Soul link

2371 Palavras
Damian e Ren chegaram ao teatro Kabuki-za, onde combinaram de se encontrar com os outros. Hana e Chris o avistaram rapidamente por ambos chamarem atenção pelos seus traços únicos. - Achei que fossem furar. – Chris falou e logo recebeu um tapa no braço da Hana – Ai! Por que fez isso? – resmungou. - Chegamos não faz nem dois minutos, então para de graça! – advertiu – Poderíamos ter chegado exatamente na hora marcada, mas você demorou tanto para se encontrar comigo no ponto de ônibus. - Eu já pedi desculpas. No caminho eu esqueci de pegar a minha carteira, ela tinha ficado na outra calça que eu tinha escolhido usar hoje. - Então estava tão empolgado para impressionar a Hana, que experimentou várias roupas, é isso? – Damian falou conseguindo fazer Ren rir. - O que está dizendo? Eu só... Só vi depois que a calça estava furada! – tentou arrumar uma desculpa convincente. - Se ele se enrola assim com uma roupa, imagina quando for o dia do casamento. É capaz de deixar a pessoa criar raízes no altar, até ele chegar. – Hana falou. - Por que vocês são assim? – o beta suspirou. Em seguida foi até Ren e o abraçou – Ren, brigue com o Damian. – pediu fazendo manha – Ele que começou tudo. – percebeu o alfa lhe fuzilar com os olhos, o que era a sua intenção. Hana segurou a orelha de Chris e a puxou para afastá-lo do ômega. - Se afaste. O que você está fazendo pode ser considerado assédio. – expeliu um ar pesado – Ren, você vem comigo comprar a pipoca? – perguntou e ele assentiu – Então vamos. – disse segurando a mão do outro ômega – Enquanto isso, vocês vão comprar os ingressos. Deve ter uma sessão pra daqui a vinte minutos. Se separaram, deixando o alfa e beta sem reação. - No fim ela que levou a melhor. – Chris comentou. - De fato. Mas sabe, não faça aquilo que você fez antes na minha frente, senão eu acabo com você. – disse mostrando um sorriso forçado ao beta. - Que possessivo. Na fila da pipoca Ren se sentia meio desconfortável, achava estar recebendo olhares de estranheza das pessoas ao seu redor. Pensava que talvez tivesse sido melhor ter colocado um casaco com capuz, ou então ter pego uma touca. - Ren, você está bem? - Me desculpa. Acho que estamos chamando atenção demais por minha causa... - É porque você é bonito, Ren. – disse sorridente – Quero dizer, o seu cabelo chamar atenção é inevitável, mas eu acho bonito assim como os seus olhos. - Você acha? - Sim. Parece que você saiu de uma fábula que a minha mãe contava para eu dormir quando era menor. – soava com ar de nostalgia – Na verdade, eu queria falar com você desde que te vi no primeiro dia escola, mas eu não sabia como. E também, eu não tinha coragem para tentar te ajudar com as situações que você estava passando, principalmente por causa do Hasekura, ele me dá medo... Provavelmente deve pensar que eu sou patética. - Não, eu não acho... Eu também queria me aproximar de você, mas também tinha medo de acabar te envolvendo com os meus problemas. Eu sei que não são todos que me veem com um olhar de estranheza, mas a maioria dos alunos daquela escola sim. Infelizmente não há muito o que eu possa fazer a respeito, principalmente por causa das minhas condições. - Então... Você não me culpa? - Não. Você está sendo sincera falando abertamente comigo agora, então está tudo bem. Eu tive uma semana muito legal graças a você e aos meninos. Por isso me sinto agradecido. – tendo dito isso, recebeu um abraço de Hana. - Eu devia ter sido mais corajosa e dito alguma coisa antes. Desculpa Ren! Prometo que estarei do seu lado sempre que precisar de mim, mesmo que os outros alunos riquinhos e mimados digam alguma coisa! – declarou como se fosse um grito de guerra, fazendo o outro cair na gargalhada. - Está bem, obrigado, Hana. - Agora deixando isso de lado, estou um pouco curiosa. Não, na verdade eu estou muito curiosa. – deu ênfase ao muito – Você e o Damian, estão saindo? – questionou. - Por que a pergunta? – rebateu meio nervoso. - Ele não desgrudou de você desde que chegou e também, faz questão de deixar rastros dos feromônios dele em você. É como a professora Kyoto disse em uma das aulas sobre o excesso de proteção que alguns alfas têm para com os parceiros, não se lembra? - Sim, mas... Eu não percebi até ontem que ele estava fazendo isso. - Já deve estar tão acostumado com ele que nem percebeu. - Você acha? - Aham. Damian parece ser um alfa