Quatro

768 Palavras
     Nem acredito que consegui sobreviver uma semana neste lugar. As pessoas daqui são, na maioria das vezes, arrogantes e metidas.        Notei algo estranho em Elizabeth. Ela me ensina a função dela e me manda fazer seu trabalho. Era para eu apenas dar apoio à ela e não fazer o trabalho dela. Mas enfim, passo tempo demais com ela e com Jace.        Era isso que eu queria, não era?        Tenho escutado algumas conversas e sempre levo documentos para ele assinar. Esses que ele sempre confere. Portanto, o plano de Eva para colocar os documentos que passariam a empresa para o nome dela, no meio dos documentos dele, era patético. Precisaria de um outro jeito para fazer isso. Mas qual?        Precisava de tempo, e Eva ainda não conseguia pensar em outra solução plausível.        Arrumo minhas coisas e olho para a porta da sala de Jace. Apesar de eu não tê-lo visto o dia todo, sei que ele está lá. Hoje, quem cuidou de tudo para ele foi Elizabeth. Atitude estranha, já que na maior parte do tempo, sou eu quem faço o trabalho dela.        Pego minha bolsa e chamo o elevador. Longos segundos até ele chegar no oitavo andar. Então percebo o silêncio que me envolve e me lembro de um filme de terror. Sorrio do meu pensamento i****a e por fim o elevador chega.        Entro e aperto o botão do térreo, mas antes que as portas se fechem totalmente, alguém coloca algo para impedir seu fechamento. E assim ela se abre e meu olhar se encontra com os olhos verdes mais lindos que eu já vi em toda minha vida.        Jace Wayland. Sua expressão é a mesma de sempre, séria e enigmática. Ele usa um terno preto, que lhe favorece a posição de poder que ele ocupa na empresa.        - Boa noite, senhorita Fray. - Ele diz.        - B... Boa noite Sr. Wayland. - Gaguejo e me xingo mentalmente por isso.        Continuo olhando para a frente e sinto seu olhar sobre mim. Observo o visor que indica os andares. Sétimo andar... Sexto andar... Quinto andar, e de repente o elevador para e as luzes começam a piscar.        - Maldição! - Jace esbravejou e aperta o botão de emergência várias vezes seguidas.        Eu estava quase entrando em pânico. Sempre tive medo de elevadores, mas estar presa em um era diferente, era completamente apavorante.        - Está tudo bem? - Jace olhou para mim e tenho certeza que ele pode notar minha respiração rápida e ofegante.        -Sim está, obrigada. - Menti, mas não o convenci.        - Deve ter sido falta de energia. Tem certeza que está tudo bem?        - É só um m*l estar, mas já vai passar. - Digo e sem esperar ele tira o lenço que está em volta do meu pescoço.        - Respire fundo. - Ele pediu e foi o que eu fiz.        Sinto o cheiro de seu perfume, e ele está muito próximo à mim. Isso é muito estranho, já que na maioria das vezes, ele está atrás da mesa de sua sala.        Até aquele momento, eu não havia me dado conta de que eu estava presa no elevador com ninguém menos que Jace Wayland. Eva sempre dizia que ele era meu rival, mas eu não o via assim. Não conseguia. E agora ele estava me ajudando.        - Está melhor? - Ele perguntou tirando uma mecha do meu cabelo escuro que estava em meu rosto.        - Sim, um pouco. Obrigada. - E naquele momento eu me dei conta do quanto ele estava próximo, e sem que eu esperasse, Jace me beijou.        Eu senti raiva de mim, por não oferecer nenhuma resistência ao beijo. Pelo contrário, eu aceitei e por mais que eu me xingue por isso, confesso que eu queria ser beijada por ele. Que diabos estava acontecendo comigo? Só podia estar louca.        Eu devia odiá-lo e não me sentir atraída por ele. Eva me mataria.        A energia voltou, ou seja lá o que tenha acontecido com aquele elevador, e como quem sai de um transe, ele se afastou de mim. Eu estava confusa e envergonhada. Chegamos ao térreo sem trocar nenhuma palavra e eu não tive a coragem de encará-lo.        - Até segunda, senhorita Fray. - Ele disse e eu apenas assenti sem ter o que dizer, e apertei o passo em direção a saída.        Xingo à mim mesma em voz alta um milhão de vezes, assim que atravesso a rua em direção ao ponto de ônibus.        Como deixei isso acontecer? Em qual momento? E como não percebi?        Estava claro para mim. Eu não podia odiá-lo, porque eu estava encantada por Jace Wayland.        Era o meu fim.
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