A hora da viagem está chegando...
Diana:
- Eles vão nos m*tar! Lembra do almoço que eles combinaram com a gente? - Pergunta tapando o auto falante do telefone.
- Ah não... Sua mãe passou a tarde toda falando disso e ainda esquecemos... - Falo com uma tristeza na voz.
- Mãe o sinal tá falhando muito... Foi m*l mãe, até mais tarde! - Se despede dela aumentando o tom de voz para fazer parecer que o sinal estava r**m.
Após desligar o telefone, Stefano se levanta, me dá um beijo e corre se arrumar, parecendo um velho gaga reclamando a todo tempo que não quer ir, mas Eliza quase me obrigou a levá-lo nem que seja a força, como se eu, franzina e magra desse jeito, conseguisse tirar um cara desse do lugar. Stefano tem 2 metros de altura, tem o corpo definido cheio de músculos enquanto eu pareço ser uma anomalia genética de tão baixa... Tenho 1,50 de altura com 18 anos, medimos a nossa altura nos nossos passeios pela cidade no dia do vestibular, ele passou o dia todo rindo da minha cara, todos não acreditam em mim tanto que já tive que levar identidade para entrar num brinquedo do parque, dizem que pareço ter 11 anos por causa do tamanho.
Estamos saindo de casa agora, desesperados porque atrasamos quase 1 hora, se tudo correr bem, não vamos perder a cabeça assim que chegarmos lá. No caminho tentei puxar conversa, até fiz piadas com o meu tamanho, pois ele sempre sorri para mim quando eu mesma faço brincadeiras, infelizmente chegamos rápido no restaurante. Pensei que pudesse conversar mais com ele a respeito de ontem, sinceramente, fiquei preocupada vendo-o chorar daquele jeito, mas não deu tempo. Logo na entrada do restaurante, percebi que para comer nesse lugar com certeza é o preço de um rim, isso para alguém da minha classe social, nunca vi um lugar tão luxuoso. Achei estranho demais quando chegamos, o restaurante está vazio, apenas Willian e Eliza estão aqui acompanhados de alguns seguranças...
“Segurança para ajudar a comer eu aposto...”
- Finalmente os dois pombinhos resolveram aparecer! - Willian já nos recebe gritando do fundo para chamar a nossa atenção.
- Deixe de ser ranzinza Willian! Comporte-se ou mando te colocarem junto dos cães para que possamos comer em paz. - Eliza retruca enquanto Stefano começa a bocejar para mostrar a eles que estamos com fome, e eu não pude segurar a vontade de rir...
- Desculpe o nosso atraso por favor, nosso relógio não tocou... - Digo na maior cara de p*u. Eu não sei mentir, espero que eles não desconfiem que não dormimos a noite toda.
- Relaxe Diana, estou brincando, nós queremos te dar um presente por ter sido tão dedicada e ter conseguido a sonhada bolsa de estudos. - Willian me responde sorridente. Eu estou com tanto sono que nem percebi a Eliza me passando a chave de um carro e querendo me dar um abraço.
- Ca**te! - Xingo sem querer quando me toco que ela está me dando a chave. - Pra mim? Nem sei como posso agradecer vocês! - Agarro Eliza dando a ela um abraço de urso.
- Você merece, minha querida! - Diz retribuindo.
Ouço as palavras dela, mas não consigo entender nada por prestar atenção no Stefano, passo meu cabelo por trás da orelha para tentar ouvir o que ele tanto conversa para estar tão para baixo, vejo-o conversando com o pai e percebo o desanimo dele a cada palavra dita... Eu já sabia que ele não estava animado para vir aqui, o que ficou bem claro com tantas reclamações no decorrer da manhã, porém, agora é preocupante a mudança no olhar dele e mais ainda no semblante dele. Não sei porque eu tenho a sensação de que o Willian não me queria perto do Stefano, já a Eliza eu tenho certeza que sempre gostou de mim, ou pelo menos é o que aparenta...
Ele vai viajar, eu sei que vai ser logo, embora eu tenha me fe**ado muito porque nem se quer me esforcei para segurar meus sentimentos por ele, eu não quero deixá-lo ir, mas o que eu posso fazer para impedi-lo de ir? Só o que consigo fazer é desejar a ele uma boa viagem e rezar para que não lhe aconteça nada... Pensando na mor*e da bezerra, me levanto da cadeira assustada ao ver o reflexo do Thomas no espelho, Stefano percebe e pega a minha mão tentando me acalmar, sinceramente, eu espero que ele não tenha visto.
