I Remember everything about you

Stay Strong

A última vez em que Caroline estivera em New Orleans foi justamente o dia em que Klaus lhe deu a tour que ele havia prometido há anos atrás. Depois disso ela nunca teve a coragem de voltar ali. A lembrança era tão vivida que fazia seu coração doer como quando estivera com o Klaus naquele dia. E sim, as vezes ela se perguntava se sentiria da mesma forma se o híbrido tivesse continuado como o monstro que ela conheceu quando adolescente, mas ela já sabia a resposta.

Era o Klaus.

A loira não saberia explicar, mas quando se tratava do híbrido ela não conseguia o ver como o monstro que todos o viam. Sempre teve uma parte dela que por mais que quisesse negar ainda estava lá: a parte que conseguia apagar todas as coisas ruins que o híbrido fizera.

Então sim, ela se sentiria da mesma forma que se sentiu se ele tivesse continuado o monstro que os outros enxergavam.

O fato de não se lembrar o motivo da evolução de Klaus a incomodava mais do que gostaria de admitir, no entanto, isso só a fazia ter certeza de que sua filha estava certa.

Klaus Mikaelson e Hayley Marshall realmente tiveram uma filha, por mais que isso parecesse ser impossível.

- Vamos acabar logo com isso – Ela murmurou para si mesma antes de entrar na casa que agora pertencia a Freya e Keelin.

Estar naquela casa só apertava ainda mais seu coração, pois, tudo ainda lembrava Klaus.

Das pinturas das paredes até os portas retratos espelhados por todo o lugar.

Antes de vir para New Orleans ela pediu para Rebekah reunir todos os seus irmãos, mas agora estando frente a frente com todos os Mikaelson restantes Caroline não sabia dizer se essa foi a melhor ou a pior ideia que já teve nos últimos tempos.

Bom, ela esperava que fosse a melhor.

Por mais que ainda se lembrasse de Kol como o psicopata de antigamente. Ninguém poderia a culpar por isso, certo? Ela esperava que não.

Se Caroline precisava de mais uma certeza de que sua filha estava dizendo a verdade, o fato de ter virado amiga de Rebekah definitivamente se encaixaria nessa situação. Ela não se lembra ao certo quando se tornou amiga da Mikaelson e muito menos quando se tornaram tão próximas.

Era estranho não se lembrar do motivo, mesmo que soubesse o porque de seu esquecimento.

- Não esperava uma visita sua – Rebekah disse dando um abraço apertado em Caroline que prontamente retribuiu.

- Não tenho como te culpar, não volto aqui desde Klaus – Ela disse e Rebekah sorriu triste

Lembrar do Híbrido ainda era doloroso demais para ela.

- Não posso dizer que não entendo, só voltei porque você disse que precisava falar com todos nós

- O que me deixou muito curioso – Kol se pronunciou pela primeira vez desde que a conversa com Rebekah se iniciara – Não me leve a mal, mas não vejo que tipo de assunto tenho a tratar com você. Da última vez seus amigos me mataram

- Kol - Freya repreendeu – Por que não deixamos o passado aonde ele deveria ficar?

O Mikaelson mais novo revirou os olhos, contudo, não retrucou.

- Por que não nos sentamos e tomamos algo? – Rebekah sugeriu notando o clima estranho que estava ameaçando a aparecer

- Parece uma ótima ideia – Caroline disse

Kol deu um sorriso forçando e foi direto para a sala de jantar

- Acho que vamos para a sala de jantar então – Freya comentou dando de ombros seguindo seu irmão

Foi extremamente intimidante quando Caroline chegou a sala de jantar e encontrou os Mikaelson sentados todos de um lado fazendo com que ela tivesse que sentar do outro lado da mesa. Era inegável que eles transmitiam poder sem nem ao menos se esforçarem para isso.

A loira limpou a garganta se sentindo levemente desconfortável e por fim perguntou:

- Vocês se lembram o motivo de Klaus ter se sacrificado?

- Que tipo de pergunta é essa? – Kol questionou semicerrando os olhos

Kol e Rebekah ser entreolharam e esse gesto não passou despercebido por Caroline que logo entendeu o que estava acontecendo: Eles não se lembravam, Mas não queriam que ninguém que fosse um Mikaelson soubesse.

- Por que Hollow estava em vocês?

- Como sabe disso? – Freya indagou totalmente na defensiva – Como sabe que Hollow estava dentro deles?

Essa era a pergunta de um milhão de dólares para os Mikaelson. Nenhum deles lembravam o motivo e muito menos como deixaram aquilo acontecer.

- Porque Hollow esteve dentro de sua sobrinha – Caroline disse de forma hesitante

Os três se entreolharam sem entender

- Não temos sobrinha – Freya foi a primeira a responder

- Então por que Hayley Marshall praticamente era uma Mikaelson? E por qual motivo ela morreu? – Caroline perguntou

Ela sabia que o único modo de atingir algum deles era usar a lacuna em branco que havia em suas memórias

- Eu não sei – Rebekah respondeu de cenho franzido – Eu não me lembro.

-Elijah amava Hayley – Kol respondeu sério

- Foi por isso que ela morou com o Klaus? - Caroline fez mais outra pergunta – Vocês tiveram uma sobrinha e Klaus se sacrificou para salva-la, assim como todos vocês fizeram de tudo para mantê-la a salvo

- Isso não faz sentido – Rebekah murmurou tentando se lembrar o motivo de seu irmão ter se sacrificado

Sem dizer mais nada Freya se levantou e saiu deixando todos ali confusos. Demorou cerca de dez minutos para a primogênita voltar com um baú na mão e dois porta retratos na mão.

Um retrato era de Freya com um garotinha – que Caroline deduziu ser Hope – e o outro era da menina já adolescente com Rebekah ao seu lado.

Antes de Caroline pegar o baú ela olhou para Freya pedindo permissão para pega-lo e a bruxa assentiu sentindo seu sangue gelar. Ela não entendia como aquilo era possível, no entanto, a mais velha dos Mikaelson sabia que Caroline estava falando fazia sentido.

A verdade é que parece que algo faltava, existia um grande vazio em sua vida e ela não conseguia entender o motivo já que sua mulher e seu filho era tudo o que poderia querer. Mas em algum ponto ela sentiu aquele vazio e nunca conseguiu explicar o motivo, nem mesmo conseguia explicar o motivo pelo qual seu irmão se sacrificou e nem como tinha várias fotos daquela garotinha por todos os cantos daquela casa. Ela quando bebê, criança e adolescente. Era inegável que a garota era a mistura perfeita de Klaus e Hayley.

As cartas que estavam no baú tornavam ainda mais difícil negar os fatos. Eram cartas que Hayley havia mandando para o Klaus informando sobre Hope.

Tudo parecia se encaixar agora.

Caroline pegou umas das cartas e leu em voz alta:

“ Klaus,

Hope tem sentido muito a sua falta e não para de perguntar sobre você. Esses são os únicos momentos em que nem eu e muito menos Freya sabemos o que responder. O que deveríamos responder? Eu sei que essa situação toda é difícil pra você, mas Klaus, é difícil pra ela também porque a cada dia que passa ela sente como se estivesse perdendo o pai dela.

Não são palavras minhas e sim dela. Ela sabe o porque de você não poder se aproximar, mas não consegue entender o motivo de você nunca ter ligado ou dado qualquer sinal de que se importasse com ela. Nossa filha já tem idade o suficiente para entender as coisas e ouvir as histórias de que você está enlouquecendo. E eu sei que isso não é verdade, contudo, ela não sabe disso.

E tenho que dizer que Hope é a nossa perfeita junção. Eu diria que as vezes o seu gênio prevalece nela em algumas situações.

Tenho certeza de que você estaria muito orgulhoso de ver a pessoa que ela vem se tornando.

Eu sei que estou orgulhosa.

Espero que você esteja bem

Com amor,

Hayley Marshall”

Por um minuto um silêncio gritante invadiu o lugar, todos ali pareciam estar atordoados, até mesmo Caroline que não tinha nenhuma dúvidas de que Josie estava falando a verdade. Mas aquelas cartas e aquelas fotos eram as provas de que ela precisava para entrar de cabeça naquela história.

A loira sentia que devia isso a Klaus, mesmo sabendo que na realidade essa não era a verdade.

- O que aconteceu com ela? – Kol questionou somente quebrando o silêncio

- Minha filha disse que ela se sacrificou por todos e se jogou em Malivore – Caroline explicou com calma para que todos entendessem – Malivore era uma dimensão infernal que apagava os seres sobrenaturais da consciência coletiva. Alaric me disse que o problema com os monstros que a Salvatore School bem enfrentando vinham de lá, mas nunca achei que chegaria a ponto de ter um de nossos alunos se sacrificando para acabar com essa ameaça.

- Vocês deixaram a minha sobrinha se sacrificar? – Rebekah questionou entredentes

- Pelo que minha filha falou Hope era a única que podia acabar com essa história de vez – Caroline respondeu – Malivore foi criado com o sangue de bruxa, lobisomem e vampiro. Hope era uma tribida

- Você disse era – Kol apontou – Era? Não existe mais?

- Eu não sei

- Como vamos fazer para salva-la? – Dessa vez foi Freya quem perguntou

- Eu não sei

- O que você sabe, Caroline? – Rebekah perguntou impaciente

- Eu não estava na escola quando tudo aconteceu – Ela se defendeu levantando as mãos em sinal de rendição – Alaric é quem estava cuidando da escola enquanto eu estava fora.

- Então é ele quem iremos matar caso não conseguirmos salva-la – Kol disse com firmeza e o fato mais preocupante é que ninguém ali o repreendeu o que só fazia Caroline ter certeza de que ele estava falando sério

- Rebekah, isso não pode ser sério – Caroline disse apreensiva – Você não deixaria seu irmão realmente fazer isso, certo?

- Alaric deixou Hope se jogar em uma dimensão infernal, por que meu irmão não pode mata-lo?

- Ele não teve culpa! – Caroline exclamou aflita

- Alguém teve culpa – Kol retrucou

- Já chega! – Freya exclamou – Ameaçar o diretor da escola em que ela estudava não vai a trazer de volta

- Finalmente alguém sensato nessa família – Caroline comentou e Rebekah revirou os olhos

- Como iremos salva-la? – Freya questionou de forma objetiva

- Vamos descobrir isso quando estivermos na Salvatore School - Caroline disse

A verdade é que ela não fazia ideia de como ia salva-la e muito menos se tinha uma maneira de como fazer isso.

(...)

Hope acordou mais tarde do que Josie antecipava fazendo com que a morena faltasse as aulas que teria por parte da manhã. Claro que a jovem bruxa não estava reclamando, no entanto, ela sabia que isso geraria perguntas por partes de Lizzie. Principalmente agora que sua mãe teve que fazer mais uma viagem.

- O que aconteceu? – Hope questionou se sentindo um pouco atordoada

- É uma ótima pergunta – Josie respondeu analisando a tribida.

Seus ferimentos já tinham curado e ela parecia estar bem novamente, mas não saber por quanto tempo fazia Josie ficar próxima de entrar em desespero.

- Do que você se lembra? – Ela questionou se sentando de frente para a Mikaelson na cama

Hope demorou um tempo para se lembrar, mas não demorou muito para que a mesma entendesse o que aconteceu. Ela soltou uma risada seca e por fim respondeu:

- Malivore

- Como isso é possível? Eu achei que minha ligação com você te impedisse de ir pra lá

- Eu fiz o irmão de Landon pular comigo e de alguma forma ele conseguiu me puxar pra lá.

Josie assentiu.

Nada daquilo fazia sentido pra ela. Como o irmão de Landon conseguiu a puxar pra lá? E quanto tempo mais a ligação que tinha com Hope a manteria ali? Por quanto tempo mais conseguiria aguentar aquela situação? Por quanto tempo aguentaria viver com a possibilidade de perder a Hope a cada dia que passava?

- Não pense demais – Hope disse arrancando Josie de seus devaneios.

A sifão só percebeu que a mão de Hope estava em seu pulso quando olhou pra baixo

- Odeio não sentir você – Josie murmurou e Hope sorriu de forma triste

- É temporário – Hope disse com uma convicção que não tinha

- Nem você acredita mesmo nisso - A Saltzman disse de forma amarga

Josie se levantou evitando os olhos de Hope se sentindo extremamente sufocada, ter a Mikaelson observando cada movimento que ela fazia era sufocante e tudo o que ela queria era que a ruiva realmente estivesse ali. Que ela pudesse senti-la e saber que tudo ficaria bem. Contudo, naquele instante aquilo parecia bem longe da realidade.

- Por muito tempo eu achei que eu fosse algum erro cósmico – Hope começou chamando a atenção da mais nova – Minha família sempre disse que eu era um milagre e eu sempre achei que na verdade eu fosse um erro...

- Você nunca foi um erro – Josie a interrompeu

- Essa é a primeira vez em muito tempo em que eu não sinto que ter nascido tenha sido um erro – Hope confessou com um pequeno sorriso no rosto – Sei que essa situação é difícil, Mas eu preciso que você continue forte porque eu realmente acho que vou conseguir sair dessa

Josie ficou sem reação por um instante. Como ela conseguiria ficar forte por Hope quando nesses anos todos não conseguiu ser forte nem por ela mesma? Quer dizer, a tribida tinha sequer noção do que estava pedindo dela? Ela tinha noção de que aquela era uma tarefa praticamente impossível para ela?

Era difícil saber

- Eu prometo tentar – Foi tudo o que ela disse

Aquilo de alguma forma, pareceu o suficiente para Hope que sorriu agradecida para Josie. Se ela quisesse sair dessa precisaria de Josie ao seu lado a cada passo do processo.