Três
720 Palavras
Jace Wayland, deu um passo para trás, deixando a passagem livre.
Não sei como explicar, mas ele não me intimidava, me deixava confusa. Eu devia sentir raiva dele, afinal, desde que me lembro, Eva sempre me disse que eu devia odiá-lo. Mas não o odeio e não sei se consigo odiar alguém.
Passei por ele e pude sentir seu perfume. Respirei fundo e de alguma maneira, isso me acalmou. Mas que diabos estava acontecendo comigo?
O ouvi trancar a porta e caminhar lentamente até mim. Eu estava perdida. Ele parou diante de mim e colocou as mãos nos bolsos.
- Não contará à ninguém o que ouviu nesta sala hoje. - Jace disse, com o olhar inexpressivo.
- Eu não faria isso Sr. Wayland.
- Sabe que será sua palavra contra a minha, mas, serei generoso. Diga seu preço.
Espere... Ele quer me comprar? Uau! Por essa eu não esperava.
- Sr. Wayland, me desculpe mas eu não estou entendendo. - Falei tentando disfarçar, mas eu havia entendido muito bem, cada letra de sua proposta.
- Serei mais claro então. Quanto quer pelo seu silêncio? Vamos diga seu preço e eu estou disposto a pagar.
Canalha!
- O senhor está enganado sobre mim. Eu jamais aceitaria uma proposta dessa. - Digo e estou realmente ofendida.
- O que quer então? Todo mundo tem um preço. - Ele disse e cada vez mais eu queria dar um t**a na cara dele. Controle-se, eu dizia à mim mesma, eu precisava das palavras certas naquele momento.
- Creio que no seu mundo seja assim, Sr. Wayland. Mas no meu mundo isso é diferente. Não quero seu dinheiro para guardar seu segredo, mas também tenho uma proposta.
- Ah... Agora está ficando interessante. Vamos, me diga sua proposta. - Jace caminhou até sua mesa e se apoiou cruzando os braços e as pernas.
- Seu segredo estará seguro, mas ainda assim preciso do emprego.
- Isso não é exatamente uma proposta. Quer mesmo que eu acredite, que manterá isso em segredo à troco de nada? - Ele mantinha um sorriso incrédulo nos lábios.
- Não é à troco de nada. É à troco do meu emprego. - Eu precisava ser mais convincente. Por um momento ele me olhou sério, mas logo em seguida, irrompeu em uma gargalhada.
- Ou você é muito ingênua, ou acha que sou muito burro. - Embora ele mantinha a voz calma, eu sabia que ele estava ficando sem paciência.
- Não quero seu dinheiro. Não sei o que acontece no seu mundo Sr. Wayland, mas no meu, honra e caráter não se pode comprar. Entendo que queira me demitir, e embora eu precise ajudar minha família, não vou aceitar nenhum centavo seu, e não se preocupe, já tenho vários problemas para resolver, incluindo arrumar um novo emprego. Seu segredo não tem nenhuma relevância para mim. Se me der licença, vou pegar minhas coisas e ir embora agora mesmo. - Me virei para sair da sala, mas senti sua mão segurar meu braço com firmeza.
- Espere! Não vou demitir ninguém.
Bingo! Sem querer eu havia conseguido me livrar da demissão. Foi pura sorte, e eu já estava pensando em como Eva reagiria ao saber que a única chance que tínhamos, havia escorrido pelas minha mãos.
- Sr. Wayland. - Falei olhando para a mão dele em meu braço.
- Desculpe. - Ele disse por fim me soltando. - Mas ficarei de olho em você.
Se Jace achou que podia me assustar com este aviso, ele estava enganado, mas certamente eu precisaria calcular todos os meus passos a partir dali. Decidi que não contaria isso a Eva, não sei o porquê, mas não contaria.
Saí de sua sala e me apoiei na mesa de Elizabeth, que a essa hora já devia estar em casa. Respirei ofegante e senti minha pernas trêmulas. Essa foi por pouco e eu não podia deixar mais isso acontecer.
Meu primeiro dia de trabalho foi agitado até demais eu diria. Descubro que Jace não é meu meio irmão e de quebra, quase fui demitida.
Por outro lado, não consigo ver o Jace que Eva me descreveu a vida inteira. Tenho certeza que ela descrevia Peter, quando falava dele.
Depois desse dia turbulento, a única coisa que preciso é ir para casa, tomar um banho e dormir.
- Escritor