de princípios, então deve querer que se sinta bem e confortável perto dele. Mas também aparenta ser meio ciumento... – dizia pensativa – Mas de qualquer modo, se precisar de algum tipo de conselho, me avise. Talvez eu possa te ajudar com a experiência que eu ganhei assistindo filmes e séries de romance. - Está bem. - disse sorridente. Como se experiências desses lugares fossem realmente servir de alguma ajuda. No breve tempo que ficaram na fila, Hana conseguiu deixar Ren mais á vontade. Conversaram sobre coisas bobas, como os hobbies de cada um, os tipos de séries que mais gostavam, se preferiam doces ou comidas salgadas e até tiraram uma foto juntos. Foi nessa conversa que ele percebeu que havia se esquecido da tática que o apoiava ao sair de casa; ignorar os olhares e comentários alheios e focar naquilo que lhe fazia bem. Depois de comprarem as pipocas e as bebidas se encontraram com os meninos para finalmente entrarem na sala. Por sorte conseguiram ingressos na segunda fileira de frente para o palco, teriam uma boa vista da peça. A ordem dos lugares entre eles ficou; Ren, Damian, Chris e Hana. As luzes do ambiente logo se apagaram significando que a peça teria o seu início. Milhares de anos atrás, havia um lobo que vagava pelas florestas sozinho. Os outros animais não ousavam se aproximavam dele por possuir os olhos azuis e a pelagem ser tão preta que lembrava a própria escuridão. A existência dele era vista como algo fora do padrão, achavam o pobre animal assustador... Certo dia, enquanto caminhava pela floresta avistou outro de sua espécie, porem este ao contrário de si, possuía os pelos completamente brancos como a neve e olhos que se assemelhavam a cor das flores delfim... O lobo branco não temia o de pelagem preta, pelo contrario se aproximou do outro que até então era solitário. Por causa da sua pureza, ele não tinha preconceito por espécie alguma e por isso era adorado por todos. Enquanto a história era narrada, os artistas representavam as passagens com as suas atuações não verbais. A parábola havia captado por completo a atenção de Ren e os outros. Aos poucos, os animais que tinham receio de ficar perto, começaram a se aproximar querendo conhecer mais o lobo preto e perceberam então que ele era completamente o oposto do que achavam que seria. Um tempo mais tarde, enquanto os dois lobos caminhavam pela floresta, eles se depararam com uma armadilha feita pelo homem e acabaram sendo capturados. Porém o que o homem não esperava, é que duas crianças que haviam o seguido, fossem soltar os lobos enquanto ele descansava. As duas crianças tinham características peculiares, ambas possuíam olhares dourados e foram elas que guiaram os animais para que eles não acabassem sendo pegos por outras armadilhas. Os lobos acreditaram na pureza dos olhares daquelas crianças e por isso conseguiram chegar bem longe, mas a felicidade durou pouco... O homem juntou seus companheiros de caça e foi atrás dos lobos, já suspeitando que eles haviam sido libertados por alguém. Portando espingardas e até mesmo arcos, não seria difícil conseguir pegá-los. As crianças perceberam a aproximação, mas não quiseram continuar seguindo em frente. Ficariam para trás afim de conseguir mais tempo. As crianças acabaram sendo mortas pelos caçadores e o lobo branco que tinha a possibilidade de voltar a sua natureza, compadecido pelas crianças acabou voltando, porém a sua volta causou a sua morte. Na tentativa de impedir que os corpos das crianças sofressem ainda mais feridas ele se colocou na frente das balas e flechas. O lobo de pelagem preta viu a tamanha crueldade daqueles homens, que mesmo assassinando o seu primeiro companheiro, não se contentaram e também voltaram a machucar os corpos já sem vida das crianças. O lobo sentiu o vazio dentro de si, mas uma vez a solidão o alcançou. Ele enlouqueceu. Seus olhos que eram azuis, foram tomados pela cor escarlarte, sua garras dobraram de tamanho e sua estrutura corporal também evoluiu. - Matem! O animal dominado pelo ódio foi ágil o suficiente para acabar com aqueles homens, deixou todos desmembrados e a floresta que devia ser coberta pelo verde das matas, foi dominada pelo sangue dos caçadores. Cansado, o lobo de pelagem n***a se pôs ao lado dos corpos das crianças e de seu companheiro que teve seus pelos brancos maculados com sangue. Se antes o temiam sem motivo, agora teriam um porquê para terem medo. Se ele permanecesse solto da maneira em que estava, os outros seres provavelmente acabariam sendo mortos e foi o que aconteceu. Três dias e três noites se passaram. No quarto dia, as almas das duas crianças apareceram á sua frente. - Já pode parar. Matança não trará nada de volta. – disse uma das crianças. - Não precisa ficar triste. Se morrer agora, garantiremos que fiquem juntos novamente. – falou a outra. - Nós seremos a ligação de vocês. – disseram juntas – Nós somos o alfa e o ômega. O começo e o fim de tudo. Nas novas criações, irão se reencontrar mais uma vez. Com o fim da vida daquele lobo a paz voltou a reinar na floresta. . Ao final da peça, Ren ficou pensativo por um longo tempo. Achou tudo muito comovente, precisou até se segurar para não chorar em algumas partes. Chris por outro lado, nem sequer escondeu que havia ficado comovido, estava até chorando. Já Hana, achou tudo um tanto curioso, afinal as características batiam em partes com os colegas que ela já conhecia. - Será que você poderia parar de chorar? – Damian perguntou – As pessoas estão nos olhando estranho por sua causa. - Mas como é que eu paro? – questionou fungando – Na verdade, como vocês não choraram? Por acaso não têm sentimentos? - Qual é a cor de uma flor delfim? – a ômega questionou. - De que isso importa? A história é o mais importante. A história. – o beta frisou. - Bom, eu gostei de ter vindo. A atuação dos artistas e a história foi muito comovente também. – Ren falou. - Não é? – o beta acompanhou – E você, o que achou Damian? – questionou e todos esperavam ansiosos pela sua resposta. - Incompleto. Eles não disseram o que aconteceu depois, então para mim foi um história incompleta. O que aconteceu com os lobos? Eles realmente se encontraram de novo? Talvez se eles tivessem dado continuidade a esse fato, poderia ter sido melhor. – dito isso viu a feição meio desapontada do ômega – Mas foi legal. Se o Ren gostou, eu também gostei. Um silêncio se instalou entre eles. - Oh! Olha a hora, precisamos ir! – disse Hana envolvendo o seu braço no de Chris – Vamos? - Hã? Mas já? Ainda está cedo, nós ainda podemos i- a ômega pigarreou. - Nós temos que ir naquele lugar ainda, se lembra? – dizia deixando o beta ainda mais confuso – Como você é tapado. Apenas vamos que eu te relembro no caminho! - Está bem então... - Precisam mesmo ir agora? – Ren perguntou – Eu ia convidar vocês para irem lá em casa. Minha mãe queria conhece-los. – dizia esperando que talvez eles pudessem mudar de ideia. - Nesse caso, nós adoraria- Chris foi interrompido mais uma vez, ao ter sua boca tampada pela mão da ômega. - Desculpa, Ren. Nós realmente precisamos ir agora. Mas tenho certeza que o Damian irá adorar nos representar hoje, não é mesmo? – o alfa assentiu – Na próxima nós iremos, sem sombra de dúvidas! - Se está dizendo. - Vejo vocês na escola. Até segunda! – disse quase arrastando Chris consigo. O beta só conseguiu acenar para os outros dois já que Hana ainda tampava a sua boca. Foi uma cena um tanto engraçada. Já distantes, Ren se deu conta de que agora estava só como alfa. Ele estava mais ciente da presença do outro agora, principalmente depois do ocorrido de mais cedo. - A Hana... é uma ótima amiga. Você não acha? – Damian se pronunciou. O ômega assentiu e logo em seguida acabou espirrando. - Me desculpa, não me dou bem com dias como esse. - Devia ter me dito antes. – dito isso, retirou o seu cachecol e o enrolou no pescoço de Ren. Também tirou a touca que usava e colocou na cabeça do outro – Acho que assim está bom agora. – disse mostrando um sorriso. - Mas e você? - Não sou de sentir muito frio. Eu só vim coma touca e o cachecol para fazer o que eu acabei de fazer agora. – disse segurando a mão de Ren – Mas para eu não ficar com as duas mãos frias, irei segurar uma das suas. Elas são quentes. - Ah... Claro. Pode ser. - Como eu estou indo para sua casa e vou conhecer a sua mãe, acho que preciso levar alguma coisa para agradá-la. - Não precisa disso. - Eu insisto. Sua mãe gosta de doces que nem você? – assentiu – Então irei comprar uma torta. Deve ter uma padaria aqui por perto... – dizia pensativo – Vamos andando mesmo, assim ficamos mais um pouco juntos. Depois eu peço ao Johan para nos buscar, tudo bem? - Não vai adiantar se eu negar. - Ainda bem que você já me conhece.
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