessor do grande Richard Schultz, e como ela bem conhecia o meio, esta batalha se arrastaria por meses, levando em consideração a atual diretoria. Amanda já estava no Chile a uma semana fazendo o seu trabalho, quando recebeu a fatídica ligação de sua mãe, já tinha uma boa seleção de fotos para apresentar ao cliente, e agora finalizava mais algumas para então retornar ao hotel e em seguida seguir para ao aeroporto, o voo faria escala em São Paulo, e por não ser direto teria que despachar sua moto antes em um vôo de carga, o que internamente ela achava ofensivo. Juliet não é carga é uma dama, “Maiden Juliet”, deveria ter poltrona própria nos vôos around the world. Já estava escuro quando chegou ao hotel, em seu quarto tinha uma garrafa de vinho, um cabernet de sua preferência um mimo que o hotel já tinha detectado para agradar a cliente, era bom ser paparicada, sentar na poltrona confortável que tinha diante de si e aquecer- se na lareira segurando o cálice de vinho seria ainda mais perfeito se tivesse com quem dividir este momento, falar do seu dia e angústias que lhe afligiam o coração. Às vezes a escolha de desbravar o mundo sozinha lhe pesava. Já tinha trinta anos, acumulava algumas namoradas, nenhuma que deixou saudades e agora os poucos amigos estavam longe e espalhados pelo mundo, assim como ela. A real constatação de solitária dona do mundo. -  E no fim, todos precisamos de uma companhia. Eu não sou diferente de ninguém, só não achei a companhia certa. Confesso que não procurei também. E talvez não fosse o momento, o objetivo era construir uma carreira, desvincular o nome pessoal do grande conglomerado que vinha com ele. E estar no topo, se tornar referência, tem um alto custo, nem todo mundo que se aproxima o faz com interesses verdadeiros, todos sempre quiseram um pedaço de Amanda, antes pelo nome dos pais, agora pelo seu próprio, as pessoas mudaram, mas os objetivos ainda eram os mesmos, estar em evidência, ela sobreviveu aos alpinistas sociais com desenvoltura, aprendera isso com os pais, e por isso não entendia o casamento do pai com uma garota que poderia ser sua irmã mais nova. Elle tinha cinco anos a menos que ela, era uma moça linda sem dúvida, de fato para isso o pai tinha bom gosto, o fato é que nunca na história da vida do pai, principalmente após o divórcio, ela nunca o tinha visto com mulheres tão jovens, não fazia sentido de uma hora pra outra o homem sensato que ele fora, se casar de repente, e agora um ano depois deste casamento, ele morrer instantaneamente num acidente de carro. Tinha medo das ideias se formando em sua mente enquanto mexia o cabernet em sua taça, ela mal conheceu a jovem, trocaram olhares intensos no jantar servido na noite antes do casamento do pai, as duas se avaliando com certeza, mas não tiveram tempo de conversar mais intimamente, apenas as amenidades que a boa conduta social permite em local público, às vezes as normas de etiqueta atrapalham. Após o casamento, Amanda pegou a estrada, foi fazer o que mais gostava e coincidente voltaria a Nova York, após este último trabalho, aproveitaria para visitar o pai, e finalmente questionar sobre sua felicidade. O último ano fora de conversas eternas e online, o que ela fazia quase diariamente. E quando questionava o pai, ele sempre respondia que um dia ela entenderia as suas razões. Mas ninguém tirava da cabeça dela que havia algo de errado com a morte do pai, e que sem dúvida a bela Elle estava envolvida, e voltar para a cidade consistia agora em desvendar este mistério que se formava em sua mente. A manhã estava fria no aeroporto, o voo para São Paulo já havia sido chamado, Amanda aguardava apenas a aeromoça arrumar a sua bagagem de mão no maleiro acima de sua poltrona, gostava das vantagens da fama e do bom uso do seu dinheiro que lhe permitia comprar passagens na primeira classe do avião. E este estava perfeito, pois não havia ninguém na poltrona ao lado, teria uma viagem tranquila e silenciosa para o Brasil, ela gostava do país e principalmente da cidade de São Paulo, bons negócios já foram realizados na cidade a boa gastronomia mundialmente conhecida e claro, as belas mulheres, em sua wish list, estava o desejo de vir a morar na cidade no futuro. Abriu o laptop que trazia consigo e começou a trabalhar nas últimas fotos que havia tirado no dia anterior. O voo seguiu tranquilo, a aeromoça trouxe uns dois cálices de vinho que foram tomados enquanto a jovem trabalhava, o foco no trabalho mantinha sua mente ocupada, evitando que pensasse no que encontraria quando chegasse em casa, nem ela mesma chamava de casa o endereço onde atualmente o pai dividia com a jovem esposa, tanto tempo fora fez dela cidadã do mundo, com endereços por toda parte e nenhum lar que pudesse chamar de seu. Quando o avião aterrissou em São Paulo, ela nem mesmo olhou para a janela, estava focada em terminar os últimos ajustes, aproveitaria o tempo para encontrar seu contratante para falar sobre as fotos, e saber qual o destino seria dado a elas. A única informação que tinha era que o cliente queria muitas fotos, planejava um livro, ou uma exposição, não estava muito certo. Mas queria escolher as imagens pessoalmente, e então neste momento ela saberia quem a contratou, já que tudo foi feito por intermédio de um agente, normalmente não aceitava trabalhos assim, mas a proposta foi convincente e o lugar era um dos seus favoritos. Ainda distraída não notou ou não deu importância a senhora que sentava numa poltrona próxima, com uma criança ao seu lado, e só as notou quando a criança sentou justamente na poltrona ao seu lado e lhe ofereceu um pedaço do seu chocolate, achou meigo o jeito do garoto e sim aceitou o regalo e retribuiu o gesto com um afago em seus cabelos de fogo, o que o fez sorrir encantado para a jovem, não pode falar nada, pois sua avó o puxou para si, pedindo desculpas. Ela igualmente acenou a cabeça e guardou a imagem feliz e tranquila do garoto para si, quando ele estava novamente distraído com um de seus brinquedos, pegou sua câmera e fotografou a criança ali distraída, sabia que não poderia usar a imagem em nada público, mas a guardaria consigo. O desembarque no aeroporto JFK em Nova York foi tranquilo, na retirada de sua pouca bagagem soube que sua moto também já havia chegado e estava a disposição para retirada, e assim ela o fez, levou um certo tempo para ajustar a papelada e comprovar a documentação dos muitos lugares onde ela e a moto estiveram, mas ao pegar a estrada rumo a mansão na região central da cidade se sentia livre novamente, o ar frio constante da cidade era para ela uma alegria, mesmo conhecendo todos os climas do mundo, Nova York era uma extensão de si. Já nos portões de casa, enquanto se direcionava a entrada de carros onde deixaria sua tão querida moto já estacionada na garagem em local coberto, viu um pouco mais adiante a mesma senhora com quem dividiu o voo e o garoto ruivo eram recebidos por uma mulher alta e igualmente ruiva, o garoto corria feliz para os braços da mulher e ela o recebia de forma carinhosa e acolhedora. Foi se aproximando do pequeno grupo, uma vez que era por ali que deveria adentrar a casa e ouvia a criança falando com a mulher. -  Eu senti muitas saudades, pensei que nunca mais fosse te ver. -  Meu amor, foi só uma semana. Claro que eu não ia ficar muito tempo longe de você. -  Que bom, olha eu preciso te contar uma coisa importante, vou me casar. A mulher ainda com o menino preso ao seu pescoço engasgou num misto de susto e riso, a informação definitivamente a pegou de surpresa, e como estavam no final de uma pequena escada ela perdeu o equilíbrio e cairia no chão se não fosse por Amanda e a senhora que hábil correu para junto de ambos e os amparou. Neste momento, Amanda tinha em seus braços a ruiva com poucas sardas a encarando, um misto de não entendimento com a chegada de braços mágicos a segurando. Tinha sua cintura enlaçada e à medida que era levantada para estar novamente de posse de seu equilíbrio a ruiva tentava falar, mas se mantinha presa no olhar escrutador de Amanda que não desviava um só milímetro. Ambas estavam cientes de que seguiam sendo observadas, mas não conseguiam se separar, um laço invisível as prendia e só foi quebrado, quando com naturalidade foram interrompidas com a voz tranquila do garoto, que parecia continuar sua conversa. -  Eu vou me casar com ela. -  Disse apontando para Amanda. Só então as duas realmente se afastaram, a ruiva voltou a ficar vermelha e claramente gaguejando tentou retomar as rédeas da conversa. -  J? Como assim se casar com ela? Você nem a conhece. -  Era visível o nervosismo da moça e o desconforto de Amanda que estava diante de pessoas estranhas à entrada da sua própria casa. -  Nos conhecemos no avião, eu dividi meu chocolate com ela, foi você quem disse que devemos dividir as coisas que gostamos quando estamos apaixonados. -  Mas ela é um pouco velha para você. -  Mais uma vez a ruiva ficou rubra olhando para Amanda, já pedindo desculpas pelas palavras escolhidas. Mas o garoto se mostrou irredutível. -  Eu não vou ter cinco anos para sempre, e quando tiver a sua idade vou pedir para a Amanda se casar comigo. Neste momento, a própria Amanda se surpreendeu, um garoto de então cinco anos sabia quem ela era, mas ela sequer sabia quem ou o que eles faziam ali. -  Bem, percebo que estou em desvantagem. Meu pretendente sabe até mesmo o meu nome e eu não sei nada sobre ele ou…, de vocês. O que fazem na minha casa? -  Verdade. Me desculpe, eu deveria ter me apresentado, eu estou aqui por causa de minha irmã Elle, este é “J” ou Jason o filho dela e esta é nossa mãe Iolanda, eu sou Amara. Ele sabe quem é você, por que tem fotos suas espalhadas pela casa, esta não é a primeira vez que ele vem aqui, é uma pena que este seja um momento triste. -  Eu não sabia que ela tinha um filho, eu tentei retardar a minha vinda o máximo que pude, mas realmente não esperava vir para o funeral do meu pai. -  Nenhum de nós queria estar aqui. E a notícia não poderia ser pior, Elle não sobreviveu aos ferimentos e é por isso que minha mãe e J estão aqui. Ele ainda não sabe. A notícia não poderia ser pior, de repente um sentimento de culpa tomou Amanda, afinal ela desconfiava do casamento do pai com a jovem garota, mas na verdade não a conhecia e saber que ela também fora vitimada neste acidente a deixava meio sem direção. -  Eu sinto muito Amara, é mesmo um momento triste para nós todos. Como ele vai lidar com esta notícia? -  Eu tenho sido a mãe dele nos últimos três anos, não acho que ele vá se sentir muito neste momento, minha mãe está mais abalada, e está tentando disfarçar. E eu já peço desculpas, eu sei que a casa é sua, eu vim para cá assim que soube do acidente, eles ligaram diretamente para mim, e sua mãe pediu para eu ficar na casa. -  Não se preocupe com isso, a casa é enorme. Temos outras coisas para resolver e entender. Jason que observava as duas mulheres conversarem de longe, se aproximou discretamente de Amanda e a convidou para entrar. Impossível resistir ao garoto. A casa estava como ela se lembrava, havia ali poucas mudanças na decoração, uma possível interferência de Elle, passando pelo hall de entrada e indo a uma sala ampla que recebia as pessoas já na entrada ela sentou- se numa poltrona que estava próxima a uma janela grande que dava vista a um jardim interno, Jason sentou- se ao seu lado, numa mesinha com alguns livros ali depositados. A sua frente Amara e dona Iolanda a observavam, afinal querendo ou não ela era a dona da casa e uma vez em casa, todas as ações esperavam um comando dela. E ela gesticulou para que ficassem à vontade. -  Minha mãe me ligou, enquanto eu fazia um trabalho no exterior e me deu a notícia, disse que tudo estava sendo organizado pela empresa de funeral que já está na família a anos, mas eu deveria estar aqui para o funeral, me disse que Elle tinha saído bastante ferida, mas não me disse que seu estado era grave. Como isso foi acontecer? -  Mãe, por favor leve o J para o quarto, vocês terminaram de chegar também, descansem, eu vou conversar com a Sra. Amanda e depois procuro vocês. Eles podem ocupar o quarto de hóspedes de antes? -  Claro, por favor fiquem à vontade. Fazia mais ou menos cinco anos que Amanda não ia a esta casa, a única regra conhecida para todos é que era proibido entrar no estúdio que ela havia montado a alguns anos após a conclusão de um curso e claro o seu quarto que ficava ao lado. Não se importava com a casa, nunca se importou com bens materiais, sempre teve tudo o que quis e o que não tinha ela batalhava para conseguir. E agora tinha a sua frente uma mulher misteriosa, tão linda quanto a irmã Elle, porém mais velha, dona de uma postura firme, o tipo de mulher que não passaria sem ser notada, alta deveria ter um metro e oitenta, bem distribuídos num corpo bem torneado, prova de que praticava esportes que exigia dela grande atividade física. E um olhar firme, ela não desviou o olhar enquanto conversavam, e Amanda se esforçava para manter a segurança enquanto falava, mas a mente estava trabalhando em todas as direções. -  Eu…, tenho que confessar que não conhecia a sua irmã. Vim a NY apenas para o casamento, cheguei um dia antes e parti horas após a cerimônia. Não que eu fosse contra o casamento, apenas não entendi. Ela era muito nova, mesmo para os padrões do meu pai. -  Eu não pude vir ao casamento, estava internada num curso e achei desnecessário sair apenas para ir a uma festa. Posso dizer o mesmo, conheci pouco o seu pai. Não sei por que Elle se casaria com ele já que ele também fugia e muito dos padrões da minha irmãzinha. Mas os dois viviam bem, eu estive aqui umas duas vezes no último ano, uma vez para trazer Jason que ela não via há anos e outra esta é mais recente, porque ela dizia que estavam com problemas e precisavam de minha ajuda. Começamos esta conversa a umas duas semanas atrás, eu não pude apurar tudo o que ela tinha me dito, e o acidente para mim é suspeito, me desculpe falar assim. Eu desconfiei da forma como aconteceu, tenho amigos investigando os laudos, minha irmã saiu muito ferida, mas as chances de sobreviver eram grandes e então a duas noites os médicos foram surpreendidos com uma resposta negativa quanto a sua respiração. Oficialmente eles atestam parada respiratória. Eu não sou médica, mas a minha intuição diz que não foi bem isso. -  Desculpe. Você disse que tem amigos investigando. O que você faz? -  Ah sim claro, eu sou policial, na verdade era policial no Brasil, vim para cá no último ano para me especializar num grupo de força tática integrada entre USA e Brasil, mas fui convidada a integrar uma força policial daqui. Ainda não estou oficialmente trabalhando, mas fiz muitos amigos e estes estão me ajudando numa investigação paralela, no caso do seu pai. Espero que não se importe por eu ter tomado a frente neste caso. -  É a sua irmã, eu também investigaria. Na verdade estava pensando nisso, em contratar um escritório e fazer perguntas incômodas. -  Eu já estava investigando antes do acidente, e talvez tenha se mexido num ninho de vespas e por isso o acidente, eu não tive tempo de conversar com Elle, na noite anterior ela me mandou uma mensagem, pedindo para eu falar com a fotógrafa que fazia trabalhos no Chile, e que era para cuidar dela. Eu sabia que esta era você, porque sabia que estava lá fazendo fotos. -  Sim, um agente me contratou enviando um roteiro de fotos que eu deveria tirar para um trabalho onde o cliente falaria comigo no final. Espera. Elle era o cliente? -  Aparentemente sim. Você está no meio de um mistério e temos que saber aonde isso nos leva. Sobre contratar investigadores, eu espero que você confie em mim, e não faça isso. Vamos descobrir o que aconteceu, mas sinceramente, só podemos confiar nas pessoas nesta sala. -  Só tem nós duas aqui. -  Exato, nem mesmo minha mãe que amo, deve saber o que estamos fazendo, isso é para o bem dela e segurança, assim como a sua mãe não deve saber. Um misto de medo e mistério tomou conta de Amanda, a mulher charmosa e misteriosa que tinha a sua frente, confirmava mesmo que de outra forma que a morte do pai poderia não ter sido um acidente simples e piorava quando levantava a suspeita de que o mesmo poderia ter acontecido com a irmã dela. Internamente ela se perguntava quem era esta mulher. Era certo que todos os seus sentidos estavam alertas, o investigativo e o emocional brigam de mãos dadas, a mulher chamava a sua atenção sem mesmo fazer esforço e agora que estava ali sentada olhando para o nada se via sendo insistentemente encarada pela bela mulher a sua frente, era como se ela também quisesse entrar no seu interior, saber mais dela, mais daquilo que ela não revelava. -  Ah, esta casa está grampeada, tem grampos meus e quando eu os estava colocando, encontrei outros que ainda não sei a origem. Tome cuidado com o que você fala e com quem. -  Mas terminamos de conversar coisas importantes aqui. -  Sim, por que eu estou usando este misturador de sinal que trago comigo, parece um celular né, e funciona como um, mas a tecnologia dele faz algumas mágicas que os outros não fazem, vou te dar um também, quando quiser ter conversas discretas, apenas ajuste o aparelho para a frequência que embaralhou a comunicação. -  Meu pai sabia disso? -  Das escutas na casa? Acho que não, nem mesmo Elle. E por isso desconfio que algo estava acontecendo. Seu pai era um magnata no ramo do petróleo, investiu muito em vários outros segmentos econômicos e construiu um império, é claro que tem pessoas querendo o posto dele, mas hoje em dia ambicionar tal posição é perigoso, faz de você um alvo e atrai alguns inimigos. É certo que o seu pai tinha os dele, seria estranho se não tivesse. Neste momento, mesmo há uma investigação oficial para provar se de fato foi um acidente, nenhuma das pessoas diretamente envolvidas na vida do seu pai são suspeitas, mas o oposto também pode ser comprovado e neste caso as coisas podem se complicar. Eu estou um passo à frente das investigações da polícia, por que já trabalho com a hipótese de crime. -  Eu quero ir fundo nisso. Me diz como poderei ajudar. -  Inicialmente descansando. Eu sei que a sua cabeça está cheia, ainda mais com o pouco a mais que te falei. Mas hoje não há mais nada que possamos fazer ou discutir. Eu vou ver minha mãe. Boa tarde Amanda. Amara saiu da sala querendo ficar, nunca em toda a sua vida se sentiu tão mexida na presença de uma suspeita. Sim, ela estava levando a sério a questão de investigar as mortes na família Schultz e até prova contrária todos eram suspeitos, a Srta. Amanda era mais uma, o que ela sabia da garota. Uma jovem rica, estudou nas melhores escolas, fora preparada para assumir o império da família mas optou por fazer carreira num ramo totalmente diferente e super concorrido. Para piorar o último trabalho dela era suspeito, e mesmo sem perceber ela deu pistas que colocam algumas peças no quebra- cabeças que ela estava construindo. De acordo com suas suspeitas, o alvo da investigação dela era o Chile, as relações do seu cunhado com o continente sul- americano já vinha sendo investigado pelas polícias internacionais, coincidente ela já vinha investigando estas relações, então quando soube que sua irmã iria se casar com um dos alvos da investigação, optou por não comparecer no evento, haveria muitas câmeras e ela não queria ser relacionada ao parentesco. E depois, no futuro, ter a irmã neste casamento seria uma porta de entrada sem que levantasse suspeitas. Esteve com Richard em duas ocasiões, e em nenhuma ele parecia o criminoso que as investigações mostravam que era, nem mesmo que as suas empresas estivessem envolvidas em negócios ilícitos. Ele herdara a empresa do pai quando tinha trinta anos e em dez anos triplicou o valor e tamanho da empresa. Depois de trinta anos no comando já era impossível dimensionar os ganhos e as veias