Aos olhos de Nina
Eu sabia que o meu relacionamento com o Alex seria o passaporte que precisava para a vida que eu queria.
Além de ser lindo e de ser ótimo em satisfazer uma mulher na cama, Alex era extremamente generoso.
O aniversário da Gabi havia superado todas as expectativas, foi a oportunidade que eu tive de fazer parte do mundo dela.
No domingo, quando voltamos para São Paulo no início da tarde, o primeiro que fiz foi ir no shopping.
O Alex fez o pix que prometeu, quinze mil reais na minha conta.
Não era burra, não torraria tudo em roupas e sapatos.
Precisava de cinco combinações neutras de blazer, calça e blusas de linho e dois pares de sapatos de saltos sociais.
Nessa loja de grife deixei cinco mil reais.
Fui ao cabeleireiro e fiz as unhas, deixei quinhentos reais.
Por último, passei na Schütz e levei duas bolsas, uma p*reta e uma marrom, mais dois mil reais.
O que restou, guardei na conta.
Minha mãe sempre falou tanto do futuro, que com a ajuda do Alex faria o meu.
Assim que cheguei em casa, tive cuidado na hora de guardar as sacolas, minha mãe não podia ver de jeito nenhum. Para todos os efeitos, quando me visse vestida, aquelas seriam peças que a Gabi descartou.
Como toda menina da classe média eu tinha datas específicas para fazer compras grandes de roupas, apenas duas vezes ao ano, julho e dezembro.
— Nina? Como você está linda.— Elogiou minha mãe ao entrar no quarto.— Essa super produção é para o seu primeiro dia no estágio?
— Claro, preciso causar boa impressão. Uma boa aparência é a entrada para tudo.
— Tem toda razão. Inclusive, eu te fiz uma surpresa, meu amor. Comprei dois conjuntos sociais para você trabalhar amanhã. São todos de linho, cores neutras e combinam com aqueles saltos sociais que você ganhou da Gabriela.
Fiquei sem reação. Como dizer para a minha mãe que não precisava sem magoá-la?
Minha mãe tinha bom gosto, sem dúvida. As peças eram lindas, em p*reto e areia, cores que eu já havia comprado, mas em um modelo diferente.
— Ah, mãe, não precisava…
— Claro que precisava. É seu primeiro dia no estágio que vai ser a porta de entrada da sua vida profissional, filha.— Ela caminhou até o meu armário e tirou de dentro os conjuntos que havia comprado.
Blazer’s, calças e blusas.
Ficou surpresa ao se deparar com as sacolas que eu trouxe para casa.
— A Gabi me deu de presente. Ela ganhou várias peças dessas de presente em cores parecidas, e me deu algumas.
— Nossa… Essa grife é muito cara, não é? A Gabi é mesmo muito generosa.
— Ela tem mais de trinta peças assim, mãe, e sabia que eu não tinha nenhuma, então me deu cinco conjuntos para que eu pudesse usar durante a semana. Mas, claro, também usarei as suas com muito prazer.
— São de linho também. Claro, não tão superfaturadas quanto essas…
— Mãe…— Caminhei até ela e segurei as peças que ela tinha pego.— As suas são as minhas favoritas.
Ela sorriu e me beijou na testa.
— Sua tia e sua prima estão vindo jantar conosco. Elas compraram o apartamento do lado.
— Sério? Que coisa boa. Você sempre sentiu falta de morar perto da sua irmã, não?
— Ah, com certeza. Sabe que minha família não é tão grande. Ter por perto minha irmã e minha sobrinha… Nossa, não sei nem o que dizer.
Também fiquei feliz.
Fora a Gabi, a minha prima Bárbara era quase como uma irmã. Ao menos poderia confidenciar com ela o meu caso com o Alex.
…
— Você é completamente maluca.— Disse Babi, em choque.
— Eu não sei te dizer como tudo começou. Acho que o Alex percebeu que não sou criança quando me viu com o irmão dele.— Estiquei os braços e me joguei na cama.
— Você sabia exatamente o que estava fazendo quando provocou tudo, não é?
— Era uma tentativa que eu precisava arriscar. O Alex é lindo, bom de cama, e pode me dar oportunidades que eu nunca teria sozinha.
— Como essas roupas de grife?
— Roupas, joias, viagens… Fora o dinheiro que vou começar a guardar. Com o Alex eu posso ter a vida que sempre sonhei.
— Você pretende ter algo além com ele? Digo, um relacionamento de verdade?
— Eu gosto do Alex de verdade, sempre fui apaixonada por ele. Acho que posso unir o útil ao agradável.
— Por enquanto, aproveita que ele pode ser seu sugar dad. Se não der certo, pelo menos você terá um bom investimento guardado.
— Duvido muito que não dê. O Alex está louco por mim.
— Mas e a Gabi? Não acha que essa relação pode acabar com a sua amizade?
— Eu amo a Gabi, de verdade. Para mim, ela é uma irmã. Mas eu preciso me colocar em primeiro lugar, Babi. Não posso desperdiçar uma chance dessas nem por causa da Gabi.
— Acho que você tem razão. Sendo assim, você vai precisar de uma fachada, não é? Arrumar um namorado ou ficante.
— Já tenho a minha fachada. O Fernando.
— O irmão do cara?— Babi arregalou os olhos.
— Eu já tenho acesso aos eventos na casa da Gabi por causa da Gabi. Mas preciso dar um pretexto para a minha mãe, não é? Quer pretexto melhor do que namorar o Fernando?
— Tem total sentido.
— Vou dar um jeito de arrancar do Alex um bom valor mensal. Fora jóias, presentes. Claro, com descrição, porque minha mãe pode desconfiar.
— Vai pedir uma mesada para o seu dad?— Provocou Babi.
— A mensalidade da universidade é tão cara… E o meu curso não tem em universidade pública, porque eu tive nota para várias outras da mesma área. Eu sou bolsista de 50%, mas lá não dão bolsa integral…
— Marina, Marina…
— Com certeza ele vai investigar, então não adianta eu pedir o valor total. Eu tenho certeza que se eu chorar as pitangas o próprio Alex irá oferecer.
— Você está me saindo diabólica.
— Eu falei que estava farta de contar os centavos para viver, não falei? Essa é a minha chance e eu vou aproveitar. Pouco a pouco vou enredando o Alex e tenho certeza que ele se dobrará a todas as minhas vontades.