Um simples abraço.
O que poderia significar um simples abraço?
Para Isabela talvez não fosse nada demais, mas para Arthur…
Ele sentiu a vida de Isabela naquele rápido contato. Sentiu o calor que vinha de dentro dela, sentiu o seu coração palpitar forte pela excitação da boa notícia.
Os s*eios dela pressionaram o tronco dele, no rápido contato Arthur pôde perceber o exato volume deles.
Arthur demorou a pegar no sono de tão atordoado e até chegou a sonhar com Isabela.
De repente ele estava na ala Oeste, o seu mausoléu particular.
Naquele lugar haviam fotos e objetos do seu passado que Arthur queria manter apenas em uma lembrança distante.
Uma lembrança distante que jamais voltaria a fazer parte da sua realidade.
No seu sonho, não havia sequer uma única cicatriz no seu rosto. De frente para o espelho, ele acariciou a pele lisa, impressionado.
Caminhou alguns passos para a frente e ficou impressionado ao ver que o quadro a óleo que tinha da Luna havia sumido.
No banco em que um dia ela pousou para que ele a pintasse, estava outra mulher, de costas. Essa mulher o olhou rapidamente de perfil, por cima do ombro. Ela tirou a manta de seda que a cobria e revelou o seu corpo curvilíneo.
Arthur ficou paralisado por quase um minuto inteiro, apenas apreciando a nudez do corpo dela.
Pegou o seu pincel e desenhou os primeiros traços. Ao finalizar, pediu que a modelo virasse de frente.
Isabela acatou o seu pedido.
Ele prendeu a respiração assim que ela se voltou na sua direção.
Foi difícil ter que controlar a reação instintiva e primitiva do seu corpo quando precisou captar as curvas médias e bem desenhadas dos s*eios pálidos, ou a pequena circunferência do mam*ilo rosado. Ele sombreou da cintura fina até a barriga magra, e antes de desenhar as coxas grossas pediu que Isabela as apertasse mais um pouco, o que revelava apenas um pequeno triângulo da i********e dela.
Arthur começou a suar frio quando a sua imaginação o provocou.
Ele imaginou como seria a carne macia dela pulsando com o seu m****o enrijecido dentro.
Ele desejou estar dentro dela e ao acordar o seu corpo ainda reagia á excitação daquela imaginação.
Frustrado, Arthur correu para o banheiro e entrou no chuveiro com a água gelada. Repetiu o tempo inteiro que Isabela era apenas um instrumento para a sua vingança contra os Colombo, ainda que fosse rejeitada pelo pai.
Aos poucos, a dor da ereção foi deixando o seu corpo, o m****o rígido amolecia conforme a mente de Arthur buscava outros pensamentos.
Em nenhum momento ele contou com a possibilidade de que ter na casa uma mulher de 24 anos, linda, e cheia de personalidade poderia mexer com a sua mente.
Para ele, pouco importava quem Isabela era.
Era irmã de Gabriel Colombo, o desgraçado que desfigurou o seu rosto, aquilo lhe bastava.
“ Você já está com trinta anos, é um economista renomado e tem dinheiro até a sua próxima geração, agora precisa de uma esposa saudável que te dê herdeiros”.
Era exatamente isso que escutava da maioria das pessoas próximas que tentava evitar nos últimos anos, desde que aconteceu o acidente.
Talvez Arthur tinha esquecido que era um homem.
Um homem capaz de sentir e de desejar, porque nos últimos anos ele se anulou.
Tantas cirurgias que resultaram em fracasso.
Ele saiu enrolado na toalha para se olhar frente ao espelho.
O seu corpo continuava o mesmo. Abdômen definido, braços nem tão fortes, mas também não eram magros. O restante do corpo era proporcional, ao menos disso não podia se queixar.
Já o rosto…
Ele tocou justamente nas grandes elevações do lado esquerdo. Seus olhos azuis automaticamente se encheram de lágrimas, mas ele não permitiu aquele gesto de fraqueza vindo de si mesmo.
Acariciou as mechas loiras e grossas, afastando-as o suficiente para analisar todo o seu rosto.
Ele se deteve ao ouvir que batiam na porta.
Imaginava ser a Rosa, a única que tinha coragem para chamá-lo para o café da manhã.
Rosa havia sido como uma mãe para Arthur, o conhecia desde criança, por isso ele não tinha certas limitações com ela.
Ficou pasmo ao abrir a porta e se deparar com a Isabela, que segurava uma bandeja de café da manhã.
Ele paralisou no instante em que viu os olhos grandes e dourados da garota se arregalarem.
As bochechas de Isabella automaticamente ficaram vermelhas, mas as mechas castanhas as cobriram quando ela encarou os próprios pés, sem saber o que dizer.
— Eu… Bem…— ela pigarreou para limpar a garganta.
Sentiu que precisava cortar o silêncio de alguma maneira, mas estava constrangida o suficiente para pensar em algo.
Arthur analisou a forma que a bandeja tremia nas mãos dela e prontamente se aproximou para segurá-la.
Isabela sentiu arrepios quentes percorrem os seus dedos quando os dedos dele encostaram nos seus.
— Eu pensei em alguma forma de agradecer você ter voltado atrás e… Bem, o meu trabalho é muito importante para mim e acho que precisamos aprender a conviver bem independente de tudo…
Arthur percebeu que ela ainda estava muito nervosa para formar uma frase coerente.
Tanto que ela até evitava olhar na sua direção, para não encontrar o corpo masculino quase n*u, com apenas uma toalha cobrindo do quadril para baixo.
— Desculpe abrir a porta desse jeito, não sabia que era você.
Ela levantou uma das sobrancelhas escuras.
Quem será que o Arthur estava esperando? Afinal, haviam funcionárias bonitas que trabalhavam na casa.
— Eu quis dizer que a Rosa é a única que bate na porta do meu quarto e como ela é uma mãe para mim, não tem nenhum problema que eu apareça dessa forma na frente dela.
— Entendo.— Isabela se limitou a dizer aquilo.
Arthur respirou fundo ao perceber que estava se explicando demais.
— Bom…— ele quebrou o silêncio desconfortável que havia novamente se formado.
Isabela soltou a bandeja ao perceber que já estava segura por ele.
— Desculpe.— ela falou, desconcertada.
— Obrigado pelo café da manhã.
Novamente o silêncio estranho.
Nos pouquíssimos dias que precisaram passar juntos, um achou a companhia do outro bastante desagradável. Eles estavam acostumados com a troca de farpas e também a se encararem com receio.
Pela primeira vez, foram simplesmente educados um com o outro.
— Não tem de quê.— Foi tudo o que Isabela disse, antes de se afastar.
Arthur ficou um tempo parado, apenas olhando fixamente a bandeja que segurava.
Haviam inúmeras opções de comida, mas não prestou atenção em nenhuma.
Foi bastante intrigante encontrar com a Isabela depois do sonho que teve com ela.
Arthur saiu para a fábrica poucas horas depois, ainda pensativo.
E se viver em paz com Isabela não fosse uma ideia tão r**m assim?
…
Após poucos minutos de trajetória, Arthur chegou ao prédio de sua fábrica.
Se tratava de uma grande indústria de laticínios e pertencia aos Esposito’s durante várias gerações.
A Di Fattoria - no italiano significa “ da fazenda”, foi criada pela primeira geração dos colonizadores de Rosa Rosso, ou seja, em 1658.
Com a gestão moderna de Arthur, ela conseguiu expandir para países até do outro lado do continente.
Os produtos do Arthur iam desde o leite em si, até seus derivados como diversos tipos de queijo, iogurtes, etc.
Nos últimos anos, Arthur focou toda a sua raiva e ressentimento no projeto de se tornar mais produtivo, e aquilo deu bons frutos.
Enquanto caminhava para fora do estacionamento, uma voz feminina e conhecida o fez gelar.
— Arthur?— Perguntou a mulher.— Arthur Esposito?
Ele não conseguia voltar-se para trás, estava paralisado.
Ainda assim, a outra caminhou até ele e ficou frente a frente.
— Eu não acredito que é você mesmo, quanto tempo!— ela caminhou na direção dele e o abraçou.
Arthur não fez nada além de encostar a mão nas costas dela.
— Você lembra de mim, não é? Sou Sandra, prima da Luna.
O homem estremeceu só de ouvir aquele nome.
Nos últimos anos, todo mundo evitava de mencioná-lo, como uma forma de respeito.
Instintivamente Arthur olhou para os próprios pés. Não queria ficar cara a cara com a Sandra, costumava esconder - ou ao menos tentar- aquelas cicatrizes enormes.
— Eu me lembro.— Foi tudo o que ele falou.
— Eu não sei se você lembra, mas sou enóloga. Vou passar uma temporada aqui em Rosa Rosso. Já vim outras vezes, mas soube que você passou uma temporada em Londres, fazendo uma pós-graduação. Poderíamos marcar um almoço ou um jantar para…
— Eu tenho algumas reuniões marcadas e não consigo conversar mais, preciso ir.— disse Arthur, se afastando logo em seguida.
Sandra sequer teve tempo de conseguir o contato dele.
No entanto, a casa de vinhos que trabalhava era ali próxima e ela viu quando Arthur adentrou a “ Di Fattoria”.
Sabia do estrago que sua prima fez na vida dele, ainda assim, não desistiria de tentar se aproximar.
Sandra sempre gostou de Arthur, e se parecia ter desistido foi em respeito a prima.
Ela lembrava muito bem do dia em que se conheceram.
Estavam em uma festa em Buenos Aires.
Como sempre, Luna era a estrela da noite. Usava um vestido vermelho justo e provocante, logo acima do joelho. Ela dançava tango com um argentino que frequentava o lugar, e tinha mais uma fila de admiradores.
Como sempre, Sandra era apenas a sombra dela, ainda que fosse tão bonita quanto - ou até mais-, não tinham o toque de carisma e sensualidade que tornava Luna uma mulher tão única.
De repente, tudo em volta da Sandra perdeu o sentido quando ela se deparou com o homem mais bonito que tinha visto, até então.
Aquele tipo irritante que era bonito demais para existir.
1,80
Olhos azuis
Cabelos loiros
Corpo definido, mas não definido demais.
Ele parecia caminhar na direção dela, quando passou direto.
Na verdade, os seus olhos estavam vidrados em Luna que ainda dançava o maldito tango com o maldito argentino.
Quando a mulher acabou o seu número, foi aplaudida por todos, inclusive por aquele homem.
Sandra sentiu o coração palpitar quando ele sorriu, mas logo congelou quando o mesmo tirou Luna para dançar.
Os dois faziam um lindo par.
Luna se movia com facilidade, como se fosse feita para dançar.
Os seus cabelos n*egros esvoaçavam com os movimentos.
Os olhos delas pareciam dois lagos escuros e profundos, que combinavam com o sorriso formado por lábios rosas e carnudos.
Sem falar no corpo escultural que a Luna tinha. Ela era uma daquelas mulheres que quando aparecia no lugar, chamava toda a atenção para si.
No final da dança, os dois se apresentaram.
— Bailas muy bien.— Elogiou Luna, assim que saíram da pista de dança.
Sandra estava encolhida no canto, e ficou enjoada ao se deparar com os olhos de flerte da prima.
— Sou brasileiro.— disse o homem.— Agradeço o elogio, e a recíproca é verdadeira.— ele segurou a mão dela para pousar um beijo no dorso.— Arthur Esposito.
Ele correspondia ao olhar de flerte dela.
Aquilo deixou Sandra mais desesperada.
— Luna Barbieri. Essa daqui é a minha prima, a Sandra.
Arthur pareceu tê-la notado pela primeira vez e aquilo deixou Sandra muito incomodada.
— Ah, mil desculpas. Prazer em conhecê-la.
— Igualmente.— ela respondeu com a voz fraca.
— De qual lugar do Brasil você é?— Perguntou Luna.
— Sou de uma cidade pequena chamada Rosa Rosso, fica no Sul do país. Embora que passei os últimos anos em São Paulo, por causa da faculdade. E você?
— Eu sou de São Paulo. Mas aquela cidade é tão gigante que não me surpreende o fato de nunca termos nos encontrado.— Luna voltou-se para Sandra ao terminar de falar.— Consegue pegar um drinque para nós dois?
Sandra abriu a boca, mas não tinha o que contestar. Já havia se acostumado a ser a sombra da sua prima.
— Claro.— ela concordou, desanimada.
— Pode usar a minha comanda.— Arthur entregou o seu cartãozinho para ela.
Enquanto foi até o balcão, Sandra não tirou os olhos dos dois, que conversavam a vontade.
M*al sabia Arthur que a sua vida mudaria para sempre a partir daquele dia.