A esperança

1346 Palavras
— Você não pode fazer isso comigo, Arthur. Eu não sou sua propriedade para você me deixar trancada aqui.— Insistiu Isabela, batendo na porta. Já havia amanhecido e ela m*l dormiu a noite ao ouvir o Arthur girar a chave para trancá-la ali. Após algumas horas de insistência, a porta foi aberta. Arthur fez questão de levar uma bandeja de café da manhã para ela no quarto. — O que você está aprontando?— Perguntou Isabela, com o cenho franzido. — Você está de castigo. Durante quatro dias fará todas as suas refeições dentro do quarto. Ah, também conversei com o seu gestor, você estará afastada por tempo indeterminado da biblioteca. — Você não pode fazer isso comigo. Você não tem o direito de estragar a minha vida dessa maneira. — O seu irmão estragou a minha vida quando se envolveu com a mulher que eu amava e quando fez essa cicatriz no meu rosto. — Eu sinto muito de verdade pelo que aconteceu com você, Arthur, mas eu não tenho culpa de nada. Nem o Gabriel, o que aconteceu foi um acidente. — Você não estava lá. Tudo o que soube foi por causa do seu pai. Aquele maldito que fez questão de me transformar em uma piada para a cidade inteira apenas para abafar o crime do filhinho dele. — Eu também sou uma vítima do meu pai, Arthur. — Fazer drama não vai te livrar do castigo. Aprenda que para tudo na vida existe um preço, e você está pagando o preço por ser teimosa e intrometida. — Drama? Acha que estou fazendo drama? Todo a sua perseguição não chega nem perto do que o Giuseppe e a Olga fizeram comigo naquela casa. Você acha que você tem motivos para odiar o meu pai? É porque não conhece os meus. Acha que fez um bom negócio me usando para se vingar do meu pai? Está perdendo o seu tempo, porque Giuseppe não se importa a mínima com o que acontece comigo. — Quando você aprender a se comportar melhor, eu te deixo voltar para o seu emprego.— disse Arthur, colocando a bandeja na mesa e saindo em seguida. Ele não ficou nada satisfeito ao se deparar com Rosa logo na frente. — Mais uma intrometida. Sabe muito bem que eu detesto essa mania de ouvir detrás da porta. Se não fosse a consideração que eu tenho por você ter me criado… — Eu preciso conversar com você, Arthur, é muito importante. — O que aconteceu? — É sobre a Isabela. — Me acompanhe.— disse Arthur, caminhando até o final do corredor. Rosa o seguiu em silêncio. Eles foram até o andar debaixo, onde ficava o escritório do Arthur. — Aqui poderemos conversar sem que ninguém escute. — Desculpe, eu realmente ouvi a conversa de vocês. A Isabela foi sincera quando disse que foi uma perda de tempo você querer usá-la para atingir Giuseppe Colombo. Eu sei que o seu rancor por ele é até maior do que o que você tem pelo Gabriel devido a todo o dinheiro e conhecimento que ele investiu para te transformar em uma chacota nacional… — Seja direta, Rosa. — Giuseppe pensa que Isabela não é filha dele. — Como assim? — A Olga é prima da falecida mãe do Gabriel e da Isabela. Ela armou uma situação para que Giuseppe acreditasse que Isabela é fruto de uma traição. É uma longa história, mas a verdade é que Giuseppe sempre tratou Isabela como uma intrusa e que só a escolheu para se casar com você apenas para se livrar da menina. — Desgraçado. Essa menina não me oferece nenhuma vantagem, então. Espera… É claro que oferece. Por mais que Giuseppe não acredite, Isabela é filha dele. Um escândalo dessa proporção poderia arruinar a reputação dele. — Tome cuidado, Arthur, por favor. Essa menina já sofreu tanto. — Acontece que eu também sofri muito, Rosa. Eu sinto muito, mas não vou desistir de acabar com a raça dos Colombo por causa da Isabela. Essa moça é só um instrumento para a minha vingança. — Você pode ficar com raiva do que eu vou falar, mas eu vejo nessa moça a esperança, Arthur. A esperança de você voltar a ser o que era. — Eu nunca vou voltar a ser quem eu era, Rosa. Para isso, Luna Barbieri, Gabriel e Giuseppe Colombo precisariam não ter existido na minha vida. — Você ainda vai se surpreender. Um novo amor é capaz de curar tudo, até o pior dos ressentimentos. … — Come só um pouco, Isabela. Você está há três dias com o estômago vazio.— Insistiu Rosa, parada para a outra, de frente para a cama.— Vai ficar doente. — Eu não vou comer nada até esse castigo i.diota acabar.— Retrucou Isabela. Ela estava com a boca sem cor e a pele pálida, característica típica de quem estava com a pressão baixa. Arthur adentrou o quarto logo depois. — Você pediu que me chamasse com urgência. — Há três dias essa menina não come nada, Arthur. Olhe como ela está debilitada, vai acabar tendo uma fraqueza. — Você está querendo fazer chantagem emocional comigo, Isabela? — Chantagem emocional?— Isabela, com dificuldade, sentou-se sobre a cama.— Você tirou de mim a única coisa que tem sentido na minha vida.— A voz dela embargou e os seus olhos grandes e dourados se encheram de lágrimas. — Não deveria ter ido a ala oeste. — E você não deveria se achar a palmatória do mundo.— Isabela ficou de pé, suas pernas ameaçavam ceder a qualquer momento. Ela deu alguns passos para a frente, quase se arrastando. — Você não tinha o direito de interferir no meu trabalho dessa forma. Se eu perder o meu cargo… — Você terá o seu cargo de volta quando fizer por merecer. Primeiro, trate de comer. — Eu não vou comer enquanto você me mantiver como prisioneira. — Você está tentando negociar comigo? Isabela não respondeu. Ela voltou-se na direção da cama, mas perdeu as forças antes de conseguir caminhar até lá. Arthur rapidamente foi na direção dela. Isabela estava caída no chão quando ele a carregou no colo. — Traga a comida dela, Rosa. Vamos fazer essa cabeça dura comer.— disse Arthur, caminhando com Isabela no colo para fora do quarto. Desceu as escadas com cuidado, tendo acesso à imensa sala de estar, e a deitou sobre o sofá, com a cabeça apoiada para o alto. Lá uma das empregadas da casa trabalhava. — Ana, providencia um pano com álcool, rápido.— Ordenou Arthur. A moça mencionada fez o que ele mandou. Arthur encostou o pano no nariz da Isabela até que ela acordasse. — Graças a Deus, ela está acordando.— disse Arthur, aliviado, ao ver a garota abrindo os olhos. — O que aconteceu?— Perguntou a garota, confusa. — Você teve uma fraqueza por não está comendo, mas isso acabou agora. A senhorita vai limpar esse prato.— ele acenou para que Rosa se aproximasse com a bandeja. — Eu não vou aceitar esse castigo por mais tempo, Arthur. Eu não vou comer enquanto… — Eu vou falar com o seu chefe e amanhã você retornará ao trabalho. Isabela deu um sorriso largo. — Sério? — Nunca mais entre na ala oeste ou descumpra uma ordem minha, fui claro? Isabela aquiesceu, antes de se lançar sobre ele para abraçá-lo. Arthur retesou todo o corpo quando recebeu o contato direto dela. Ela rapidamente se afastou ao perceber que agiu por impulso. — Desculpa.— ela sorriu sem graça. — Bom, trate de comer, eu vou voltar ao trabalho.— Arthur levantou-se com pressa e deixou o ambiente. Isabela olhou rapidamente para Rosa, não gostando daquele sorrisinho estampado no rosto dela. — Não me olhe com essa cara. Um abraço não quer dizer nada. — Não estou feliz por esse abraço, Isabela. Com esse gesto de hoje eu vi que o antigo Arthur ainda está ali dentro, é só uma questão de tempo para ele voltar.
Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR