Capítulo 4

1215 Слова
  "Moça, você deixou cair sua caneta." Um rapaz baixinho aproximou-se, estendendo-me o objeto.   Ofereci um pequeno sorriso. "Obrigada...", disse, pegando a caneta apressadamente. Mas antes que pudesse me afastar, uma voz interrompeu.   "Ei, nerd!" Era Tyler, claramente se dirigindo a mim.   Virei-me e surpreendi-me com sua proximidade — estávamos tão perto que quase rostos colidiram. Pude sentir seu cheiro, uma mistura de sabão fresco e colônia amadeirada, enquanto o calor de seu corpo irradiava como uma corrente elétrica. Nunca estivera tão próxima dele, e a sensação era eletrizante.   Recuei um passo, mas ele segurou meu braço, impedindo meu movimento. "O que está fazendo aqui?", questionou. "Ainda verificando se está na lista dos mais atraentes?" Seu sorriso era arrogante, os olhos escuros perfurantes fixos nos meus, avaliadores. Não consegui sustentar o contato visual — sua proximidade e intensidade quase me fizeram desfalecer. Seria humilhante desmoronar aos seus pés. "Continua sonhando, nerd!"   Ele soltou meu braço e me empurrou, fazendo-me cambalear para trás. Então, desapareceu num piscar de olhos.   Percebi todos os olhares voltados para mim e baixei a vista, ignorando-os enquanto me afastava do mural. De repente, um alarme alto ressoou pela escola, fazendo todos se moverem apressadamente. Tentei sair do caminho, mas não foi fácil — estava no meio do corredor, com todos correndo para as aulas.   Um garoto passou correndo, determinado a não se atrasar. Ele me empurrou para o lado, fazendo-me perder o equilíbrio e cair no chão, junto com o comunicado que segurava.   Um gemido escapou de meus lábios quando a dor atingiu meus quadris. Olhei ao redor para ver se alguém testemunhara minha queda. Para meu alívio, não havia ninguém. Absolutamente ninguém. Nem mesmo uma mosca. Os corredores estavam desertos e silenciosos. Eu estava completamente sozinha, enquanto todos já se acomodavam nas salas.   Suspirando, ajoelhei-me para pegar o papel. De repente, uma sombra escura pairou sobre mim, e ergui os olhos para ver quem era.   Diante de mim estava um rapaz de cabelo castanho-claro, que parecia incrivelmente macio. Seus olhos cor de avelã, ampliados pelos óculos de grau, fitaram-me com divertimento.   Evitei o contato visual, mas antes que pudesse alcançar o papel, ele o pegou e me entregou. "O-oi...", gaguejou.   "Oi...", retribuí com um sorriso tímido, levantei-me e parti imediatamente.   "Moça, espere!" Ele chamou. "Sou novo aqui. Só quero fazer amizades." Suas palavras me fizeram parar.   Eu não tinha amigos no campus. Não queria ter, nunca mais. Porque o último — e único — amigo que tive partiu porque foi machucado. Ele me deixou, e não sei para onde foi, mas a última notícia foi que se mudou do país com os pais. Não quero que outra pessoa sofra por minha causa e acabe me abandonando.   Enquanto me afastava, ainda podia ouvi-lo chamando. E, à medida que caminhava, não pude evitar mergulhar nas memórias.   Estava sentada em meu lugar favorito no gramado, à sombra de uma árvore imponente, lendo um livro, quando senti alguém se sentar ao meu lado.   "Oi...", cumprimentou. "Por que você está sempre sozinha?"   Ergui os olhos e vi um rapaz alto. Sem querer distrações, encolhi os ombros e continuei lendo, até que ele arrancou o livro de minhas mãos. "Ei!"   "Estou falando com você, senhorita."   "Não falo com estranhos, desculpe", retruquei, desinteressada, tentando recuperar meu livro. "Pode devolver, por favor?"   "Não?"   "O que você quer?", perguntei, irritada. Por que esse cara me incomodava? Pior: ele segurava meu livro favorito. Nem sequer o conhecia.   Então, ele sorriu. "Quero que sejamos amigos."   "Que tal um não?" Ajustei os óculos no nariz e cruzei os braços.   "E se eu devolver seu livro sob uma condição: seja minha amiga." Naquele exato momento, nossa amizade quase perfeita começou.   Seu nome era Andrew. Ele adorava basquete e futebol. Gostava de comer e era apaixonado por animais. Tornou-se o melhor amigo que nunca imaginei ter, porque todos na escola me odiavam sem motivo — ou melhor, odiavam-me por ser feia e uma nerd completa.   Nos dias e meses seguintes, minha vida transformou-se de solitária em feliz. Andrew preencheu meus dias com alegria e risadas. Ele completou minha existência.   Ele me levava de carro da escola para o trabalho e me buscava após o turno na cafeteria The Grind, onde eu trabalhava em meio período.   Todos os fins de semana, ele entrava em meu quarto pela janela, usando uma escada. Assistíamos a nossos filmes favoritos, jogávamos cartas ou xadrez, comíamos e dormíamos.   Mas, antes de qualquer diversão, eu garantia que todas as tarefas domésticas estivessem feitas — assim, Tia Lucy não me perturbava no quarto, e eu podia trancar a porta caso ela entrasse sem querer.   “Stella, abre a janela.” Eram seis da manhã quando ouvi Andrew batendo na vidraça.   “Andrew, o que está fazendo aqui tão cedo?” Bocejei e espreguicei-me antes de abrir a janela.   Ele sorriu e entregou-me um lindo gatinho. “Feliz aniversário, Stella.”   Minha boca abriu-se de surpresa, e peguei o gatinho imediatamente, aconchegando-o em meus braços. “Meu Deus, Andrew, é lindo!”, disse, emocionada, com lágrimas nos olhos. “Muito obrigada.”   Batizamos a gata de Luna. Ela tem dois lindos olhos cinza, patinhas adoráveis e orelhas sensíveis a sons. Seu pequeno corpo é coberto por uma pelagem branca e suave. É dócil e leal, fácil de amar. Ela detestava Debra, então sempre permanecia em meu quarto.   “Andrew, quer vir comigo à biblioteca?”, perguntei um dia, após o almoço.   Caminhávamos em direção à biblioteca, rindo enquanto conversávamos sobre Luna — sobre como ela sempre roubava a comida de Andrew —, quando, de repente, Mark e seu grupo bloquearam nosso caminho.   “O que vocês querem?”, Andrew questionou.   “Ei, apaixonado, não se meta. Só queremos a nerd.” Mark empurrou-o para o lado.   Mas Andrew não se moveu. Posicionou-se à minha frente, obstruindo Mark de minha vista. “Não! Fiquem longe dela!”   “É melhor sair, ou vai se arrepender de ter ficado.” Dave ostentava um sorriso malicioso. Seus olhos percorreram meu rosto, meu peito, e retornaram — que nojo!   “Andrew, por favor, vá embora. Não se preocupe, eu cuido deles.” Sussurrei, mas então senti alguém puxar meu braço, afastando-me dele.   “Ei! Soltem ela!” Andrew gritou, mas Harry repentinamente desferiu um soco nele.   “Andrew!” Gritei, olhando ao redor, esperando que alguém interviesse naquela briga terrível. Ninguém fez nada além de assistir.   Não conseguia me libertar da grip de Dave, então apenas observei, impotente, enquanto Harry e Mark espancavam Andrew sem cessar. Eu chorava.   "Parem! Por favor... Parem com isso!" Supliquei de joelhos. Não podia permitir que alguém morresse na minha frente, especialmente meu melhor amigo.   Respirei fundo, inspirei e expirei, e levantei-me. Com uma última inspiração, ergui a mão e acertei Dave no nariz. A multidão inteira ficou boquiaberta com meu ato. Então, aproximei-me deles e afastei-os de Andrew.   Quando pensei que não conseguiria detê-los, ouvi um apito e, num instante, a gangue de Mark desapareceu. Vi Andrew inconsciente no chão e balancei a cabeça, chorando. "Andrew!"   Essa foi a última vez que vi Andrew antes de levarem-no para o hospital. Uma semana depois, recebi uma ligação dele dizendo que deixaria o país.   É sempre assim, disse a mim mesma. Qualquer um que se aproxima de mim acaba machucado.
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