Capítulo 2

990 Words
  Tyler Lewis estava dentro do conversível preto. Era o garoto mais popular da escola, um galã de verdade. Alto, bonito, com um corpo esbelto e musculoso que fazia inúmeras garotas suspirarem, todas buscando sua atenção. Caminhava com uma confiança e elegância inatas. Eu também gostava dele. Mas, ao mesmo tempo, o odiava — um garoto mimado e esnobe, nascido em berço de ouro, que achava que podia fazer o que quisesse e intimidar quem desejasse, só porque sua família era rica.   Ele estacionou na área reservada e saiu do carro, com a mochila preta pendurada no ombro. Parecia tão fresco, com seu cabelo castanho-escuro ainda brilhando e levemente úmido do banho. Não tirou os óculos de sol que cobriam seus olhos azulados, tornando-o ainda mais irresistível enquanto caminhava pelo corredor, cumprimentado por seus melhores amigos, Justin Miller e Kevin Torres. Os três eram inseparáveis desde o jardim de infância e jogavam juntos no time de futebol.   Continuei caminhando pelo saguão e virei na direção oposta para evitá-los, torcendo para não serem notados.   Suspirei de alívio ao pensar que havia passado despercebida. Foi então que ouvi outro grupo de garotos me chamar — e, de repente, estavam à minha frente, bloqueando meu caminho.   ‘Ah, não… por favor, não agora. Tenho uma prova na primeira aula.’   “Mark, sua aluna favorita finalmente chegou.” Ouvi Harry sussurrar no ouvido de Mark, alto o suficiente para que todos no corredor escutassem.   Baixei os olhos e continuei andando, ignorando-os.   Mark soltou um sorriso malicioso. Senti sua mão agarrando meu cotovelo. “Ei, ei, ei! Tá com pressa?” Ele perguntou, e eu balancei a cabeça. “Não tão rápido, querida…”   “Por favor… hoje não.” Sussurrei, e ele franziu a testa.   “O quê? O quê?! Não consigo te ouvir!”   Empurrei sua mão para longe e tentei correr, mas alguém me derrubou. Caí no chão, espalhando meus livros pelo caminho. Meus óculos redondos voaram para algum lugar, e as risadas altas deles ecoaram ao meu redor.   Olhei para cima, na direção dos tênis Nike que me haviam feito tropeçar, e vi Dave, o namorado da Debra, e seu grupo rindo como se tivessem visto a cena mais engraçada do mundo. Ele trocou um high-five com Mark e Harry enquanto eu o encarava furiosa, imaginando mil maneiras de me vingar dele mentalmente.   Os olhos de Dave se desviaram de mim para a pessoa ao meu lado, que me estendia os óculos. Peguei-os e senti um choque elétrico quando minha mão tocou a ponta de seus dedos. Curiosa, ergui os olhos e encontrei aqueles olhos azuis profundos que pareciam perfurar minha alma. “T-Tyler…?”   “Levanta e vai embora!” Ele ordenou.   “O… o quê?”   “Eu disse: levanta! Agora!”   Coloquei meus óculos apressadamente e juntei todos os livros espalhados pelo chão, levantando-me com medo de que ele mudasse de ideia e se juntasse a Mark e seus amigos para me importunar.   “Que diabos, Tyler?” De repente, Mark agarrou a gola da camisa de Tyler e ergueu o punho, fazendo com que um suspiro chocado escapasse de meus lábios.   Observei enquanto Tyler alternava o olhar entre Mark e seu punho cerrado. “Me bate. Eu te desafio.” Tyler o provocou, com um sorriso torto no canto da boca.   Meus olhos se arregalaram quando Kevin e Justin avançaram em direção aos amigos de Mark. Antes que me visse em mais encrenca, saí dali rapidamente. Só diminui o ritmo quando já estava longe, fora de sua vista.   O que diabos acabou de acontecer? Por que Tyler me defendeu quando eu estava sendo intimidada por um de seus amigos? Quer dizer, como o Príncipe Encantado poderia se importar comigo, uma nerd de óculos redondos e grossos?   Só Deus sabe!   Entrei na sala de aula ofegante e sem fôlego. Olhei ao redor para ver se o Sr. Twain já havia chegado e senti um alívio ao perceber que ainda não estava lá.   Caminhei até minha carteira e organizei meus pertences quando ouvi Violet, amiga de Debra, sussurrar para ela. “Sua irmã chegou. Olha só, que nojo. Eca!”   “Irmã de criação!” Ela corrigiu Violet e revirou os olhos. “E o que você espera? Ela é uma preguiçosa que sempre acorda tarde.”   Ouvi o que disseram sobre mim, mas ignorei e comecei a folhear meu livro para ler.   Eu era dois anos mais velha que Debra, mas éramos colegas de classe. Ela tinha 16 anos, e eu, 18. Ambas estávamos no último ano no Instituto Horizon. Éramos completamente diferentes: ela, loira de cabelos cacheados; eu, ruiva natural de cabelo liso — ainda que escondido sob uma peruca cacheada preta. Seu corpo era curvilíneo; o meu, magro, mas não excessivamente. Ela era baixinha, com cerca de 1,50 m, enquanto eu media 1,70 m.   Tive dificuldades para seguir em frente depois que meu pai faleceu. Precisava arrumar um emprego e economizar para me matricular nesta escola. Recentemente, descobri que eles oferecem programas de bolsa de estudos. Fiz a prova e, por sorte, fui aprovada e consegui a chance de voltar a estudar.   O dinheiro que ganhava no meu trabalho servia para meu sustento e minhas economias para o futuro, pois planejava deixá-los — minha “família”. Se é que posso chamá-los assim.   Fui interrompida em meus devaneios por alguém gritando do lado de fora, chamando por Debra. “Debra! Debra!” Ele chamou alto.   Debra virou a cabeça e franziu a testa, curiosa para saber por que um garoto que nem conhecia a chamava. “O que foi?”   “Dave e os amigos dele… estão com problemas.” O garoto estava sem fôlego enquanto falava, e os olhos de Debra se arregalaram ao ouvir o nome do namorado.   Quem se atreveria a incomodar Dave? A curiosidade me levou a querer investigar.   Logo eu entenderia o que dizem sobre a curiosidade que matou o gato.
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