Em risco

1469 Palavras
— Eu fiquei surpreso com o seu convite.— Confessou Alex, enquanto pedalavam pelo Hyde Park. — Surpreso, por quê? Nos aproximamos muito nos últimos dias. — Sim, mas eu sempre tive a sensação de que as investidas eram minhas e que até eu estava sendo um pouco insistente demais. — No começo até podia ser, mas eu realmente estou gostando da sua companhia. Alex reduziu as pedaladas até que parece e Ellie fez o mesmo. — Eu estou muito interessado em você, Ellie. Nunca tinha conhecido uma mulher tão determinada e tão cheia de vida. — Você também tem qualidades que te tornam muito interessante. E quer saber? Eu acho que podemos tentar algo aos poucos. — “ Algo”?— Perguntou Alex, pensativo. Aquilo, sim, parecia muito interessante. — O que acha de irmos no chalé dos meus pais? Acredita que lá é uma antiga biblioteca do século 18? — Podemos ir no final de semana. Seria um começo. — Eu vou preparar um dia especial para nós dois. Ellie sorriu. Por alguma razão, tentava achar algo do Peter nele. Embora fossem primos de primeiro grau, os dois não tinham nada a ver. E não se tratava da aparência. Peter tinha um olhar mais malicioso e sabia levá-la ao seu limite de tudo. No limite da raiva, no limite do prazer. Peter fazia com que Ellie se sentisse um paradoxo e todos os sentimentos que ela poderia sentir por aquele homem eram 80 da escala do 8. Mas Ellie sabia que Peter só queria se aproveitar da sua fraqueza para tirar uma vantagem. Não faria com ela o que fez com Sasha e tantas outras. Ellie daria a volta por cima e seria se relacionando com uma das pessoas que Peter menos gostava no mundo. O seu primo Alex, aquele que sempre disputou as mulheres, em especial aquela mulher que Peter tentou amou. Depois da volta no parque, após deixar Ellie em casa, Alex seguiu caminho para a sua própria casa. Decidiu desviar do caminho para ir em um posto de conveniência que ficava no sentido contrário a sua casa. Assim que saiu do lugar com suas sacolas de compras, deparou-se com uma surpresa que o fez suar frio. Na sua frente estava ela, a garota de SunFlowers que Alex jamais imaginou que encontraria tão cedo. Tinha passado uma noite incrível com ela, mas aplicou para Claire a mesma regra que aplicava para as outras garotas. “ Alex não ficava com a mesma mulher mais de uma vez”. Ao menos pensava assim até se encantar por Eleanor Lowell. — Você?— Perguntou a garota, perplexa. Ela estava com um grupo de amigas e deu alguns passos para frente no intuito de se certificar de que os seus olhos não a estavam enganando. — Alex? Você é o Alex de SunFlowers? O que está fazendo perto da minha casa? — Eu não sabia que você morava em Londres. — Eu pensei que nunca mais teria o desprazer de olhar na sua cara. — Não sei porque tanta raiva de mim, Claire. Eu fui sincero com você quanto a… — Ah, então quer dizer que lembra o meu nome?— ela perguntou, com ironia.— Eu quero que f*oda-se a sua sinceridade. Homens do seu tipo só tem esse tipo de joguinho para contar como vantagem. — Não é do meu interesse continuar essa discussão. Você vai superar isso, menina. É tão nova, tão bonita. Tenho certeza que tem mais coisas a oferecer sem ser a sua beleza… — Cala a sua maldita boca. Eu não preciso dos seus consolos de m*erda. Eu não preciso da sua pena. — Sabe o que parece? Não sou eu que tenho pena de você, Claire, é você quem está com pena de si mesmo. Você que acabou se apaixonando por mim e está me colocando de vilão porque eu não te correspondi. Em resposta a agressão verbal, atirou contra o rosto dele toda a água que tinha na sua garrafa. Uma das amigas de Claire tomou a iniciativa de tirá-la dali, ela estava muito nervosa. Assim que chegou em casa desabou de tanto chorar. A primeira a ter a oportunidade de consolá-la foi a Odete. Ellie chegou logo depois. As três estavam sentadas no sofá, as outras escutavam o desabafo da Claire. — Não é possível… Que coincidência infeliz.— Opinou Odete enquanto acariciava os cabelos da Claire. A garota chorou tanto que os fios claros dos cabelos dourados grudaram no rosto. — Eu estava decidida a passar um bom tempo sem ir em SunFlowers. Ao menos tempo o bastante para para conseguir encontrar com aquele desgraçado sem me sentir desse jeito. Vocês precisavam ter escutado o absurdo que ele me disse. Ellie parecia estranhamente pensativa e Odete percebeu. — Eu vou para o quarto. Preciso ficar um pouco sozinha.— disse Claire, levantando-se do sofá em sequência. Odete esperou Claire se afastar para interrogar a outra. — No que você tanto está pensando? — É muita coincidência, Odete. Será que o Alex Fernsby é o mesmo Alex da Claire? — Essas coisas só acontecem em filmes. Com tantos Alex’s no mundo porque justamente você teria que pegar o da sua irmã? Não, não tem como ser. — Ela disse que ficou com aquele homem em uma adega. O Alex tem várias adegas. — Sim, tanto ele quanto qualquer outro dono de propriedades com vinhedos. Sinceramente, Ellie? Nem sabemos se esse homem que se envolveu com a Claire se chama realmente Alex. Novamente Ellie parecia pensativa. O que sua assessora falava tinha coerência. Ou será que ela queria acreditar nisso a qualquer custo? Alex era a sua última esperança de se manter afastada do Peter. Talvez Ellie estivesse sendo totalmente egoista, mas não queria pensar naquela possibilidade. — Você tem razão, Odete, eu só estou sendo paranóica, vou parar de me sabotar dessa maneira. O Alex me convidou para ir ao chalé dos pais dele e eu já tinha programado tudo na minha cabeça… — Então vá. Você merece essa oportunidade de ser feliz, de sair um pouco dessa rotina de só viver para o trabalho. A vida inteira você se preocupou com os negócios do seu pai e com a sua irmã. Chegou a hora de olhar para si mesma. — Sim, e o mais importante… Dando uma chance para o Alex, estou dando uma chance para mim mesma. Uma chance de não me desestabilizar emocionalmente por causa do Peter, uma chance de ter algo com alguém legal. — E vamos combinar… O Alex é tão lindo quanto o primo dele. — Sim, ele é.— Concordou Ellie, não parecendo muito empolgada. — Deixe que eu cuido da sua irmã. Daqui a pouco ela esquece essa paixãozinha sem sentido. Vamos combinar que a Claire só ficou com aquele homem uma vez. — Sim, mas foi o suficiente. Não precisamos de muitos motivos para nos apaixonarmos, a paixão não tem sentido, não tem explicação, não tem um ponto de começo e nem um ponto de acabar.— opinou Ellie, novamente parecendo pensativa. A sua mente percorreu um caminho perigoso. Foi nele que pensou enquanto falava com Odete sobre “ estar apaixonada”. Ellie lembrava exatamente a sensação de ficar sem ar quando as mãos grandes e fortes do Peter seguravam a sua cintura ou a curvatura arredondada dos seus quadris. Lembrava da sensação de ter as pernas trêmulas e do ponto de calor que se formava logo abaixo de sua barriga quando ele a beijava. Principalmente quando ele a beijava por lugares que ela nem imaginava possível. Ficou tão perdida e tão longe da realidade que lembrava exatamente do tom grave das palavras dele quando sussurrava no seu ouvido todas as coisas que poderia fazer com ela. O mais absurdo era que Ellie desejava muito que ele fizesse cada uma daquelas coisas. — Você está apaixonada por Peter Fernsby?— Perguntou Odete, preocupada. — Eu não sei, eu não sei o que eu estou sentindo. Eu só não consigo me controlar quando estou perto do Peter. Eu não consigo ser racional com ele. O pior é que eu sei que isso tudo não passa de uma brincadeira. — Mais um motivo para você deixar de criar tantas paranóias e dar uma chance para o Alex. Nada como um novo alguém para te fazer esquecer de outro amor. — Não é amor, eu sei que não é. — É paixão, Eleanor. A paixão ela é perigosa porque não te dá limites. Você só sabe que quer muito alguém independente do que esteja colocando em risco. — Em risco. É exatamente assim que eu me sinto após acordar ao lado do Peter. O pior é que ela não conseguia pensar nisso quando ele estava entre as suas pernas, dentro dela.
Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR