Capítulo 3

1679 Words
Melissa — Querido, vá para o banheiro tomar seu banho. — Peço a Bernardo, que faz birra por não querer deixar os brinquedos. — Não vou! — Grita e respiro fundo, sentindo uma leve dor em minha barriga. — Quero batata frita!! — Grita novamente. — Tudo bem, se tomar o banho lhe preparo as batatas. — Respondo, tentando não me estressar. — Não! Eu quero antes! — Começa a chorar e bater os pés. — Bernardo, vá agora tomar seu banho!!! — Esbravejo, fazendo o garoto se assustar e uma forte fisgada subir do início de minha barriga até a virilha. — Aí meu Deus, Bernardo...guarde os brinquedos... — Digo, quase sem voz, sentindo algo descer em minha roupa. Caminho lentamente até o banheiro, imaginando o que poderia estar acontecendo. Meu abdômen se contrai, como cólicas em período menstrual. — Amor! Cheguei mais cedo!! — Ouço a voz de Bruno e fecho a porta, retirando minhas roupas e vendo, o que acabara de acontecer. — Papai! Quero batatas fritas! — Bernardo exclama e seu pai lhe beija a bochecha, de forma estalada. — Onde está a mamãe? — Pergunta e logo depois, está em frente a porta. — Mel, está tudo bem? — Hunrun... — Me seguro, para não chorar. — Só...só preciso de um tempo, estou...estou tomando banho. — Respondo, começando a chorar. — Mel, meu amor...o que aconteceu? Posso entrar? — Indaga e resmungo, que sim. — Bernardo, vá guardar os brinquedos...o papai vai lhe preparar batatas. — O garoto corre e Bruno abre a porta, me vendo sentada no chão. — Ele...ele morreu, Bruno. — Choro, olhando minhas mãos cheias de sangue. — Fui eu quem o matei! Eu gritei e acabei matando meu filho!! — Grito e Bruno se ajoelha abraçando-me, com um olhar assustado. Todo meu repúdio, sobre ter um filho naquele momento, agora passava por minha cabeça, fazendo com que eu tivesse a plena certeza, de que era culpada pela perda do meu bebê. Bruno Ajudo Melissa se levantar, retiro o restante de suas roupas e a levo para debaixo do chuveiro, deixando que a água caia sobre nós. — Precisa olhar o Bernardo. — Ela sussurra e pego a esponja, passando levemente por suas costas. — Tem que cuidar dele. — Diz novamente. — Não se preocupe, ele está guardando os brinquedos. Neste momento, quem precisa de cuidados é você. — Respondo, em seu mesmo tom de voz. Melissa se vira, deitando em meu peito e a abraço. — Ele pensou que eu não o amaria, por isso preferiu nem mesmo nascer...mas, eu o amaria, Bruno. — Murmura, voltando a chorar. Queria lhe tirar a dor, mas, não obtemos deste poder. — Você não tem culpa, é normal acontecer abortos espontâneos em um início de gravidez. — Respondo, pegando o shampoo e passando em seus cabelos. — Se quiser, posso tomar banho sozinha e lavar meu próprio cabelo. — Fala, forçando um sorriso. — Fique quieta, aceite como um presente de aniversário. — Digo, lhe acariciando e ela sorri levemente, voltando a se apoiar em mim. Isaque Albuquerque — Bom dia... — Rebeca surge na cozinha, se espreguiçando com seu pijama de bolinhas e sorrio, ao lembrar-me do quanto e porquê a amo. — Hummm, queijo puxa-puxa! — Toma o misto quente de minhas mãos, quando acabara de prepara-lo. — Ei! — Exclamo, tentando pega-lo e sou impedido por sua boca a morde-lo. — Sua gulosa. — Finjo irritação e ela ri, sentando-se em uma das banquetas. — Como soube, que amo queijo puxa-puxa? — Ironiza, zombando de mim e reviro os olhos, pondo outro para ser feito. — Amor, quero lhe perguntar uma coisa... — Para de comer, respirando fundo. — Claro, pode perguntar. — Falo, me virando para olha-la. — Príncipe, acha que...já estou grávida? — Questiona inocentemente e acabo rindo. — Por que ri? Acha que não? — Pergunta mais uma vez e suspiro, escorando no balcão, com minha mão apoiando o queixo. — Olha, meu amor...pelo pouco que sei de ciências, deve estar ocorrendo uma grande disputa por ai e logo saberemos quem foi o vencedor. — Palhaço, não está levando a sério minha pergunta. — Choraminga e dou risada, indo até a mesma e lhe levantando, observando seu corpo. — O que está olhando? — É...parece mais gordinha, mas, acho que deve ser o misto quente que me roubou. — Zombo e Rebeca deposita um t**a em meu braço. — Vamos esperar um pouco, caso sinta algo faça um exame. Se não der certo, tentamos novamente...farei esse grande sacrifício. — Ah meu Deus, estou começando a me arrepender de dar um pai tão bobo para o meu filho. — Me insulta, seguindo para o quarto e lhe acompanho. — Como assim? Não pode dizer isso e fugir. — Puxo seu braço e ela ri. Lhe prendo em meus braços e a beijo demoradamente. — Não quero ir para o Rio de Janeiro, vamos ficar presos neste quarto. — Eu adoraria, mas, se não for irá ficar chorando no meu ouvido, dizendo que deveria estar lutando por suas crianças e tudo mais. — Responde e percebo, que minha mulher me conhece como ninguém. — Odeio ser adulto! — Choramingo e ela sorri, pondo a bolsa em meu braço. — Tem certeza, que posso levar o carro? Eu pego um ônibus, se for lhe atrapalhar. — Imagina, vou trabalhar aqui na ONG nestes dois dias, quero deixar tudo organizado para quando a mamãe voltar. — Tudo bem, mas...não fique de papinho com aquele Bryan, ele parece estar de olho em você. — Digo e Rebeca fica em silêncio por alguns segundos. Caramba, ele realmente estava de olho na minha mulher??? — Rebeca, o que aconteceu? — Não aconteceu nada, pare de bobeira e vá logo ou chegará atrasado. — Me empurra para fora e decido deixar de lado, por enquanto. — Eu te amo, me ligue quando chegar. — Fala em frente a porta de nossa casa e assinto. — Bom dia, Rebeca e Isaque!! — Bryan acena na porta da ONG e puxo Rebeca pela cintura, lhe beijando intensamente. — Ok...não consegue atrasar alguns minutos e voltamos para o quarto? — Ela sussurra fatigada e sorrio, ficando vermelho. — Só irei perdoar sua demonstração de testosterona, porque eu adorei esse beijo. — Que bom, quero lhe deixar com boas lembranças, enquanto eu estiver fora. — Digo, sentindo-me inseguro de repente. — Não se preocupe, você foi bastante explícito, mas, quero só mais um, ando com perca de memória recente. — Tira sarro e lhe dou um leve selinho, a abraçando apertado. — Amo você. — Eu também, não só hoje ou amanhã, amarei sempre. — Me despeço, indo até o carro e dirigindo para o Rio de Janeiro, encontrar-me com Alice e Victor. Rebeca Albuquerque — Mel, o que faz aqui? — Pergunto, ao ver Melissa no escritório da ONG "Mãos que Curam". — Eu...eu estou apenas pegando minhas coisas, acabei deixando um pouco aqui e outro na Renascer. — Responde, com os olhos inchados. — Ahh, tenho uma novidade para você! — Lhe puxo pela mão e Melissa suspira, me observando. — Eu e o Za...nós, estamos tentando ter um bebê!! — Exclamo animada e Melissa ri, mas, não com alegria e sim, ironicamente. — Uau, meus parabéns! Pelo menos agora, não precisará sentir tanta inveja de mim, a ponto de fazer com que eu perca o meu bebê! — Grita, seguindo para fora com uma caixa de papelão e suas coisas dentro. — Mel! Ei, como assim perdeu o seu bebê? — Lhe puxo novamente e a mesma se desvencilha, começando a chorar. — Isso mesmo, Rebeca...não é a vida de todo mundo, que é perfeita como a sua! — Esbraveja, me assustando. — Com licença, tudo bem por aqui? — Bryan indaga, batendo levemente na porta e Melissa sai rapidamente, impedindo que conversassemos. — Desculpa, não queria atrapalhar. — O rapaz diz e suspiro, sentando-me à mesa de minha mãe. — Tudo bem, acho que não sairia nada bom de nossa conversa. — Forço um sorriso, ligando o computador. — Precisa de algo? — An...na verdade, gostaria de falar com o Isaque, sobre a instalação da nova rede elétrica na Renascer. — Diz e fico sem entender do que falava. — Ele não te contou? — Não tivemos muito tempo, para conversarmos ontem. — Respondo, tentando não sorrir ao lembrar da noite passada. — Por que sorriu? — Pergunta e percebo, que não havia sido capaz de esconder minha alegria. — Não é nada, mas falando sobre a sua pergunta, o Isaque foi para o Rio de Janeiro em uma conferência. — Informo e o mesmo fica em silêncio por alguns segundos. — Hoje é sábado, ele voltará na segunda feira. — Continuo... — Não acredito, ficará dois dias sozinha? Como irá se locomover sem carro? — Questiona e levanto-me, mostrando meus pés. — Ah poxa vida, ás vezes me esqueço que temos isto para caminhar. — Brinca, andando de um lado para o outro e dou risada. — O mecânico que encontrei é ótimo, mas muito demorado...não gosto de ficar usando o carro do Za, pois ele precisa também. — Eu conheço um rapaz, que sempre cuidou do meu carro, se precisar posso levar o teu até ele. — Oferece e fico um pouco indecisa, por não conhecer o tal mecânico. — Ele é super gente boa e também, muito rápido... — An...vou pensar, mas, obrigada por oferecer. — Digo, buscando finalizar aquela conversa. — Por nada, vou deixa-la trabalhar. Se quiser, posso pedir almoço para nós dois, já que estou por aqui hoje. — Fala em tom solícito e me lembro, de Isaque dizendo que o rapaz estava "de olho" em mim. — Vou comer no hospital, com a minha mãe. A comida de lá é uma das melhores, do estado de São Paulo. — Minto descaradamente e Bryan ri, fingindo acreditar. — Ok, tenha um bom almoço. Qualquer coisa, grite. — Acena, saindo do escritório e sento-me na cadeira, respirando fundo.
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