- Senhorita Diana? - Pergunta a recepcionista do restaurante que eu nem a vi chegando.
- Sim?
- Tem um rapaz lá fora que gostaria de falar com a senhorita. - Diz apontando para o Thomas, comprovando que não era par**oia da minha cabeça e ele realmente está aqui.
Stefano bufou de raiva ao ouvir isso e com certeza deve ter olhado para fora primeiro que eu, como se imaginasse que aconteceria ainda mais encrenca por hoje. Eu evitei de sair do lugar, pensando e pedindo a Deus que ele saísse de lá, mas de nada adiantou, me levantei antes que a recepcionista voltasse aqui dizendo que ele está incomodando, vou até lá para resolver isso.
- Com licença Eliza, é rápido, já volto. - Me desvio do assunto com ela que ainda estava tagarelando e me dirijo até a porta. De repente veio na minha cabeça toda aquela situação no beco atrás do outro restaurante, porém, dessa vez tem mais pessoas na rua que eu posso pedir ajuda caso ele tente alguma gracinha.
- Sabia que era você, já que não atendia as minhas ligações decidi te procurar... - Não deixei nem que terminasse e o acertei um tapa forte em seu rosto, para mim chega! Dessa vez ele não vai me levar na conversa:
- Afinal o que você está fazendo aqui!? Para que vir me procurar Thomas!? Que merda você ganha me atormentando assim p***a!? O que foi que eu fiz para você não me deixar em paz? - O bombardeio de perguntas saindo um pouco do controle.
- Minha paciência está muito curta hoje, suma daqui antes que eu te quebre o pescoço. - Disse Stefano, chegando novamente para salvar o dia. A aparência dele não está nada animadora, os olhos escureceram, a respiração está ofegante e ele aperta tanto os punhos que parecem estar trancados a cadeado.
- Ei, calma, calma, tá tudo bem, não perca o nosso tempo com isso, só vamos embora por favor. - Murmuro em seu ouvido tendo que segurar seu corpo, se eu não estivesse aqui com certeza ele se jogaria em cima de Thomas agora mesmo. Estou implorando a Deus que ele me escute e apenas me tire daqui.
É bem suspeito para falar a verdade, o Thomas não sabe onde fica a casa do Stefano, ou seja, ele não me viu tem vários dias, graças ao Stefano que faltou me trancar em seu quarto para eu não fugir, mas agora ele aparece aqui com essa cara de cachorro que pe*dou na igreja. Tem inúmeras hipóteses para isso, não apostaria apenas que ele está me seguindo e sim que tem ajuda de alguém que eu, muito menos o Stefano não temos ideia de quem possa ser.
- Vou acabar com você se for preciso, mas eu a terei de volta e você Diana, o que é seu está guardado. - Retruca com ameaça, mas o Stefano percebe rápido o joguinho do Thomas e rebate:
- Nos ameace de novo e você vai me conhecer, para proteger a mulher que eu amo você não tem ideia do que eu sou capaz pi**alho. - Seria um jogo de tênis, ameaças atrás de ameaças e após revidar, Stefano cola meu corpo ao seu e voltamos para dentro deixando o Thomas falando sozinho.
- Deixe-o pensar que você ficará desprotegida. - Esbraveja. A cada palavra dita por ele, vejo as veias de sua testa quase saltam para fora.
- Stefano, você não se parece com o cara de hoje de manhã, que só estava afim de dormir até tarde. - Questiono. - Me diga se estou errada, essa raiva toda não se deve ao fato de o Thomas ter me encontrado aqui, não é?
- Eu... M***a, não consigo... - Sussurra, ainda sem me olhar no olho.
A voz dele está sumindo aos poucos enquanto tenta desesperadamente abrir a boca para me dizer alguma coisa, obviamente algo iria nos atrapalhar outra vez, como já era esperado, ouço o pai dele nos chamar dizendo que a comida foi servida. Almoçamos em silêncio, já que ninguém puxa conversa eu prefiro ficar na minha, desde que voltamos para cá logo após chutar a b***a do Thomas, o clima desse lugar ficou muito sombrio e com essa situação eu simplesmente não consigo tocar na comida, sinto que se me forçar a comer, não vou demorar para vo**tar, as caras deles me fizeram perder o apetite...
- Me perdoem o incômodo, mas tenho que ir, preciso resolver algumas coisas da faculdade, até mais tarde. - Despeço-me e vou na direção da porta. Stefano se levantou na mesma hora e começou a me seguir.
- Amor você nem se quer tocou na comida. - Permaneci em silêncio e de cabeça baixa, para fazê-lo perder a pose. - Precisamos conversar.
- Não, não precisamos Stefano, não acabe com o nosso passeio dizendo isso por favor. - Peço segurando as lágrimas.
“Droga Diana! Você teve a coragem de acertar um tapa na cara do Thomas! É óbvio que ele sabe de alguma coisa, se não ele não viria aqui, com certeza deve estar sabendo que o Stefano vai se mudar. Meu momento de coragem será momentâneo, ele vai devolver o tapa na mesma moeda...”
- Por favor não faz isso comigo Diana, você sabia que isso ia acontecer.
- Eu não culpo você... Sei que não tem culpa... Agora preciso lidar com o fato de que não o terei mais do meu lado. - Falo gaguejando por conta das lágrimas que caem sem o mínimo controle.
Me encostei num poste na rua para que pudesse chorar, as lembranças ruins voltaram como uma enxurrada, eu não quero ficar sozinha, mas não tenho para onde correr agora.
- Vem cá. - Stefano fala vindo de encontro a mim. - Se algo te acontecesse eu não me perdoaria.
- Fica por favor, fica... - Peço chorosa e em completo desespero.
O meu passado que eu tanto queria afastar, finalmente me alcançou, o fato de que será apenas eu contra aquele m**dito outra vez, está me quebrando em pedacinhos pequenos, me*da! Eu não consigo parar de chorar. Stefano implora para que eu fique bem, me fazendo promessas que ele talvez não consiga cumprir, eu sei que ele nunca me deu motivos para duvidar, eu sei disso, mas até lá, basta eu aguentar, só não sei o que fazer para me livrar das visitas indesejadas...
[...]
Na casa dele, estou arrumando minhas coisas, não falei com ninguém á dias e nem tenho palavras para descrever o que estou sentindo agora, é frustrante não poder pedir ajuda para ninguém simplesmente pelo fato de que você não consegue formar uma frase completa na frente de um estranho...
- Não vai falar comigo mesmo? - Pergunta me tirando do mundo da Lua.
- O que você quer que eu diga Stefano?
- Não quero que pense que estou fazendo isso porque eu quero... Estou sofrendo como você, não quero te deixar.
- Então não deixa! - Em um grito desesperado as lagrimas começam a escorrer novamente.
- Vem cá minha linda, não chora... Você é perfeita Diana, não chora por favor. - Pede acariciando meu rosto.
Agarrada a ele me sinto muito sonolenta, não me lembro de ter comido ou bebido nada fora do normal, deito na cama já meio molenga, eu não demorei muito para cair no sono, também não consigo me lembrar se ele se deitou comigo ou não, estou esgotada...
[...]
Ele vai partir hoje, me trouxe aqui para o dormitório e está esperando minha primeira aula antes que possa sair, eu sou egoísta de querer que ele fique mais tempo, mas o próprio Stefano reclamou sobre essa viagem, por que Deus, por que ele não pode ficar? O que tem de errado desejar que caia um meteoro bem grande na cabeça de seu pai para que assim pelo menos o Stefano possa ficar em paz.
- Fica, por favor fica... - Minha voz estava sumindo aos poucos e eu não quero chorar outra vez.
- Eu não posso Diana, você não sabe como está sendo difícil para mim também ter que te deixar aqui. - Afirma. - Vi isso numa loja e lembrei de você, tem as nossas iniciais... Assim nunca vai perder o caminho de volta para mim. Não se esqueça que sempre vou te amar tá? Agora vai, não quer se atrasar no seu primeiro dia, não é?
Colocou em meu braço uma pulseira com as iniciais dele, me deu um beijo na testa depois de jogar um celular novo na minha bolsa e assim nos despedimos, contato a distância não chega nem perto do que eu queria, mas servirá bem eu espero... Fui para a minha primeira aula do dia sabendo que, ele já não estaria mais lá quando eu retornasse, por conta disso, não consegui me concentrar o dia todo. A família dele é importante demais lá fora e o que eu sou o que perto disso? Peço a Deus que esse tempo passe logo.