Capítulo 2

1951 Words
Minha cabeça doía muito, o que era uma grande novidade, já que eu quase não padecia desse mal. Porém hoje, nem mesmo o mais forte analgésico foi capaz de resolver meu problema. Obvio que sei qual a origem do problema e realmente não havia nada de imediato que eu pudesse fazer para contornar isso. Estávamos há poucos dias do lançamento da nova edição e tudo estava estagnado. Felizmente as peças escolhidas por mim foram do agrado de Maisy, ou então eu também seria alvo do seu olhar irritado e do seu ar de enfado. Eu não sei realmente o que estava acontecendo com todos, que de repente pareciam estressados demais e nossas opiniões, que muitas vezes coincidiam, dessa vez estavam completamente em desacordo. —Então voltamos ao ponto inicial Maisy. Max falou e ergui os olhos para ele. Aparentemente era o mais relaxado de todos nós, embora eu percebesse seu olho esquerdo piscando incessantemente, o que já era um sinal de seu estresse. Como se soubesse que estava sendo observado, seu olhar resvalou para o meu me pegando de surpresa. Não nos encontrávamos há cinco dias, o que era um recorde em se tratando de nós dois. Às vezes eu me perguntava se seria seguro continuar com nosso caso. Era bom, admito, mas sem expectativas. E como não criar expectativas estando apaixonada? Eu juro que tentei não me envolver tanto, mas quem manda no coração? Não estou dizendo que sou uma romântica incorrigível que sonha com o príncipe encantado. Não buscava um amor de contos de fadas, mas sim, queria ser amada por alguém. Quem não queria? Max era uma incógnita para mim. Eu só sabia que tinha pais e uma irmã por causa de notícias dos corredores antes de ele ser transferido para a cidade. Ele nunca os mencionou e eu não perguntei, já que ele também não parecia interessado em saber mais sobre mim. Paul costumava dizer que eu não devia estar sempre à disposição de Max. Não acho que esteja à disposição. Eu apenas gosto muito de fazer sexo com ele, então sempre que surgia uma oportunidade, estávamos juntos. Mas vez ou outra, quando não nos encontrávamos e ele desaparecia, eu me perguntava se não estaria com outra pessoa. Nunca percebi nada e ninguém de nosso meio jamais comentou qualquer coisa a respeito. Mas eu sempre tive essa dúvida, principalmente por ele ter dito que não queria criar laços, e não queria exclusividade. De minha parte havia, obviamente, já que desde quando nos envolvemos, eu jamais fui para a cama com outro homem. Quanto a ele, eu não sei dizer. Mas sinceramente? Mesmo sabendo de tudo isso que ele disse, se eu soubesse que outra mulher estava tendo o que eu tinha, eu realmente ia seguir o que Paul e vários outros amigos incentivavam. Ele piscou para mim e desviei o olhar, balançando a cabeça. —Como eu disse, o problema não são as roupas. É a modelo. —Deus, Maisy, é a modelo mais bem paga do mundo. —Eu, mais do que você sei disso, Max. Mas ela não é o que procuro. Ela não representa a imagem da minha empresa. Realmente Cat Lawrence era deslumbrante. Mas eu também não gostei do que vi quando vestiu as roupas que escolhi. Fechei meus olhos por alguns instantes tentando imaginar alguma modelo em um dos vestidos que escolhi. O nome veio imediatamente em minha mente e voltei a abrir meus olhos. Como Maisy e Max não pensaram nela antes? —Eu acho que Ninna York seria perfeita para o que estamos buscando. Eu falei e imediatamente houve um silêncio constrangedor. Maisy estava visivelmente desconfortável e Max estava vermelho, me olhando como se quisesse que eu desaparecesse dali. O que eu disse de mal afinal de contas? Olhei ao redor e vi Paul baixar os olhos, assim como David e Diana. —Bom, eu acho que ela também seria realmente a cara do que estamos propondo. Maisy falou e eu vi Max engolir seco. Por fim ele falou friamente sem olhar para ninguém, apenas o olhar fixo em um ponto qualquer da mesa. —Sim. Concordo. Qual era a porcaria do problema daquelas pessoas? Se Ninna York seria perfeita e todos concordavam então por que demoraram tanto tempo a chegar ao nome dela? Uma desconfiança começou a rondar minha mente, mas eu obviamente não ia perguntar nada. Assim que a reunião chegou ao fim, eu juntei minhas pastas e sai da sala seguida por Paul e Diana. Max ainda permaneceu com Maisy, mas não é como se tivéssemos assunto de trabalho a conversar agora. —Meu Deus... você não sabia, não é? Paul falou me seguindo até minha sala. Eu coloquei as pastas sobre a mesa e o encarei sem realmente entender. —Não sabia o que? —Ora, que Ninna e Max tiveram um caso. A surpresa da revelação me fez ofegar, como se eu tivesse levado um soco no estômago. Então esse era o motivo de tamanho constrangimento. Bom, mas a menos que tivessem tido uma relação atribulada, o fato de ela ser a modelo escolhida não ia interferir em nada. Ou então Max ainda a queria! Era por isso que agiu de maneira tão estranha? Eu me senti doente. Inspirei e me sentei, tocando minha testa com uma das mãos. —Não. Eu não sabia. —E não é de se estranhar. Max é muito reservado e sua vida privada é importante demais para ele, pelo que já percebi. Na verdade, eu só soube disso porque ouvi uma conversa entre ele e Maisy. Nem mesmo na mídia eu vi qualquer menção ao nome dele vinculado ao de Nina. Eu arqueei a sobrancelha cinicamente. —Já que eu não costumo ficar ouvindo conversas alheias, é obvio que eu não poderia saber disso. Se nem a imprensa sabe, mesmo ambos sendo pessoas importantes. —Sim, mas vocês são amantes. E aquelas conversas no final da noite? Os famosos segredos de alcova hein? Eu ri, sem jeito e balancei a cabeça. Não trocávamos confidências, não falávamos de nossas vidas, pelo menos não em relação a família ou antigos relacionamentos. —Eu fiz a minha parte, ok? —Falei mudando de assunto. —Agora eles que decidam quem vai fazer as fotos. Se Max acha que deve deixar sua vida pessoal influenciar em sua vida profissional, então não posso fazer nada. Aliás, muito me admira Maisy permitir uma coisa dessas. De qualquer forma não é problema meu. Agora vamos trabalhar que ainda temos algumas horas até o final do expediente. Mas eu não consegui mais me concentrar. Não vi Max, embora eu tenha circulado pelos corredores na esperança de vê-lo. Como não tínhamos nenhum assunto de trabalho pendente, achei melhor não ir até sua sala, que se manteve fechada o tempo todo. Quando finalmente saí às seis e quarenta, eu ainda não o tinha visto, embora seu carro estivesse no estacionamento. *** Eu olhei meu celular mais uma vez. Já era a décima vez em menos de três minutos. Por fim desisti e o joguei de lado na cama e me levantei indo para a sala. Já eram quase nove da noite e como Max sequer mandou uma mensagem, entendi que mais um dia não íamos nos encontrar. Liguei a tv e fui até a cozinha, abrindo a geladeira e pegando uma garrafa de vinho já aberta. Virei em uma taça e segui novamente para a sala, ouvindo a campainha antes mesmo de me sentar. Estranhamente senti meu coração acelerar imaginando que pudesse ser Max, já que ele tinha livre acesso e não precisava ser anunciado. Sem olhar no olho mágico para não ser decepcionada logo de cara, eu abri a porta e dessa vez meu corpo estremeceu. —Oi. Max estava ali, lindo como sempre, os cabelos úmidos como se tivesse acabado de sair do banho. Usava jeans e camisa polo, mas sua elegância era tanta que era como se usasse um smoking. —Oi. Que surpresa. Eu falei, sem querer ser debochada, mas por estar realmente surpresa. Ele não deu indícios nenhum de que viria hoje. —Não sei por que. Estamos há dias sem nos encontrar. —Falou entrando e fechando a porta. Em seguida me agarrou pela cintura. — E eu já estava ficando completamente maluco. Eu não ofereci resistência quando ele me beijou. Perplexa, percebi o quanto eu o queria. Eu me agarrei aos seus cabelos enquanto ele me erguia e caminhava comigo até o sofá onde se sentou, me deixando sobre ele. Enquanto nossas línguas se enroscavam afoitas, eu rebolava em seu colo, já percebendo seu membro duro. Gemi alto jogando a cabeça para trás quando ele desceu a boca pelo meu corpo e mordeu levemente meu seio sobre a camiseta. Não precisamos de palavras, apenas ações. Em pouco tempo nossas roupas voavam pela sala e logo eu me ajoelhava no chão enquanto levava avidamente seu membro até minha boca. Os gemidos de Max me enlouqueciam tanto quanto seu membro duro, quente e latejante em minha boca. Eu poderia chupá-lo a noite inteira e ainda assim não ficaria satisfeita. Porém Max tinha outros planos e me puxou de volta. —Fique de pé aqui no sofá. —Ok? Ele me segurou pela mão, me ajudando a ficar de pé no sofá, com as pernas afastadas e seu corpo no meio delas. Então me abraçou pelos quadris e me puxou para mais perto, sua língua imediatamente encontrando meu clitóris e me fazendo gritar de prazer. Eu segurei em seus cabelos enquanto sua língua e seus dedos trabalhavam em mim, me deixando louca de prazer. Pelo jeito a nossa noite seria longa. *** Eu estava jogada na cama para onde Max me levou após nosso primeiro orgasmo, e aqui estávamos tentando nos recompor após a terceira rodada de sexo selvagem. —Eu nunca soube. —Falei depois de um tempo. —Sobre você e Ninna. —Nem poderia. Minha vida privada é exatamente isso: privada. —Sim, eu sei. Mas somos... Ele me interrompeu, a voz soando furiosa e ao mesmo tempo gélida. —Nós somos dois colegas de trabalho que fodem de vez em quando, Amber. Nada além de amantes, talvez nem isso. Por que deveríamos saber da vida um do outro? Sem intimidade, sem laços, sem exclusividade, lembra? Eu fechei meus olhos, sentindo uma dor inesperada no peito, como se uma faca fosse cravada ali. Mordi meus lábios com força como forma de forçar minhas lágrimas idiotas a não caírem. Reunindo um restinho de dignidade, eu me afastei e me sentei de costas para ele. —Eu ia dizer que somos amigos. Pelo menos pensei que fôssemos. Apague a luz quando sair, por favor. Eu me levantei e caminhei até o banheiro. —Está me mandando embora? Eu dei de ombros sem me dar ao trabalho de olhar para trás. —Acho que dormir juntos gera uma intimidade que nenhum de nós deseja, não é? Entrei no banheiro e tranquei a porta, mas só debaixo da ducha me permiti chorar. Eu sempre soube que ele não queria laços, não queria amarras. Mas eu me referia a nós como amigos com benefícios. Mas nem isso somos. Somos apenas colegas que fodem. Quando finalmente consegui parar de chorar, eu sai do banheiro e parei ao ver que ele ainda estava em minha cama... dormindo. Suspirei um tanto irritada, mas acordá-lo agora e provocar uma discussão era algo que não estava disposta. Estava cansada e só queria dormir. Eu me deitei de costas para ele, mas foi como se minha presença o alertasse. Imediatamente seu braço circulou minha cintura e ele se aproximou um pouco mais. Aquele gesto, que antes me deixava feliz, agora só provocou agonia.
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