Anoitecer

1980 Palavras
O vento soprou pela janela do quarto da princesa azul, seus olhos castanhos se dirigiram para o barulho feito. Ela se levantou da cadeira da mesa de escritório e caminhou para fechar a janela, uma garoa estava presente ali, ela não gostava de dias chuvosos, os trovões e raios a assustavam. Mesmo desde pequena vivendo com terríveis vilões, ela tinha muito medo dessas pequenas coisas que qualquer princesa de Auradon teria. Mas naquela noite chuvosa os seus pensamentos estavam em outro lugar, num certo garoto por ser dizer. Ela gostava de Harry, mas ela tinha um príncipe no mesmo lugar. Harry parecia estar interessado mais na Allison e Ben em m*l… Evie se jogou na cama e bufou, ela não queria amar Harry, não um garoto da Ilha, ela devia falar mais com Ben, o conquistar. Ela era mais "perfeita" que qualquer garota de Auradon, ouvira isso várias vezes de sua mãe e até mesmo dos amigos. Evie não entendia muito bem, talvez Ben se interessou por m*l porque buscava algo diferente do padrão Auradoniano. Evie não se culpava por tais pensamentos, até porque m*l nunca se interessou por alguém, e se começasse a se interessar, com certeza não seria por um príncipe de Auradon. Mal se separou dos braços do príncipe. — Por quê fez isso? — ela gritou. — Eu… Eu… — o príncipe não soube o que falar. — Você é um i****a! — ela gritou o empurrando. — Mas… m*l… — ela ia saindo, mas ele segurou em sua mão. Ela se debateu para se soltar, mas com o chão molhado acabou escorregando. Não teve queda, pois o príncipe a segurou pela cintura a tempo. Os olhos dos dois estavam cruzados, os corações de ambos estava acelerado, as batidas eram fortes, os rostos estavam tão próximos que conseguiam ouvir a respiração do outro, os pensamentos dos dois estavam confusos. Ben queria beijar m*l novamente ali, m*l não sabia o que fazer, isso nunca havia acontecido antes, mas a confusão invadia a sua mente, pois toda vez que ela estava perto do garoto, ela sentia algo que nunca sentiu antes, mas era uma sensação boa. Naquele mesmo lugar, com a tempestade cada minuto maior, as sombras de dois chifres esteve presente. O corvo em seu ombro soltou um grunhido pelas gotas da chuva molhando sua pelagem. Malévola estava com a cabeça erguida como sempre, seu olhar se manteve pressionado em sua filha com o principezinho em um ato de paixão. O amor é para os fracos, é ridículo. Malévola sempre a alertou, m*l sempre ouvira com atenção. Mas apesar disso, m*l seguia o mesmo caminho do pai, e com o tempo cairia como ele. Se entregaria a algo que não existe. — Diablo… — sussurrou a Senhora de Todo o m*l. Ele balançou as asas e sobrevoou mesmo com a chuva, ele ia em direção ao casal logo em frente. Em alta velocidade ele abriu bem as asas e passou no meio do casal quando eles já estavam em pé. Isso causou um certo afastamento, Ben se apoiou no corrimão e m*l deu de costas na parede. Sem dúvida o vulto preto os assustou. Mal ficou parada como uma rocha olhando para o ponto que o corvo foi. — O que foi aquilo? — o príncipe perguntou ao ver a garota mais espantada que ele. — Diablo… — ela sussurrou. “d***a”, pensou. Se Diablo apareceu ali era sinal de que Malévola estava pelas redondezas, especificamente fora de seu castelo. Por um momento ele franziu o cenho, até que se lembrou de quem se tratava. — O fiel corvo de sua mãe? Mas… como? Mal estava em choque ao pensar que a sua mãe poderia ter visto o maldito beijo que o principezinho roubou. Ela conseguiu virar o olhar para Ben. Seu olhar transmitia preocupação e medo. Ben não entendeu muito o porquê disso. — A máquina do Carlos! — ela respondeu — O raio dela atravessou a barreira e parece que deixou alguma magia passar, e isso despertou aquela coisa. — a garota olhou novamente para o ponto da escuridão que Diablo foi. — É melhor sairmos daqui, se Diablo apareceu significa que Malévola está por perto. — Oh… — ele olhou em volta para ver se encontrava algo… ou alguém… mas não achou ninguém — Para onde vamos? — Volte para onde você fica. Eu me viro sozinha. — ela apoiou uma das mãos na cintura e observou o local em que eles estavam. A chuva parecia estar piorando. — ... não é melhor você deixar… sabe, sua mãe esfriar a cabeça caso ela tenha visto nós? — ele encarou os olhos da garota. Ela arqueou uma das sobrancelhas. — E o que você sugere? O tempo não está cooperando se você não percebeu. Ele deslizou a mão sobre a nuca. — O castelo que estou fica próximo daqui… Você poderia ficar lá até a chuva passar… — ela pensou, isso seria uma ótima oportunidade para descobrir mais sobre o príncipe. — Ok. — ela disse e se aproximou do garoto. Ele não esperava que ela iria aceitar a sua proposta, então isso provocou um sorriso em seu rosto, m*l mesmo sem perceber retribuiu com um sorrisinho. Aquele sorriso que ele tanto amava. Chegando no castelo em que o príncipe Benjamin estava hospedado, m*l parou no hall de entrada, seus olhos observaram cada detalhe do edifício. Ela já tinha visto aquele castelo, já tinha até mesmo entrado lá, memórias incríveis foram feitas neste castelo. Aquele edifício foi o lar de seu melhor amigo… Dylan… ele era o melhor amigo de m*l, antes mesmo de Jay. Eles viviam grudados, provocando ciúmes até mesmo em Jay. Dylan foi mandado para Auradon, foi adotado por Aladdin e Jasmine. Malévola nunca gostou da aproximação dela com o garoto. Chegando a machucar ele várias vezes. Dizem que ele foi mandado à Auradon para Malévola não matá-lo, já outros dizem que foi por que o homem que cuidava dele morreu. Isso provocou uma lágrima escorrendo pelo rosto de m*l, a chuva conseguiu disfarçar isso, mas Benjamin notou a tristeza nos olhos da garota. — Está tudo bem? — ele tocou o seu rosto e ela bateu na mão dele com força. Notando a porta aberta ela entrou sendo acompanhada por ele em seguida. O lugar estava do mesmo jeito da última vez que ela visitou o castelo. — Conhece esse lugar? — ele perguntou ao ver ela olhar cada detalhe com atenção. Ela apenas confirmou com a cabeça. Ele não ousou perguntar mais coisas, vendo que isso a deixava triste. — Por aqui — ele chamou subindo as escadas, ela o seguiu. Eles chegaram no quarto do garoto. Ela reparou em cada detalhe a procura de algo. Ela se assustou quando ele a cobriu com uma toalha. — Quer usar o banheiro? — ele perguntou. — Não, valeu. — ela disse secando o cabelo. — Eu vou tomar um banho então. — ele disse largando a mochila no canto do quarto e pegando uma toalha e uma muda de roupas. Caminhou até o banheiro e fechou a porta, deixando a garota ali sozinha no quarto. Mal notou uma coroa bordada na toalha. Ela negou com a cabeça sorrindo e sentou na cama. Após secar o cabelo ela foi na mesa de escritório dele. Tinha uns papéis espalhados sobre a mesma e o lixo estava cheio de papel amassado. Ela olhou com atenção e viu uma carta com o selo/símbolo de Auradon, ainda não tinha sido aberta. Pensou se abria ou não, e optou por abrir. Ben Olá, filho. Espero que esteja tudo bem aí, se houver algum problema avise para o motorista ir te buscar. Como está a sua pesquisa sobre os filhos dos vilões? — O que? — a mão da garota tremia, ela estava em choque. Tome cuidado e anote tudo que conseguir. Espero que esteja bem, essa experiência irá ser ótima quando você se tornar rei, sem dúvida estará mais maduro. Eu e sua mãe sentimos muita saudades. Nós te amamos muito, filho. Adam. Ela segurou para as lágrimas não desceram. Não entendia porque estava se sentindo assim. Se assustou quando a porta foi aberta. Ben arregalou os olhos encontrando o pedaço de papel na mão da garota, ele encarou ela. — m*l… não é o que você está pensando… — ele engoliu em seco. — E o que acha que eu estou pensando? — ela jogou a carta nele. — Você enganou todos nós! — seus olhos ficaram um verde intenso. — Eu te odeio Benjamin! — ela tentou sair do quarto, mas ele segurou seu braço, ela se assustou com aquela atitude, os olhos do garoto lacrimejavam. — Deixe eu explicar… — ele praticamente implorou. — Você não tem que me explicar nada — ela puxou o braço se soltando da mão do garoto. — Por favor… — ela arqueou a sobrancelha ao ver o estado do garoto. Não sabia de verdade o que ele queria. Ele se sentou na cama de cabeça baixa e juntou as próprias mãos. Ela se encostou na parede o olhando. — Meu sonho sempre foi conhecer a ilha… — ela arqueou a sobrancelha direita. — Ainda mais quando eu comecei a sonhar com você… — isso a deixou desconfortável. — Queria de toda maneira vir para cá, com o intuito de te achar. — ele levantou o olhar para ela. — Então tive que dar uma desculpa que convencesse o meu pai… — ela confirmou com a cabeça e com a mão fez sinal para ele parar. Ele se levantou indo até a escrivaninha e pegando um bloco. Ele colocou na mão dela e a mesma abriu. Seu rosto corou com o que leu. Maravilhosa Admiravelmente Linda — Eu te amo m*l… — ele se aproximou num momento de distração dela. A ponta de seu dedo tocou levemente nos cabelos púrpuras da filha da Malévola. Seus olhos cor esmeralda estavam mais calmos e se destacaram ainda mais com a bochecha corada da garota. Porque ela não conseguia ter uma ação de nervosismo e raiva perto dele. Ela não conseguia machucá-lo. Ela fechou os olhos e respirou fundo sentindo a mão dele tocar o seu rosto. Ele se afastou. — Desculpa… — disse indo se sentar na ponta da cama. Ela se sentou do lado dele, o sentimento que ela sentia perto dele era estranho. Difícil de se explicar. — Ben… — ela chamou a atenção do rapaz. Ele levantou o olhar para ela. m*l encarava o teto. — O que é o amor? — Quê? — ele achava que ouvira errado. Ela corou novamente. — Você me disse "Eu te amo", mas eu não sei direito o que é o amor… — ela parecia estar sendo muito sincera pela primeira vez. — Se quiser… — ele encostou a sua mão no rosto da garota. — Eu posso te ensinar… — ela olhou nos olhos dele. Dessa vez não foi ele que selou os lábios no dela, ela que selou os próprios lábios do dele. O beijo foi mais gostoso do que aquele que foi roubado em meio a tempestade. O coração dos dois batia forte, acelerava só de pensar no outro. Mundos diferentes, personalidades diferentes. E mesmo assim, um se atrai pelo outro. Ben não sabia que m*l já havia sonhado com ele. Afinal, ela descobriu o segredo dele e ele a roubou um beijo. O primeiro beijo de ambos haviam dado naquele dia chuvoso. E o segundo beijo poderia estar sendo um sinal de que poderiam vir muitos outros em diversos momentos pela frente. Talvez ela estivesse sendo tola ao sentir algo pelo futuro rei de Auradon, tola de não pensar no futuro quando chegasse o momento dele voltar para Auradon. Tantas possibilidades ruins que não estavam sendo lembradas por um… amor verdadeiro?
Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR