Capítulo 05 - Memórias

1194 Words
Hannah / Smile Droga, droga, droga! O que foi aquilo Hannah? Eu estava bem, beijando um cara lindo, charmoso, gostoso, bandido? Sim, mas lindo, inteligente e decente, eu acho... Memórias. Malditas memórias me atingem como um soco na boca do estômago e me tomam por completo controlando meus atos. Em um minuto estava beijando Sniper e no outro eu estava naquele quarto com sete anos, minha mente brinca comigo e eu estou de volta apertando o pescoço dele como se fosse realmente machucá-lo. Graças ao universo eu não estava me sentindo em perigo o suficiente para enlouquecer novamente. Graças ao universo eu não tinha meu canivete de sempre nas mãos. Sigo em direção à saída e dou um tchau para TD, Bear e Shade que estavam juntos debatendo sobre alguma coisa. - Smile. - Chama Shade antes de eu poder correr ao meu carro. Me viro para ele e sigo até o pequeno grupo. - Olá rapaziada bonita. - Digo deixando meus problema para chorar em outra hora. - Já vai? - Pergunta Bear e eu concordo. - O beijo com o Sniper não foi um dos melhores? - Pergunta ele e eu arregalo os olhos percebendo que todo mundo da festa provavelmente viu eu me agarrando com Sniper. Será que eles viram a parte que eu pirei e tentei sufocar o cara? Parece que não. - É, foi ótimo na verdade, mas eu realmente tenho que ir. - Digo apontando para a rua. - Vocês são todos homens bonitos e divertidos, mas acho que um só para mim já é o suficiente. Vocês sabem, não é? Sou puritana. - Brinco, mas no fundo todo mundo aqui sabe que é verdade. Bear ri e se aproxima me dando um beijo na bochecha. - Até depois, Smile. - Shade diz acenando e TD faz o mesmo com um sorriso fofo que mostra suas covinhas. Sigo até o carro e dirijo para a minha casa. Faço algo rápido e pouco comestível para jantar, tomo outro banho calmo para relaxar e me deito. É ilusão pensar que eu dormi bem. Eu não dormi nada bem... - Cala a maldita boca, Hannah! - Charles gritava enquanto eu apenas sentia suas mãos sobre mim. - Pai, por favor, não faz isso. - Peço chorando, mas ele não me dá ouvidos. - Steve, p***a! - Ouço o grito de uma voz conhecida e me alívio ao ver Greg, meu tio. Carles me solta e segue até meu tio irritado. - Você não viu nada! - Charles diz e meu tio sorri de lado. - Claro que não vi. Eu vou fazer. - Meu tio se aproxima e percebo que meu pesadelo está só começando. Acordo suada e sinto meu coração palpitar. p***a, esquece isso, Hannah... Já passou, você está segura agora. Segura. Respiro fundo abrindo os olhos e vejo que ainda está escuro. Pego meu celular e vejo não passava das quatro horas da manhã. Me levanto e sigo em direção ao banheiro. Lavo o rosto e me forço a lembrar do melhor e do pior dia da minha vida, o dia que eu dei um fim em tudo. O dia que eu finalmente fiquei livre de Charles e de Gregory. Não consigo voltar a dormir e apenas fico ali no escuro deitada. Minhas lágrimas começam a molhar meu rosto e me deixo ser guiada pelas lembranças me transportando para um passado que eu adoraria esquecer. *** Entro na lanchonete pela manhã e encontro Esther conversando com TD, sorri de lado ao ver que ela estava dando chance aos Bulls. Ninguém dos Bulls vieram hoje à lanchonete, fora o TD e as Old Ladies. Apenas um bando de adolescentes comeu os deliciosos hambúrgueres da Lana. Não que eu tenha ficado esperando nem nada, mas depois do beijo, bem que Sniper poderia passar aqui e dizer: Oi, louca que tentou me sufocar, eu estou aqui, estou vivo e bem. Jogo fora a ideia me lembrando que Sniper tinha a vida dele. Ele tem coisas para fazer, assim como eu que tenho que retornar aquele quadro que não consigo concluir desde que conheci Sniper. - Smile! - Chama Lisa sorrindo. - Oi. - Digo quando chego na sua mesa. - Vem em casa amanhã? - Pergunta ela com um sorriso largo. - Tenho algumas coisas para arrumar e não quero decidir sozinha o que levar ou não para o MC. - Mas a Stella não vai estar com você? - Pergunto confusa. - Eu vou estar de corpo presente apenas. - Stella dá de ombros. - Me chama para festa e não para a mudança. - Vou sim. - Digo rindo. - Stella, você é uma ótima amiga. - Comento irônica e ela me mostra a língua. O dia passou calmo. Saio da lanchonete às cinco horas e sigo até o shopping. Entro na loja de artigos para artesanato e compro mais algumas telas e tintas que estavam acabando. Sorrio quando coloco tudo dentro do meu carro e dirijo até em casa. Coloco tudo no segundo quarto que havia no apartamento que organizei como um pequeno ateliê improvisado. Passo a noite pintando e, quando o sono vem, vou para o banheiro tomar um banho e me deito desejando não ter mais pesadelos. Acordo pela manhã feliz por ter tido uma noite sem sonhos e faço minha higiene matinal. Tomo café e vou para a lanchonete. Será que os Bulls aparecem hoje? Será que Sniper aparece hoje? Mordo o lábio inferior quando penso sobre isso, mas afasto o pensamento quando entro para o trabalho. - Bom dia. - Digo para Lana que me olha de cima à baixo. - Eita, o que foi? - Pergunto curiosa. - Eu espero que não tenha problemas. - Lana diz pensativa antes de completar. - Sniper pediu seu telefone e eu dei. - Ela avisa e eu sorrio. - Deve ter dado outro, porque o meu continua aqui. - Mostro para ela o meu celular e Lana rola os olhos me fazendo rir. – Ele já tinha meu número, deve ter acontecido alguma coisa. - Você não sabe ser séria, menina? - Pergunta ela e eu n**o entrando na cozinha. Recebo uma mensagem no meu celular. Sniper: Oi, aqui é o Sniper. Peguei seu número com a Lana, alguma coisa aconteceu com a droga do meu celular. Hannah: Oi, sem problemas. Sniper: Está tudo bem? Hannah: Sim, e você? Sniper: Estou bem. Sniper: Estou indo para lanchonete. Quero conversar com você. Meu coração palpita leve com a mensagem e eu sorrio b***a que sou. Hannah: Ok, te vejo depois. Coloco o celular na bolsa e vou para a frente da lanchonete. Pego os pedidos de algumas pessoas e ajudo Lana na organização e limpeza. Na hora do meu almoço sigo até a cozinha para comer alguma coisa. Pego meu celular na bolsa e ouço uma voz, quando vou me virar sinto mãos me tocando e tudo desliga. Ouço alguém gritar ao fundo alguma coisa, mas não consigo ver nem ouvir nada. O que eu sinto? Medo. Medo, adrenalina e raiva. Não sei o que estou fazendo e não tenho controle, mas sei que não é nada bom.
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