Capítulo 7

849 Palavras
  "Você foi... dispensado. Sinto muito. Eu não queria, mas... recebi um telefonema. Da sua mãe." Meu estômago despencou. "Ela ameaçou nos denunciar, disse que revogaria nossa licença se eu não te demitisse." Benny continuava olhando para o chão. "Desculpe. Não pude fazer nada."   "Ela dirige uma empresa de cosméticos de luxo, Benny. Não o FBI, pelo amor de Deus."   Ele deu de ombros, desamparado. "Ela disse que nos denunciaria por violar o código de saúde. E você sabe que ela tem contatos. Ela poderia realmente fazer isso acontecer."   Respirei fundo. Gritar com o Benny não adiantaria de nada. A culpa não era dele.   Antes de fazer algo e******o — como jogar uma jarra de leite pela janela — saí furiosa.   Eu não odiava aquele emprego. Ser barista era só um bico.   O que realmente pagava as contas — o que ninguém sabia, exceto Yvaine — era meu design de joias.   Desde criança, minha mãe dizia que eu era mediana. Comum. Sem talento. Toda vez que eu tentava brilhar, ela me puxava de volta para a sombra dela.   Eventualmente, aprendi a obedecer. Enterrei minha ambição, usava penas cinzas como um pavão fingindo ser pombo.   Então, não me importei em perder o emprego na cafeteria.   O que me enfureceu não foi o desemprego. Foi que essa jogada de poder - era dela.   As impressões digitais dela estavam por toda parte.   Era a punição dela. Uma resposta à minha tentativa de escapar do Rhys. De escapar dela.   Ela estava me mandando uma mensagem:   Você não vai simplesmente sair andando.   Posso destruir qualquer migalha de orgulho que você acha que conquistou - com um simples dedo.   Se ela achava que eu voltaria rastejando, como costumava fazer, implorando por sua aprovação...   Ela podia ir para o inferno.   Eu não era mais a marionete dela.   Eu cansei de brincar de boa garota.   Trinta minutos depois, abri a porta da frente da mansão Vance com determinação.   Sem bater. Não me importei.   Eu estava pronta para começar a segunda rodada da nossa guerra familiar.   Mas o que encontrei foi algo bem pior.   Meus pais estavam sentados no sofá marfim da sala de estar, saboreando um vinho que valia mais do que meu aluguel, rindo—rindo—com um homem que eu não conhecia. A cena parecia de um quadro. Como se tivessem saído diretamente de um manual de "Como Realizar o Jantar Perfeito para Poderosos do Subúrbio".   O homem parecia uma versão sem graça e desleixada de um magnata dos anos 50—talvez um que tivesse passado um tempo em prisão de colarinho branco e saído de lá com um alfaiate.   Terno sob medida. Camisa desabotoada até o meio do peito, revelando um pedaço de pelos que parecia uma guirlanda de Natal recém-podada. Seus dentes eram brancos demais, seu sorriso polido demais—como se a ganância tivesse passado por uma camada de verniz.   "Querida," minha mãe disse, doce como xarope, "venha conhecer o Sr. Leonard Shaw, CEO da Alcott Shipping. Um verdadeiro homem que fez seu próprio caminho. Você tem muito a aprender com ele—sobre como transformar talento bruto em verdadeiro sucesso."   Aquilo me atingiu como um martelo perfumado na cara. Leonard sorria de orelha a orelha. Seus olhos—não, seus olhos foram direto por debaixo da minha saia.   "Encantado em conhecê-la, Srta. Vance," disse ele. "Espero que possamos conversar mais. Sempre gosto de orientar jovens mulheres. Especialmente as inteligentes e bonitas como você."   Não me dei ao trabalho de esconder minha expressão. Não era desgosto. Era náusea. Ele praticamente lambia os lábios. Eu podia ouvir a trilha sonora de "Proposta Indecente" tocando na cabeça dele.   "Mira," minha mãe avisou naquele tom ameaçador doce como mel, "não seja indelicada. Cumprimente o Sr. Shaw."   Eu não me movi. Nem pisquei.   Se alguém tivesse jogado um guaxinim em mim naquele momento, eu teria abraçado ele em vez de tocar a mão do Leonard. A risada da Caroline soou alta e frágil, como se ela tentasse esconder minha resistência.   "Os jovens estão tão sensíveis hoje em dia, não é mesmo?" ela disse para Leonard, com o tom de quem acredita que eu vou ceder eventualmente.   Leonard só deu de ombros. "Gosto de uma garota com um pouco de fogo."   Sim, e eu gosto de dentistas que não precisam de alicates. Não podemos ter tudo o que queremos.   E meu pai — o mesmo homem que, dias atrás, me disse 'vamos cuidar de tudo' — agora acenava para Leonard como um concierge de hotel esperando por uma gorjeta boa.   Foi aí que eu entendi.   Isso não era uma introdução.   Era uma apresentação.   Eu era o produto em exibição esta noite.   Não se tratava de conhecer um 'homem solteiro promissor'.   Era uma venda. Eu estava sendo comercializada como um pacote financeiro com brinde.   Quando Leonard finalmente foi embora — deixando para trás uma nuvem de colônia e um rastro de falso charme — eu me virei para encará-los.   "O que diabos foi isso?"   Minha mãe levantou sua taça de vinho, deu um gole lento e triunfante.   "Aquilo," disse ela com um sorriso, "foi seu futuro marido."
Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR