Era mais um dia chuvoso, quando Beatriz presenciou da janela de seu quarto uma garota de capuz azul bater com a aldrava por duas vezes, antes de um dos criados abrir o portão. O vidro estava um pouco embaçado por conta das gotículas pesadas que escorriam, então foi necessário que ela baforasse na janela e esfregasse o lugar com o antebraço. Imaginou o quão seria repreendida pelas damas da alta sociedade por causa daquele simples gesto, mas decidiu que não se importaria com isso agora. Afinal de contas, suas únicas testemunhas eram os móveis de seu quarto e o quadro de uma aristocrata de mais de trezentos anos, que a olhava como se fosse arrancar sua alma do corpo.
- Não olhe para mim assim.- Disse Beatriz, virando-se para trás e apontando o indicador na direção do quadro. Provavelmente se
