A friend

2183 Palavras
Kyoko pediu um táxi na volta. Aproveitou o caminho para ligar para o filho, apenas para garantir se estava tudo bem. Ela também não havia deixado avisado que voltaria para casa hoje. No histórico haviam algumas chamadas dele perdidas, provavelmente havia ligado com o intuito de saber quando voltava. Chamou duas vezes antes que fosse atendida. - Oi, Ren! – soou animada – Desculpa por não ter te atendido, eu fiquei bastante ocupada no trabalho. Está tudo bem em casa? Já almoçou? - Acabei de chegar aqui e– Kyoko ouviu um som de panelas caindo no chão. - Ren! Está tudo bem? – questionou preocupada. - Ah... Sim! Pedi para o Damian separar as panelas para fazer o almoço, mas ele deixou elas caírem no chão quando abriu o armário. – ouviu o filho suspirar – Desculpa. - Ele está aí de novo? – ao perguntar ouviu um “oi senhora Nakamura” vindo do alfa e franziu o cenho – Está no viva a voz... – murmurou – Oi, garoto. - Eu tentei ligar antes para avisar que ele vinha. Está tudo bem para a senhora, certo? - Bem, acho que não tem o que fazer... Então ainda não almoçou. - Não. A senhora está voltando? Quer comer algo em especifico? - Desculpa, filho. Eu almocei com o pessoal do trabalho dessa vez, então pode fazer qualquer coisa para almoçar. Quer que eu compre alguma coisa do mercado? Não me lembro quando foi a ultima vez que fiz compras e não sei o que ainda temos. - A senhora fez há pouco tempo e tem algumas coisas aqui. Deve estar cansada, não precisa se preocupar com isso agora. Qualquer coisa eu posso ir depois. - Desculpa. – era o que ela conseguia dizer por agora – Sendo assim, se importaria se eu demorasse mais um pouquinho para chegar? Preciso fazer uma visita rápida a uma amiga. - Está bem. Depois do almoço irei arrumar a casa, o Damian se ofereceu para me ajudar hoje. - Wow! Que legal... Então te vejo mais tarde. - Tá. – dito isso a ligação foi finalizada. - Daqui á pouco aquele garoto vira parte daquela casa de tanto que tem ido lá. – murmurou – Será que eu devo me mudar?– balbuciou – Senhor, me deixe no Hospital A&O, por favor. – disse ao motorista. - Certo. Foram quase duas horas de viagem, seus olhos pesaram o caminho inteiro, mas não se permitiu adormecer. Kyoko tinha o costume de se manter em alerta a qualquer lugar que fosse, até mesmo antes de sair de casa ela verifica ao redor para saber se não há ninguém suspeito. Após ter agradecido e p**o o motorista, entrou no prédio do hospital onde Sun trabalhava. O hospital A&O era conhecido por atender apenas ômegas e alfas. Os profissionais daquele lugar eram renomados especialistas na medicina conhecidos por ter ajudado alfas e ômegas famosos em seus tratamentos. Mas havia um setor daquele prédio dedicado aos VIP´s, este que nem mesmo os mais famosos sabiam da existência. Kyoko chegou na recepção e deu o seu nome. Foi designada a fazer alguns exames de imediato e passou por um check up rápido, demorou cerca de meia hora. Logo depois foi acompanhada por uma das recepcionistas até uma sala especifica. Pessoas de fora pensariam que era apenas uma porta com um símbolo de “restrito”, mas na verdade era um elevador subterrâneo. Não era a primeira vez que a alfa o usava, então sabia bem como funcionava. Desceu até um andar específico e quando as portas se abriram, se deu de frente para a sala onde a sua amiga Sun a aguardava. A ômega de cabelos loiros e olhos azuis encontrava-se de pé com os braços cruzados, enquanto estava encostada na mesa. Seus 1,65 de altura poderiam não amedrontar ninguém, mas a sua feição de seriedade sim. - Espero que tenha uma boa explicação para as suas ações, Maxine. – dizia com o cenho franzido – Se o seu objetivo é morrer eu posso simplesmente te deixar em estado vegetativo. Assim eu te torno uma das minhas cobaias, o que acha? A alfa engoliu seco. - Se um olhar matasse... - Você teria sido morta por mim várias vezes. – a ômega completou – Venha até aqui. – soou autoritária e Kyoko atendeu. Caminhou até a mais baixa e parou bem na sua frente. Esperava por um puxão de orelha, mas recebeu um olhar intenso de preocupação, como se Sun fosse chorar a qualquer momento. - Sun... - Eva ficaria decepcionada se te visse assim. Kyoko foi pega de surpresas pelas palavras e por ouvir aquele nome não conseguiu segurar as lágrimas. Enquanto isso, Sun se desencostou da mesa para em seguida alcançar o topo da cabeça da alfa para lhe fazer um cafuné. Precisou ficar minimamente nas pontas do pé para conseguir concluir o ato. - Isso foi maldade... – a alfa falou com a cabeça baixa enquanto ainda sentia as lágrimas rolarem pelo seu rosto. - i****a. A ômega puxou a cadeira para que Kyoko se sentasse, ofereceu um copo de água e esperou que ela se acalmasse. Enquanto isso olhava pela tela de seu computador os exames que a alfa havia feito quando chegou. Analisou os mínimos detalhes e ainda fez questão de ver tudo mais de uma vez para ter certeza do que diria. Kyoko já havia se acalmado, mas olhava a seriedade da Sun e isso a deixava ansiosa. Engoliu seco quando esta virou de frente para si para olhá-la melhor. - E então...? – a alfa ousou se pronunciar. - Se continuar trabalhando como está, esgotando sua força física e mental, não irá demorar muito para o seu corpo entrar em colapso. Você passou por uma rejeição de ligação, mesmo que já tenham passado anos, o seu cérebro e o seu lobo não superaram esse fato. Focar demais no trabalho não é uma solução. Isso está piorando cada vez mais a sua saúde. - Sun, isso aconteceu porque- - Eva desistiu da ligação para proteger o Ren e você dos pais dela. Você pode dizer isso quantas vezes quiser, mas o seu cérebro não aceita essa desculpa e o seu lobo muito menos. Desfazer uma ligação é a coisa mais dolorosa que pode ser feita, principalmente se as partes não estiverem de acordo. - Eu não devo ser a única nesse estado. A Eva também... – Kyoko cerrou os dentes e os punhos. - Mesmo que tenha sido doloroso para ela, nesse momento receio de que Eva não esteja entrando em um estágio critico que nem você. Eva agora não deve estar cheia de preocupações com trabalho, ou usando ele como um meio de não pensar demais em você e no filho. - Como assim? - Ela desistiu de você por um propósito maior; proteção. Os instintos dela á levaram tomar tal decisão e por esse motivo deve estar sendo suportável. Pelo menos foi o que meu informante disse. - Entrou em contato com ela? – a alfa questionou com os olhos arregalados – Quando isso aconteceu? Por que não me contou nada antes? Ela não fala mais comigo há anos. A última vez foi quando eu enviei uma foto do aniversário de quatro anos do Ren. - Como eu disse, foi o meu informante. Se eu tivesse feito contato direto, com certeza teriam achado vocês agora. Por enquanto, basta saber que ela está bem, mas os pais estão de olho nas ações dela e por isso anda sendo vigiada. Eva sai sempre acompanhada por guarda costas e não recebe muitas visitas. - Eles resolveram amarrar uma coleira na filha? Até quando eles vão continuar sendo assim? Será que eles não podem simplesmente deixar ela viver como quer? A Eva não é uma criança! - Mas é uma ômega lúpus, nascida de pais lúpus. A linhagem dela é pura. Você sabe que os pais dela se importam com duas coisas; linhagem e status. Eles querem manter uma boa imagem e aumentar a taxa de natalidade dos lúpus. Mas as chances de nascer um ômega lúpus são baixíssimas e como a Eva é a única filha deles assim, a proteção com ela é maior. - Eu sei disso tudo! – exclamou – Mas ainda assim, não posso aceitar uma coisa dessas! Eu devia tentar alguma coisa, mas não tenho recursos o suficiente. Se eu fizesse algo agora, colocaria o Ren em risco e eu não quero isso! – disse de uma vez sentindo uma pontada na cabeça – Mas que droga. - Se acalme. – pediu Sun. - Eu só queria que o Ren tivesse a chance de conhecer a Eva... Ou então que ao menos ele pudesse viver de forma mais livre. Eu queria mimá-lo com presentes, mas faço ele pensar que não temos condições de esbanjar dinheiro. Ele até estudou para entrar naquela escola. – dizia rindo de si mesma – O meu filho não merecia viver dessa maneira. Eu sou uma péssima mãe, que não consegue proteger de maneira decente as pessoas que amo. - E se continuar trabalhando tanto, não vai mesmo conseguir. Por isso me escute um pouco e aceite a minha ajuda. Você precisa cuidar da sua saúde primeiro e depois pensar no que fazer. Peça férias, passe mais tempo com o Ren, saiam e se divirtam! Isso também faz parte do seu tratamento. - Mas- - Se você não pedir as férias, eu mesma peço ao secretário geral que faça isso. O meu primo me deve muito pelas consultas que os filhos vêm fazer aqui. - Você é terrível e é de dar medo. - Se eu não for assim, não consigo o que eu quero. Agora, Maxine, preciso que- - Por favor, não me chame por esse nome, é Kyoko agora. Toda vez que nos encontramos me chama assim... E se por acaso me chamar de Maxine na frente de outras pessoas? - Estamos apenas nós duas aqui, está tudo bem. – dizia convicta – Eu aprecio a sua guarda alta, mas comigo não precisa disso. Somos amigas, então pode contar comigo. – mostrou um joinha com um sorriso no rosto. A alfa vendo isso não conseguiu se conter e acabou rindo. Ela sabia que podia confiar verdadeira mente em Sun, independente de qualquer situação e era muito agradecida por isso, afinal ela tinha ciência de que não era alguém fácil de lidar, ao menos esse fato Kyoko reconhecia. - Eu farei o que me disse, mas antes eu preciso contar a verdade para o Ren, mesmo que aos poucos. Há grandes chances dele me odiar depois. – expeliu um ar pesado – Ainda assim, tenho que fazer isso. Não posso controla-lo por mais tempo. Na verdade não devia nem ter criado ele dessa maneira. - Sabe, eu não desaprovo nem um pouco como o criou. Você fez o seu melhor da sua maneira e eu te admiro por isso. Mesmo que muitos pensem que foi uma mãe não muito presente na vida do Ren, eu sei que fez o seu melhor e tenho certeza de que ele vai entender quando contar tudo. – Sun soou sincera. A ômega não queria que Kyoko se sentisse culpada pelas escolhas que fez. Afinal ela sabia mais do que ninguém que a alfa fazia tudo por amar o filho. - Não é que ás vezes diz coisas bonitas? – implicou – Mas falando sobre o Ren, o heat dele deve acontecer pelos próximos dias, certo? – Sun assentiu – Eu tinha dito que ia decidir se ele passaria esse período só ou não, mas pensando melhor agora, ele quem deve decidir isso. - Ainda sou contra que passe o cio com aquele alfa. - Eu também não sou 100% á favor. Mas Damian é alguém que Ren estima e se ele gosta dele, não há porque impedir que seja ele o seu parceiro durante o cio. De um jeito ou de outro, ele precisa passar por essa experiência. - Se você está dizendo. - ômega suspirou. - Tem mais uma coisa que eu queria te pedir. - disse vendo a atenção que a amiga prestava em si - Se alguma coisa acontecer comigo, certifique-se de entrar em contato com eles. - Como assim? - Eu fui mais ativa nessa minha última missão, fiz mais do que eu costumo fazer. Por isso estou te dando essa orientação, para que fique preparada. - Meu hospital não é uma espécie de câmara secreta, sabia? - dito isso a alfa riu. - Sun, eu trabalho na Interpol. Acha mesmo que eu não sei o que você esconde mais abaixo? - ao dizer isso viu a expressão de surpresa da amiga - Não se preocupe, eu me livrei dos arquivos para você. Mas aconselho que pare com essas suas experiências, caso contrário chamará atenção do governo. - Sabe que eu faço isso para tentar achar uma forma de te ajudar... - Eu sei, mas também sei que não é só por isso. Como sua amiga, leve em consideração o meu conselho.
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