Capítulo 7

1097 Words
  Mal o CEO saiu do banheiro, já lançou a Catalina um olhar carregado de desdém. Enquanto vestia uma camisa social, disse, sem nem olhar para ela:   "Pare com esse choro. Lágrimas falsas não vão me comover."   Não houve resposta. A garota nem piscou, seus olhos fixos em Wesley como os de um animal acuado. Ela já entendera que qualquer palavra seria inútil. O silêncio era sua única defesa.   "Vou te dar uma última chance. Conte-me... quem está por trás de você? Se for honesta, talvez eu até seja condescendente."   Enquanto o CEO terminava de se vestir, Catalina permaneceu em silêncio. Por mais que seu coração estivesse cansado daquelas acusações, ela precisava se manter forte.   "Então é assim? Vai continuar nesse teatro? Tudo bem, mas não espere sair deste quarto."   Wesley saiu e trancou a porta com um clique decisivo. Sua expressão era de puro desprezo. Para ele, Catalina não passava de uma oportunista.   "Tia Milani, ninguém entra no meu quarto até eu voltar", ordenou à governanta, que acabara de arrumar a sala de jantar.   A mulher, de cabelos grisalhos e rosto sério, assentiu. "Como o senhor mandar."   "E distribua meu café da manhã entre os funcionários. Preciso ir ao escritório imediatamente."   A governanta concordou novamente, sem questionar. Ela notara a frieza incomum na voz do patrão.   No escritório, Dominic já o esperava, o rosto sombrio.   "É verdade então? A mulher foi à sua casa?"   "Estou à beira de um ataque de nervos por causa dessa garota", rosnou Wesley, deixando-se cair na cadeira.   "O que houve?"   "Alguém me dopou com um estimulante. Tive relações com ela."   As sobrancelhas do secretário se ergueram até a testa. "Cê tá de brincadeira?"   "Quem me dera", suspirou o CEO, esfregando o rosto. "Não bastava o problema da casa demolida, agora isso. Só espero que a garota não engravide. Nem pensei em anticoncepcional."   "Wesley... tem um problema maior."   O CEO se endireitou na cadeira. Um mau pressentimento o atingiu.   "O que foi?"   Em silêncio, Dominic colocou um envelope marrom sobre a mesa. Wesley não precisou de três segundos para ver o conteúdo.   Fotos de Catalina entrando em sua propriedade, fotos dele na casa dela... até o beijo forçado durante o incidente do café. Os olhos do CEO se arregalaram.   "O que é isso?"   "O conselho recebeu o mesmo conjunto. Eles agora acreditam que você conspirou com a Catalina para sabotar o projeto NexaCore."   Um som de incredulidade escapou dos lábios de Wesley.   "Eles enlouqueceram? Por que eu sabotaria meu próprio projeto?"   "Por isso, a reunião desta tarde foi adiada. Em compensação, seu pai quer vê-lo."   A testa de Wesley se franziu.   "Meu pai? Ele também desconfia de mim?"   "Não sei. Mas é melhor você comparecer."   Wesley recostou-se na cadeira, a mão apoiada na têmpora. A situação estava ficando insustentável.   "Boa tarde, pai", cumprimentou Wesley, com um sorriso tenso.   Herbert Myers ignorou a saudação, seu rosto uma máscara de irritação.   "Dispensa as cerimônias, Wesley. Explique-se!"   O CEO suspirou. Mesmo na sala à prova de som do VVIP, ele se sentia acuado.   "Fui vítima de uma armadilha. Alguém pagou para aquela garota atrapalhar o projeto."   Herbert franziu o cenho, cético.   "E o que uma garota comum conseguiria fazer?"   "Ela se recusou a vender a casa, mesmo por quatro vezes o valor de mercado", retrucou Wesley, confiante.   O pai balançou a cabeça, o lábio inferior projetado em descrença.   "Então ela mesma demoliu a própria casa para difamar sua empresa?"   "Tenho certeza de que foi paga por um concorrente."   "Suponhamos que sim. Por que, então, não roubaram dados da NexaCore? Sinto muito, Wesley. O conselho perdeu a confiança em você. Deve renunciar."   Wesley olhou para o pai, incrédulo.   "Espere! Você não pode simplesmente me afastar. Isto é um m*l-entendido. Posso resolver."   "Não, Wesley. A decisão é final."   "O conselho está sendo precipitado! Se me condenam injustamente, a empresa sofrerá. Nossos avanços tecnológicos ficarão parados!"   Wesley gesticulava, tentando fazer o pai entender. Precisava convencê-lo.   "Pelo menos, me dê um prazo para limpar meu nome."   "O que você fará?"   "Vou garantir que a garota não cause mais problemas. Ela receberá uma compensação, sem prejudicar a empresa. Sem protestos, sem escândalos. O projeto NexaCore continuará."   A sala ficou em silêncio. Herbert observava o filho, ponderando.   "Você terá uma semana. E durante esse tempo, está afastado da empresa. Todo o seu acesso será revogado."   "O quê? E meus compromissos?" As mãos de Wesley se abriram em um gesto de frustração.   "Deixe seus assuntos com o Dominic. Seu afastamento é necessário para evitar suspeitas. Se algo acontecer nesse período, o conselho saberá que você não é o traidor."   "Traidor?" Wesley repetiu, a palavra ecoando amargamente em sua boca.   "Está bem. Vou provar minha lealdade. O projeto NexaCore é minha ideia, minha prioridade. Jamais o sabotaria."   Herbert acenou com a cabeça, sem qualquer calor.   "Uma semana", confirmou, como se o destino do próprio filho lhe fosse indiferente.   Ao sair, Wesley ligou para Dominic imediatamente.   "Alguma novidade da investigação?"   "Ainda não. A segurança verificou as câmeras. Nenhum suspeito. Parece impossível rastrear quem acessou seu e-mail."   O CEO apertou o nariz, fechando os olho por um instante.   "E a garota? O que descobriu?"   "A casa era herança dos pais falecidos. Ela a valorizava muito."   Wesley inclinou a cabeça, surpreso. "Só isso?"   "Catalina é professora de piano. Participa de competições, mas nunca venceu. Está classificada para a segunda fase de um concurso, na próxima semana."   De repente, Wesley lembrou-se do vídeo que vira. Encenação ou não, a determinação de Catalina parecia genuína.   "Certo, obrigado, Dominic. Já sei o que fazer."   Ele voltou para casa em alta velocidade.   "Algum problema na minha ausência?", perguntou ao mordomo.   "Nenhum, senhor. A moça permaneceu quieta no quarto."   Após um aceno seco, o CEO subiu a escada dois degraus de cada vez e arrombou a porta do quarto. A garota jazia sob os trapos do vestido, exatamente onde a deixara.   "Acorde!"   A imagem de seu afastamento da empresa invadiu sua mente ao vê-la. Dois segundos, três... Nenhum movimento. Ela permanecia imóvel.   "Tsc, parou de fingir? Quer evitar o confronto? Levanta agora!"   Wesley deu um leve toque com o pé na perna dela. Nenhuma reação.   "Você está testando os meus limites."   Ele se aproximou e puxou o braço da garota para erguê-la. No mesmo instante, seus olhos se arregalaram. A pele que tocava estava fria como gelo, e o rosto da jovem tinha a palidez da morte.   "Ei, acorde! Pare com isso!", disse Wesley, sua voz repentinamente rouca. A dúvida apertou sua garganta.   "Catalina?"   Suas mãos começaram a sacudir o rosto da garota, cada vez com mais urgência. Mas não obtiveram resposta.
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