por onde o dinheiro escoava. E no meio de tudo isso, teve os casamentos, o primeiro com Clara, brasileira de São Paulo, que migrou para os Estados Unidos na sua juventude e conheceu o magnata ainda na faculdade, onde se casou e deste relacionamento a única filha Amanda Schultz. Clara, sempre fora bem- vista na alta sociedade de Nova York e foi com espanto que acolheram a notícia do fim de seu relacionamento com o empresário após vinte e cinco anos, abrindo mão de todo o glamour novaiorquino para morar do outro lado do país na Califórnia. Apesar da aparente amizade que ambos ainda mantinham. Depois veio o casamento com Elle, sua irmã mais nova, uma sonhadora, conseguiu uma bolsa de estudos em uma faculdade na cidade de New York, quando tinha pouco mais de dezenove anos, apesar dos protestos da mãe, ela não pensou duas vezes embarcou para a grande maçã para realizar seu sonho, retornando a casa alguns meses depois grávida do pequeno Jason, cujo pai ninguém sabia quem era, a jovem se recusou a falar sobre isso, dois anos após o nascimento do garoto ela volta a New York para terminar os estudos e começa a estagiar nas organizações Schultz, teve uma ascensão considerada normal no processo administrativo e quando chegou ao cargo de secretária foi considerado por todos um merecimento normal dos seus méritos profissionais, o que causou espanto foi o casamento repentino com o chefe, quando ninguém, nem mesmo os melhores amigos e a família sabiam deste envolvimento. O casamento causou estranheza, coube a Amara fazer as perguntas inconvenientes, perguntas que não tiveram respostas na época, mas que voltaram a ser respondidas a algumas semanas, dias antes do acidente. E exatamente por isso Amara não acreditava em coincidências. E no meio deste mistério tinha agora a filha do Richard, a herdeira do império e dos problemas do pai. O que esta mulher poderia saber sobre os negócios escusos do pai. Amara no momento só sabia que a mulher era encrenca, uma encrenca de um metro e oitenta sem salto, estilo motoqueira, olhos castanhos puxados para o verde, com musculatura de atleta e sensibilidade de fada, adorou a forma carinhosa com que ela brincou com seu sobrinho, e desejou por momentos ser ela a receber a festa em seus cabelos, A mulher era um furacão, e não tinha consciência das paixões que despertava por onde passava. Amara já havia a investigado, sabia a profissional que ela era, sabia como ela circulava nos meios sociais do mundo, os livros de fotografia dela eram mesmos profissionais e maravilhoso ver várias vezes. Mas ter Amanda Schultz em pessoa na sua frente, segurando- a pela cintura deixando- se sentir o perfume que emanava do seu corpo foi tentador e uma tortura parecer fria e profissional, quando em qualquer outro momento ela levaria a moça para a cama. Balançou a cabeça para afastar tais pensamentos da cabeça, terminou de subir os degraus e seguiu para o corredor que levava ao quarto onde a mãe estava hospedada, abriu a porta com cuidado, temendo acordar a senhora, mas a encontrou sentada numa cadeira mais afastada da cama onde o pequeno J dormia. - Não consigo dormir minha querida. -  A senhora falou assim que a viu. -  São vinte e seis anos Amara, se eu soubesse que sua irmã fosse viver tão pouco eu teria aproveitado mais o tempo ao lado dela, assim como agora quero estar muito mais ao seu lado. -  Ah mãe, não fique assim, temos que aceitar que Elle teve a vida que quis e foi feliz com as suas escolhas, e tivemos dela e demos a ela na mesma proporção o amor que tínhamos. Para amar não precisamos estar juntos, só precisamos deixar o outro saber que é amado, e ela sabia. Assim como eu sei que você me ama e eu amo você demais e o pequeno J é hoje a minha razão de viver. -  Ele vai ficar triste amanhã, mas no fundo a figura materna dele é você, então seja a melhor mãe que ele pode ter. Lágrimas escorriam sem inibição de seus olhos quando respondeu.

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