Um

842 Words
Prólogo      Só eu sei o quanto me dói ter que ferir o homem que eu amo, mas jurei que tomaria de volta cada centavo que meu pai roubou de nós. Não vou tentar me justificar ou tirar a culpa que tenho, mas espero que um dia ele possa me perdoar.      Nunca vou me esquecer do seu olhar que, embora inexpressivo, era cheio de ódio em minha direção.      Mas que escolha eu tinha?      Sei que fui parte do plano de vingança de Eva, e eu sacrifiquei a minha vida e ainda perdi a única pessoa que fez descobrir o amor de verdade.      Conheci, ainda que amargamente, o sentido de que cada escolha errada, gera uma consequência irreparável.      Não é questão de poder, é questão de honra. ******      Aqui estou, pronta para ser jogada aos lobos. Olhei minha imagem no espelho e arrumei o cabelo atrás da orelha.      Não era como se eu tivesse escolha. A minha vida inteira eu me preparei para esse dia, e sei exatamente onde estou me metendo. Mas embora eu esteja pronta, não sinto que esta história irá acabar bem.      Antes de sair, pego uma maçã e encontro o bilhete de minha mãe em cima da mesa.      "Boa sorte no seu primeiro dia de trabalho. Lembre-se que você também é a dona daquele Império. Eva."      Eva, minha mãe, é enfermeira e na maior parte do tempo que não está trabalhando, ela está focada em se vingar do meu pai. Para ser sincera, não concordo nem discordo disso, mas sou parte desse plano e não posso desapontá-la.      Não sei o quanto ela sofreu quando meu pai a expulsou de sua mansão grávida de mim, mas sei que ela jurou se vingar.      E aqui estou eu, diante dessa porta, cumprindo a tarefa a qual me foi designada antes mesmo de eu nascer.      Assistente da secretária do Sr. Wayland. Confesso que é  melhor que nada. Sendo assim, já estou dentro da empresa.      - Lily, que bom que chegou. Coloque estes documentos na sala do Sr. Wayland, e me encontre na sala de reuniões. A mesma que fizemos a entrevista, certo? - Elizabeth pediu, assim que cheguei no andar do presidente.      - Certo. Agora mesmo. - Digo com um sorriso nervoso aparente.      Pego os documentos e caminho em direção à sala do meu suposto irmão, como minha mãe sempre diz. Ela nunca acreditou que ele fosse realmente filho de Peter, ainda mais por ele ser quatro anos mais velho que eu. Até porquê, Eva se recusa a acreditar que nos cinco anos que ela e Peter tiveram um relacionamento, ele a enganava de maneira sórdida e cruel, mantendo uma amante e um filho em segredo.      Entro naquela sala enorme, e percebo o quanto minha vida poderia ter sido diferente se ele não a tivesse traído. Eu teria estudado em uma escola melhor, estaria na faculdade, teria viajado o mundo todo. Mas meu próprio pai me roubou isso. Sinto uma raiva incontrolável se apossar de mim.      Pelo que sei, Peter anda descansando depois que passou a presidência e cinquenta e um por cento de suas adoráveis ações para o filho exemplar.      Fico com mais raiva ainda, mas mesmo assim deposito os documentos em cima da mesa, e escuto o elevador da sala chegar e dar um toque para abrir as portas. Não tenho tempo de sair da sala, então me escondo atrás das cortinas da imensa janela de vidro que há na sala.      - Você é um inútil, igual seu pai. - Diz a voz de uma mulher em fúria.      - Ele não é meu pai! - Diz a voz de um homem, e escuto um estalo alto. Um tapa. Levo minha mão a boca, tomando consciência de que há uma briga naquela sala.      - Nunca. Mais. Repita. Isso. - Ela diz entre os dentes. - Sabe... sabe o quanto eu lutei para chegar até aqui? Ah! Claro que não sabe. Estava ocupado estudando em uma das melhores escolas de Londres, não é mesmo?      - Peter não merece uma mulher como você.      Como assim ele não merece? Eles estão falando do mesmo homem que eu estou pensando? Peter roubou minha mãe, e eu também.      - Mas logo ele morrerá, e esta empresa e o restante de dez por cento das ações passará para meu nome. Depois disso, você pode fazer o que quiser. Mas agora, meu filho, não fique magoado com sua mãe. Estou fazendo o melhor para você. Sei que estou. Agora preciso ir, e espero que você consiga fechar o contrato com a Reeva.      Escuto o barulho dos saltos da mulher que estava na sala, e depois que o elevador se fecha, ouço o barulho de algo sendo quebrado, provavelmente ele deve ter arremessado um objeto, e o homem rosnar "Eu te odeio!" .      Depois de alguns segundos tudo fica em silêncio, mas não ouço  barulho de portas.      - Quem é você! - Ele abriu as cortinas de uma vez, e lá estava eu, deixando escorrer pelos dedos a chance de reaver o que era meu por direito.      Eu estava em apuros.
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