Anneli
Tentei não me preocupar mais em me explicar para o Marceau.
Como ele não me repreendeu, ia fingir que talvez não tivesse ouvido.
Suspirei, peguei minha bebida e voltei para o quarto.
Abri meu laptop e entrei nos e-mails. Meus olhos arregalaram ao ver que sete projetos de colaboração quase garantidos haviam desistido, optando por outro estilista.
Como perder sete negócios em um dia?
Meu telefone tocou – Georgette me enviara um link. Cliquei e franzi a testa com a manchete:
“Candy Aubert brilha em vestido de alta costura de 10 milhões em gala grandiosa. Uma verdadeira deusa.”
Fiquei chocada ao reconhecer o vestido.
Era meu!
Eu o fiz!
Como ousa Candy convencer meus clientes a não trabalhar comigo e depois exibir meu vestido?!
Nem me creditou!
Estava furiosa. Troquei de roupa rapidamente e corri para a casa dos Aubert.
Não estava proibida de entrar, então nenhum empregado me impediu ao subir as escadas.
Ouvi barulho vindo do quarto de Candy – devia estar lá.
Invadi o quarto e a encontrei ao telefone.
“Meu Deus, amo tanto este vestido que nem consegui tirá-lo desde ontem. Sinto-me uma rainha…”
“Uma rainha com algo roubado?!”, retruquei.
Ela virou-se, chocada ao me ver.
Desligou rapidamente.
“O que faz aqui, Anneli?”
“Tire este vestido agora!”, gritei, avançando.
Ela afastou-se.
“É meu!”
“Como pode ser seu?! Fiz com minhas medidas. m*l te serve. Precisa mesmo tomar tudo que é meu?!”
“Sim! Porque sou uma Aubert. Você não é nada, não merece nada. Não tem direito de ser tão bonita, de ter corpo perfeito e talento incrível. Sempre tenta me ofuscar!”
“Nunca tentei ofuscá-la, Candy. Só se irrita com tudo que faço. Sou uma ameaça constante. Tudo que quero é que me deixe em paz!”
“Não tem direito a coisas boas. Este vestido e aqueles ali.” Candy apontou para o armário.
Meu Deus!
Roubara mais de meus vestidos?
“São todos meus. Agora saia da casa do meu pai!”
“Tem razão. É a casa do seu pai. É sua casa. Agora sou casada com Marceau e moro lá, então pare de pegar o que é meu! E se insistir em não tirar…” Falei pausadamente.
Candy deu uma risada sem graça. “O que vai fazer? Chamar seu marido aleijado para me defender?”
Ri e fui até seu armário – ela realmente roubara alguns vestidos meus.
Não sabia que eu segurava uma tesoura. Aja rápido, cortando os vestidos e causando danos irreparáveis.
“Pare, Anneli. Enlouqueceu?!”
Senti que avançava na minha direção, então virei e apontei a tesoura.
“Se der um passo, faço estragos no seu rosto feio.”
Ela ficou boquiaberta. “Como ousa me chamar assim? Como ousa falar assim comigo?!”
Depois de danificar bastante os vestidos, aproximei-me dela com a tesoura.
“O que… o que acha que está fazendo? Não pode me machucar. Meus pais vão te punir!” Candy recuou.
“Estou farta do seu bullying. Cansada das suas torturas.” Agarrei a bainha do vestido e rasguei, reduzindo o vestido luxuoso a trapos.
“Avisei para tirar.” Falei devagar.
Vi-a ferver de raiva, mas sabia que não podia me machucar como antes – hoje eu lutaria até o fim.
Se ousasse começar uma briga, eu terminaria.
“Por que tenho impressão que é sobre outra coisa? Já te roubei tanto. É sobre o Marceau, não? Ele te machucou muito ao ver o que escondi na sua bagagem?”
Meu maxilar cerrou-se enquanto ela sorria triunfante.
“Claude me disse que seu primo não se importa em machucar ninguém. Deve ter te magoado muito, certo? Por isso está tão irritada comigo.”
Ah, como odiava a Candy.
“Ou é sobre o Claude. Está brava porque vou me casar com um cavalheiro rico e perfeito, enquanto você está presa a um coitado. Ele é paralítico da cintura para baixo?” Candy gargalhou. “Aposto que nem tem ereção, coitada. Vai morrer virgem. Poderia contar boas histórias sobre as habilidades do Claude, though.”
“Não preciso de suas histórias chatas e pode ter certeza – não sabe nada sobre o Marceau, então cale a boca. Quanto ao Claude, por que ficaria brava por tê-lo tirado de mim? Só me mostrou como ele é fraco. Mais fraco que um coitado, se me perguntar. Divirta-se com ele. Vocês dois se merecem.”
Aproximei-me e avisei: “Nunca mais se intrometa na minha carreira! Se não, seus dias serão cheios de arrependimento.”
Fiquei sabendo que Candy causou um grande problema na minha carreira ao expor minha origem.
Contou à imprensa que eu não era uma Aubert de verdade.
Que eu era uma ninguém encontrada no lixão.
A sociedade em que cresci e ainda vivo era um círculo vicioso – só sobrevivia quem vinha de família boa e nobre.
E como todos souberam que eu nem família tinha, virou um escândalo para mim e para meu negócio.
Ainda assim não queria desistir. Nunca vou desistir de lutar por uma vida melhor e um nome para mim, com ou sem sobrenome.
Vou fazer meu próprio nome.
Precisava de um novo traje para a cúpula da moda, então fui ao shopping comprar materiais sozinha.
Ao entrar no shopping – frequentado pela alta sociedade – senti alguns olhares de desprezo.
Acho que ouvi alguém dizer que eu não pertencia ali, mas me recusei a deixar que me quebrassem.
Ao seguir para a seção que queria, alguém bloqueou meu caminho.
Olhei para cima e era o Claude.
Sério?
“Está tão difícil ver você esses dias, Anneli. Literalmente pus alguém para monitorar a propriedade do Marceau para me avisar quando saísse.”
Fiz um gesto de desdém. “Está me perseguindo?”
“Deveria ficar agradecida.”
“Não tenho tempo para isso.” Movi-me para o lado, mas ele me barrou. “Qual seu problema, Claude?”
“Meu problema é você agindo teimosa, se recusando a voltar para mim. Só tem que me implorar e eu te aceito de volta, é o…”
Antes que terminasse, dei um tapa forte em seu rosto.
“Como ousa me bater?!” Trovejou, segurando o rosto.
“Só queria arrumar seus sentidos antes que parecessem espalhados.” Ri. “Implorar para você? Agora sou casada, Claude. Mesmo se não fosse, não daria a mínima.”
“Sua reputação e negócios estão em ruínas. Eu poderia te ajudar.”
“Não preciso da sua ajuda!”
“O que tem a ganhar com o Marceau? Ele não se importa com ninguém além dele. Esse maldito deficiente não pode te dar nada!”
“Nunca mais o chame assim. Prefiro que se refira a ele como ‘o marido da Anneli’. E para seu information, meu marido é melhor que você em tudo.”
Claude olhou para mim como se eu o tivesse esbofeteado novamente.